IMPIO

 

                                                  IMPIO

 

A ele se podia chamar de muitas coisas, ímpio, ateu, sem vergonha, imoral, ou seja, milhões de adjetivos, nunca se importou com isso, desde sua juventude, abominava tudo isso, além da hipocrisia, mentiras que lhe contavam.

Mas o escândalo estalou mesmo, sendo seus pais, muito católicos, mas falsos que Judas, segundo ele, pois ia a igreja, confessavam, comungavam, mas mal saída da missa, estavam falando, criticando tudo mundo.   Ele odiava isso, ficar ali parado do lado escutando uma serie de inverdades, as pessoas aumentando uma mentira, uma calunia.

Começou a perceber pela voz das pessoas, quando mentiam, as meias verdades, a manipulação, tudo variava de entonação.

Seus pais lhe enfiaram nas aulas de catecismo, quem era dada por um padre, que tinha a batina sempre suja, cheirava mal, quando abria a boca tinha os dentes meio podres, para ele era a imagem de um diabo.

Um dia esse falava sobre os pecados, segundo ele a lista de pecados era imensa, foi dizendo cada uma, ele pensou, que merda, eu gosto de tudo isso, ou me imagino um dia fazendo isso.

Quando o padre se virou, deu diretamente com a cara dele, com o braço levantado.

Antonio Mancini, que queres.

Quero dizer, que quero ser um pecador, pois gosto de tudo isso que o senhor acaba de dizer, o que não conheço ainda, como o sexo fora do casamento, é uma grande mentira, pois vejo todo mundo fazendo sexo escondido.   Tudo isso é uma grande mentira.

O homem ficou uma fera, estendeu o braço apontando com o dedo a direção da porta, fora daqui seu degenerado.

O reitor da escola, era muito amigo de seus pais, queria convence-lo de pedir desculpas ao padre.   Ele se negou redondamente.

O jeito foi chamar seu pai e sua mãe, que vieram da loja que tinham correndo, imaginando uma tragedia.  Quando ficou sentado no meio dos pais, disse claramente que não queria fazer primeira comunhão.   Primeiro porque não acreditava na bazofia da missa, depois a hipocrisia, citou que todos confessavam, comungavam, depois falavam mal de todo mundo na saída da missa, a cara do reitor era ótima.   Por último senhor reitor, devia escolher melhor um padre para dar essa classe, este homem é um pecador nato, sua roupa cheira mal, está sempre suja, tem o pecado que ele diz importante da gula, basta ver sua barriga, suas mãos estão sempre tocando os alunos mais bonitos, luxuria, foi falando tudo que o homem representava para ele, e quando abre a boca, com todos aqueles dentes estragados, é a viva imagem que vocês os católicos vivem pregando, o diabo.

O reitor, pegou um maço de papel para se abanar, sua mãe tirou seu leque da bolsa para fazer o mesmo, seu pai não sabia se rir ou chorar.   Ninguém falava nada.  Ele se levantou, se quiserem me expulsar, agradeço, os padres daqui, me cheira a abusadores, prefiro ir para uma escola pública, aonde não necessito ter aulas de religião, desde hoje assumo que sou uma pessoa Ímpia.     Uma palavra que tinha descoberta num livro, que lhe fascinava.

Nenhum dos três mexeu dos seus lugares, depois de tomar um copo d’agua, o reitor olhou seus padres, disse que o que ele dizia era o melhor, uma escola pública.  Inclusive se fosse o caso eles devolveriam o dinheiro da matricula.

Sua mãe estava uma fera, tinha movido mundos e fundos, para conseguir matricular nessa escola, aonde iam todos os católicos ali da região, inclusive tinha pedido favores a muita gente, seu pai ao contrário aceitou numa boa.   Anos mais tarde ia descobrir que ele pensava o mesmo, não se atrevia era contrariar a mulher.

Nunca mais foi a igreja, pois a primeira vez que a mãe o obrigou, soltou peidos, provocava os outros garotos, quando o padre disse um absurdo, se levantou dizendo o senhor está mentindo, eu o vi na sacristia, passando a mão na bunda da senhora fulano de tal, o senhor é um safado.

No silencio da igreja, foi um horror, a mulher referida estava ao lado do marido, era tida como uma carola, pois não saia da igreja, o filho que tinha era a cara do padre.

Nunca mais foi obrigado a ir, só pensou do que me livrei.

Na semana seguinte estava na escola pública, todos sabiam o que tinha feito, quando os maus da escola, o chamaram para seu grupo, soltou na cara deles, eu não sou de grupo nenhum, vocês são uns idiotas, os piores alunos da escola.

Quiseram lhe meter a mão, lhe pegaram mas deu um soco no nariz de um, um ponta pé no saco do outro, daí por diante.  Sua sorte foi que um professor tinha visto tudo, 10 alunos contra ele.

Quando a diretora o interrogou, contou tudo que tinha passado, esses garotos me chamaram para me unir ao grupo deles, são os piores alunos da classe, passam as aulas inteiras, sentados no fundo, fazendo gozação a todos os professores, serão futuramente medíocres.  Eu ao contrario necessito prestar atenção as aulas, quero ser alguém na vida.  Odeio idiotas, mentirosos, por isso me comporto como sou, já sabem se vão me pegar, até podem, mas irei me defender.

A diretora suspendeu os outros alunos, depois de verificar que eram as notas mais baixas, os separou numa sala separada, colocou como professor, um homem de dois metros de altura, duro na queda, tinha sido militar, para colocar os mesmo em ordem.

Esse um dia chegou para ela, soltou no meio de uma reunião, estamos perdendo tempo, são futuros traficantes de drogas, se julgam espertos, não aprendem nada, tem um indicie de coeficiente baixíssimo, alguns estão mortos, antes dos 21 anos.

Este professor era o preferido dele, falava tudo as claras, não puxava o saco da diretora, nem bajulava ninguém, ensinava realmente o que tinha vindo fazer ali.

