APRENDER DA VIDA
Ele era uma mistura de raças, seu pai um
inglês de pura cepa, alto, loiro de olhos azuis, parecia um touro, ao mesmo
tempo ele delicado em seu trabalho, sua mãe era descendentes de árabes,
precisamente era do Egito.
Quando ele a trouxe, no primeiro momento a
família dele a repudiou, mas depois viram suas maneiras, tinha sido educada num
colégio em Alexandria, falava um inglês perfeito, tinha boas maneiras, além de
uma coisa importante, dinheiro próprio, nunca se casou com meu pai, pois perdia
o direito a receber esse dinheiro. O
cuidava com muito cuidado, ia ao banco duas vezes por semana, para olhar suas
aplicações.
Já meu pai, tinha sido professor em Oxford,
mas o que ele gostava mesmo era de arqueologia, bem como tomar um bom porre.
Ele desaparecia por largas temporadas,
estava sempre em alguma escavação, essa era sua paixão, recebia um salario por
isso, bem como recebia dinheiro da família, que tinha muito.
Eu nessa mistura, era uma figura diferente,
alguns me confundiam com indianos, outros por paquistanês, pois tinha cabelos
negros, os olhos também, a pele morena, ele dizia que eu era uma reprodução
dela, dos meus antepassados faraós do antigo Egito.
Seus sonhos nem sempre se realizavam, em
algumas temporadas, voltava arrasado para casa, não tinham encontrado nada.
Tinha uma coisa que o fazia especial,
desenhava cada peça que encontravam no mínimo detalhe, isso me ensinou ele, a
desenhar, a fazer aquarelas.
Quando fiz 14 anos, minha mãe resolveu se
casar com um namorado, o tinha conhecido numa da muitas reuniões em
Oxford. Era um Lord inglês, muito
rico, apenas o avisou que ia mudar de casa, que ia se casar finalmente.
Eu odiei o mesmo, desde o mesmo momento, se
fazia de importante, tinha que morar com eles, numa imensa mansão no campo, a
única vantagem, aprendi a atirar, bem como conduzir, o motorista do mesmo me
ensinou. Ficou uma fera comigo, pois
tinha um carro conversível, um dia que me encheu o saco, enfiei o mesmo contra
uma árvore, destroçando o mesmo.
Avisou minha mãe que me devia mandar para
viver com meu pai, que não me queria ali.
Ela furiosa, pois sem querer eu estragava
sua vida, me mandou primeiro para a casa de seu irmão em Alexandria, esse não
gostou muito, me levou para viver com meu pai numa escavação. Pela primeira vez na vida, me senti em
casa, disse isso para ele.
Como falava árabe, logo conversava com
todos os que faziam o serviço pesado ali, meu pai me disse que tinha que ganhar
o pão, comecei a me vestir como eles, ajudava a transportar pedras, o que me
fez ganhar corpo. Mas claro exigia um
salário como todo mundo, era uma merda, mas ia guardando.
Minha mãe tinha me dado dinheiro, mas
escondi, bem como o que ganhava, pois se meu pai ia ao Cairo, gastava muito
dinheiro em jogo e bebida.
Eu ao contrário ali no meio do nada, me
sentia feliz. Um dos seus colegas, do
Museu Egípcio me deu um livro de um escritor dali. Foi meu encontro com a literatura árabe.
Um dia estavam escavando num lugar,
procurando uma entrada, olhei bem, analisei tudo o que via, fiquei parado,
senti uma pessoa ao meu lado que dizia, aí não tem nada, idiotas.
Levei um susto tremendo, era um homem
vestido bem, com um turbante cheio de pedras.
Como estava aprendendo a fazer aquarelas,
subia no final do dia a montanha, em cima de aonde estavam escavando, me
sentava ali, desenhando o pôr do sol.
Parecia que tinha havido um desprendimento
de pedras, pois até aonde eles estavam trabalhando, desde o alto, havia como
que se alguém o tivesse feito de propósito.
Na hora de descer, me escorreguei, fui descendo, tentando me segurar em
alguma pedra.
Isso provocou um outro desprendimento,
pensei, merda, vou levar uma bronca tremenda.
Nisso parei, estava no meio do caminho, ali
havia uma escada meio escondida.
Gritei para um dos meus conhecidos, que
chamassem meu pai.
Ele pensou que o fazia isso, por estar
ferido, quando meu pai, chegou, lhe mostrei a entrada.
Foi um achado, o que procuravam embaixo
estava ali em cima, tiveram que liberar muita pedra, até realmente chegarem à
pedra.
Encontraram logo de cara o esqueleto de
alguém que tinha chegado até ali, mas que o desprendimento devia ter
matado. Tiveram que vir limpando desde
cima, aproveitaram as pedras para fazer uma rampa para descerem as coisas.
