STALLION
Tinha chegado no dia anterior de Londres, nada
como umas férias pensava se espreguiçando na cama. Seu pai e Jones estavam nos Estados Unidos,
tinha ido a uma feira de cavalos de raça, levando dois puros sangues, um era
puro sangue árabe, o outro um cruzamento que eles tinham feito.
Nesses dias livres lhe tocava como sempre
olhar toda a parte administrativa, analisar os gastos da fazenda, incluía muitos
acres de terra, bem como uma floresta que ele amava de paixão.
A anos vinham tendo um mar de calmaria.
Escutou um ruido como um cavalo
relinchando, muitas vezes, com uma certa preguiça se levantou da cama, olhou
pela janela, no último andar da casa, o sótão, seus domínios como dizia ele.
Ficou aterrado, lá estava um dos garanhões
de seu pai, que ninguém montava, com uma cela, bem como um homem atirado ao
chão, na hora não identificou quem era.
Enquanto gritava para chamar o capataz que
estava no celeiro, se vestiu com pode, ao passar pelo telefone, chamou a
polícia da cidade.
Foi nesse momento que se lembrou que seu
pai tinha pagado uma divida com o vizinho, um homem muito complicado, que
exigiu em pagamento de umas terras que seu avó tinha comprado, mas nunca pagou,
o garanhão.
Seu pai a muito contra gosto concordou,
porque o juiz decidiu isso.
Isso tinha acontecido a meses atrás, três
éguas estava para ter cria, justamente desse garanhão, por isso seu pai se
conformou.
Tinha avisado ao vizinho, que nunca ninguém
tinha conseguido domar esse cavalo, que este quando via uma cela, ficava
aterrado, dava coices, ficava totalmente em pé, quem estivesse por perto levava
o pior.
Quem tinha comprado esse cavalo, tinha sido
seu avô um pouco antes de morrer. Ele,
bem como o vizinho tinham um problema antigo, nunca resolvido, quando se
perguntava ao seu avô do que se tratava, ele mudava de assunto.
O capataz, estava segurando o cavalo, pois
este estava acostumado com ele, quando chegou perto, viu que o homem estava em
petição de miséria, tudo o que fez, foi colocar os dedos na sua jugular, para
ver se tinha pulsação.
Mas pela quantidade de ferimentos na
cabeça, achava que era impossível, a cara estava totalmente destroçada, o
cavalo o devia ter arrastado desde a outra fazenda.
Quando a policia chegou, só pode constatar
isso, ele pediu licença ao inspetor que não conhecia, para tirar o pé que
estava preso do homem. Avisou, cuidado
que esse cavalo é bravo, melhor o senhor Tom, nosso capataz, o colocar no
cercado.
O inspetor disse que não retirasse a cela,
que depois um técnico teria que examinar.
Perguntou por seu pai, bem como o Jones?
Lhe disse que deveria voltar dentro de uns
quantos dias, estavam do outro lado dos Estados Unidos, em Santa Fé, numa feira
de cavalo.
Ah, verdade, quando se foi, o vimos passar
pela cidade, com esse caminhão de transportar cavalos. Levou dois, queria vender, comprar um
Mustang, ou um puro sangue desses que vivem soltos, talvez seja esse o problema
deste cavalo, nunca ninguém o montou.
Quando se aproximou, viu que o cavalo tinha
os quartos traseiros, cheios de marcas de chicote, mostrou para o inspetor,
isso é uma maldade, esse cavalo sempre foi livre pelo campo, meu pai concordou
em ceder ao vizinho em pagamento de uma divida do meu avô, porque tinha no
momento três éguas que ele tinha montado, lhe mostrou como elas se aproximavam
de aonde o cavalo estava, mandou fechar a porteira, para que não se chegassem a
ele, pois ainda estava nervoso.
Quando o legista chegou, comprovou a morte
do homem, examinou a cara, disse que devia ter sido arrastado por toda a
estrada, para ter a cara deste jeito, bem como a camisa e o colete nas costas
totalmente feito trapo, quando levantou o homem de lado, foi dizendo das
fraturas nos braços, mostrou ainda na frente deste uma marca de um coice do
cavalo.
