ESTACA ZERO

 

                                                

 

Isso, ou começar de novo do zero, mas tinha que pensar que realmente não era isso que estava acontecendo com ele, estava simplesmente voltando a sua cidade de origem, Happy Valley.

A última vez que tinha vindo tinha sido pelo enterro de sua mãe, quando olhou a casa, ficou horrorizado, pois se lembrava dela, como uma coisa bonita, um estilo muito próprio da região, de madeira, mas muito bem condicionada.

Uma das muitas vizinhas fofoqueiras, contou que depois da morte de seu pai, ela tinha se relaxado, só com muita reclamação das amigas, é que tomava banho, trocar de roupa para ir à missa, mesmo assim tinha dias que não abria a porta.

A missa foi uma tragedia para ele, que era ancora do jornal mais importante da televisão, depois de ter que aguentar a ladainha do padre, que reclamava que os filhos abandonavam os pais, além de uma quantidade de sandices, quase se levantou soltando sua voz poderosa, o mandando tomar no cu.   Mas resolveu fazer como sempre, colocou sua cabeça em outro lugar, assim se escapava as vezes da realidade.

Depois foi conversar com o advogado, enquanto as amigas da igreja ofereciam um aguapé em homenagem a sua mãe, disse ao mesmo que tinha que voltar no dia seguinte, estava sendo substituído por um que estava louco pelo seu lugar.     Sempre era assim no seu mundo, ao menor descuido alguém lhe passava a perna.

Escutou sozinho a leitura do testamento, em que deixava tudo para ele, inclusive a conta no banco, mas antes perguntou por que a casa estava daquela maneira, ele inclusive teria que dormir num motel na saída da cidade, pois era impossível estar na casa.

Isso é uma coisa que acontece muito por aqui, os jovens vão embora para outra cidade maior, aonde podem ter mais oportunidades, aqui há pouca coisa, apesar de estarmos ao lado de Portland, para aonde escapa a maioria, poucos voltam, ficando a maioria dos maiores abandonados, desde a morte de teu pai, as terras que ele tinha, estavam alugadas, pois ela nunca tomou conta da mesma.     Sei pelo que meu pai dizia, pois era ele que levava as coisas de teu pai, ele esperava que teu irmão que foi para o exército, voltasse para cuidar da mesma, mas teu irmão depois que deu baixa, desapareceu, contratamos investigadores, pois por sua conta de banco, cada época ele esta num lugar diferente, nem sequer pudemos avisar da morte dos dois.

Contigo segundo dizia não contava, foste primeiro para Portland, depois para NYC, para trabalhar na televisão de lá, sabemos que falava com tua mãe sempre, mas nunca voltaste para cá.

A vontade de dizer que ele tinha ido embora, porque o pai não o queria na cidade, nem tampouco falar do motivo.  Tinha ido sim para Portland, aonde começou a trabalhar na rádio, por causa de sua voz.   Na verdade estava trabalhando de garçom num bar, quando um homem que trabalhava na rádio, lhe disse que pela sua voz, ele devia estar trabalhando como locutor.

Com ele aprendeu de tudo, desde comentar um jogo de futebol, tinha sido jogador na sua juventude, como ler notícias.

Conseguiu um programa noturno, seguiu vivendo no mesmo quarto alugado, pois era fácil, tinha uma entrada a parte, fazia inclusive um programa de jazz, de madrugada, quando sabia que os que escutavam eram ouvintes que não tinham sono.  Aprendeu a amar esse tipo de música, leu tudo a respeito de cada cantor ou cantora que apresentava.

Falava dos shows que iriam acontecer na cidade.   Um dia alguém que estava de passagem o escutou fazendo o noticiário, o arrastou para NYC, começou numa rádio, até chegar a melhor, esse homem que foi seu amante durante um bom tempo, o ensinou a pronunciar sem nenhum sotaque de lugar nenhum, a articular perfeitamente as palavras, bem como a se vestir, se apresentar, começou num programa noturno na televisão, noticiário geral do que tinha acontecido durante o dia no mundo.

Foi subindo, até se tornar ancora, como se dizia do melhor telejornal da cidade.  Era conhecidíssimo, pois as vezes depois de ler a notícia, soltava um comentário totalmente sem ensaiar.    A primeira vez lhe chamaram atenção, até que descobriram que os que assistiam, gostavam disso, passou a ter personalidade própria.

Quando chegou a ter um programa além do noticiário, entrevistando pessoas, foi ao máximo de audiência.  Os produtores estavam fartos dele, pois nunca fazia as perguntas que estavam no roteiro, seus argumentos, eram idiotas.

Jamais insistia em qualquer problema da vida pessoal do entrevistado, mas sim no que fazia, se era um escritor, procurava ler o livro do mesmo, ter argumentos.

Os produtores diziam que o público, queriam carniça, saber os podres das pessoas.

Assim que voltou, assistiu o programa gravado durante sua ausência, ficou horrorizado, pois o que tinha lhe substituído, tinha feito justamente isso, entrevistado uma artista, que inclusive era conhecida dele, tinha aceitado se apresentar por ele, o sujeito a massacrou, com perguntas intimas, na verdade só tinha perguntado sobre o espetáculo que fazia, uma só pergunta.

Ficou uma fera, pois no aeroporto de Portland, viu que essa o tinha chamado, quando atendeu ao descer em NYC, lhe soltou pela cara, os maiores palavrões.

Como podia ter feito isso, o pior foi o golpe de misericórdia, o programa tinha alcançado muita mídia, como teria que renovar seu contrato, simplesmente se livravam dele.

Passou a só apresentar o tele jornal, mas um dia vendo uma gravação, parou, para se ver, nada de narcisismo, mas sim de prestar atenção em algum possível erro.

Tinha os cabelos ficando branco, cada vez que estava para entrar, o produtor lhe dizia que devia começar a pintar seus cabelos negros, pois estava ficando com cara de velho.

Se notava num close, que realmente os pés de galinha começavam a aparecer.

Tinha feito depois que tinha chegado a NYC, um curso de jornalismo, gostava de escrever, tinha criado a tempos um site de notícias, com outro nome, em que analisava as notícias do dia.