Deram com uma porta fechada, quando
conseguiram despejar a mesma, dava para um túnel que abaixava, as paredes
estavam cheias de inscrições, era o que procurava o arqueólogo chefe.
O filho da puta nem me disse obrigado.
Segui subindo agora por outro lado, ia no
mais alto, aonde tinha uma pedras grandes, que eu imaginava nas minhas
fantasias, pedras das pirâmides pois era retangulares, imensas, eles ao
contrário embaixo, iam pouco a pouco, pois tinha havido muitos desmoronamento
no dito cujo túnel. Havia que escorar o
teto.
Estava ali, distraído um dia, quando um dos
pinceis caiu numa brecha entre as pedras, me meti ali para recuperar o mesmo, o
que vi foi como um buraco imenso. Chamei
meu pai outra vez, agora munidos de cordas, de lanternas potentes, desci primeiro,
porque era o mais magro.
Fui acabar numa ante sala da tumba, ainda
havia muita coisa por ali, mas o mais importante, era que as coisas grandes
estavam. Disse ao meu pai que abaixasse
com uma máquina fotográfica com flash. O
Arqueólogo estava no Cairo, assim ficávamos com a gloria.
As paredes eram todas pintadas, o tumulo
era de um escriba real, as paredes contavam as suas glorias, o poder que tinha na
corte, bem como era também um sacerdote.
Documentamos tudo, como meu pai chegou a
mesma conclusão do que eu, só tinham roubado coisas pequenas, as grandes,
estavam ali. Inclusive um belíssimo
barco, para o mesmo atravessar para o além, todo em ouro, com pedras preciosas.
Mas a parede do tumulo estava fechada,
talvez as coisas ali estivessem protegidas.
Vimos num lado um lugar que devia ter sido
um ninho de serpentes, tinha um outro corpo ali, esse deve ter sido mordido por
uma.
Quando o arqueólogo voltou, olhou a minha
cara, me perguntou por que eu era tão abelhudo.
Que eles teriam chegado de qualquer
maneira, pelo tumulo. Mas de qualquer
maneira desceu, voltou deslumbrado. Mas
de novo não disse nada.
De novo vi o homem, esse não merece me
encontrar foi o que me disse.
Agora o via com clareza, se sentava ali
comigo, foi me ensinando a desenhar, como devia segurar os pinceis, me disse
quando chegar depois da parede, encontraras uma caixa com meu material de
trabalho, é teu.
Dois dias depois no túnel, uma parte de
desprendeu, matando o arqueólogo, o filho da puta tinha já feito a propaganda
que ele tinha encontrado a entrada por cima.
Um dia depois, meu pai tomou o mando da
escavação, pois era seu segundo.
Finalmente através do túnel, chegamos à sala. Mas tiveram que reforçar tudo.
O túnel nunca era muito seguro. Agora depois de retirarem a coisas grandes
que ainda estavam ali, o homem no dia anterior me disse, encheram esta sala de
todas as coisas que na verdade não servem para nada, só descobrir isso depois
que morri.
Um dia meu pai, me perguntou com quem
estava lá em cima sempre, pois parecia que conversavam com alguém.
Imaginação sua.
Ele me disse que na intimidade o chamavam
de Tutsi, me disse por aonde tinham que abrir, que havia dois selos, que eram
como armas de defesa. Me disse qual, um
dos homens ia tocar ali, eu disse que não, mandei todo mundo se afastar, ia
pegar uma ferramenta, o homem disse bem alto, esse fedelho agora quer me
ensinar a fazer meu trabalho, justo nesse momento uma seta, lhe perfurou o
pescoço, ficou preso na mesma, morreu no ato.
Como sabias disso, me perguntou meu Pai?
Olha bem, há três selos, embaixo de cada
um, num desenho mínimo, explicava o que tinha ali.
Espere, enquanto retiravam o homem da seta,
tiveram trabalho, pois era dura.
Peguei a ferramenta, mandei todo mundo sair
da sala, bati com a mesma no outro selo, saiu outra seta, quando bati na
terceira, que estava num nível mais baixo, não saiu nada.
O homem ria muito, eres um aluno
inteligente.
Avisei meu pai que tinha que ser por aí,
mas vá com cuidado. Pois pode ter serpentes, olha esses rastros no chão, há uma
parte aberta, com certeza tem ninho dentro.
Tutsi ria, sim, esta justo atrás da porta.
Eu olhava, conseguia ver como devia
fazer. Era como se um marco luminoso,
dentro do desenho me mostrasse aonde devia escavar, pois a parede estava toda
pintada.
Falava do escriba, os desenhos eram
preciosos, com muito cuidado com um cinzel, fui limpando as linhas que
conseguia ver. Ninguém entendia o que
estava fazendo, mas a estas alturas, meu pai disse que me deixassem em paz.
