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Mostrando entradas de septiembre, 2023

CRIOULO

                                   Ele sempre tinha sido diferente dos outros, sempre lhe chamavam de crioulo, isso ficou como seu nome, já que não tinha nenhum, vivia num orfanato caindo aos pedaços, já tinha passado da idade que os garotos são adotados, quando o olhavam, mulato, cabelos sarara amarelos, olhos azuis, deviam pensar que diabo de mistura é essa. Tinha uma fome eterna, seria assim para sempre, mas magro como ele só, tinha músculos, pois ajudava as freiras em tudo que era possível. A torcer os lençóis, ajudar a colocá-los no varal, ao contrário dos outros garotos, estava agradecido sempre, pelo fato de ter um teto em sua cabeça, inclusive se chovia muito forte, todos reclamavam das goteiras, ele levava seu colchão para perto da janela, para sentir o cheiro da chuva, se pudesse iria para fora, tomar um banho. A água no orfanato sempre era meio amarela, segundo a irmã Theresa, er...

PERDIDO

                       Vinha da apresentação da sua tese, que tinha demorado muito para terminar, tinha sido duramente criticado, teve que aceitar que tinha ficado literalmente perdido.   Foi inclusive buscar num dicionário as palavras que tinha lhe acusado. Um dizia que era Imoral, outro, Amoral, politicamente incorreto, por aí vai, ele não entendia, sua tese se baseava em que não se deve ficar julgando as pessoas pelos atos passados. Ele chegou à conclusão de que a banca eram os politicamente corretos, que faziam tudo que a sociedade mandava, mas ao mesmo tempo eram críticos com os demais.    Isso ele tinha perdido a muito tempo, por justamente saber quem era, as coisas que tinha feito para chegar até aqui. Se perguntava as vezes se faria tudo outra vez? Como bom sacana que era, se lembrou de uma música “voltaria a fazer tudo outra vez, se preciso fosse meu amor”, nem sabia quem tinha escrito a letra ...