Ele estava preocupado, quando muito iriam
mandar matar o cavalo, o que era uma pena.
Meu pai avisou muito a este senhor, que o
mesmo nunca tinha sido montado, que não devia montar, pelo visto desceu a
chibata no mesmo, mostrou para o inspetor, isso pode ter transtornado o cavalo,
mostrou o freio na boca, que a tinha cheia de sangue.
Nisso chegava o filho do homem, a quem ele
nunca tinha visto, mas chegou com o dedo em riste o acusando da morte do pai.
Desculpa, mas cheguei essa madrugada, acabo
de me levantar, me despertei com o ruido, não sei de nada.
Teu pai, vendeu gato por lebre, dizendo que
esse era um cavalo de corrida, ninguém pode monta-lo.
Se virou para o inspetor, se o senhor ler a
sentença do tribunal, está escrito que esse cavalo nunca foi montado, portanto apesar
da insistência do senhor, aponto para o morto, o queria de qualquer maneira,
nunca entendemos por quê.
A cara do filho é ótima, como se estivesse
mastigando raiva.
O inspetor lhe perguntou se não tinha visto
seu pai sair?
Não, ontem estive até tarde no pub da
cidade, cheguei um pouco tocado em casa, quem me avisou foi um dos policiais.
Sim o mandei avisar a família.
Respondeu de mal modos que ele era a única
família que restava.
O legista mandou levantar o corpo para
levar para autópsia, quanto ao cavalo o filho, disse que não se atrevia a
chegar perto, é um assassino.
Ele, bem como o capataz que tinha
conseguido acalmar o cavalo, levaram o legista para analisar o mesmo. O homem quando viu os quartos traseiros do
animal, só disse que lastima, ainda tem gente que pensa que é a única maneira
de controlar tudo, com violência.
Quando tiraram a cela, viram que na parte
de baixo, tinha muitos cravos aparente, que o cavalo estava muito ferido nessa
parte.
A cara do legista era de fúria, ele também
como quase todos os moradores dali, criavam cavalos. Isso é uma maldade suprema, nem creio que
esse cavalo resista.
Tom disse que já tinha chamado o
veterinário para dar uma olhada no cavalo, creio também que tem uma pata com
problemas.
O legista disse, que não me estranha que o
cavalo tenha feito isso, veio para cá, pois aqui era bem tratado.
Olhou as três éguas que estavam olhado por
cima do cercado.
Tom soltou que eram suas éguas, a ponto de
parir.
Quando chegou o veterinário, sua cara era
de nojo completo, pois dizia que nunca tinha visto tanta maldade com um animal.
Telefonou para seu ajudante que viria com
um carro especial para levar o mesmo, vamos ver o que posso fazer.
Nesse momento olhou para as patas do mesmo,
o coitado do animal, esteve atado pelas patas, olhem como estão cheias de
sangue, deve ter sido maltratado ao máximo.
O filho do dono, o olhou com cara de
desprezo, não penso pagar para cuidar desse assassino.
Creio que há um erro aqui, assassino foi
teu pai, tratando do animal dessa maneira, sempre foi um sujeito retorcido,
todos sabemos disso.
Não se esqueça como maltratava tua mãe, que
acabou se suicidando, ou isso parece.
Este montou rapidamente no furgão em que
tinha vindo, indo embora.
Esse saiu ao pai, vive bêbado, a casa deles
cai aos pedaços, me devem uma fortuna, em tratamento de animais, sempre todos
muito maltratados.
Sei que teu pai, foi obrigado a entregar
esse cavalo, tentou até o último momento que isso não acontecesse.
Acho melhor o chamar, não sei se já fez
tudo o que devia nos Estados Unidos?
Quando pai atendeu assustado, tinha se
esquecido do fuso horário, ele estava dormindo, contou o que tinha acontecido,
se via que ficava uma fera.
Já resolvemos tudo, consegui comprar dois
Mustang bem como um casal de Appaloosa, creio que conseguiremos algo. Terei que conseguir que os embarque antes do
tempo, sabe o quanto isso custa caro.