Eu avisei, temos que proteger essa porta,
já sabia que a mesma era de algum material especial.
Com muito cuidado a escoramos, pois caia
para o nosso lado. Pedi muita luz, pois acredito que do outro lado teremos
serpentes.
Um dos homens foi a vila mais próxima,
trouxe um homem especializado em capturar serpentes, este trazia uns cestos, me
lembrava dele na vila, fazendo as serpentes dançarem ao som de uma espécie de
flauta.
Quando lhe mostrei por aonde acreditava que
tinham entrado, ele concordou, é possível realmente que tenha, com cuidado,
foram retirando a parede. Havia do
outro lado, uma duas dezenas de serpentes, ele as foi capturando, a colocando
em cestos.
Com a luz, se via muito bem o outro lado,
era tudo muito bonito, com um belo tumulo no meio.
Ele avisou, muito cuidado, pois pode ter
mais dentro do tumulo.
Levou as que tinha retirado para fora do
recinto, voltou com mais cestos, foram necessários dez homens para mover a
tampa, realmente ali dentro havia outro ninho, não dava para ver por aonde
entravam e saiam.
Ele as foi retirando, uma a uma, depois me
agradeceria, tinha feito uma bela caçada.
Quando pudemos finalmente olhar o que havia
dentro, era uma primeira caixa, tinha poeira, mas se via que era muito bonita.
Estava celada com uma espécie de cera, meu
pai mandou trazer uma mesa, para colocarem em cima, para poderem abrir, a foi
limpando, passando um cinzel pela cera para liberar a tampa.
Dentro havia outra, mais bonita ainda. O Homem me disse, que agora ia finalmente
poder voar, que era melhor todos se afastarem, colocaram algum veneno aí.
Eu sentia como cheiro de pólvora, avisei
meu pai, creio que aí dentro tem algo com pólvora, melhor fazer isso lá fora,
foi difícil transladar o sarcófago, mas finalmente fora, o homem na minha
cabeça disse obrigado, vou embora, quando necessitar de ajuda, me chama Tutsi.
Meu pai obrigou a todos a usar uma máscara,
ou um pano na frente da boca e nariz.
Alguns já falavam em maldição,
principalmente um dos funcionários do governo que assistiam.
Quando levantou uma parte da tampa do
sarcófago, realmente saiu como um cheiro forte de pólvora, talvez a umidade
tenha feito um efeito contrário ao que tinha colocado ali.
Em cima desse outro sarcófago, havia como
uma proteção como uma tela, mas se via um belíssimo trabalho.
Ali estava o corpo embalsamado, como todos
os outros, mas no peito, como uma joia imensa, na lateral do mesmo, como uma
caixa de metal, ele na minha cabeça, isso é para ti.
Foi colocado numa bolsa, para ser examinado
depois. Tornaram a fechar tudo, levar
para um armazém que ficava fechado a sete chaves, com dois policiais do museu.
Voltamos a entrar na tumba, foram limpando
o chão, encontrando coisas, ali não tinha entrado ninguém. Por instinto eu sabia que havia outra sala.
No dia seguinte apareceu um arqueólogo para
tomar relevo do meu pai, coisas de financiamento, me disse ele, afinal ele
sempre seria um segundo.
Era outro idiota, divulgou que ele tinha
encontrado tudo.
Tinha mania de andar de sandálias, dois
dias depois foi mordido por uma serpente, morreu no meio de muitas dores.
Só então falei com meu pai, o senhor deve
ir ao Cairo, falar com o responsável, afinal o descobrimento foi seu não desses
dois idiotas, convença o mesmo que temos coisas ainda por descobrir, quero
traduzir todo o texto das paredes do fundo.
Agora passava o dia ali dentro, tinha uma
paz imensa, primeiro desenhei toda a parede direita, depois a esquerda, depois
a do fundo.
Foi quando encontrei, o mesmo sistema das
setas, embaixo havia como uma fechadura, entendi então que ali se encaixava a
joia que estava por cima do corpo embalsamado.
Mas não disse nada, esperei meu pai voltar
com um encarregado do Museu, que o ia acompanhar. Mostrei os desenhos, bem como os pontos, fiz
todos saírem dali, apertei o primeiro, o segundo e o terceiro, de todos saíram
setas.
O homem me perguntou como eu sabia. Lhe
mostrei os pequenos ou melhor ínfimos desenhos embaixo de cada um. Abriram o então o sarcófago, tiramos a peça,
a encaixei na parede, a porta foi fácil de abrir, mas mesmo assim com a
iluminação especial, verificamos se não tinha nenhuma serpente. Ali estava o grande tesouro, bem guardado.
Ao contrário dos outros, meu pai compartiu
comigo, a gloria do achado. Nos jornais
nos dias seguintes, diziam que surgia um jovem arqueólogo, que entendia os
antigos.