Ninguém sabia que era ele.  Isso fazia no seu pequeno apartamento, outra coisa que os mais chegados criticavam, diziam que ele era unha de fome.    Pois vivia num apartamento modesto, embora bem situado, todo o luxo do apartamento era um dos quartos transformado em biblioteca, aonde ele preparava seu site, nada mais, o resto era o mais comum possível.

A muito tempo usava uma pequena gravadora, quando os celulares passaram a ter essa possibilidade, ia a caminho do trabalho, gravando ideias, segundo alguns conhecidos, ele parecia um louco, vinha pelas ruas falando sozinho, mas nada estava era fazendo isso.

Tinha inclusive gravado quando os produtores o despediram, tinha publicado no seu site, o que dizia do público, que este gostava de carniça, de comer merdas alheias, que de coisas sérias estavam cheios.

Quando quiseram processa-lo, avisou seu advogado, lhe deu uma cópia da gravação, tiveram que colocar o rabo entre as pernas, só então as pessoas que acompanhavam seu site, descobriram que era ele atrás de um pseudônimo.

Saiu em todos os jornais, durante um tempo, voltou a ser notícia, mas agora vendo a gravação do seu programa, sentia isso, que lhe faltava emoção ao ler o que tinha que falar.

Na verdade eram muitos os anos, mais de vinte e cinco, lendo os absurdos da vida, então se mostravam uma pessoa morta, ele não sentia nada, nem podia mostrar consternação.

Sem querer fez uma comparação, tinha conseguido falar com sua mãe, uma semana antes de sua morte, lhe pareceu tudo bem, a achou um pouco estranha, com uma voz monocórdia, mas pensou que tivesse gripe ou coisa assim.  Ao saber que tinha morrido no mesmo dia, tinha se suicidado na verdade, por estar farta de estar sozinha.

Tinha para isso deixado uma carta para ele, falando da amargura de ter esperado a volta de seu irmão, sem que esse desse qualquer notícia.  Mesmo dele, apesar de se falarem todas as semanas, ele estava do outro lado do pais.

Tampouco tinha algum neto, sabia que ele era gay, mas do lado de seu irmão nada.

Na mesma falava que ele devia viver a sua vida, que lhe deixava o que tinha, mas que ele aproveitasse, te vejo na televisão, estas como que estagnado.

Era uma verdade, se analisasse, atualmente fazia uma coisa mais mecânica, era como em seu subconsciente, sua voz acompanhava o que estava fazendo, mas em sua cabeça, era como se estivesse em outro lugar, sua cara era imutável.

Uma coisa que os que lhe assistiam gostavam, ele demonstrava horror, asco, ou mesmo tinha a cara de contente, se a noticia valia a pena para isso.   Mas atualmente só lia merdas, guerra e mais guerras, crimes políticos, assassinatos, todas as merdas possíveis, nunca havia nada de bom para falar.

As vezes quando saia do set, se sacudia como para retirar o peso de tudo que tinha falado.

Estava sentado na frente do computador, vendo essa gravação.  Em sua cabeça, ficou vendo o quanto estava afetando sua vida.     Se lembrou que na noite anterior, tinha estado com um homem que sabia quem era, tinha comentado, que ele parecia atualmente um zumbi na televisão, que tinha sido igual na cama.   Teus gestos são todos mecânicos, nem sei se sentiste algum prazer.

Na verdade nem sabia por que tinha feito sexo com o mesmo, talvez por sua estampa, nada mais.   Até nisso me tornei uma pessoa vazia, sequer tinha tido algo de emoção ao estar com o mesmo, tinha sido como trocar óleo, ou colocar gasolina num carro, sem emoção nenhuma gestos vazios, acreditava mesmo que seu pau tinha ficado duro, por hábito.

Isso vinha acontecendo a algum tempo, o pior era que escutava as músicas que tanto amava, não sentia nada.

Dois dias antes tinha sido o pior, tinha lido sobre um atentado, antes de entrar, para apresentar o programa, quando viu as fotos, reconheceu seu irmão, no meio dos que atacavam um grupo de jovens negros.   Ficou horrorizado da violência, se faziam passar por homens brancos.

Mas claro não estavam preparados para o que aconteceu, o grupo de negros era de uma gang, os mesmos reagiram, matando todos esses homens, viu quando estalaram a cabeça de seu irmão.

Ficou gelado, não podia comentar nada, na noticia dizia que nenhum desses homens tinha documentos, mas que todos eram ex-militares, curtidos de guerra, como podia ter resolvido atacar uma gang, que hoje em dia tinha as melhores armas que eles.

Viu o vídeo várias vezes, como procurando algo que lhe explicasse isso.

Em pleno ar soltou, que o horror que tinha sentido vendo o vídeo, como nossos ex-soldados estão mal preparados ou orientados, tinham descobertos, que tinha atacado esses homens negros, pois eram eles que vendiam drogas aos ex-combatentes.

Pior soltou em pleno ar, é ver meu irmão, que minha família procurou tanto tempo, cometendo um crime, no vídeo seu irmão tinha atirado na cabeça de um jovem que quando muito tinha uns 15 anos, que fosse traficante ou estivesse ali, ao parecer era um estudante que voltava para casa.

O pessoal da televisão ficou furioso, como ele podia dizer isso em plena apresentação, ele procurou saber quem era o rapaz, foi até a casa da família, o que gerou mais conflito ainda.

Era uma família modesta, que lutava para seguir em frente, se colocou a disposição da mesma, era uma mulher, com duas crianças pequenas.

Dava um duro para seguir em frente.

Claro isso virou noticias nos outros canais de televisão, queriam o entrevistar a respeito.

Se negou rotundamente, não ia ficar alimentando esse tipo de notícia.

Quando os do próprio canal, insistiram que ele fosse aos programas que tinham, falando a respeito, mandou todo mundo tomar no cu.

Nesse dia, depois de analisar muitas vezes o que tinha feito no ar, ele mesmo estava como que agarrado com as unhas numa vida que já não tinha sentido, queriam lhe passar para o último tele jornal, para assim passar desapercebido, não esperavam sua reação, disse que agradecia, mas que seu contrato vencia em semanas, que iria deixar o programa.