Mas consegui vender o puro sangue árabe por um bom dinheiro, o que valeu
a pena, te aviso quando saímos, espera vou passar para o Jones, esse escutou
tudo em silencio, soltou se não fosse estar do outro lado do mundo, eu mesmo
mataria esse sujeito.
Quando a muito custo conseguiram colocar o
cavalo no carro do veterinário, lhe dava pena.
Todos foram embora, o inspetor com os
policiais, estavam seguindo o rastro de sangue para ver aonde o mesmo tinha
caído do cavalo.
Se sentou na cozinha, depois de colocar o
café para fazer, depois chamaria o Tom, para tomar algo com ele.
De uma certa maneira tudo isso lhe fez,
voltar ao passado.
Seu pai, era um homem muito bonito, sua mãe
também, uma loira, que muitos podia dizer que era uma “Loira Burra”, pois tinha
uma voz aguda. Ela a beleza da
cidade. Ninguém sabia por que os dois
tinham se casado.
Ela odiava a vida ali, seu pai tinha
voltado depois de muito tempo no exército, tinha sido policia militar, nos
últimos anos, da guarda da rainha.
Quando voltou, ele já tinha quase cinco
anos, embora viesse sempre, ele quando o via ficava de boca aberta, pois o pai
tinha quase dois metros de altura, então para ele, era um deus, com seus
cabelos loiros, cacheados, embora com corte militar.
Um dia sua mãe desapareceu, deixou um
bilhete dizendo que ia para uma vida melhor, o deixou com o Tom e seu avô, um velho
que tinha um mal humor impressionante.
Seu pai largou tudo para vir para
casa. Conseguiu um licença, para isso,
mais tarde pediu a demissão, saiu do exercito como Coronel da Rainha,
acreditava que esse era o título.
Ficou numa depressão, mas ao mesmo tempo
furioso, não entendia, ela odiava a fazenda, mas quando foi a Londres para ver
aonde ele vivia, dizia que era pior, era como estar prisioneira sem ter
cometido nenhum crime.
Seu pai lhe explicava, que ele como
segurança da rainha, tinha esse problema, cada gesto ou palavra dele era
analisado.
Passava o tempo todo falando mal de seu
pai, só não o fazia na frente do seu avô, pois este a mandava calar a boca.
Vivia resmungando que estava perdendo tempo
de sua vida. Quem cuidava todo o tempo
dele era a mulher do Tom, Marie, eles não tinham filhos.
Era quem lhe dava banho, conversava com
ele, jogava, se sentava com ele ao seu lado na casa deles, vendo desenhos
animados, inclusive a maior parte do tempo ele dormia lá, pois quando ia
leva-lo, sua mãe lhe pedia fica com ele por favor.
Se acreditou que tinha conhecido alguém no
pub da cidade, aonde nos finais de semana trabalhava na barra. Se arrumava como se fosse para uma festa,
seu avô lhe dizia por detrás, que ela ia trabalhar, não dançar uma valsa.
Um dia que ele estava fora, veio, encheu
uma maleta com suas melhores roupas, desapareceu.
Só dois anos depois, apareceu um advogado
com uns papeis de divórcio para seu pai assinar, ia se casar com alguém. Mas se negou a dizer aonde estava.
Quando seu avô morreu, de uma certa maneira
foi como se liberar de uma carga, o velho com seu mau humor, tinha causado
muitos problemas, com o vizinho. Quem o
aguentava era Marie, esta o colocava na ordem, o fazia tomar banho, comer
direito, controlava a bebida, enfim a ela a obedecia.
De uma certa maneira criou um vazio, seu
pai meses depois foi a um encontro de ex-soldados, voltou trazendo o Jones a tiracolo. Era um negro imenso, de dois metros de
altura, com uma boca vermelha, que pareciam morangos, uns corpo fantástico,
tinha o corpo cheio de cicatrizes, se conheciam desde que meu pai entrou para o
exército, fazia muita gozação com seu pai, dizendo que ele tinha ficado de
rosinha em Londres, cuidando da rainha, tomando chazinho com ela, enquanto ele
tinha ido para a luta.
