LAST

 

                                              

 

Roy Rogers, é o meu nome, mas o verdadeiro era outro, quando meu pai adotivo me disse para escolher, eu que ultimamente via com ele, seus filmes preferidos, na televisão, não duvidei nem um minuto, o sobrenome dele era Rogers, então escolhi o de Roy.

Ele ria muito, pois entendia que era maneira de o homenagear, afinal me tinha salvado da vida miserável que tinha, bem como a vida, não teria sobrevivido muito mais tempo, nas mãos de meu pai.

Ele quando tinha visto minhas costas, pernas, lanhadas pelo cinturão dele, por não querer obedece-lo, quando me colocava para me prostituir, com qualquer pédofilo que pagasse seu vício, as drogas, ou então para defender meu irmão menor.

De uma certa maneira o matei, quando deixei de interessar aos pédofilos, me fazia maior, nem sei como sobrevivia, para comer, roubava comida na lixeira do restaurantes, quando meu irmão reclamava, lhe dizia, temos que sobreviver, essa é a única maneira.   Se tinha um pedaço de carne, o limpava bem, lhe dava, cortava com uma velha faca, que existia ali na casa, que usávamos de okupa.

Ele as vezes chorava, eu rezava que o velho estivesse drogado, para não escutar, o abraçava bem apertado, lhe dizia ao ouvido, vamos sair dessa.

Os dois tínhamos um defeito, éramos parecidos com nossa mãe, loiros, olhos azuis, cabelos cacheados, como os anjos barrocos das igreja, a pele muito branca, nunca entendi que esse parecido com os anjos atraísse esses homens, que eram asquerosos.

Ele aprendeu a não bater no meu irmão, pois esses mesmos homens não gostava, queriam filmar, isso fazia com que perdesse o interesse.

No meu caso, sem querer me salvou, pois senão estaria circulando pela internet, em vídeos de abusos sexuais, meu irmão não teve essa sorte.

As vezes tenho pesadelos, com isso, a primeira vez que ele o alugou, voltou feito um trapo, eu estava preso no banheiro, não tinha como escapar, pois o mesmo tinha a janela gradeada, não podia sair por ela, para pedir ajuda.

Ele abriu a porta, jogou meu irmão dentro, me disse para limpa-lo.

Ele tremia, chorava, sangrava, eu nem sabia o que fazer primeiro, o jeito foi encher a banheira, entrar com ele, o ter em meus braços o consolando, quando tinha era vontade de sair, matar o filho da puta.

Isso tinha passado comigo, nessa época nossa mãe ainda era viva, mas estava tão drogada, jogada num canto, que só fez uma coisa, passou a mão pelos meus cabelos, como me consolando, não dava para entender o que falava, chorava sim.

Tempos depois se jogou embaixo de um ônibus, sabia que sua vida não tinha saída, minutos antes, estávamos sentados numa praça, olhando as outras crianças brincando, não sei se em sua cabeça, aconteceu alguma coisa, pois tínhamos tentado entrar aonde estavam os outros, mas as mães nos colocaram para fora, claro nossa roupa era puro trapo.

Ela me abraçou, mas principalmente ao meu irmão que chorava desconsolado, pois queria brincar com os outros meninos.    Me olhou nos olhos, deu um sorriso triste, quando fazia isso sua boca ficava torta, as lagrimas corriam pela sua cara, me disse, isso nunca terá solução, se levantou, me fez abraçar meu irmão, foi até a rua, ficou parada, era uma descida, o ônibus vinha a uma certa velocidade, se jogou na frente dele, as rodas passaram por cima dela.

Meu pai que chegava, nos arrastou dali, mas eu tinha visto tudo, tapei os olhos do meu irmão, me deixei arrastar por ele.

Ele ainda mastigou umas palavras, tão bonita, burra, mas idiota, foi a primeira vez que tive vontade de mata-lo de verdade.

Quando meu irmão morreu, foi meses depois, o tinha alugado para uma festa, ganhou mais dinheiro para suas drogas.

Só sei que escutei um barulho na varanda de madeira, da casa que estávamos de okupas, quando corri, vi um homem que tinha atirado meu irmão no chão ir embora, guardei bem sua cara, que olhou para trás, era a maldade personificada.