Meu tempo passou, preciso de coisas novas, me vou retirar, para saber o que fazer.

Mesmo assim, os outros apresentadores, voaram em cima dele, como abutres, atrás de carniça, se negou rotundamente a dar entrevistas.

Falou sim com o advogado da cidade de aonde tinha saído, este lhe apresentou as condolências, quase lhe disse que enfiasse as mesma no cu, mas se controlou, perguntou como iam as obras da casa?

Tinha deixado ordem, para que jogasse fora tudo, que refizesse a mesma vazia, que doasse para a igreja tudo que havia ali, deu ordens estritas para pintarem todo o interior de branco, ele quando tivesse a primeira oportunidade, iria para ver.

Este disse que as mulheres da igreja tinha feito isso, feito um bazar, liquidando todo interior da casa, que as coisas da cozinha tinham sido jogadas no lixo, pois nada se aproveitava.

Lhe disse que tinham duas pessoas interessadas na casa.

Se limitou a visitar outra vez a mãe do rapaz, lhe deu dinheiro para o aluguel, pois sabia que estava atrasado, foi com os garotos ao supermercado, fez uma boa compra para a casa.

Os meninos eram interessantes, tinha entre dez e doze anos, foi conversando com eles, sobre a escola, o que queriam ser na vida.  Um deles soltou que o tinha visto na televisão falando do que tinha acontecido.

Minha mãe, não culpa o senhor de nada, mas está muito deprimida.

Ele a avisou que ia viajar uns dias, que qualquer coisa o chamasse pelo celular, lhe perguntou se tinha família, está só tinha uma irmã.

Ele tomou um avião para Portland, viu que tinha um comercio, bom, depois alugou um carro como sempre fazia, foi para Happy Valley, como podia ser que duas cidades relativamente próximas fossem tão diferentes.

Ia até a casa para fazer uma lista do que comprar para mobiliar a mesma, chamou o advogado se ele podia estar lá, com um construtor.

Examinou a casa inteira sozinho, resolveu transformar a cozinha em uma americana, com a sala de jantar, que ficaria grande, tinha duas salas, iria uma transformar em biblioteca, a outra montaria com uma televisão.

Os quartos, uniria o seu com seu irmão, o outro de seus pais, deixava como estava, um dos banheiros incorporaria ao seu, o outro ficava igual, com a junção do seu, ficava com uma varanda em cima de frente para a rua, mandou jogar fora tudo que estava na garagem, chamou uma grua, mandou levar a caminhonete de seu pai, que estava a anos na garagem, para revisarem totalmente, pinta-la inclusive.

A garagem também incluiu na obra.   Foi olhar o comercio, a maioria não tinha o que ele queria, uma coisas simples, os sofás, eram justamente o que ele não gostava, as camas idem.

Descobriu que em Portland, existia um Ikea, foi até lá para dar uma olhada, contratou uma pessoa, para ir com ele, primeiro lhe mostrou a casa, disse o que queria.

Era a mulher do advogado, primeiro a mesma perguntou se iria morar lá, não lhe respondeu.

Foi com ela, falando sem parar até a Ikea, teve um momento que agradeceu ter aprendido a se desligar, só lhe disse na hora que desceram, respire fundo, só escute o que eu diga, ok.

Foi lhe mostrando o que queria, ela ia anotando, por enquanto só ia mobiliar seu quarto, roupas de cama, escolheu uma que fosse maior, para não ficar com os pés para fora.

A biblioteca, que tirasse as medidas, disse o que queria, assim em diante, um sofá cama, para o salão, mas lhe faltava o que ele queria, dali foram a uma loja antiga da cidade, aonde encontrou duas poltronas de couro, com um abajur ao meio.

O que já tinha escolhido, lhe deu dinheiro para pagar, as estantes ela tinha que tirar as medidas para comprar.

De lá foi embora, pegou o primeiro voo para NYC, agora vinha o difícil, empacotar tudo de sua casa, principalmente os livros, resolveu chamar uma empresa para isso, olharam disseram que em um dia estava tudo pronto.

Foi quando recebeu a chamada do Todd, ou Toddy como lhe chamava o irmão pequeno, dizendo que sua mãe estava mal no hospital, que eles estavam na casa de sua tia, pediu para passar para esta.

Foi para o hospital, a mulher, Ester tinha tentado o suicídio, estava numa grande depressão pela morte do filho.

Falou com a irmã, a mandou passar para um quarto particular, mas ela só aguentou um dia, sem sair do coma.

Conversou com sua irmã como ia fazer, ajudou no enterro, inclusive foi ao enterro na igreja que ela frequentava.

Sentou-se finalmente falando com a mulher, essa disse que não podia cuidar dos garotos, pois tinha 4 filhos, menores que eles, que tinha que trabalhar duro.

Ficou fora do ar como dizia o Todd, o outro pequeno, se chamava Jeff como ele, ficaram rindo dele, pois estava fora de orbita como disseram.

Olhou para a mulher, lhe perguntou se confiava nele?

Ela disse que sim.

Foi então que falou, eu sou solteiro, mas tenho como sustentar os dois, se me der sua guarda, depois se for o caso, em adoção, lhes darei meu nome, mas avisou, vou embora da cidade, disse para aonde ia, creio que podemos manter contato.

Chamou seu advogado, disse aonde estava se podia mandar alguém para providenciar papeis, para falarem com um juiz.

Levou uma semana nisso, ele enquanto isso, telefonou para a mulher do seu advogado de Happy Valley, disse que no quarto que eram de seus pais, colocasse duas camas, uma mesa de estudo, perguntou que tal a escola lá, que levava com ele seus dois filhos.

Esta só disse, como?

Não lhe deu satisfação.  Não estava acostumado a isso.

O juiz lhe deu a guarda dos dois, avisou ao Juiz de Portland, já que ele viver lá, que colocasse uma pessoa do sistema de menores, atento, para ele depois poder adota-los.