Ele, bem como mais dois alunos, disputavam em todo o curso que ia ter notas mais altas.

Os outros dois não se interessavam pelo esporte, mas ele sim, adorava jogar basquete, via todos os jogos com o pai, além de ser o melhor aluno de natação.

Os brutos como ele chamava, precisavam do futebol americano, para soltar sua agressividade.

Sua mãe nunca mais falou que ele fosse a missa, seu pai agora tinha desculpas de ter que ir a jogos com ele, para escapar.  Ficava feliz de encontrar velhos amigos, tomar uma cerveja.

Um dia perguntou ao professor se podia conversar com ele?

Sim de que se trata?

Minha duvidas, com relação ao futuro, sei que posso conseguir uma bolsa de estudos, mas ao mesmo tempo, estudar o que?

Não quero fazer um curso, depois ir trabalhar com meu pai.  Sei que foi meu avô que escolheu essa vida para ele.      Eu ao contrário, quero coisas, anseio conhecer o mundo, quero um futuro diferente, tampouco quero ser militar, nem nada parecido, estar no meio de uma guerra que não fui eu quem começou.

O professor, muito sério lhe respondeu, tenho uma grande amiga, psicóloga, ela aplica testes para saber como dirigir uma pessoa para o futuro, vou falar com ela.

Mas quando falou em casa, sua mãe mais uma vez ficou furiosa, a loja tinha sido do seu avô, depois do seu pai, agora do marido, pensava que o filho cuidaria quando eles se retirassem depois de tanto trabalhar.

Seu pai ao contrário que odiava esse trabalho, tinha sonhado outra coisa para si mesmo, concordou que ele fizesse o teste, lhe deu dinheiro por baixo dos panos, para ele fazer o mesmo.

Falou com o professor, este marcou para ele, foi falar com a psicóloga.

Mas foi sozinho para surpresa dela, ela perguntou pelos seus pais, por que não tinham vindo?

A senhora acha bem isso, a quem interessa o futuro sou eu, eles iriam ficar sentados na sala de espera discutindo, se isso é uma besteira ou não.   Sou eu que tenho dúvidas não eles.

Depois de conversar um tempo com ele, procurou entender à sua maneira de pensar, que era muito diferente da maioria de jovens que lhe procuravam.

Fez os testes, marcou com ele dali dois dias, iria analisar com profundidade, tudo que ele tinha respondido, bem como seu próprio comportamento.

Falou inclusive com o professor seu conhecido, que o tinha indicado.

Quando ele apareceu, ela foi franca com ele. Quero te dizer que é muito difícil prever ou aconselhar o que podes ser.  Pelo teu comportamento, a tudo que te dediques, será, com a cabeça e o coração, ou melhor dizendo com emoção.

Mas pela tua linha de pensamento, bem como te comportas, creio que devias estudar literatura, psicologia, jornalismo, coisas em que possas botar para fora essa maneira de pensar.

Teu QI, é muito alto, tens uma capacidade para absorver tudo que gira em tua volta. Como lazer eu te indicaria pintar, ou mesmo fotografia, pois sei que irias primeiro observar, para depois executar.

Ele ficou contente que ela não estivesse mencionando nada como administração de empresas, medicina, ou qualquer coisa desse gênero.

O duro seria convencer seus pais, nisso se enganou, seu pai tomou defesa dele imediatamente, pois nunca tinha podido realizar seus sonhos, tomou consciência que se ele não lutasse ao lado do filho, acabaria como ele, preso a uma mulher que não amava mais, que queria dominar os dois.    Foi uma briga feia, a um ponto que se falou em divórcio.

Mas ele por sorte, ganhou a melhor bolsa de estudos que podia querer.  Resolveu estudar duas coisas ao mesmo tempo, Jornalismo e literatura, quando resolveu isso, havia uma bolsa de estudos de um jornalista famoso, que o recebeu para uma entrevista, estiveram conversando muito tempo.   O homem não tinham herdeiros, sim uma idade avançada, tinha coberto o depois da primeira guerra, a segunda, muitas outras.

Pela primeira vez seu pai, fez uso de suas economias, lhe dizendo, alugues um apartamento pequeno perto da universidade, o que necessitas é ver te longe do que virá nesta casa, um confronto de um casamento nascido falido, assim também ficas livre de tua mãe, falando o tempo todo na tua cabeça.

Agradeceu ao pai, alugou um apartamento pequeno, que para ele estava bem, quando visitou o jornalista para a entrevista, se surpreendeu com o seu, era muito simples, o que tinham sim ocupando dois espaços da casa era uma imensa biblioteca.

Disso não abro mão, ainda escrevo, hoje mais sobre o que leio, as vezes faço uma crítica de um livro, analiso profundamente uma coisa a palavra.

Martelou isso em sua cabeça, lembre-se sempre que a palavra tem que ser honesta, objetiva que as pessoas leiam, entendam o que queres dizer, não só meia dúzias de pseudo intelectuais que fazem mal uso disso.

Agora uma vez por semana, ia até a sua casa, conversavam sobre algum livro que tinha lido.

Quando lhe deram para trabalhar, um livro de um filosofo francês, ele achou o livro tremendamente pomposo.   De uma certa maneira, ainda preferia os filósofos gregos, pois era aparentemente honestos.

O Jornalista Mr. Charles Stone, lhe disse que tirasse passaporte, vamos de férias, vais conhecer essa corja de filósofos.

Tinha suas economias, mas ficaram hospedados na casa de outro jornalista, amigo de Mr. Stone.

Depois de recordarem tudo que tinham vivido, saíram várias vezes.  Uma noite, esse amigo levou os dois a um lugar, aonde havia um debate programado, numa escola aonde se dizia saiam as mentes brilhantes do pais.

Os dois oponentes se vestiam ligeiramente iguais, ternos com bom corte, de linho, sapatos brilhando, gravatas de seu grupo, cabelos ligeiramente rebeldes.