No dia que chegou, o levantou do chão, o
colocou quase no teto da cozinha, então Peter, esse é o garoto que me falaste,
vou lhe encher de mordidas. Na hora ele
se assustou, mas o encheu de beijos.
Ficou morando na casa. Meu pai queria me mandar para um colégio
interno, ele não permitiu, eu andava atrás dele todo o tempo, era ele quem me
levava a escola, com quem jogava basquete na parte traseira do celeiro, aonde
ele colocou um aro com cordas, para me ensinar a jogar, dizia que eu era bom
nisso, me ensinou todos os truques.
Uma noite me levantei de madrugada, para ir
ao banheiro, escutei ruido no quarto do meu pai, eram os dois fazendo
sexo. Foi uma das coisas mais bonitas
que vi em minha vida, pensei, quero fazer igual um dia com alguém. Nessa época tinha uns doze anos.
Meu pai, bem como o Jones, no dia seguinte,
falaram deles, se amavam a muitos anos, antes mesmo de meu pai se casar. Mas afinal tinham se reencontrado.
Minha resposta o deve ter surpreendido,
disse que isso não me importava, pois amava os dois, um dia queria ter isso que
eles tinham, havia entre eles algo especial.
Me abraçaram os dois, me encheram de
beijos.
Um dia na escola, uns garotos, me encheram
o saco, dizendo que os dois eram gays.
Me empurraram, me chamando de marica.
Falei com o Jones, nunca me atrevi falar
dessas coisas com meu pai, pois ficava nervoso.
A partir desse dia Jones, com a desculpa de
jogarmos basquete, me ensinava atrás do celeiro a me defender.
Semanas depois, eu tinha tirado nota máxima
nos exames, os mesmos garotos, tinham tirado o mínimo, vieram atrás de mim, dei
uma surra nos três, porque o quarto que era filho do diretor, saiu correndo.
Nunca mais me encheram o saco.
Quando tinha uns 16 anos, jogava na equipe
de basquete da escola, tinha verdadeira paixão pelo, o que era capitão, era tão
alto como eu, mas moreno, tinha uns olhos verdes incríveis, as garotas corriam
atrás dele, seu pai era gerente do banco da cidade.
Um dia me perguntou se podia ir a fazenda,
adorava cavalos, falei com meu pai, ele disse que sim, quando chegou de
bicicleta, lhe ensinei todos os cavalos, o negro já estava ali, ele ficou
deslumbrado, mas este não se monta lhe disse, venha vamos ao celeiro, escolhemos
dois cavalos, saímos pelo campo, ele me perguntou se eu tinha algum lugar
favorito.
Eu disse que sim, a muito tempo,
principalmente nas férias meu pai permitia que eu ficasse na cabana de caça do
meu avô, mas tinha que mantê-la arrumada, com lenha para a lareira, sempre
levava algo de comida para lá que me preparava a Marie.
O levei até lá, mal entramos na cabana, ele
ficou como louco, meu sonho de vida me disse, viver num lugar assim.
Lhe contei que nas férias eu sempre ficava
lá, no verão um pouco mais acima tinha um pequeno riacho, que tinha uma parte
mais profunda, aonde se podia nadar.
Me perguntou olhando nos olhos, se o fazia
nu?
Sim claro, estou sozinho.
Se aproximou me olhando, me agarrou,
começou a me beijar, fiquei com as pernas tremulas, foi tirando toda minha
roupa, ao mesmo tempo que comecei a tirar as suas.
Nos jogamos na cama, fiz sexo pela primeira
vez.
Ele me disse que imaginava isso a muito
tempo, principalmente quando depois de algum jogo, tomávamos banhos todos
juntos. Tinha que me controlar, pois
ficava excitado.
Tinha que tomar banho frio, mas o fazia
dizendo que era para ficar mais forte.
O que tinha me surpreendido, era que ele
tinha se sentado em cima do meu sexo, me ensinou como o excitar, lhe perguntei
se tinha feito sexo com outro homem?
Me disse que não, mas que tinha visto como
se fazia, um dia entrei no vestiário, vi nosso treinador, fazendo com um dos
professores, fiquei observando pois queria ver como era.