Mas ele perguntou ao Toddy e ao Junior, como lhe chamava o outro, se queriam ir com ele, contou que ia viver na casa que tinha sido de seus pais, que tinha mandado preparar um quarto para eles.

Um olhou para o outro dizendo, que estavam dormindo no chão na casa da tia, que não havia espaço.

Primeiro o levou para seu apartamento, que estava quase que vazio, depois foram de compras, comprou só o básico, tinha que ver como se vestiam os garotos de lá, sabia que logo estariam no inverno.   Mostrou num mapa para eles, aonde iam viver, conseguiu os documentos da escola dos dois, assim seria mais fácil, conseguir uma lá.

Convidou a família toda para jantarem, os meninos pediram para ir num MacDonald, deixou eles bem como os primos pedirem o que queriam.

Esteve conversando com os tios, perguntou o que faziam, se por acaso tivesse oportunidade de ir para lá, mas não falou do campo que era de seu pai.

Ela trabalhava de cozinheira num restaurante, ele de garçom.

Dois dias depois seu apartamento estava vazio, comprou bilhete de avião para os três, estavam emocionados, iam cada um de um lado, segurando sua mão.

Apresentou os documentos, bem como autorização do Juiz, para viajarem com ele.

No aeroporto os deixou escolherem o carro que iam alugar, contou que tinha mandado restaurar a caminhonete de seu pai.

Foram para Happy Valley, eles iam comentando que não era longe, realmente era só 26 minutos pela estrada mais longe.

O interessante era isso, como podia estar basicamente ligada à Portland, e ao mesmo tempo parada no tempo.

Eles comentaram que nunca tinham visto tantas casas, pois aonde moravam, só existiam edifícios.   Comentou uma coisa com eles, as pessoas vão estranhar, que eu seja branco e meus filhos, os chamou assim, negro, mas isso não importa, vocês agora são minha família.

A tia, comentou que o pai deles, tinha morrido nas drogas, logo depois do nascimento do pequeno, pelo que sabia não tinham família.

A primeira surpresa, teve a mulher do advogado, Bernadette que os esperava, quando viu os dois meninos negros, não escondeu as surpresa, ele simplesmente disse, meus filhos Toddy e Junior.

Eles estenderam as mãos, ao mesmo tempo que ela se recompunha.

Eles visitaram a casa inteira, faltava ainda comprar televisão, tinha que esperar sua mudança, que claro ia demorar, pois tinham que atravessar o pais basicamente inteiro.

As estantes estavam vazias. Mas ele ia fazendo isso com o tempo.

Os meninos adoraram seu quarto que era o maior, com duas camas, ela tinha comprado roupas de cama, como usavam seus filhos, com super heróis, coisas assim.

A cozinha tinha ficado como ele queria, mas era tarde, perguntou aonde podia ir comer com os meninos, ela lhe deu duas opções, uma a saída da cidade, um restaurante de motorista de caminhão, disse que ali se comia bem, o outro na praça da cidade, mas avisou que fechavam cedo.

Como era ao lado do supermercado, foram, claro que chamaram atenção, aquele homem de dois metros de altura, moreno, com duas crianças negras.

Mas ele não se importou, comeram o que havia ainda na carta, depois foram ao supermercado, comprou tudo que precisavam para o café da manhã, depois teriam que ir a Portland, para se apresentarem perante o juiz.

No que estava pagando, olhou para o outro lado da rua, um antigo restaurante que ia com seus pais, perguntou, pois sabia que eram um casal de negros de muita idade, adorava comer ali.

A senhora do caixa, disse que tinha deixado o negócio, seus dois filhos morreram na guerra, não eram da sua época, eu mesma estudei alguns anos atrás de ti.

Me lembro que eras o capitão da equipe de basquete, verdade.

Na sua cabeça por instantes, lhe veio o motivo por que seus pais o mandaram embora, o tinham visto com um companheiro do basquete, fazendo sexo no banheiro.  Naquela época era um escândalo.

Guardaram as coisas na geladeira, os ajudou a colocarem suas coisas no armário, já estavam acostumados com ele, a escovar os dentes, se vestirem para irem para a cama, puxou uma das cadeiras, para o meio das duas camas, não temos televisão, portanto, vão ter que se apanhar comigo.

Inventou uma história, para os dois, alguma coisa da sua infância, acabaram dormindo.

Os cobriu, gostava disso, poder cuidar dos dois, sem querer pensou que seu irmão é que tinha provocado isso.

Era alguns anos mais velho do que ele, nunca tinha comentado, depois do que lhe passou nos vestiários, que seu irmão é quem o tinha ensinado a fazer o que tinha feito.

Esse ficou para trás, nunca entendeu por que não tinha ido à universidade, já que os dois eram bons alunos, além de que havia dinheiro, pois tinha olhado os extratos dos pais.

Se lembrou que quem levava tudo isso era sua mãe, porque seu pai, não sabia fazer contas, ela fazia a venda do que produziam na fazenda, mas se tocou de um comentário, dele, que esse dinheiro era para a velhice deles, que os dois se apanhassem, nunca foram incentivados a ir à universidade, ele tinha ido já mais tarde em NYC.

Pois esse meninos, irão, pensou, amanhã mesmo vou abrir um fundo para isso, separar parte do dinheiro.

Duas semanas depois chegou sua mudança, os meninos o ajudaram a colocar as coisas nas estantes, já tinha ido ao Juiz em Portland, que os recebeu bem, uma assistente social, tinha vindo até a cidade, para ver como viviam.

Foram a uma loja para comprar roupas de inverno, iriam fazer um teste para os encaixar na escola, isso o preocupava, mas os meninos estavam mais relaxados.

Estava sempre atento a tudo que podia passar com eles.

Notava que as pessoas tinham curiosidade a respeito dele, bem como dos meninos, quando procurou por uma igreja presbiteriana, que era o que frequentavam com a mãe, as vizinhas ficaram escandalizadas, porque uma os viu entrando para falar com o Pastor.

No domingo seguinte foram, ele se sentou ao fundo com os meninos, nunca mais tinha ido à igreja depois que saiu de casa, comparando com a igreja católica, pelo menos era mais musical, falando com as senhoras, conseguiu uma para trabalhar em sua casa, passar a roupas, fazer comida, enfim limpar.