Isso tudo explicava o jornalistas, as palavras que usavam eram pomposas, falavam em socialismo, na vida do povo marginal, como se vivessem no mesmo lugar.

Foi marcado ao final um outro debate.

Um deles era francês, de família rica, descendente de argelinos, radicados no pais a mais de 30 anos.

O outro era um francês do norte do pais, com uma família brasonada, nunca tinha trabalhado na vida.

Agora vamos ver do que eles falaram, dos bairros marginais, aonde vivem os emigrantes argelinos, o pai do professor que fala muito nisso, era rico já em Argélia, emigrou para cá, para escapar dos mulçumanos, mas nunca viveu nesse bairro.

Nesse dia ele tinha pedido aos dois que se vestissem simplesmente, mesmo assim foram abordados por vários jovens querendo lhes vender drogas.

Se sentaram num bar, ao fundo, com copos de chá, na frente, observe agora o comportamento desses jovens, dos homens em geral, as mulheres não entram nunca nesse lugar.

Ele tirou um pequeno bloco foi anotando tudo, que via, sua maneira de escutar, o que falavam, era um bom aluno de francês, quando um deles lhe falou em árabe, os professores se surpreenderam ele responder tranquilamente sobre o que o outro falava.

Me perguntou se eu me prostituia com vocês dois, pois não enganam, sabem que são franceses com posses, pelo seu comportamento na mesa.

Ou seja da mesma maneira que eles os observavam, estavam sendo pelos jovens dali.

Explicou ao mesmo, quem ele era, o que tinha escutado no debate.  Este serviu de guia por todo o bairro, se fizeram amigos.  Lhe explicou que usava para estudar, pois não tinha posse, uma bolsa de estudos de Mr. Stone.

Pois eu não tive essa sorte lhe dizia Mahamud, fui um bom estudante, mas as possibilidades de ir à universidade eram nulas, primeiro são para os franceses, depois se sobra algo para os filhos de emigrantes.

Tinha duas opções, ou arrumar um emprego, ou melhor um subemprego, salario mínimo, ou me tornar traficante de drogas.  Eu pensei muito a respeito, preferi o subemprego, pois se vendesse drogas, estaria estragando a vida dos jovens da minha idade.

O amigo de Mr. Stone, ficou escutando tudo aquilo, perguntou se tinha família?

Não, vivo com meus tios, meus pais nunca se adaptaram aqui, meu pai trabalhou a vida inteira nas fabricas de automóveis, quando se aposentou, voltou para Argélia, mas teve tanta sorte, que mal chegou, numa rebelião política, os dois morreram massacrados.

Nem me atrevo a pensar em voltar para lá, afinal nasci aqui, me considero francês, poderia dizer que com raízes mulçumanas, mas pertenço a este pais.

Queres uma oportunidade, vou lhe dar uma para estudar, vá até sua casa, busque roupas, venha comigo.   Ele olhou o Tony como lhe chamava Mr. Stone, que lhe disse francamente em árabe, não perca essa possibilidade.

Viraram unha e carne, falavam horas em árabe sem parar, os dois senhores, riam, pois embora falassem tinham dificuldade em acompanhar a fluidez das ideias que discutiam.

Foram ao outro encontro dos filósofos, desta vez, seria na Sorbonne.  Estavam basicamente repetindo muitas ideias ocas que já tinham falado, ele como sempre acontecia, nunca podia dominar seus impulsos.

Se levantou, pediu um aparte, disse que era, um americano que estudava jornalismo, ao mesmo tempo que literatura, se virou para o que era descendente de argelino, que usava isso para se afirmar, começou a falar com ele em árabe.   Ele pediu para parar, pois não falava essa língua.

Ele voltou ao francês, eu escutei o debate anterior, depois fui conhecer, acompanhado de dois jornalistas, um americano, outro francês, os bairros que vocês falaram tanto, nada mais longe da verdade de tudo isso.   O que vocês falam é bazofia pura, nunca viveram na miséria, não sabe como essa gente vive realmente, me desculpe minha maneira de falar, mas são dois otários, pomposo, diria mesmo que idiotas.   Mas mais idiotas são os que leem os livros dos dois, perdem seu tempo escutando esse debate, pois só escutei palavras vazias.

Me atendo ao meu querido Mr. Stone, que a primeira vez que me entrevistou para me conceder uma bolsa de estudo, me falou uma coisa que me calou profundamente.   A palavra tem que ter verdade, senão é vazia, sem utilidades.

Desafio os dois a irem comigo, com meu amigo Mahamud visitar esses bairros que tanto falam.

Duvido que aguentassem a viver ali.

Os dois estavam parados no palco, se viraram um para o outro, seguiram em frente como se um mosquito estivesse interrompido o colóquio.

Por surpresa deles, as pessoas foram saindo da sala em silencio, em segundos o anfiteatro ficou vazio.

Eles quando saíram, se aproximou um homem vestido muito formal, apertou a mão do Mr. Stone, bem como do outro jornalista, depois deles dois.

Nunca esperei ver isso num debate na Sorbonne, você chamou os dois de idiotas na frente de todo mundo, eles não tiveram coragem de reconhecer nada.  Os dois só tem pompas e circunstâncias, estão fazendo isso porque editaram cada um, livros sobre o mesmo assunto, o que querem é chamar a atenção para isso.

Você disse que era um estudante de jornalismo, te desafio a ler os dois livros, fazer uma crítica do mesmo, bem como escrever junto com teu amigo um artigo sobre esses bairros.

Um se virou para o outro, apertaram suas mãos, aceitamos, mas uma coisa, seu jornal vai nos pagar, meu amigo precisa de dinheiro para ir à universidade.

Lhe conseguirei uma bolsa de estudos aqui mesmo na Sorbonne.

Este lhes convidou para jantarem num local ali perto.  Ele disse ao Mr. Stone, peça que seja um lugar simples, nos dois não estamos acostumados a lugares chic.