Numa entrevista no museu, falavam com meu
pai em inglês, mas comigo faziam as perguntas em árabe.
Não ia falar com eles do Tutsi, tinha
conseguido traduzir toda a história do mesmo, na verdade ele tinha governado o
pais, numa época convulsa, nunca tinha sido faraó, mas sim seu homem de
confiança. Por isso tinha tido a gloria
de ter um túmulo tão rico.
Era de uma dinastia antiga.
Nessa noite sonhei com ele, me disse que
devia me dirigir a um templo de Hórus, já escavaram por lá, mas não deram com
nada, fui eu quem construiu esse templo, não encontraras riqueza, mas sim a
parte baixa do mesmo, aonde eram enterrados os sumo sacerdotes, bem como
encontraras uma parte da história dessa época.
Minha mãe quando me viu numa revista do
Times, logo fez contato, queria fazer uma festa para mim em Londres,
mentalmente a mandei a merda.
Agora meu pai também era mais conhecido, já
não necessitava ser um segundo no trabalho, podia levar ele mesmo uma
escavação. Era a época que todas
paravam, pois fazia um calor infernal.
Procurei saber aonde nos dirigir, já havia o templo de Hórus em Edfú,
mas alguma coisa me dizia que não era este, o que tinha visto no meu sonho, era
com um lugar, que viviam sacerdotes, de qualquer maneira fomos ao já conhecido.
Chamei mentalmente a Tutsi, não te
enganaste, aqui basicamente está tudo descoberto, mesmo assim, me mostrou uma
escultura do Deus Hórus, me disse para observar uma das asas, a da direita, tem
um minúsculo desenho na parte de cima, o observe.
Foi o que fiz, inclusive um guarda me
chamou a atenção, pois estava quase deitado em cima da escultura, pedi ao meu pai
para fazer uma foto.
Depois mandei ampliar, para poder desenhar.
Eram como coordenadas, alugamos um guia com
camelos, seguimos as coordenadas, encontramos o que eles chamavam de santuário,
estava todo no chão, o guia disse que ali, não tinham encontrado nada. Tinham sim limpado da areia nada mais, não se
encontrou mais nada, com se aqui, fosse um mosteiro ou coisa parecida.
Eu fiquei andando por ali, disse ao meu
pai, tenho certeza de que é aqui. De
noite montamos uma ampla tenda que vinha num camelo à parte.
Dormimos ali, me despertei com uma voz que
me dizia, vamos acorde venha comigo, não acenda nenhuma vela, a lua nos
iluminará.
Meu pai dormia o sono dos justos, tinha
passado uma parte da noite bebendo com o guia, eu quando muito tomava água.
Fui andando como seguindo meu instinto, me
encontrei com Tutsi, encostado numa espécie de lareira. Tinha uma placa dizendo que ali era a cozinha
do santuário.
Nada mais longe da verdade, aqui era como
uns banhos, para a purificação, para poderem entrar na zona reservada.
Me foi contando ali a luz da lua, a lenda
de Hórus que representava o faraó, depois a morte Osiris, a barca do mesmo, o
que significava. Eu quando tinha
visto a barca de Tutsi, tinha ficado de boca aberta, ele me falou da mitologia
disso. Hoje é diferente, vagando pelo
mundo, vi muitas coisas diferentes, eu gosto das mais simples, uma simples
mortalha, depois a terra para adubar, ria com isso.
Estava ali em pé embaixo da lua cheia, com
ele falando, conseguia ver o que não tinham descoberto, mais um pouco além do
que tinha escavado, estava o que ele tinha falado. Fui despertado dos meus
sonhos, pelo meu pai, que olhava admirado, lhe disse o que havia mais além de
aonde estávamos.
Voltamos ao Cairo, meu pai tinha que pedir
a liberação para escavar.
Primeiro por ser fora de temporada, nos
instalamos ali, para ir pesquisando, aparentemente não havia nada.
Nesse meio tempo tivemos que voltar, pois
uma tempestade de areia, levou a jaima, meu pai tinha recebido um telegrama de
seu irmão, minha mãe, com seu marido Lord tinham morrido num acidente de carro.
Claro que não chegamos para o enterro. O mais interessante, como o dito cujo não
tinha herdeiros, tinham casado em comunhão de bens, herdei tudo que ele tinha,
dizia brincando ao meu pai anos mais tarde, era insuportável, mas com seu
dinheiro realizava meus sonhos.
Pudemos assim bancar a escavação, meu pai a
estas alturas tinha aprendido a confiar em meu instinto.
Foram meses duros, limpar todo o espaço,
que eu via mentalmente, finalmente demos pela estrutura, no que seria como um
altar, não sabia o que significava, pois não havia ali nenhuma inscrição,
encontramos por detrás uma escada. Desimpedir a mesma custou, pois não só tinha
areia, bem com escombros. O primeiro
dia que passamos da porta, o que primeiro senti foi um grito de muita pessoas. Os ajudantes estavam contentes, pensavam que
só iriamos encontrar como no outro, um restos perdidos no meio do deserto.