A cabeça do Bob, estava numa posição grotesca, estava cheio de sangue, marcas de que tinham apagado cigarros no seu braço, eu sabia por que já tinham feito comigo, estava frio.

Entendi que estava morto.  Não conseguia me mover do lugar, gritei com todas minhas forças, o que chamou atenção dos vizinhos, que claro nem se aproximaram, chamaram a polícia.

Estava em estado catatônico, o velho escapou, talvez pelo grito, ou mesmo o ruido da sirena da polícia.

Quando me levaram para o hospital, eu fiquei em estado catatônico, muito tempo, me alimentavam através de um tubo.  Quando fui voltando a mim, vi pela primeira vez o Jeff, nunca tinha visto um homem tão bonito, era alto, eu parecia mais filho dele, que de meu pai.

Ele conversava com a assistente social, como alguém pode fazer isso com seu próprio filho.

A muito tempo estamos atrás desse homem, creio que na verdade não é o pai original desses meninos, se juntou com a mãe deles, durante um tempo, ela pedia ajuda para sobreviver.

Era uma mulher com uma estampa incrível, mas não sabia fazer nada, creio que veio para Los Angeles, atrás do famosos sonho dourado de ser artista de cinema.   Acabou se casando com um militar, que morreu numa das muitas guerras.

Depois sumiu, foi presa umas duas vezes se prostituindo, mas a liberavam porque tinha que alimentar os dois.

Depois uma vez apareceu com esse homem, mostrou uma foto do que eu pensava que era meu pai.

Eles não tinham percebido que eu escutava, ela com delicadeza, virou as minhas costas para ele ver, a cara dele, quando voltei a posição que estava antes, era impressionante, filho da puta foi tudo que disse, eu o mataria com minhas próprias mãos.

Agora que vai acontecer com o garoto?

Bom ele apesar de não ter a estatura normal, já tem 15 para 16 anos, terá que ir para um orfanato, ou um lugar de menores.

Tenho meus homens caçando o filho da puta, nunca se referia ao mesmo como meu pai.

Saber que não era filho do mesmo, me consolava, pois assim podia mata-lo, sem direito a remorsos.

Se eu pudesse, pedia a guarda dele, mas minha companheira acaba de falecer, não sei se algum juiz ia permitir, posso pedir a minha mãe, para vir cuidar dele, ou mesmo contratar alguém para isso.

Vou ver o que consigo, lhe respondeu ela.

Nessa noite me surpreendi abrindo os olhos, ele estava ali, dormindo, num cadeirão segurando minha mão, nem me atrevi a mexer, para não desperta-lo, não cansava de me admirar do bonito que ele era.   Na verdade nunca tinha me observado no espelho, para saber se era bonito ou não.     Meu irmão sim era bonito, mais tarde escutaria uma palavra que o definiria, era um efebo.

Passaria a descrever sempre os jovens bonitos que eram abusados assim, eram efebos.

Ele agora vinha todas as noites ficar comigo, gostava do cheiro da sua loção de barba, o vi comentando com uma enfermeira, já venho preparado, para sair daqui, ir trabalhar.

Depois de muitos dias quietos, finalmente apertei sua mão, ele despertou, ficou sorrindo para mim, ah, já estas aqui.

No dia seguinte fiquei sabendo que ele tinha conseguido minha guarda, iria para sua casa, tinha contrado a mãe de um colega, Juanita, uma mexicana, foi uma mulher maravilhosa no que restava de minha juventude.

Ela me ensinou a escrever, tinha sido professora, numa escola que ensinava os meninos, filhos de emigrantes a ler e escrever em inglês.

Tinha que fazer uma dieta balanceada, comer de tempos em tempos, durante muito tempo, tinha diarreia diariamente.

Mas parece que alguma coisa dentro de mim explodiu, comecei a crescer.  Ele ria muito com isso, vais ficar da minha altura.

Quando chegava no fim do dia, para mim era o melhor momento, Juanita ia embora, deixava a mesa posta para os dois, comíamos, depois sentávamos no sofá, para ver um filme.

Os do Roy Rogers, ele tinha tudo em vídeo, mas eu gostava do Zorro também, inclusive preferia o Tonto que era o índio, lhe dizia ele é mais esperto que o outro, olhava aqueles cavalos maravilhosos, mas os dois tínhamos uma coisa, não gostávamos dos filmes em que os índios saiam perdendo, ele achava injusto.