Foram a um restaurante, descobririam depois que era um antro de jornalistas.

A comida como dizia o senhor, era honesta.

Ele se matou de rir, quando os dois começaram a debater o assunto de como escreveriam sobre o bairro em árabe.

Como aprendeste árabe, perguntou ao Tony?

Na escola, primeiro tinha um amigo, emigrante, me pediu para lhe ajudar seu inglês, eu disse que o fazia se ele me ensinasse seu idioma.   Na universidade melhorei, agora com meu amigo aprendo palavras que usam os jovens de hoje.

Falas outras línguas além do inglês e árabe?

Sim francês e claro, alemão, além do italiano, que se falava em casa, meus pais são filhos de emigrantes italianos, que foram para a América atrás do sonho do ouro.

Muito bem, Mahamud, aí está um exemplo a seguir.

Lhe perguntou ainda como tinha escolhido essas carreiras.

Na verdade, foi interessante, não tinha ideia do que estudar, muitas carreiras não me atraiam, falei com um professor, este me levou a uma psicóloga, contra a vontade de minha mãe, mas apoiado por meu pai.   Fiz muitos testes com ela, conversamos muitas vezes, quando me chamou ao final, foi para dizer que na verdade me podia sair bem em qualquer coisa que escolhesse, mas que por minha maneira de ser, por seguir meus impulsos, eu devia pensar em Jornalismo e literatura.   Faço as duas ao mesmo tempo.

O homem se levantou, dizia que era tarde, estou velho durmo cedo, pois gosto de me levantar cedo, não se esqueça, estou esperando, amanhã, mando os dois livros, quero que leiam, discutam como os vi fazer aqui, me escrevam um artigo cada um.   Depois, quero ver como se saem numa reportagem.

Quando o homem foi embora, Mr. Stone se matava de rir, tive que esperar a minha velhice, para ver isso, o maior empresário das letras, conversando com esses jovens, uma vez quis entrevista-lo me fez esperar durante um mês.  Esses dois caíram nas graças dele.

Seu filho hoje dirige o jornal, dizem que tem broncas imensas, pois ele discorda de algumas coisas, faz valer a sua vontade, afinal é dono do jornal, bem como da editora de livros.

No dia seguinte chegou pontualmente os dois livros, cada um pegou um deles, o leram anotando coisas, era impressionante como os dois assimilava as coisas, Mahamud, ia anotar nas margens, ele sem pensar, lhe passou uma caderneta, lhe ensinou como fazia, anotava o número da página, depois o contexto.

Em seguida estava fazendo igual, em dois dias, tinham destrinchado os livros, os velhos amigos saiam para se encontrar com velhos conhecidos,

Quando acabaram, começaram a escrever, Mancini tinha seu laptop, mas conseguiu um para o Mahamud, os dois escreviam rapidamente.

Quando depois imprimiram o que cada um tinha escrito, uma passou para o outro o que tinham feito, analisaram os dois livros separados.

Riram muito, pois a maior parte do tempo, falavam da mesma coisa.   Estamos parecendo esses dois.

A analise do Mahamud era crua, pois estavam falando do lugar aonde tinha sido criado, sem terem posto os pés lá.  

Nesse ponto os dois o chamavam de filósofos de merda, claramente.

Ainda assim discutiram dois dias, que tiveram que serem chamados a atenção, pois se estava alimentando mal.

Reescreveram tudo, o anfitrião, fez uma coisa, tirou copia de tudo, os convidou para sua casa, quando chegaram era um salão grande, com uma decoração pesada, estavam os convidados todos sentados, no meio deles os dois filósofos.

Merda disse o Mancini, caímos numa armadilha.

O dono da casa, se sentou com os dois, cada um de um lado, perguntou como tinha feito, explicaram que cada um tinha lido um livro, depois trocado, fizemos as anotações numa caderneta, mostrou a mesma, assim não estragávamos os livros, pois não sabíamos se tínhamos que devolver.

Embora as vezes eu tivesse vontade de arrancar as paginas disse Mahamud, como alguém pode escrever sobre um lugar que não viveu, nunca botou os pés lá, imaginar o que é sobreviver com um salário de operário de segunda, manter um filho na escola, para que ele tenha uma vida melhor que a sua, mas claro as bolsas de estudos, vão primeiro para os filhos de franceses.

Se podia escutar as moscas no ar.

Começaram os dois a falarem, se esquecendo do pessoal que estava ali, Mancini soltou que sempre que era obrigado a ler filósofos, europeus, americanos, que seja de aonde seja, via a manipulação da palavra, voltei a olhar os filósofos gregos, aonde sempre acreditei que a palavra era o mais importante.   Mas desta vez, fiz uma coisa, nada de fazer isoladamente, usei a história do momento em que acontecia isso, sempre havia uma política por detrás, que usavam as mesmas palavras com outros objetivos.

Estiveram horas falando, analisando cada capitulo dos livros, a conclusão que cada um dos dois tinha chegado.   Ao final começamos a rir, porque todas as soluções, sugeridas pelos dois são totalmente utópicas, nunca poderão ser executadas, porque nem sabem sobre o que escreveram.

Os aplausos foram fantásticos, o anfitrião disse que tudo tinha sido gravado, inclusive a saída de cena dos dois pseudo filósofos.

Um dos homens se aproximou, disse que era o decano da faculdade Sorbonne, ofereço uma bolsa de estudos para os dois.

No dia seguinte tudo que tinha escrito estavam num caderno especial do jornal.

Muito vinham falar com eles, sobre o orgulho de ver dois jovens, usando bem as palavras.

Nessa noite caíram desmaiados.

Dois dias depois desapareceram, deixaram um bilhete, vamos escrever a reportagem que o senhor nos desafiou a fazer.

Levaram fora mais de vinte dias, não se comunicaram, os dois velhos estavam acostumados, eles mesmos tinha sido assim em seu tempo.