Voltamos, depois de mostrar para ele o
riacho, me soltou na cara, que assim que chegasse o verão viria para saber como
era.
Nesse dia contei ao Jones, que não era mais
virgem, não me atrevia falar com meu pai, com medo, mas Jones insistiu que eu
devia contar.
Ele riu muito, passou a mãos pela minha
cabeça, despenteando meus cabelos.
Só quero meu filho que sejas feliz, como eu
sou com o Jones.
Agora Jasper, vinha passar os finais de
semana, subíamos para a cabana, passamos os finais de semana lá, só não fomos
quando nevou muito, mas ficamos em casa.
Nas férias, aproveitamos horrores, seus
pais, foram de viagem a Londres, ele não quis ir, com a desculpa de que tinha
combinado comigo, passar as férias no meio da floresta para saber como
sobreviver. O pai que tinha sido Boy
Scott concordou.
Mas quando voltaram um dia foram até a
fazenda, estávamos no celeiro escovando os cavalos, a mãe nos viu nos beijando.
Uma semana depois o mandaram para uma
escola interno, dizendo que eu era uma péssima companhia.
Meu pai e Jones, me consolaram. Seus pais logo foram embora, nunca mais
soube dele.
Quando fui para Londres estudar, o vi de
longe, nem parecia o mesmo, com um grupo de gays, muito afeminado, com uma
roupa exageradamente queer.
Eu estudava com afinco, sempre tinha
gostado disso. Queria acabar o curso de
administração, para um dia poder administrar a fazenda, era uma coisa que meu
pai não gostava. Um dos problemas do meu
avô, nunca tinha administrado direito a fazenda.
Quase não tinha vida fora da universidade,
um dia sai com uns amigos, encontrei com o Jasper, estava com um homem muito
mais velho do que ele.
Quando fui ao banheiro do restaurante, ele
me seguiu, depois de me beijar, me disse que vivia com esse homem, que seu pai
o tinha colocado para fora de casa, durante um tempo me prostitui, depois esse
homem se apaixonou por mim.
Nos despedimos, ele pediu meu telefone, eu
disse que não tinha, vivia num dormitório da universidade.
Dias depois, quando sai de uma aula, ele
estava lá me esperando, vestido mais comedido, jeans, uma camiseta, tênis.
Pediu para falar comigo, nos sentamos num
café, ele contou que nunca tinha me esquecido, mas fiz muitas merdas, sobrevivo
por causa desse homem que me dá casa, comida, insiste que eu retome os estudos.
Eu lhe disse que devia fazer isso, se tinha
essa possibilidade.
Ele perguntou se eu o tinha esquecido?
Jamais, nunca mais tive ninguém em minha
vida, mas na verdade tampouco tenho tempo, nos finais de semana vou para casa,
sou eu que administro a fazenda.
Perguntou se eu queria fazer sexo com ele?
Jones dizia que eu era muito maduro para
minha idade. Lhe respondi que sim
queria, mas acreditava que isso só nos criariam problemas, eu não tenho como te
ajudar, depois isso iria interferir na tua vida com esse homem, se vê que te
ama. Prepare teu futuro.
Neste final de semana, contei para os dois
o encontro. Jones se levantou da sua cadeira, me abraçou, me dizendo que tinha
feito bem. Ele precisa se fazer por si
só.
Meu pai colocou a sua mão sobre a minha, me
dizendo que tinha orgulho de mim.
Foi justamente nessa época que tivemos que
entregar o cavalo negro ao vizinho, eu sempre o escovava, para ficar bonito
para suas éguas, ficava contando para ele o que me tinha acontecido.
Conheci um rapaz da universidade, era de
outro curso, tivemos algumas noites juntos, mas era uma pessoa volúvel, dizia
que eu era muito romântico na cama, que me faltava algo.
Como tinha aparecido desapareceu.
Agora estava escrevendo minha tese para a
pós graduação, mas seguia vindo todos os finais de semana para cuidar dos
papeis, dos livros de contabilidade.
Aproveitava no verão ia nadar no riacho.