Os levava a escola todos os dias, preocupado com Bullying, mas parecia que os outros garotos tinham eram mais curiosidade a respeito deles, pois tinha escutado suas mães comentando, como um famoso apresentador de televisão tinha dois filhos negros.   Ele tinha alertado os garotos, para não responderem, ninguém tem nada a ver com nossas vidas.

Os levou a médico, se informou, foi a um hospital em Portland, aonde se associou ao mesmo, para que sempre que houvesse uma emergência, ou mesmo necessidade fizessem exames.

Fizeram os três exames completos, ele se incluiu para que os meninos relaxassem.

O Jr, disse que tinha medo da extração de sangue, na hora junto ele fingiu desmaiar, os meninos riam com ele.

A enfermeira uma senhora de idade, disse que era sua ouvinte na época do rádio, que adorava seus comentários sobre jazz.

Ele ficou pensando nisso, tinha em sua biblioteca por causa dessa época, uma vasta coleção de Cds.  Começou a mostrar os mesmo para os meninos, falava da cantora, ficavam escutando, riu ao se lembrar que naquela casa, nunca tinha escutado músicas, os fantasmas devem estar assustados.

Pela primeira vez, escutava músicas, com os dois ao seu lado, comentando se gostavam ou não.

Toddy soltou um dia que sua mãe gostava de outro tipo de música, que eles não entendiam, mas essa como ele explicava sim.

A senhora Grace, quando limpava a casa, cantava, era do coro da igreja, um dia lhe contou que a tinham parado na rua, para saber por que os filhos dele eram negros, que ela tinha mandado a pessoa perguntar para ele.   Parece que a mais incomodada é a mulher que vive na casa da frente.    Se lembrou da mesma, era a que o tinha parado para falar da sua mãe, o criticando.

Um dia essa apareceu com o padre da igreja que ia sua mãe, o que tinha feito o enterro, que tinha falado o que ele não gostava.

Por que os meninos não iam ao catecismo na igreja?

Primeiro não os deixou passar da varanda, quando percebeu que a mulher tentava olhar para dentro da casa, aonde Grace limpava cantando.

Foi direto ao assunto, eu me converti a muitos anos, sou da igreja presbiteriana, que meus pais fosse católicos, era problema deles, eu levo meus filhos aonde quero.

O padre ficou ofendido, dizendo que sua mãe sempre colaborava com dizimo, ele na hora não entendeu, mas se tocou, dava dinheiro a igreja.

Sinto muito, mas isso é uma coisa que me nego fazer, sustentar um homem que não faz merda nenhuma, a não ser estar cercado de mulheres fofoqueiras, tipo essa senhora, que está louca para saber por que meus filhos são negros, aí rindo disse, é que meu marido era negro, quando me casei, ele vinha com dois filhos.

A mulher ficou mais branca do que era, chegou a se engasgar, o padre fez o sinal da cruz, ele só disse, passem bem, fechou a porta, ficou encostado rindo a bessa.

Grace tinha escutado o que ele disse, só o senhor para falar uma coisa dessa, amanhã toda cidade vai saber disso.

Odeio essa coisa de que querem saber de tudo, aguentei muitos anos as pessoas bisbilhotando minha vida, contou do programa que tinha, que se negava a entrar nessa parte, a vida particular da pessoa.

O máximo que por exemplo perguntava a um escritor, eram os hábitos que ele tinha ao começar um livro ou como era sua rotina de trabalho, o resto ele estava interessado no texto.

Mas quando os garotos chegaram da escola, para almoçar, a Grace foi obrigada a se sentar para comer com eles, lhe pediu que dissesse a oração, que sabia que faziam.

Depois avisou do que tinham passado, Jr, não entendeu, mas o Toddy sim, se matou de rir, essas velhas pai, sempre são assim, estavam sempre perguntando ou querendo saber se minha mãe tinha alguém.

Que o chamassem de pai, o deixava qual um pombo com o peito estufado, sorria, passava a mão na cabeça dos meninos que se sentavam cada um de um lado da mesa.

Na ida no domingo seguinte a igreja, quando o coro começou a cantar, sem querer fez também, estava acostumado a escutar a Grace cantando, cantar junto.

Quando viu, tinha soltado a voz, cantando a mesma música que os outros que estavam ali.  Claro sua voz era forte, alta, sobressaia.

No final, todas as senhoras, vieram falar com ele, agora sabiam que ele os tinha adotado, ou estava nisso.   Os meninos depois comentaram que dois que estavam ali, iam a classe com eles, que os chamavam para jogar basquete.

Na primeira oportunidade, comprou um aro, que colocou ao lado da garagem, os ia ensinando como jogar, afinal tinha sido da equipe da escola.

Agora levava os meninos uma vez por semana a um psicólogo em Portland, a conselho da assistente social.

Foi quando descobriu que o irmão mais velho, era filho de outro pai, não o deles, mesmo assim o sentimento que tinha com relação ao que tinha feito seu irmão, lhe tocava.

Saindo um dia da consulta, encontrou com o homem que o tinha lançado, que estava no hospital fazendo um exame, foi um encontro fantástico, ele dizendo aos garotos que o tinha lançado, que voz tinha esse sem vergonha.   Os meninos soltaram que ele cantava na igreja, que sabiam dele, pois tinha falado do programa que fazia de Jazz.

Pois devia voltar, pois não tinha ninguém, quero ir à igreja ver esse sem vergonha cantar, combinaram que ele viesse no domingo.

Ficaram esperando na porta da igreja, por ele, o velho adorou, disse que fazia séculos que não ia a uma igreja, essa pelo menos tinha música.  Depois foram almoçar, Grace tinha deixado costelas no forno com batata, depois ficaram a biblioteca escutando música conversando.

Dois dias depois lhe chamaram da rádio, queriam falar com ele.

Foi, por consideração, pois tinha pensado em ficar muito tempo sem trabalhar.

Lhe convidaram para fazer algum programa, inclusive um sobre Jazz, como fazia antes, ele poderia trazer o programa já gravado, só teria que atender o telefone. 