Quando voltaram estavam diferentes, Mancini tinha feito o Mahamud ver coisas com outros olhos, bem como esse tinha lhe ensinado a crua realidade da vida ali.  Tinha acompanhado os homens que saiam de madrugada de suas casas, para irem trabalhar nas fabricas, das mulheres, que iam esfregar escadarias de edifícios nos bairros chic da cidade, para isso tinham que se levantar de madrugada também, as crianças ficavam a cargo das maiores.

Acompanharam estas também que se viam cercadas pelos mesmos garotos que já tinham passado por isso, que agora queriam lhes vender drogas.

Estiveram em duas associações de jovens, escutando suas reinvindicações, tinham muito trabalho pela frente.

Mancini tinha um problema, seu visto de turista tinha acabado, mas usando o poder do dono do jornal, conseguiu ficar com se fosse um empregado da empresa.

Os dois se fecharam na biblioteca do grande apartamento, os velhos tinham virado seus serviçais, escreviam como loucos, de noite passavam para eles, que numa folha ao lado, faziam sugestões de como abordar desde outro ponto de vista.

Também lhes passavam informações. Pois tinha vivido os dois por meio mundo.

Quando acabaram, não tinha uma reportagem, mas na verdade quase um livro, com fotos, para realmente mostrarem a realidade.

As casas como eram por dentro, os problemas que tinham com os proprietários franceses que nunca faziam nenhuma melhoria.   Tinham entrevistados dois deles, um foi incrível, que disse que se viviam como animais na sua terra, ali eram animais com mais conforto.

Tinham tudo gravado, para qualquer eventualidade.

Levaram o material, tinham mandado uma cópia para o grande senhor como os dois o chamavam, este marcou com os quatro, na sua editora.

Pela primeira vez, abraçou os quatro como velhos amigos, dando beijos em seus rostos, lhes entregou um envelope, pelo trabalho anterior.

Quando se sentaram começaram a falar na edição de um livro compartido, a ideia gostava aos dois, pois mil ideias tinham discutido até não poderem mais.

Mas se surpreenderam com o dono que sugeriu, editarem como livros separados, numa caixa, que as pessoas lessem com dois escritores diferentes, mas num trabalho conjunto.

Isso eles teriam que rever, quando começaram a falar em dinheiro, contratos, os dois velhos que eram escolados nisso, interferiram, manjavam do negócio, tinham antes conversaram com os dois a respeito.

Mancini tinha que voltar a universidade, estudaram o assunto, queriam rever juntos tudo.

A solução foi aceitarem a bolsa de estudo da Sorbonne, mas optaram por estudar somente jornalismo.   Iam os dois a mesma classe, sempre questionavam os professores.

Um dia foram abordados no pátio por umas estudantes, que lhes perguntaram se eram amantes.

Levaram um susto, nunca tinham pensado no assunto.

Riram muito, depois comentaram com os velhos, levamos um susto, pois para todo mundo, como estamos sempre juntos, parecemos amantes.

Mancini disse que ainda era virgem, nunca me senti atraído por ninguém nos Estados Unidos, mas quando conheci o Mahamud, nossa convivência, cumplicidade, pequenos gestos, não sei se isso é amor.

Quem sabe, não se precipitem.   Depois da universidade, estavam os dois revendo e separando os textos como dois livros, um ajudava o outro.   Os velhos diziam que tinham inveja, mas eles revisaram tudo.

Quando foi lançado, os dois estavam no meio de uma briga imensa sobre o curso que faziam, discordavam de algumas linhas manipuladoras da maneira de pensar.

Achavam que os professores, tinha o hábito de querer que os alunos de uma certa maneira formasse uma ideia com as opiniões deles.

Como conheciam o decano, foram falar com ele, isso provocou um grande debate, pois alguns alunos, realmente se calcavam nessas ideias, pois não tinham suas próprias, um outro grupo que se uniu a eles, sim, odiavam essas classe por isso.

Queriam ver o mundo a sua maneira, não como desses senhores que de uma certa maneira queriam dirigir o mundo.

A história acabou nas notícias, ao mesmo tempo que saia o livro dos dois.

Os canais de televisão voaram em cima dos dois, mas os velhos estavam aí para protege-los, sabiam como orientar, tinham experiencias, eles confiavam nos dois.

Numa larga conversa com os dois, esses contaram suas experiencias, que em sua época não tinha nada disso, que ao longo dos anos, se esbarravam justamente nisso, com outros jornalistas que chegavam a um pais que não conheciam, escreviam baseados no que tinha lido, o que seu jornal queria saber, não sobre a realidade da gente.

O velho como o chamavam agora, pediu que cada um escrevesse uma matéria sobre o que passava com o assunto, os dois chegaram à conclusão que precisavam de terra por meio.

Resolveram ir a Argélia, queriam fazer escrever como viviam os jovens nas universidades, o que não podiam ir, que se arriscavam a cair nas mãos de traficantes de pessoas.

Antes Antonio falou com seu pai, pois tinha mandado um livro para ele, seria agora editado nos Estados Unidos, ele estava super orgulhoso do filho, lhe contou que um sobrinho de sua mãe, estava agora ajudando no negócio deles.

Quando voltes, me avisa que irei te visitar, já sei que tão cedo não voltaras por aqui, sinto falta de meu filho que gosta de uma boa briga.  Depois o deixou falando com Mr. Stone, que soltava gargalhadas homéricas, teu pai tem um sentido de humor incrível.

Lhe entregou dinheiro, pediu que mandasse uma passagem para seu pai.

Os dois entraram na Argélia com documentos que o jornal tinha conseguido para eles.

Ficaram mais de três meses andando pelo pais inteiro, as barbas tinha crescido, se vestiam como a maioria dos jovens, mas sabiam escutar.

Ali um rapaz que confidencialmente falou que era gay, imaginou que os dois tinha algum relacionamento.   Se olharam um para o outro rindo, somos simplesmente amigos.