Munidos de lâmpadas, a gás, fomos entrando
no recinto, era imenso, pois inclusive pelo sentido estava por debaixo do outro
já descoberto.
Só depois de quase um mês, chegamos ao
fundo de tudo, um lugar, que eram como celas, separadas, em cada uma um pequeno
sarcófago com algum alto sacerdote dali, nada que grandes luxos, mas sim de
belas caixas como dizia meu pai, as mascaras eram simples, como correspondia ao
dignatário.
Mas os objetos litúrgicos encontrado no
local, explicavam muitas coisas sobre os ritos que praticavam ali, em honra a
Hórus, bem como a Osiris.
Foi amplamente divulgado pelas Times,
jornais de todo o mundo, só fiquei com uma espécie de amuleto que me
acompanharia a vida inteira, o resto foi tudo para o museu.
Meu pai que tinha se apaixonado por uma
peça a queria levar, mas isso era impossível, pertencia tudo ao Museu do Cairo.
O que mais tinha gostado de encontrar, foi
uma imensa barca de Osiris, que se usava para as cerimonias, isso me explicou
Tutsi.
Liberastes meus irmãos desse longo
cativeiro, agora suas almas como a minha correrão pelo mundo, em busca do
Paraiso de Osiris.
Não se preocupe, logo te vão chamar para
outro lugar, estude outras línguas consideradas mortas.
Quando voltamos a Londres, havia ofertas
imensas pelas propriedades do Lord, optamos por ficar só com uma casa perto do
mar, o resto foi colocado a venda, liberei por não necessitar os quadros para o
museu da cidade.
Comecei a estudar Aramaico, bem como Grego
antigo. Me divertia, pois era como um
aluno, extra em Oxford, pois sequer tinha terminado meus estudos.
Os alunos árabes se encantavam em conversar
comigo. Um deles, filho de um homem
muito importante, me disse que nas terras de seu pai, existiam um velho
caravasar, nos convidou para ir com ele nas férias.
Arrastei meu pai comigo, aproveitei para estudar
tudo sobre os caravasar, ou o lugar por aonde passavam as caravanas, que iam em
direção ao Oriente. Havia muitíssimas
lendas.
O pai do mesmo nos recebeu com honras, pois
afinal eu ajudava seu filho em Oxford, dizia que na época que tinha estudado
lá, era como um apestado, apesar de rico, não tinha feito amizades.
Fomos como numa caravana ao lugar, era
imenso, pouco restava dali, no fundo apesar de usarem esse nome, era como uma
fortaleza, que protegia as caravanas, de assaltos, ou coisas parecidas.
Levei um susto, quando vi um homem vestido
como templário, me disse que tinha morrido ali, defendendo relíquias que tinham
trazido do fundo do mundo.
Eu não entendia o que ele queria dizer
fundo do mundo. Achava interessante,
pois estás visões me aconteciam justamente nas noites de lua cheia.
Foi me guiando, para o que parecia o resto
de uma muralha, os guardas do Sheik, estavam assustados, pois eu ia conversando
numa língua que eles não falavam.
O homem me levou até uma parte, que eu
quando tinha visto, pensei que era o resto de uma torre de vigia. Ele confirmou que sim, mas ao mesmo tempo,
essa torre desce para as profundezas.
Me mostrou aonde podia escavar.
Fiquei ali parado, segundo meu amigo
Nassir, eu parecia um fantasma, com uma roupa branca árabe, que o vento
agitava, só falta estares com os braços em frente.
Mal amanheceu o dia, com um café muito
forte, busquei minha bolsa de escavação, com a ajuda de meu pai, Nassir, mais
alguns homens começamos a limpar o lugar, realmente havia uma escada para
baixo. Levei dois anos vivendo ali,
Nassir voltou para Oxford, mas logo disse ao pai, que o que lhe apaixonava
estava ali, ele na verdade nunca ocuparia o lugar do pai, era seu filho
predileto, mas filho de uma das muitas mulheres que viviam no palácio.
Levei muito tempo para entender o que ele
queria dizer as vezes, até que um dia me disse que era apaixonado por mim. Ali tudo isso era proibido, por isso tomamos
cuidado.
Eu no fundo era como ele, virgem, pois
nunca tinha me apaixonado.
Na parte de baixo da fortaleza, agora
sabíamos que era isso uma fortaleza no meio do nada, que servia tanto como
caravasar, como era algo de defesa, mas o que faziam os templários ali, levei
muito tempo para entender.