A única pergunta que fez, riram muito, se começam a perguntar sobre porque não trabalho em NYC, posso dizer que vão tomar no cu.

Podes falar o que quiser.

Bom vou conversar com meus filhos, assim o fez, falou com a Grace, que ele chegaria mais tarde, pois faria o programa de noite, a partir das onze da noite se ela poderia estar até ele chegar.

Ela como vinha trabalhar de carro, disse que sem problema.

A caminhonete era boa para isso, pois com o inverno, a neve, ele tomava cuidado.

O programa foi anunciado durante duas semanas, no primeiro dia, muita gente telefonou, principalmente gente velha, algumas senhoras da igreja que ele ia.

Tudo foi se assentando, os meninos iam bem na escola, tiravam boas notas, agora jogavam basquete com seus companheiros da igreja, até JR que a principio não gostava, jogava também.

Os outros diziam que ele era o melhor, pois prestava atenção, no ano seguinte estariam na equipe da escola.

Gostava de chegar das noites que trabalhava na rádio, ir até o quarto deles, para coloca-los na cama.

Um dia estavam num shopping, comprando botas, mais protetoras para irem à escola, quando um homem se aproximou dele, estava distraído, era tão alto quanto ele, parou na sua frente.

Quer dizer que o bom filho a casa torna?

Escutando sua voz, se lembrou imediatamente quem era, o rapaz com quem o tinham encontrado no banheiro.   Apresentou seus filhos, o outro riu, eu sempre pensei que tinhas te casado, que tivesse filhos.

Tu não, Greg, soltou, eu como tu, vim embora para cá, para fazer minha vida, com muito custo fiz universidade, depois fui viver em San Francisco, voltei a uns cinco anos, para dar aulas aqui.

Pois eu voltei, reformei a velha casa da família, me enchi o saco de trabalhar na televisão, nunca tinha nada bom para falar.  Depois queria que os dois, tivessem uma vida melhor, que em NYC.

Não sentes falta?

Greg, para falar a verdade não, mesmo agora fazendo o programa de rádio, estou bem, ainda me pagam, querem que apresente notícias, mas disso abro mão.

Eu gostava de teu programa na televisão, nunca perguntavas besteiras, tinha uma coisa que fazia, disse para os garotos como era, ele estava fazendo a entrevista, lia qualquer coisa que tinham lhe mandado perguntar, fazia um gesto, como dizendo “que merda é essa”.

Sim isso é verdade, queria que perguntasse alguma coisa da vida pessoal do entrevistado, mas o mesmo as vezes tinha vindo falar de um livro, ou de um trabalho musical, isso era o que interessava.

Tenho um amigo da universidade de San Francisco, que disse que tinha sido a melhor entrevista que tinhas feito, realmente tinhas lido o livro, perguntava do personagem, como tinha desenvolvido o mesmo, essas coisas.

Acho que é isso que as pessoas devem se interessar, fazer fofocas não é a minha.

Toddy, contou como ele tinha feito com o padre da paroquia, da fofoqueira que vivia na casa de frente.

Ficaram os quatro rindo.

Te casaste, perguntou ao Greg?

Não, tive sim um largo relacionamento, morreu a anos atrás, por isso aceitei vir trabalhar aqui.

Foi um final difícil, as pessoas conhecidas, achavam que depois de tudo que passei, eu devia sair de festas, ir a discotecas, como se nada tivesse acontecido, mas não era o que eu queria, agora estou ensinado escritura criativa na universidade, já editei dois livros.

Não sabia que escrevias?

Escrevo com outro nome, porque meus pais ainda são vivos, quando souberam do assunto, ficaram escandalizados.   O personagem é um detetive, que é gay, mas faz sucesso.

Ah, ele disse o nome, já li os dois.

Pai o senhor, nunca falou que tinha um amigo escritor, ele fica inventando histórias na hora que nos coloca na cama, eu já disse que devia escrever, pois ele as inventa.

A pouco tempo, escutamos juntos Billie Holiday, pois depois ele nos contou a vida dela, na hora de dormir, eu parecia entender melhor porque cantava assim.

Olha o que teu filho diz, devias fazer isso no programa, eu o escuto.

Jr, lhe perguntou como se conheciam?

Bom os dois jogávamos basquete juntos.

O pai ensinou, sempre esta jogando com a gente na parede da garagem.

Tenho que ir um dia jogar com vocês para saber se são tão bons como ele era, o capitão.

Toddy disse que se ele fosse, a Grace claro capricharia no almoço, comemos bem agora, estamos crescendo.   No final se virava, dizia “né pai”.

Greg ficou rindo, tens uma cara relaxada, na televisão nos últimos tempos, se notava que não estavas à vontade.

Combinaram que fosse no domingo seguinte, avisou a Grace, esses sem vergonhas disseram que se vem alguém caprichas na comida.

Ela riu muito, dizendo que os ia deixar a pão e água para aprenderem.

Pela primeira vez comemoraram no domingo o aniversário do Jr, vieram os dois amigos da igreja com seus pais no final da tarde, além do Greg.

Nesse dia chamaram depois que as pessoas foram embora, a tia deles, perguntou como iam.

Ela disse que o restaurante ia fechar, mas que já estava procurando emprego.

Comentou que na cidade tinha um restaurante fechado, eu ia muito quando era criança, era de comida crioula, os donos, os filhos morreram, segundo soube voltaram para New Orleans.

Falou com o advogado, soube que o local estava a venda.  O preço não era caro, os impostos estavam em dia.

Tornou a falar com tia dos meninos, se eles queriam vir por ação de graça ou pelo Natal, ele mandava os bilhetes de avião.

No dia seguinte ela disse que sim, ele pediu a chaves do local, para mostrar aos dois.

Ele cederia o seu quarto para o casal, dormiria na sala, no quarto dos meninos, uma das camas tinha outra embaixo, ali podiam dormir os pequenos.   Combinou com a Grace, avisou que vinha a família dos meninos.

Foram busca-los no aeroporto, nesse dia nevava, os meninos pequenos estavam deliciados.