Vinham falando muito nisso, o que sentiam um pelo outro.

De uma certa maneira Mahamud, o amava, pois tinha sido a pessoa que o tinha arrastado ao mundo que ele sonhava.

Mas Mancini, nunca tinha amado ninguém, esse sentimento era novo, achava natural ter feito isso pelo amigo, tinha sido um de seus arroubos.

Quando voltaram o pai de Antonio estava ali, ria muito, tinha imaginado essa terra diferente, com esses dois me arrastando para todos os lados, não tive outra que aprender um pouco de francês, para me virar.

Em breve os dois iriam com ele a Itália, queria ir visitar a aldeia de aonde tinha saído.

Os dois ficaram de ir se encontrar com eles quando lá chegassem.

Quando perguntou por sua mãe, seu pai confessou que tinham se separado, não lhe dava o divórcio, porque tinham se casado na igreja da aldeia que tinham saído, para ela era um sacrilégio.  Mas segue trabalhando como uma louca, não sei para que, guarda tudo que ganha no banco, como se futuramente fosse transferir para o outro lado.

Ele ao contrário dizia eu finalmente estava vivendo.

Quando viu os dois conversando e trabalhando junto, pensou o mesmo, que entre os dois houvesse algo.  Na verdade pai, nunca nos preocupamos com isso.

Cada um escreveu o que tinha visto, analisando à sua maneira como via o pais, o jovens, a procura desesperada de uma vida melhor, alguns conseguiam se vendendo as ideias dos políticos, chegando verdadeiramente a acreditar na mesma.  Eles tinham a impressão de que era como uma necessidade de se autoconvencerem.

Mostraram as duas reportagens, tinham procurado desta vez enfocarem a partir de ponto de vista diferentes, um americano como via isso tudo, outro um descendente argelino, como via o pais de seus pais.

As duas foram publicadas de novo nos jornais, bem como em livros.

Agora tinham um contrato com o jornal.

Tiraram uma férias, ele ficou mais tempo com seu pai na aldeia, os outros voltaram, Mahamud, foi fazer uma reportagem em Tunes, ele resolveu escrever como seu pai via tudo, essa volta dele, primeiro seu pai foi lhe mostrando um resto de casa que não passava de um anexo, caído aos pedaços, num conjunto de casas, quantos viviam ali trabalhando de sol a sol para o proprietário. Seus anos escolares, quando ia caminhando até a escola, descalço, mesmo no inverno, foi como abrir uma comporta, porque de certa maneira ele conseguia se lembrar de detalhes, por exemplo fizeram o caminho desde as ruinas do casebre, até a escola várias vezes, ele deixando a sua cabeça vagar pelas lembranças, a um ponto que conseguia se lembrar dos nomes dos amigos, da professora, procuraram saber se essas famílias ainda existiam, mas a maioria tinha emigrado ao para os Estados Unidos, ou para a América do Sul, Brasil, Argentina, além de outros lugares.

Depois seu pai lhe contou da proposta que tinha tido de se casar, a família de sua noiva lhe dava emprego em NYC.

Ele contou de tudo que tinha engolido da família, mas falava do que tinha sentido quando ele tinha nascido, tinha jurado que não lhe deixaria cair no mesmo conto.

Por isso tinha defendido com unhas e dentes, o orgulho que sentia pelo filho, quando o livro saiu, logo foi traduzido ao inglês, bem como italiano.  Em breve tinham um diretor de cinema interessado na história.

Seu pai disse que não, pois não queria ofender sua mãe.

Tentou falar com ela várias vezes, mas disse que agora tinha uma outra família, assinou finalmente o divórcio, porque queria se casar novamente.

Nunca mais a viu.

Seu pai, arrumou um emprego em Paris, num restaurante italiano, era o encarregado, sempre tinha uma mesas para ele.  Um dia se surpreendeu, com Mr. Stone e seu amigo de mãos dadas, imagine depois de velhos, começamos por causa de vocês, a pensar na nossa larga e longa amizade, sempre sentimos atração um pelo outro, mas nunca aconteceu nada.

Quando Mahamud, voltou, tinha sentido falta dele, desesperadamente, tinha feito um diário inclusive, escrevendo o que teria vontade de falar com ele, comentar.

Ele tinha feito o mesmo, agora tinha um apartamento para seus tios, em melhores condições, estes estavam orgulhosos dele.

Ansiavam novamente se colocarem na estrada, mas sempre lhes ofereciam coisa apartes, nunca juntos.

Analisaram o que gostariam de fazer realmente, a parte política lhes interessava menos que a parte humana.   Lhes ofereceram uma única oportunidade, irem ao Afeganistão, para escreverem quais as possibilidades dos jovens, conversavam com os mesmos nas madraças, aonde aprendiam o corão, com o que sonhavam, com jovens que entravam cedo para a política, alguns com ideais, que logo era soterrados pela corrupção, os que tentavam desesperadamente escapar da vida que lhes tinham destinado, casamentos arrumados entre famílias.  As relações que eram permitidas entre eles, conheceram jovens que eram vendidos pelas famílias, para servirem de mulheres aos homens, aprendiam a dançar, falar, se comportar como uma mulher, era abusados até assassinados por esses homens.

No final estavam exaustos, na véspera de voltarem para Franças, caíram no meio de um atentado, ele viu Mahamud voar pelos ares, ficou como um louco com isso.  O acompanhou ao hospital, conseguiu com a embaixada francesa, se identificando como jornalista, que conseguissem os repatriar.

Mas ele morreu antes de embarcarem.  Acompanhou seu corpo de volta, ajudou a família a preparar tudo para seu enterro.   Aparentemente, tudo não passava de uma nuvem, em sua volta, seu pai, saiu de férias do trabalho, para estar ao seu lado.

Não tinha consciência como tudo tivesse ficado bloqueado dentro dele, cada vez que fechava os olhos, via o amigo voando.   Tinham saído porque Mahamud queria comprar uma roupa para sua tia.