A ideia agora era ficar até meu pai voltar,
tinha trazido meu laptop, embora iria sentir falta da biblioteca aonde fazia
pesquisas.
Meu pai, chegou uns três dias depois, tinha
tido problema com o transporte dos animais, pois o tinha contratado antes do
tempo.
Eu estava louco para ver os cavalos, eles
mal desceram do caminhão, vieram me abraçar os dois, estava acostumado com
isso, pois o faziam ao mesmo tempo.
Me beijaram com sempre, me dizendo que eu
tinha feito falta.
Quando vi os cavalos, foi como amor à
primeira vista, os Appaloosa eram menores, foram soltos primeiro no campo,
pareciam que tinha alguma bateria, pois não se cansavam de correr, os Mustang,
eram um pouco mais alto, o levaram para um pasto ao lado, fizeram o mesmo
começara a correr, como dizendo temos que esticar as pernas.
Meu pai dizia que era muito tempo de
voo. Os dois foram para seu quarto
tomar um banho, eu lhes disse que tinha ido todos os dias, ver o cavalo
negro. Me dá pena comentei, parece que
tem uma tristeza no olhar.
Em seguida fomos para a clínica, o cavalo
mal os viu, começou a relinchar, com dizendo, aonde estavam.
Veterinário disse que tinha agora um
problema, o vizinho estava dando um remédio para o cavalo, como uma castração
química. Mostrou todas as cicatrizes no
lombo do cavalo, o pior foi uma das patas, mas consegui parar a
inflamação. Contou o que imaginava que
o homem tinha feito com ele, deve ter amarado as patas, para fazer que se
deitasse. Ele jamais será o mesmo.
Mesmo assim meu pai, tinha ainda dinheiro
da venda do puro sangue, foi com o inspetor de policia a fazenda do vizinho,
encontraram seu filho completamente bêbado, os animais soltos, sem alimentação,
meu pai lhe perguntou o quanto queria pelo cavalo, que agora não valia nada.
Ele ria, meu pai sempre foi um bufão, achava
que iria dominar esse cavalo a todo custo, acabou com sua vida, lhe disse um
valor irrisório, dizendo que ele nunca mais ia reproduzir.
Eu estava atrás do meu pai, me lembrei do
sujeito, ele era um dos que tinham tentado me pegar, eu lhe tinha dado uma
surra de fazer gosto.
Meu pai lhe pagou, eu fiz um documento, o
inspetor assinou como testemunha. O
filho da puta ainda lhe perguntou se não queria comprar a fazenda, tudo que ele
queria era ir embora dali, pois nunca tinha sido feliz lá.
Meu pai disse que tinha já muitas terras
que era difícil administrar. Eu me
adiantei, lhe perguntei quanto queria?
Me disse um valor, eu lhe disse que ia
pensar, pois tinha o fideicomisso do meu avô, que nunca tinha sido usado, pois
fazia universidade com bolsa de estudos, gastava pouco, por viver nos
dormitórios da universidade. Iria olhar
no banco.
Me dava pena aquela casa, bem como os
animais abandonados.
Fui ao banco, vi que tinha dinheiro
suficiente para comprar, o gerente me disse que podia fazer uma coisa, me
financiar a metade, para que eu tivesse dinheiro para investir.
Eu pensava o seguinte, precisávamos sempre
comprar feno, se tivéssemos essas terras, poderia arar, plantar, assim uma
parte serviria para isso, a casa estava para cair de mal cuidada, mas com o
dinheiro que tinha poderia arrumar.
Fizemos negócio, eu pedi ao inspetor, via
que o sujeito era um bom camarada, falava com sotaque de Londres. Inspetor George, me contou que tinha
aceitado esse cargo, pois tinha um filho autista, que sua mulher o tinha
abandonado, que sua única ajuda era sua mãe.
Depois do negocio feito, lhe agradeci
muito.
No dia seguinte, Jones veio me despertar,
pois se via que tinha fogo vindo da outra fazenda, já tinha chamado os
bombeiros, quando chegamos, os animais por sorte estavam preso num curral muito
grande, o filho da puta tinha colocado fogo na casa, num tronco de madeira,
tinha um bilhete, faço isso por ti, pois nessa casa só aconteceram desgraças, é
melhor que construa outra.