Encontramos, duas lapidas nessa parte
baixa, com os nomes gravados em Latim, quando pesquisei, descobrir, que eram
nomes de dois Templários que tinham ido muito além de Jerusalém, não em busca
do Santo Grial, como alguns, mas sim de algo mais.
Quando levantamos a primeira lápida, ali
estava um esqueleto, vestido com uma malha da época, bem como resto de suas
roupas de templário, a cabeça estava dentro de um capacete, que devia ser de
algum nobre francês. Ao seu lado, além
de uma espada belíssima, estava papiros, conservados dentro de um tubo de
metal.
O outro era igual, a diferença era que no
seu capacete, estava uma coroa de França, pelo nome gravado, não chegava a
nenhuma parte.
O problema era aonde pesquisar. Mais além na mesma direção, existia uma
tumba, pertencia a uma mulher, nessa encontramos joias, uma caixa depositada
aos seus pés, quando abrimos tinha um cheiro especial, de ervas aromáticas.
Usava na cabeça uma coroa de rosas, suas
mãos estavam cruzadas a maneira católica, mas o que restava de suas roupas, pela
datação, era anterior a da deles.
Quando consegui abrir o tubo, bem como
separar as páginas, comecei a fazer a tradução, era como se estivessem
procurando por uma pessoa, que vivia por estas terras num castelo ou fortaleza,
era uma descendente de Maria Madalena.
Meu pai quando viu isso, disse que
estávamos mexendo num grande vespeiro, pois se a igreja católica soubesse, iria
nos encher o saco.
Finalmente encontrei o motivo por que eles
estavam ali, buscavam isso, um elo com o passado de Cristo, se falava muito nos
filhos dele com Madalena, mas nunca sobre se eram homens ou mulheres.
Na noite de lua cheia seguinte, me apareceu
o templário, ia agora acompanhado de uma mulher, com uns cabelos largos,
castanhos, um sorriso puro.
Confirmou que era filha de Madalena, mas
que José de Arimathea a tinha casado com um homem árabe, muito rico, o dono
dessa fortaleza. Daí ela ter essa coroas
de rosas.
Viemos até aqui, pois escutamos falar nos
milagres que ela fazia curando as pessoas.
Tinham sido seguidos por fanáticos
templários, bem como por sarracenos, morremos defendendo sua verdade.
Um dia estávamos examinando outras tumbas,
ali, algumas cheias de riquezas, outras mais simples, quando escutamos um motor
de um helicóptero, era o pai do nosso amigo.
Algumas conversas nossas tinham
transcendido, tinha sido procurado por um Cardeal a mando da Santa Sede, ou
seja de Roma.
Agora estávamos numa enrascada, mas claro
no pais não existiam a religião católica para pressionar, ali eram todos
mulçumanos.
Tudo foi transportado para o museu ligado a
casa real, as lapidas foram transportadas, cobririam as tumbas construídas no
próprio palácio.
Eu, com Nassir fomos pesquisar na França
sobre esses dois templários, resultava que um deles era filho de um dos rei, daí
seu capacete com a coroa de França. O
outro era um nobre que tinha ido as cruzadas para o proteger.
Enquanto pesquisávamos isso, fui procurado
no hotel que estava pelo cardeal, quando nos encontramos me estendeu a mão para
beijar, fui claro, sou mulçumano, não católico.
Não gostou muito, queria saber o que
tínhamos encontrado.
Eu como um bom sem vergonha, disse que só
falaria com o papa, com ninguém mais, além de que queria ter acesso a
biblioteca do Vaticano, para pesquisar sobre esses dois homens.
Não gostou, lhe pedi desculpas, mas tinha
que trabalhar.
Dizia ao Nassir, com esses tens que ser
assim, educado, mas nunca abaixar a guarda.
Quando voltamos a Oxford, meu pai fazia uma
série de palestras, sobre nosso trabalho no Egito.
Meses depois se falou do que estava no
palácio do Sheik. Ele não disse nenhuma
palavra a respeito.
Não demorou, o mesmo cardeal nos telefonou,
que teríamos uma audiência com o papa.
Lá fomos nós, quando chegamos o mesmo
estava cercado de cardeais, olhei em volta, disse que só falava com ele, com
ninguém mais, fui até ele, perguntei se gostaria de um passeio pelos jardins.
Os cardeais se levantaram para nos
acompanhar, sorri com sacarmos, eu só convidei o papa.
Saímos seguidos pelo meu pai, bem como
Nassir, com seus trajes árabes de dignatário do seu pais.
O papa rindo disse eu agora estava perdido,
que não iam lhe deixar em paz.
Pelo que eu sabia, sobre o confessionário,
vamos dizer que estou fazendo uma confissão ao senhor. Falei dos dois Templários, o que sabemos
deles, é que deixaram Jerusalém, atravessaram a Síria, Turquia, até conseguirem
estar numa caravana à Asia.