Nunca disse isso a mesma, eles agora receberiam uma pensão, pois ele tinha morrido cumprindo um trabalho para o jornal.

Um dia se despertou aos gritos, com seu pai, segurando seus ombros, tentando faze-lo despertar.    Finalmente nesse dia, tomava consciência que seu amigo nunca mais estaria ali com ele.   

Escreveu o artigo em nome do amigo, seguindo suas anotações, as suas seriam depois, foi publicada com uma tarja negra.

Depois se dedicou a escrever desde a primeira vez que tinha visto o Mahamud, no café quando lhe perguntou se era gay, para estar com estes velhos.  Depois tinha lhe confessado que tinha pensado em se prostituir, para poder seguir estudando, era isso que ele pensava que Mancini fazia.

Leu todos os seus diários, em que falava dos dois, nunca tinha tentado nada, pois tinha medo de perder o amigo.

Mancini ria, porque de uma certa maneira, era igual, tinha deixado de ser virgem na Itália, na vila de seu pai.  Mas tinha feito sexo, porque o rapaz era parecido com seu amigo.

O livro novamente fez sucesso, era uma abordagem diferente de uma amizade entre dois homens que tinha nascido do nada, tinha se fortalecido.

Os velhos, seu pai, estavam com ele.  Quando lhe pediram para fazer uma reportagem para o jornal, sobre a américa profunda, aonde estavam a famosa raça Aria, ele aceitou.

Nada foi como ele imaginou, encontrou um território fechado ao que não era loiros, olhos azuis ou verdes, pequenas vilas, fechadas em si mesma, mesmo assim começou a desenvolver a reportagem mais pelas suas observações.

Foi abordado um dia que estava num posto de gasolina, por um homem, que lhe disse que tomasse cuidado, pois se tramava algo contra ele.

Estava acostumado ao perigo, mas não imaginou qual poderia ser.

Parou para tomar banho num rio, sentia-se observado todo o tempo, quando saiu, se vestiu, ia subindo a encosta quando deu com um homem, amarrado, tendo em sua frente uma arma com teleobjetivo, quando se preparava para libera-lo, escutou uma voz, bem como uma arma apontada para sua nuca, este homem estava aqui para mata-lo, se foi voltando lentamente, deu de cara como o sujeito, que se apresentou como Marck Smith, cercado de garotos entre seus doze e 16 anos mais ou menos.

Esses garotos foram repudiados por suas famílias da Nação Aria, porque são morenos, eu estava infiltrado na mesma, até que os descobri, agora os ajudo no possível.

Vivem numa cova, os garotos pegaram a arma, a munição, bem como a bolsa do sujeito, o deixaram ali de joelhos, o mais velho deles, passou uma navalha pela sua jugular.

São mais espertos, que os Arios, porque aprenderam a sobreviver a todas as brutalidades que lhes fizeram, ao final abusam deles, os jogam no mato.

Se puderes, pois sou conhecido, necessitamos de gênero medicinas de primeira necessidade.

Ele foi pela farmácias de várias vilas em volta comprando o que tinham pedido, deixou no local que tinham indicado, algo lhe chamou a atenção em outra direção, quando voltou a cabeça, o que tinha comprado tinha desaparecido.

Queria conversar com os meninos, para saber o que lhes tinha acontecido.

Usava uma pequena arma, que tinha comprado antes de chegar ali, a tinha ao tato de sua mão.

Dois dias depois estava no motel, como gostava, deitado no escuro, com as mãos atrás da cabeça, quando escutou dois carros grandes pararem ao lado.   Se levantou, olhou pela janela, eram quatro homens loiros, altos fortes, arrastando um garoto de uns 12 anos, pelos braços, este tentava se defender, mas não conseguia se liberar.

A única maneira foi ele sair pela janela dos fundos do quarto, com um celular, com o qual gravava tudo, espreitar na janela do outro quarto, dentro estavam dois, abusavam do garoto, ele foi em direção, aos dois que estavam fora, cada um cuidava de sua caminhonete, dessas imensas, fumando, ao mesmo tempo que alisavam o piru.

Encontrou no chão uma garrafa de plástico pequena, colocou na boca da sua arma, viu seu conhecido, fazendo o mesmo, liquidaram os dois, por sinais, sem falar, entraram no quarto matando os outros dois, Marck colocou o garoto desacordado nos ombros, sangrando muito, se embrenharam na montanha, ele tinha feito cursos de primeiros auxílios várias vezes, pelas viagens que fazia, socorreu o garoto, sabia que o iriam procurar, ficou com os garotos dias, conversou com todos eles, ia gravando as conversas, precisava imaginar com o Marck uma maneira de retirar os meninos dali.

Usou todos seus conhecimentos, para pedir um avião pequeno que pudessem levar esses meninos para outro lugar.   Marck disse que antes trabalhava para o FBI, mas como esses não ajudavam, agora ia por conta própria.

Roubaram dois furgões em plena noite, marcaram com os garotos numa ponta da floresta, mas descobriram que assim que montaram que alguém lhes seguia.  Atirava de vez em quando ficavam em linha na estrada.

Ele conduzia, não podia atirar, o mesmo acontecia com o Marck, o jeito foi mandarem os garotos deitarem no chão para se protegerem. Quando chegaram aonde estava o avião, num pequeno clube de voo. Finalmente puderam responde o fogo.

Os garotos subiram, em seguida estavam no ar, quando olharam para baixo, o campo estava agora cheio de carros.

Quando publicou nos jornais tudo isso, o relato dos garotos, o que acontecia com eles, que o FBI sabia, mas não fazia nada, pediu uma entrevista com o secretário de governo, que foi denegada, botou a boca no trombone, com se diz, foi a todos os canais de televisão, por duas vezes tentaram mata-lo.   Mas ele não sabia como, tinha sorte.