De uma certa maneira era verdade. O homem tinha porcos, patos, de animal grande
só um burro. Os porcos o vendi para o
açougue da cidade, não pretendia criar nenhum, os patos, os levei até o riacho
em cima na floresta, aonde ficaram como loucos, entrando sem parar na água.
Ia construir ali um refugio para eles, no
inverno os levaria para baixo.
George disse que tinha visto o homem
embarcar num trem para Londres.
Que filho da puta, destruir a casa.
Eu pensei bem, disse que não, mais acima,
tinham muitos troncos de arvores abandonados, resolvi construir como se fosse
uma cabana, como a da montanha, tudo em torno da lareira que não tinha caído
com o fogo.
Quando ficou pronto, foi ao mesmo tempo que
acabei de apresentar a tese, me formei com boa aprovação, um professor me disse
que era uma lastima que depois de tudo, eu me preparava para administrar uma
fazenda.
Mal sabia ele que pretendia abrir um
escritório na cidade para administrar, não só a nossa, mais algumas
outras. Tinha aprendido dando um duro
desgraçado a fazer isso.
Resolvi morar na minha cabana, todo mundo
dizia que era de rico. Tudo tinha sido
reconstruído em razão da lareira, um imenso salão, ao mesmo tempo cozinha, dois
quartos com banheiro, além de uma varanda grande na frente, bem como outra
atrás virada para a floresta, está era a minha preferida.
Quando o Inspector George trouxe seu filho Ben
para visitar a fazenda, ele ficou como louco com os cavalos, seu predileto era
o negro, este se chegava a ele de mansinho, colocava a cabeça no seu ombro, ou
procurava no seus bolsos cenoura, eu o tinha ensinado.
O garoto ria muito, passava a mão pela sua
cabeça. Outro animal era o burro, o que
nos divertia era que tinha um pato, que se negou a ficar junto com os outros,
passava o dia inteiro em cima do burro, que o levava para todos os lados, o
menino ficava rindo com isso, mas bastava ele chamar, que o burro vinha.
Isso virou um hábito, ele adorava a cabana,
dizia que era sua casa, George ria porque o garoto era parco de palavras,
passou a ficar nos finais de semana, no inverno adorava dormir num saco desses
de acampar, na frente da lareira. Um
dia o veterinário o presentou com um cachorro, sua avó não o queria em casa, o
levou para a cabana, aonde o menino ia, o cachorro ia atrás.
A primeira coisa que fiz, antes do inverno,
foi arar todas as terras produtivas, para plantar feno quando chegasse a
primavera. Teríamos uma quantidade
suficiente para alimentar os animais, bem como poder vender alguma.
Os filhos do cavalo negro já tinha nascido,
mas tinha um que era espetacular, era como os Appaloosa, branco e negro, corria
como estivesse o demônio atrás dele.
Resolvemos fazer uma pista para treinar os
cavalos para correr.
Veio viver na fazenda, um rapaz, baixinho,
muito magro, comia como um louco, tinha sido jóquei na temporada anterior.
Treinava todos os cavalos para isso. O mais interessante era o negro, que se o
soltassem na pista, corria como um louco, era muito bom.
Por engano do veterinário, ele seguia
montando as éguas, inclusive um burra que tínhamos comprado para o velho burro,
esse não se interessou, dizíamos que ele gostava era do pato.
Quando uma noite, sem querer me enrolei com
o George, pensei que ele nunca mais voltaria, que seria daqueles romances de
uma noite, mas ao contrário, ele ficou, agora dormia comigo, todas as vezes que
estávamos na cabana.
O menino, me abraçava e beijava, um dia nos
surpreendemos dele chamar Jones de avô, esse ria como um condenado.
George começou a me ajudar no escritório
nas suas horas vagas, um dia lhe perguntei se não queria trabalhar comigo,
deixar a polícia. Ele acabou aceitado,
lhe sobrava mais tempo para seu filho, não tinha que fazer plantão noturnos, sua
mãe dizia que não tinha mais idade para cuidar do neto. Jones lhe ensinou a ler e escrever, estava
um pouco atrasado para sua idade, mas o impressionante era o mesmo com a
matemática, aprendia tudo.