Iam em busca de uma pessoa, que diziam
tinha poder de curar, que a mesma de uma certa maneira era ligada a José de
Arimathea, pelo visto era essa informação que tinham.
Quando chegaram a essa fortaleza, a senhora
já estava morta, enterrada nessa fortaleza, que servia de caravasar.
Eles estudaram suas vidas, mas a mesma foi
cercada por Templários, bem como sarracenos,
Achavam que eles tinham encontrado o famoso
Santo Grial.
O papa soltou que de uma certa maneira
sim. Será que me permitiram visitar.
Falarei com o Sheik, mas se fosse o senhor
ia de incógnito, posso pedir que mande seu avião particular, para busca-lo, mas
sou honesto de dizer, que não deves levar o Cardeal que fez contato com ele,
não gostou muito, o acompanho se o senhor quiser.
Não eres católico, nem anglicano?
Minha mãe era árabe, nunca perdeu suas
raízes religiosas, fui educado assim, meu pai tampouco era um homem de igreja,
seus deuses sempre foram os egípcios.
Soube dos teus descobrimentos, seu pai diz
que segues sempre sua intuição.
Como nos estamos confessando, lhe direi que
fui orientado por os espíritos, lhe falei de Tutsi, ele me orientou. Bem como no caso da fortaleza, quem me
orientou foi um dos templários, gostaria muito de pesquisar sobre ele na
biblioteca do Vaticano.
Te darei autorização.
Quando voltamos a cara de interrogação dos
cardeais era fantástica, o papa me tinha dado o número do celular de seu
ajudante mais próximo.
Dois dias depois lhe avisei que o avião do
sheik estava no aeroporto, que iriamos o acompanhar.
Ele apareceu somente com um homem, seu
segurança. Visitou os túmulos, que tinham
sido transladados como estavam na fortaleza.
A lapida da senhora foi levantada para ele ver quem era, ficou ali
rezando, o deixamos em Paz.
Lhe mostrei os manuscritos que tinha
encontrado junto ao Templário, bem como a tradução.
Quando lhe disse que talvez ele tenha
morrido justamente pelas mãos dos outros templários, o papa soltou, não tenho
dúvida nenhuma.
Quando voltamos a Roma, o Papa, não soltou
nenhum comentário sobre alguma santa nova.
Fui autorizado a entrar na biblioteca, o
pouco que consegui encontrar, foi que os dois foram dados como desaparecidos,
talvez capturados pelos homens de Saladino, nada mais.
Em Oxford, me aborrecia, não sabia o que
fazer, me dedicava a analisar tudo sobre o que tínhamos encontrado, me
fascinava o mito de Osiris, o Deus Hórus.
Por isso voltei ao Egito, busquei alguma
inspiração, não queria uma tumba famosa como a do Tutancâmon, nada parecido com
isso. Meu pai, estava dando
seminários, nas universidades americanas, isso era uma coisa que eu não
gostava.
Estava com Nassir em Alexandria, sem querer
um dia ajudamos um senhor muito mais velho, que nos convidou a um chá em sua
casa.
Ali perto da praia, era uma maravilha, com
uma biblioteca imensa, ele por acaso sabia quem eu era. Foi outra pessoa que acabei contando dos personagens
que via, escutava, que me davam a direção.
Nessa noite me mostrou um manuscrito, disse
que tinha comprado de um antiquário, que por conseguinte comprava de ladrões de
tumbas.
Falava de uma tumba aonde estavam
enterrados, toda uma família, que tinha apoiado a Akenaton, adorando um só
deus, o sol. Quando seu filho abandonou Ajetatón,
hoje Amarna, ficaram para trás, toda a família foi enterrada no mesmo lugar, nas
montanhas ao leste.
Como seguiam venerando o deus do antigo
faraó, não lhes foi permitida pelos sacerdotes de Tebas, serem enterrados no
vale dos reis.
Pelo visto se estava falando de um homem
importante na época de Akenatón, leu e releu mil vezes o documento. Algumas anotações estavam em inglês,
pertencia a um arqueólogo que teve que abandonar o Egito na época da primeira
guerra, o mesmo morreu durante uma batalha na França.
Leu e releu mil vezes o texto, o velho
adorava um bom papo, se encontra algum espirito, fale de mim lhe dizia, que me
guie até Osiris.
Uma parte da biblioteca, era toda sobre o
Mito de Osiris, quando lhe contou que ele também tinha verdadeira curiosidade
sobre ele, que tinha pesquisado muito sobre isso.
O velho lhe mostrou um manuscrito de uns monges coptas, em que analisavam a
ascenção de Cristo, copiada do Mito de Osiris.
Nunca me atrevi a mencionar isso, imagina a
igreja católica batendo em minha porta.
Resolveu fazer uma viagem a Amarna, ou a
Ajetatón, anos atrás um arqueólogo tinha limpado o resto que havia por ali.