A última tentativa, estava entrando em seu quarto de hotel, quando sentiu uma arma na nuca, abriu a porta como lhe tinham dito, mas a pessoa não imaginava que ele tinha experiencia em se defender. Acabou sentado em cima do mesmo.   Amarou as mãos do indivíduo, fez uma entrevista diferente, colocou a arma, no ouvido do mesmo, foi fazendo perguntas, o homem chegou a mijar nas calças, depois que escutou tudo, gravou com seu celular, o mesmo falando de um senador, de dois deputados, um deles tinha colocado sua cabeça a prêmio.  No dia seguinte estava em todos os jornais, em sites de internet, bem como era publicado na França, Londres, Berlin.   Finalmente o secretário de governo resolveu atende-lo, disse que não lhe interessava, agora só o presidente.

Foi recebido na casa branca dois dias depois, exigiu que os deputados, bem como o senador estivesse presentes.   Foi uma entrevista gravada contra a vontade do presidente.

Os dois deputados saíram algemados dali, mas o senador, alegava que não sabia nada.

Só então deram por falto do atirador, que seguia amarrado na suíte do hotel.

Esse confirmou tudo, o senador era o mandante.

Assim que foi preso sobre o maior escândalo, ele descobriu que um dos garotos era seu próprio filho.  Tinha participado do abusos dele, para negar que em sua família tinha gente não Aria.

Foi um escândalo, o garoto, apareceu num vídeo gravado contando tudo.

Ninguém sabiam aonde estavam, Marck cuidava deles.

Pela primeira vez era escoltado até um avião, aonde se sentou em primeira classe, em direção a Paris.

A reportagem deu muito que falar, ele tinha se reunido com os garotos, Marck os estava colocando em casas de amigos, conhecidos que podia cuidar deles, espalhados pelo pais.

O governo americano, fez uma grande redada nessas vilas, pequenas cidades do interior, mas tudo que encontrou foram armas do exército, documentos para atentados, nada mais, os jovens pareciam ter desaparecido.

Finalmente através do Marck, descobriram que estavam num campo de treinamento, os pegaram com a boca na botija, sendo treinados para assaltos ligeiros, por dois coronéis do exército, os dois trabalhavam no pentágono.

Novo escândalo.  Ele com um documento com os nomes das famílias, fez uma coisa, começou a pesquisar de que descendiam.   Depois ria muito, porque nenhum era autenticamente, descendentes de ingleses, havia descendentes de judeus, de italianos, alemães, que se entendia mas o resto era uma bazofia.

Era como ser descendente de judeu, e ser neonazista ao mesmo tempo.

Pensou em ficar quieto um tempo, mas isso era impossível em se tratando dele.  Lhe pediram uma entrevista com um ditador da Africa.

Foi recebido pelo mesmo com pompa e circunstância, escutou e gravou toda a bazofia do mesmo, lhe ofereceram ficar num hotel cinco estrelas na praia.  Dois dias depois ele desapareceu, tinha conseguido com um contato, uma pessoa que o acompanhou por todo o pais, vendo a miséria que vivia o povo, conversando com as pessoas, sabia que se voltasse a capital teria problemas, de uma certa maneira conseguiu passar a fronteira do pais vizinho, chegar à capital, embarcar num voo a Paris.

Quando saiu a reportagem, recebeu uma ameaça velada dos militares do pais que tinha visitado, mostrou como vivia o presidente, bem como os militares que governavam o pais, depois o povo, em plena miséria, se consideravam deuses para guiar seu povo, nada mais longe da verdade.

O pior pensava ele, é que vem justo desse povo, mas quando alcançam o poder, a corrupção, que lhes oferece os países ricos, com relação a explorar as riquezas de seu pais, esquecem tudo.

Ao final estava exausto, pois sabia que essas notícias, ocupariam as manchetes durante um tempo, lhe pagariam a peso de ouro essas notícias, depois gradativamente era substituídas por outras noticias piores, ou políticas, tudo passava para segundo plano, até desaparecerem, mesmo assim colocou tudo num livro.  Poucas eram as editoras interessadas no assunto.

Conversou muito com seu pai, este agora aposentado, ria dos comentários que ele fazia, é bem isso mesmo.  Hoje nada é importante até estar na primeira página, mas depois todos se esquecem pois com os meios de comunicação de hoje em dia, vai tudo para o lixo.

Parou para reflexionar, a falta que sentia do Mahamud, das discussões que tinham durante horas, da mentalidade dos dois frescas, de como olhavam tudo com os olhos escancarados, agora só lhe restava olhar com os olhos semicerrados, para não ver demasiado.

Estava cansado disso tudo.  Não sabia se continuar vivendo em Paris, ou voltar a América, quem lhe sugeriu foi seu pai, irem viver numa aldeia perto aonde tinha nascido, mas que estava ao lado do mar, foram até lá de visita, se apaixonou por uma pequena casa, em frente ao mar.

Foi para lá com seu pai, nunca dizia seu nome de repórter, ninguém sabia quem ele era, para todos os efeitos, seu pai, tinha saído da região, queria passar seus últimos dias ali.

Por mais que quisesse escapar, volta e meia caia em nostalgia, dos seus sonhos de juventude, dos seus princípios.   Nesses dias o pai o arrastava para um barco, como dizia para molhar os anzóis, ficavam os dois em silencio ao sabor das ondas do mar, aproveitavam alguma praia para mergulhar, voltavam para casa, muitas vezes sem terem trocado duas palavras.

Ele podia passar dias nesse mutismo, total.

Comia porque o pai insistia, um dia este se levantou cedo, viu sua cama intacta, foi encontra-lo na praia, com a cabeça apoiada nos joelhos olhando o infinito, mas morto.

Seu enterro, nem foi noticiado, só estava seu pai, para escândalo da vila, sem padres, nem missa, quando lhe perguntaram o velho respondeu, ele era um Ímpio, não acreditava em religião nenhuma, deixou inclusive de acreditar no homem.

Semanas depois morreu ele de tristeza.

 

 

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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