Sua tia adorou a casa, sentaram-se todos a mesa, inclusive a Grace, ele como sempre agora pedia aos meninos para dizer a oração.

A tia Mary, estava deliciada, os tem bem educados disse depois.

Queriam dormir no sofá da sala, ele disse que nada disso, ficariam melhor no seu.

No dia seguinte foram olhar o local, estava montado, com cozinha incluída, precisava de uma boa pintura, bem como modernizar um pouco o balcão, inclusive tinha na parte de fora, uma espécie de churrasqueira.

Descobriu, porque a Grace comentou, que a casa justo ao lado, estava para alugar, que pertencia a família do advogado.

Segundo ele, estava vazia a muito tempo, nela morava sua mãe, pois sempre se negou a viver com os filhos.  Pensamos em vender, mas está bem conservada.

Mary e seu marido, sorriam, temos algumas economias, mas para começar seria muito.

Não se preocupem, eu ajudo aos dois.

Podemos vender o apartamento de NYC, aonde vivemos, sempre faz falta apartamentos.

Ele recomendou a transportadora que tinha trazido suas coisas.

Eles disseram que era preferível fazer o que ele tinha feito, comprar tudo novo, para lá.

Mandaram pintar a casa, depois do Natal, eles foram a NYC, os meninos ficaram com eles, recomendou que trouxessem os comprovantes da escola que estudavam, ao mesmo tempo falou com a diretora de aonde estavam seus filhos.

Nesses dias os meninos se divertiram com os primos, ensinando os mesmos a jogar basquete.

Nesse meio tempo, o homem que alugava a fazenda de seu pai, fez uma oferta de compra.

Quando soube do restaurante, disse que poderia oferecer legumes, pois tinha um invernadeiro, a quitanda que eu trazia as coisas para vender, fechou.

Mandou o advogado, analisar a proposta, fez uma coisa, com esse dinheiro, poderia comprar a casa dele, ou então o local do restaurante.

Quando Mary, com o Oscar chegou, foi sozinho busca-los, pois traziam uma boa bagagem, ele já tinha ido com a desculpa que os meninos cresciam muito rápido, comprou para os dela também, pois não tinha botas de inverno.

Disse da oferta que tinha tido da venda da fazenda, podemos fazer de duas maneira, ou eu compro a casa, ou ajudo a reformar o restaurante, contou o que fazia todos os meses, depositar uma parte do lucro do seu dinheiro aplicado, para os meninos irem à universidade.

Mary, sempre ria, quando os meninos o chamavam de pai, depois comentou que o pai deles, quando morreu, ele eram muito pequenos.

Resolveu que entraria como sócio no restaurante, que o lucro que tivesse iria para a conta dos meninos.

Com o dinheiro da venda da fazenda, colocou para investir, para qualquer surpresa.

Quando foi na vez seguinte fazer exames dos meninos, levou os dois da Mary.

Uma semana depois, foram todos a igreja, Mary, apesar que os meninos tinham falado, riu muito quando ele se levantou como o resto das pessoas que estavam ali, cantando.

Depois comentou com ela, nunca fui de ir à igreja, meus pais eram aqueles católicos, que depois que saiam da missa ficavam falando mal da vida alheia.

Volta e meia, se encontrava com o Greg, entendia que ele fazia de propósito, mas não queria alimentar nada, pois sabia que não daria certo.

Este um dia comentou que ainda não tinha ido até lá, pois tinha verdadeiro horror a cidade.

Não sabes como infernizaram minha vida, teus pais te mandaram embora, mas os meus ficaram jogando na minha cara, se eu não tinha vergonha de ficar dando o cu, para o capitão da equipe.

Como dizer a eles, que eu estava apaixonado desde sempre por ti.

Ele agora fazia uma coisa, como tinha programa três dias da semana, os quatro ficavam com a Grace, até a Mary voltar do restaurante.

Finalmente inauguraram, tinha encontrado a carta original do mesmo, que era segundo alguns da igreja, sempre a mesma.

Mas Mary, arrumou uma ajudante na Igreja, fariam uma mistura de comida crioula, com churrasco.  Para as saladas, os legumes vinham da fazenda, estavam contentes.

Abriram num domingo, depois do culto, convidaram o pessoal para ir.

Depois funcionaram de maneira normal, a principio as pessoas vinham por curiosidade, mas depois entrou em ritmo normal, inclusive, tinham um café da manhã.

Ele como levava os meninos a escola, aproveitava, levava os dela também.

Quando fizeram a festa de aniversário do Toddy, este mesmo convidou seu velho amigo, ao Greg, seus amigos da Igreja, além de alguns de sua turma da escola.

Grace, com Mary, prepararam tudo, Oscar preparou um churrasco na parte detrás da casa.

Foi muito bom, Greg, ficou encantado com a família que ele tinha reunido em volta dele.

Tinha vindo inclusive para ir à igreja, riu muito quando o viu cantando, falou para o Jr. Assim ele vai virar cantor de Gospel.

Agora vinha sempre, um dia falou claramente com ele, que gostaria de retomar a velha amizade.

Foi claro, não vou me mudar para Portland, terás que vir até aqui, um dia foi a casa do Greg, era completamente diferente da sua, mais decorada, requintada.

Disse que tinha aprendido isso com seu antigo companheiro, mas a coisa não funcionou na cama, ele não lhe atraia como antes.

Resolveram depois de conversar, manter a amizade.

A rádio, perguntou se não queria fazer um programa como fazia em NYC, de entrevista, seria depois das noticias da manhã.    Ele falou com seu advogado, que queria que estivesse no contrato, que ele mesmo redigia as perguntas.

Falou com o Greg, que ia começar um novo curso de escritura criativa, se ele não queria ser seu primeiro convidado, assim divulgava o mesmo.

Avisou as livrarias da cidade, que quando trouxessem algum escritor, ele podia entrevistar o mesmo, o mesmo fez com as lojas de disco, casas de show.

Seria um programa feito na sexta-feira.

Se preparou a consciência, quando o Greg veio, o apresentou, perguntou sobre o curso, como funcionava, o programa tinha 45 minutos, os últimos 15 minutos, atendia o telefone, para que as pessoas fizessem as perguntas.