Um dia George disse que tinha uma pessoa no
meu escritório me esperando, era o Jasper, ri quando o vi, estava bem vestido,
com outras maneiras, ao lado dele estava o homem que eu conhecia.
Me apresentou, disse que queriam comprar
terras por ali, mas todas que viam davam muito trabalho.
Sem dúvida nenhuma todas as terras dão
muito trabalho, eu sei por que dirijo a minha fazenda, a de meu pai, bem como
outras. Posso verificar, mas o
importante era saber o que querem fazer.
O seu companheiro, dizia que trabalho não
queria, pois nunca tinha feito trabalho braçal, mas era para satisfazer o
Jasper, quando apresentei o George como meu companheiro, além se sócio no escritório,
ele se retraiu. Entendi imediatamente
a jogada.
Nesse momento, Jones chegava de ter ido à
escola recolher o Bob, este entrou no escritório como costumava fazer, nos
chamado os dois de pai.
Jasper se levantou, estendeu a mão, se
despedindo. Muito sério disse que se
soubéssemos de alguma com uma boa casa, lhe avisássemos, mas claro não deixou
contacto.
Jones disse que ele tinha vindo para me
sondar.
Uma das poucas vezes que fomos a Londres só
os dois, para um final de semana, para comemorar os anos que levávamos juntos,
nos encontramos com ele num restaurante, com um jovem, disse que o outro tinha
morrido, ele tinha herdado tudo, agora parecia ao contrário, mas George disse
que ele parecia meio drogado.
Eu já tinha contado para ele nossa
história, o quanto tinha sido complicado para ele subsistir, a prostituição,
viver de favor com um homem mais velho, não sabia se ele na verdade tinha
estudado alguma coisa, estava era outra vez muito afetado.
Nunca mais o vimos.
A coisa boa, era que criamos uma família, Bob
se desenvolvia perfeitamente, quando chegou a época de saber o que queria
estudar, ele disse veterinária. Nas
férias agora ajudava o veterinário, este se divertia, dizia que se ele estava
os animais iam diretos a ele.
Quando se formou, ele agradeceu
principalmente ao avô Jones que tinha tido paciência de o ensinar a enfrentar a
vida. Este homem de dois metros de
altura chorava como uma criança.
Podia ir para algum lugar, mas o que ele
gostava mesmo era de estar ali na fazenda no meio dos animais.
A burra teve vários descendentes do cavalo
negro, mas por último uma égua negra linda, que corria como um raio, foi várias
vezes campeã de corridas. Um Sheik
árabe apareceu para a comprar, mas eu a tinha dado para o Bob, disse que não
podia vende-la, pois ela tinha a mesma coisa do velho burro que ainda era vivo,
um pato que andava sempre com ela.
O Sheik acabou ficando amigo de todos, volta
e meia convidava o Bob para ir olhar seus cavalos, este dizia que lá tinha
muita areia, que ele gostava de ficar em casa.
Nunca tinha imaginado ter uma relação como
tinha com o George, com a idade, nosso relacionamento era impressionante,
bastava olhar para ele que me entendia, estávamos sempre falando, seja de
trabalho, ou sentados na varanda atrás da casa, olhando a floresta.
Meus dois pais, Peter e Jones, viveram até
quase os cem anos. Morreram com a diferença de uma semana um do outro, quem
sentiu muito a morte do Jones foi o Bob, ficou desconsolado, era seu melhor
amigo, na cerimonia foi ele quem falou do relacionamento dos dois, meu avô, meu
amigo, meu professor de vida, dizia ele.
As pessoas achavam interessante, pois o
Jones era o único negro ali nas redondezas.
Mas a igreja estava lotada, nesse dia, pois
ele tinha conquistado todo mundo. Eu me
lembrei do dia que tinha chegado, me levantando, até quase encostar no teto da
cozinha.
Foi uma grande despedida.
Reformamos a casa da fazenda, a transformando
numa casa para hospedes, funcionava.
Havia que seguir em frente.
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