Um ano depois podia ir a escola normal, Juanita me levava, apesar de que meus companheiros iam sozinhos, me deixava um pouco antes, o que mais gostei da escola, era que podia nadar, mas para isso usava uma camiseta, pois o professor viu minhas costas, eu no fundo não tinha vergonha, mas ele dizia que era para me proteger das perguntas indiscretas.

Um dia vi meu pretenso pai, do outro lado da rua, me observava, me reconheceu.

No dia seguinte, quando Juanita foi embora, o segui, vi que já estava drogado, me tinha descoberto, pois estava de okupa, num edifício abandonado perto da escola.

Fiquei escondido nas sombras, vendo como se injetava drogas, tinha usado o cinturão, para apertar o braço.  Quando basicamente desmaiou, fui até ele sem medo nenhum, ia realizar o que pensava, vi que atrás dele na parede, tinha um gancho, coloquei o cinturão, em volta de seu pescoço, estiquei com todas minhas forças até o gancho, foi quando ele despertou, farfalhou alguma coisa, se ele ficasse em pé, podia se soltar, lhe passei uma rasteira, ele se resvalou, senti que alguma coisa se rompia nele, os olhos ficaram em cima de mim, como me reconhecendo, eu disse baixinho, pela minha mãe, por meu irmão.

Fui embora, depois de esperar alguns minutos se ele se movia, quando vi gente chegando, desci por uma escada de serviço, sai por detrás do velho edifício.

Voltei para casa, disse a Juanita que não me sentia bem, me fez tomar um banho quente, me serviu alguma coisa de comida.

Depois fiquei deitado, muito tempo olhando o teto, por um acaso um dos homens do Jeff, atendeu a chamada de um dos okupas, que claro desapareceram todos do lugar.

Eu tinha visto um filme com o Jeff, aonde o bandido limpa a cena do crime, isso tinha feito com o cinturão, tinha passado o lenço que Juanita colocava no bolso traseiro da minha calça.

Ele se sentou do meu lado na cama, ficou passando a mão sobre meu cabelo, me perguntou o que sentia.  Disse que tinha dor de estomago, mas que Juanita tinha me dado um chá, já estava melhor.

Acho que ele sempre soube que tinha sido eu, mas ficou quieto, nunca tocou no assunto, a não ser meses antes de morrer.

Me perguntou se tinha sido eu?

Sim ajustei contas com ele, sabia que ele tinha aproveitado para fazer um teste de ADN, para saber se ele era mesmo meu pai.   Mas já sabia que não era.

Tinha escutado uma conversa dele com a assistente social, que tinham localizado a família do meu pai verdadeiro, se negaram a receber uma criança marcada por abusos, já que tinham outros netos, não saberiam lidar com isso.

Nunca perguntei a ele sobre nada disso, quando me adotou, me perguntou se eu queria usar o nome dele, ri dizendo que isso não era pergunta que se fizesse.

Foi quando virei Roy Rogers, a partir de aí, quem me perguntava por que tinha esse nome eram os velhos, pois os jovens nem sabiam dessa parte da história do cinema.

Um dia se sentou comigo, eu estava terminando a escola atrasado, era sempre o maior da turma, mas o que tirava notas mais altas, adorava estudar.

Me disse claramente que nunca me dariam uma bolsa de estudos, pois eu estava atrasado, que era mais fácil se eu quisesse, entrar para a academia de polícia.

No dia que fui com ele me inscrever, só escutei um comentário, esse rapaz é bonito demais, vai distrair os bandidos.

Tinha algo em mim, que me proibia olhar-me no espelho, eu como se eu visse a maldição de como ser bonito, me tinha acontecido muitas coisas.

Na escola, notava que as garotas mais jovens, faziam qualquer coisa para se aproximarem de mim, iam me ver nadar, diziam que eu tinha um corpo fantástico, mas segui usando a camiseta como me pedia o treinador.

Sem querer a mesma fazia com que eu não tivesse nunca a marca, para competir, nem eu queria, ele foi franco, no dia que fores competir, as pessoas vão ver essas marcas, isso fará duas coisas, uma que tenham dó de ti, outra que vão te distrair.

Eu aceitei, como tudo que aceitava na minha nova vida.