O velho resolveu ir junto, Jamal Faisal,
disse que assim realizava um sonho, tomaram todos os cuidados possíveis, o
instalaram numa Jaima, com duas pessoas para cuidar dele.
Este só pediu que se ele recebesse a ajuda
de algum espirito, falasse com ele.
Na primeira noite de lua cheia, sonhou com
Tutsi, vou deixar o Jamal me ver, o desperte, os levarei para ver a verdadeira Ajetatón,
como era.
Os dois se vestiram, acompanharam através
da noite Tutsi. Ele parecia ter uma
especial deferência com Jamal. Se fossem
outros tempos, serias um faraó.
Ficaram numa parte mais alta, pareciam ver
como era uma cidade naquela época em funcionamento, agora vou os levar para
conhecer o Príncipe, ele os levará para aonde está sua família.
No dia seguinte Jamal, dizia, posso morrer
em paz, encontrei finalmente o meu passado.
O levaram de volta a Alexandria, pediu
autorização, para escavar nas montanhas cerca de Amarna. Com muito custo conseguiu, principalmente de
quando disse que era amigo de Jamal Faisal, que era um grande benfeitor do
museu.
Procuraram por sua velha quadrilha, avisou
seu pai, que veio como um louco, contou para ele a história. Agora
pelas noites tinha imensa conversa com o príncipe, que lhe explicava como tinha
conseguido, obreiros para construir o local aonde foi enterrando toda a
família, por último ele mesmo, já que o novo faraó, bem como o seguinte não o
aceitavam, por seguir fiel ao seu faraó, que venerava somente do deus Sol
Como sempre uma das maneira de esconder uma
tumba era provocar um desmoronamento aonde estava a entrada, ali, havia
vários. O Príncipe, disse que havia
outras tumbas ali, mas da época do faraó, que o seguinte, tinha levado todos
para o Vale dos Reis, encontraras, tumbas vazias, só com decoração.
Pela primeira vez, tinha a coisa mais
fácil, mal retiraram os escombros, encontraram a porta, na lateral, estava uma parede
com o desenho de Aton, o deus sol.
Foram limpando o
túnel, esse era decorado, com todas as benesses do Deus Sol, sobre o homem, os
solícitos, as sobrevivência do homem, com as crescidas dos rios, as paredes
tinha uma decoração particular, no final encontraram uma parede imensa, que
devia ser a primeira vez que se usavam ladrilhos decorados, eram pequenas
peças, decoradas, deviam vir de muito longe, talvez da Asia, aonde se usava
esse tipo de material vitrificado.
Posteriormente
sem grandes luxos, pequenas salas, com sarcófagos, com uma decoração que
primava pela representação do deus Sol. Não
havia as famosas vasilhas que se usavam na mumificação dos corpos, os mesmos
descobririam depois, estavam mumificados completos.
As mascaras
mortuárias, procurava ser o mais perto da imagem da pessoa, mas nada de grandes
luxos. No do príncipe, tinha uma
explicação, que eram simples mortais na presença de Atón, nada mais.
Foi um bom
trabalho, que durou vários anos, nesse meio tempo Jamal Faisal morreu, mas
tendo antes a oportunidade de visitar a tumba, ainda quando se explorava.
A grande
surpresa, era que como não tinha herdeiros, deixava tudo para ele.
Ele fez uma
coisa, não gostava de ir a Inglaterra, nem dar palestras como seu pai, se
naturalizou Egípcio, ali seria para os restos de seus dias sua casa.
A escavação
durou anos, sendo depois exposta no museu, em uma sala a Parte.
Uma das coisas
eu faziam sucesso, era no fundo da sala que estava o Príncipe, havia um grande
painel de cerâmica vitrificada, representando Atón.
Seu pai morreu,
com quase 100 anos, depois disso, ele se dedicou a escrever sobre o mito de
Osiris que tanto lhe fascinava, a estudar toda a imensa biblioteca de Jamal
Faisal.
Nassir, nunca
saiu de seu lado, os dois eram companheiros de pôr vida, podia ficar horas
debatendo sobre o mesmo pergaminho ou alguma coisa que tinham encontrado
guardado.
Nunca mais foram
incomodados pelo Vaticano.
Durante um
tempo, estiveram em Israel, participando de umas escavações em Acre, um dos
últimos redutos dos Templários, outro tema que lhe interessava.
Depois estiveram
muito tempo trabalhando em Malta, um dos redutos dos Templários, se riam muito
quando alguém lhes tentava vender um segredo dessa época, mas já não queriam
tanta confusão, quando lhe ofereciam um mapa, diziam que deviam melhorar sua
maneira de envelhecer o mesmo.
Voltavam sempre
para sua casa em Alexandria, no seu testamento, a biblioteca com tudo da casa
iria para a Universidade de Alexandria.
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