O mais interessante, foi de uma senhora, que disse que sempre tinha escrito na vida, mas que queria fazer o curso, se ele aceitava uma pessoa com 70 anos.

Mandou anotarem o número do telefone da senhora, a convidaria depois para vir ao programa.

A coisa funcionava, os das livraria, agora o chamavam para falar dos livros novos, logo eram patrocinadores do programa, bem como as casas de shows.

Ele divulgava tudo que existia de cultura na cidade.

Se tinha alguma exposição de arte, ele também falava, agora o programa aumento de dia, um dia ele falava dos lançamentos de livros, de música, o que havia nessa semana de cultura.

Se levantava cedo, deixava os meninos na escola, ia para Portland, chegava a ponto do programa.

Já tinha preparado de noite o que ia fazer.

Quando chegavam na igreja aos domingos, as pessoas vinha falar com ele, se tinha ou não gostado do programa.  Descobriu que a senhora que tinha telefonado era de lá, Ernestine Smith.

Um dia a levou com ele, estava fazendo o curso como Greg, tomava o ônibus para Portland, para fazer o curso.

Ela lhe deu uma série de poesias que tinha escrito ao longo dos anos.

Fez um programa só com ela, lendo suas poesias, contando sua vida, porque tinha começado a escrever.  Mas que nunca tinha se arriscado, pois além de negra, quem ia acreditar nela.

Contou que quando os filhos eram pequenos, mal tinha tempo para escrever, que fazer poesia era uma forma de evadir-se dos problemas cotidianos.

O programa fez um enorme sucesso, agora as pessoas o procuravam.

No domingo seguinte, conheceu na igreja o filho da senhora Ernestine, acompanhou a mãe, o agradeceu da chance que ele tinha dado a sua mãe.

Era advogado em Portland, era um pouco mais baixo do que ele, com um sorriso impressionante, quando os meninos se aproximaram o chamando de pai, olhou surpreso.

Os convidou para almoçarem no restaurante de Mary.   Agora aos domingos, muita gente da igreja ia.  Na mesa, Ernestine riu, quando Jr, disse que hoje tocava a ele rezar, antes de comer.

Mary depois veio se sentar com eles, depois da sobremesa.

Gordon, como se chamava o filho da Ernestine, riu, tens uma senhora família.

Lhe perguntou se tinha esposa?

Gordon, não, sou gay, adotei os meninos, contou a história do irmão, sem querer de uma tragedia, consegui minha família, os adoro como meus filhos.

A cara do Gordon era ótima, contou que por culpa da mãe, agora escutava seu programa de Jazz de noite.   Um dia o convidou para jantar antes do programa.

Aceitou, se sentia interessado por ele.   Um dia acabaram na cama, talvez por ter passado tanto tempo, se deram bem.  Sempre se encontravam, nos finais de semana agora ele vinha, iam a igreja.  Ernestine disse que ficava contente, pelo menos sabia que o filho estava com alguém que o queria.

Acabou vindo morar com eles, mas antes, se sentou com os meninos, para conversarem.

Quando saiu o casamento gay, anos depois, se casaram.  Nessa época Toddy já estava na universidade, estudando engenharia, o Jr, entraria no ano seguinte, tinha verdadeira paixão pelos livros, ia estudar literatura.

Os meninos da Mary também iam bem na escola, pois queriam seguir o exemplo dos primos.

Oscar dizia que bendita hora, que o tinham conhecido, morríamos de medo, desses meninos, caírem nas drogas, pois como NYC, isso aonde viviam era normal.

O restaurante funcionava bem, o mais interessante era hoje em dia, uma clientela mista.

Os anos passaram, depois do curso, os dois ajudaram a editar o livro da Ernestine, ela tinha revisado todos seus poemas, segundo Greg, era a melhor aluna que ele tinha tido.

Este agora era amigo dos dois, dizia que eles aproveitassem, pois tinham um romance dos bons.

Ele seguiu com seus programas, as pessoas telefonavam agradecendo, no de Jazz, chamavam para pedir alguma música, que ele falasse do compositor, do que tocava.

A caminhonete resistiu muito tempo, agora era o Toddy que a levava, quando os dois iam a universidade, ele comprou um carro mais confortável.

Agora com todo seu cabelo branco, fazia um contraste com o Gordon, pois este tinha os cabelos negros.

Se comentavam deles na cidade, nunca se importou, o mesmo diziam aos seus filhos, a cor não importa, o que é real, é como a pessoa se comporta.

Tinham o Gordon como se fosse o tio deles.

Durante um tempo o Toddy, depois do curso, foi trabalhar no Alaska, um dia veio para ação de graças, acompanhado de uma namorada, uma mistura de índio com negro, muito bonita, mas viu que a garota não se sentia bem com eles.

Quem se casou primeiro foi anos depois o Jr, com uma garota da igreja, que tinha estudado com eles, agora era professor na universidade.

Anos depois o Toddy voltou para Portland, dizia que sentia falta de estar em casa, um dia os surpreendeu, apresentando um namorado, um mexicano, que trabalhava com ele.

Os meninos da Mary, um estudou medicina, o outro, fez enfermaria, trabalhavam no hospital da cidade.   Os dois tinha acabado comprando a casa do advogado, agora que levava tudo era o Gordon, os quatro quando estavam juntos, sempre acontecia do Oscar fazer um churrasco, se sentarem na varanda que tinha construído atrás da casa, tomando uma cerveja.

Quando estavam todos, era uma festa.

Seguia indo à igreja, adorava cantar gospel, Gordon se matava de rir, com ele, mas dizia que gostava mais quando sussurrava na sua orelha.

Quando Ernestine morreu, foi um baque para o Gordon, mas ele estava ao seu lado, uma grande multidão acompanhou o enterro, ele tinha falado no seu programa, que perdia uma grande amiga, uma mulher simples, que tinha educado seus filhos, ao mesmo tempo que escrevia poesias sobre o cotidiano.

Agora os dois esperavam os netos, que vinham sempre passar o final de semana com eles.

Ele ainda esperava que Jr, ou Toddy, rezassem antes de comer.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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