Fui para a academia, descobri que no curso não existiam classes de natação, mas na escola tinha uma bela piscina, eu a usava na hora que estava vazia, nadava horas e horas, para me distrair do curso, ou mesmo fazer um exercício, que eram exercitar minha cabeça, me lembrando das leis, da teoria que ensinavam.

Como me saia muito bem no curso, me propuseram seguir adiante num nível avançado, que normalmente faziam os que eram policiais militares, que se incorporavam a polícia.

Creio que tinha o dedo do Jeff nisso, pois ele achava que eu devia estudar mais, já que tinha boas notas.   Eu voltava todos os finais de semana, dias livres para casa, Juanita seguia ali cuidando dele.   Para mim era uma festa, entrar pela porta, ele se levantar da sua poltrona de ler jornais, casos que estava estudando, me dar um abraço apertado, como qualquer pai, faria com um filho.

Agora eu era quase tão alto quanto ele, mas jamais teria os 1,90 de altura que ele tinha.

Gostava de aproveitar, deitar minha cabeça nos seus ombros, que era o momento que ele dizia, senti sua falta filho.   Sempre me tinha chamado de filho, desde o hospital.

Nunca soube como fez, talvez com a ajuda da senhora assistente social, na minha ficha, não constava nada da minha vida anterior, para todos os efeitos ele era meu pai.

Quando comecei a segunda parte, um dos novos companheiros, logo me chamou a atenção, estava me aprontando para ia a piscina, vestia a camiseta, ele disse, não faça isso, assuma tudo que é mais fácil.

Olhei quem falava, tínhamos a mesma altura, a diferença era que ele era moreno, a cara mais bonita que eu já tinha visto, quando se virou de costa, o mesmo problema, marcas demais.

Me disse que preferia que as pessoas visse, do que tivesse que esconder, me estendeu a mão se apresentou Xavier Marcondez.   Seu pai era mexicano, mas sua mãe era de uma mistura de raças.

Nossas vidas podiam ser contadas em paralelo, logo nos tornamos companheiros de piscina, na hora que a mesma estava vazia, fazíamos competições entre os dois.

Me disse que conhecia o Jeff, foi ele quem me salvou, me contou a história, seu pai o estava alugando em alguma rua de Los Angeles, quando ele chegou, não o deixou fugir me arrastando, como sempre fazia, nos levou para a delegacia.  Vim a descobrir que o filho da puta, tinha feito isso com outro filho, que na verdade era roubado, ele mesmo quando jovem tinha se prostituido, por isso achava normal que eu conseguisse dinheiro para ele, que estava velho.

O juiz ia aceitar, mas Jeff não permitiu, conseguiu que eu ficasse numa casa de acolhida para jovens, ia lá todas as semanas, para ver se estava tudo bem.

Era uma merda, mas melhor do que aonde vivia.  Minha mãe tinha morrido nas drogas a anos atrás.   Ele ajudado por uma senhora, conseguiu finalmente aonde eu podia viver, depois entrei para o exército, embora ele tivesse me falado que não fizesse isso.

Ele é meu pai adotivo, lhe disse, contei minha história tão similar a sua, ficamos amigos.

Me disse no dia que o convidei para passar o final de semana com Jeff, ufa vai ser uma coisa, me disse que tinha se apaixonado pela imagem dele.   No dia que me salvou, pensei que ia abusar de mim, até pensei, pelo menos não é um velho asqueroso, como costumava ser.

Depois o ficava esperando como se fosse um anjo, que viesse me visitar.

Claro fiquei com um certo ciúmes de partida, pois estava loucamente apaixonado pelo Xavier, mas me controlei.

Quando chegamos em casa, viu como o Jeff me abraçava, quando o reconheceu, lhe deu um belo abraço.

Xavier fazendo uma brincadeira, disse que tinha ficado com inveja do nosso abraço.

Não seja por isso, abraçou os dois ao mesmo tempo, pelo seu tamanho tudo era possível.

Xavier lhe contou que tinha saído do exército, que me conheceu no curso que fazíamos.

Eu te avisei, o exército, quer bucha de canhões, órfãos, jovens vindos do interior, os joga aos inimigos, sem se importar muito.

Eu tinha avisado a Juanita, que arrumou no meu quarto uma cama para o Xavier.

Assistimos um dos nossos filmes depois do jantar, ele perguntou por que não saiamos, pois ele era um velho, mas os dois jovens demais.

Mas claro eu ia para ficar com ele, tinha comentado isso com o Xavier, jogamos partidas de carta, sem favorecer a ninguém, claro usávamos moedas pequenas para isso.

Quando fomos dormir, Xavier me soltou em plena cara, que sabia que eu tinha ficado com ciúmes pelo que ele tinha falado.

Fez uma coisa que eu não esperava, segurou minha cara entre suas mãos, me beijou profundamente.  Juntamos as camas, ficamos conversando, como velhos amantes depois de uma seção de sexo.

Eu lhe contei que morria de medo, ele me contou que tinha tido algumas aventuras no exército, unilaterais, queriam o que ele tinha no meio das pernas, entendia que para que estivéssemos juntos, teria que ser tudo.

As duas aventuras que eu tinha tido, tinham sido como ele dizia, vinham abusavam do meu sexo que era grande, mas não havia romance.

Nos dois começamos pelo romance, sem nenhum penetrar o outro, quando o fizemos meses depois, foi fantástico, eu queria urrar de prazer.

Nos matamos de rir, no dia seguinte, Jeff ria dos dois, terei que mandar proteger meu quarto dos ruídos, tenho uns vizinhos que fazem muito barulho.

Os dois ficamos vermelhos, como dois pimentões, nos abraçou, eu agora tenho dois filhos.

A estas alturas ele era chefe de uma delegacia, dizia que sentia muito não estar nas ruas, ou resolvendo casos.

Alertava sempre seus homens, contra os pédofilos, ou quem alugava crianças para estes.

Um dia estava na delegacia, apareceu um rapaz que se prostituia, que ele tinha ajudado, pedi para falar com ele, contou que na noite anterior, tinha aparecido um homem com dois garotos, os estava prostituindo, estavam mortos de fome, tinha um sanduiche na minha mochila, dei para eles, devoraram, são muito pequenos para isso.

Eu tentei convencer o homem disso, ele queria dinheiro para drogas.

Lhe dei tudo que tinha, mas acredito que vai voltar hoje outra vez, os meninos estão aterrorizados.

Nessa noite, ele montou um esquema, não deu outra, pior foi descobrir que o mesmo estava se aproveitando de uma situação, os dois não eram seus filhos, os pais tinham morrido de overdose, num lugar de okupas, ele achou assim um meio de conseguir dinheiro para as drogas.

Não existiam documentos nenhum sobre os dois, conseguiu que a mesma assistente social o ajudasse.   Foram até aonde tinham morrido os pais, foi incrível, os dois corpos ainda estavam lá, ninguém tinha se dado conta, conseguiram sim descobrir a identidade do garoto, os dois tinham escapado de um orfanato, ou seja era igual, não havia a quem entregar os garotos.

Ele pediu a guarda dos mesmos.  O juiz concordou com ressalvas, pois fomos juntos com ele, mostrou o que tinha feito pelos dois.

De uma certa maneira, éramos a garantia que os meninos teriam um futuro.  De Brincadeira os chamávamos de Mutt e Jeff, dois personagens de desenho, o mais velho, era muito magro e mais alto, o outro mais baixinho.

A primeira coisa foram os exames médicos, Juanita se tomou de amores por eles.  Pois passou a ficar o dia inteiro outra vez lá em casa. Adoravam quando estávamos, pois era como se cada um tivesse um pai diferente, Mutt era agarrado comigo, o Jeff, com o Xavier, o levamos no final de semana aos parques.

Jeff nosso pai, queria se aposentar, tinha algum dinheiro guardado, comprar uma casa um pouco maior, o fizemos entre os três, nesse momento não podia imaginar minha vida sem o Xavier.   Os dois trabalhávamos em distintas delegacias, mas tínhamos uma norma, nunca falávamos de nada relativo ao trabalho, em casa.

Acabamos vivendo os cincos na mesma casa, Jeff conseguiu adota-los, no caso de acontecer alguma coisa com eles, eu como seu filho assumiria seu lugar.

Morremos de rir, quando perguntou aos meninos qual o nome que queriam ter, pois ninguém sabia o original.  Cada um respondeu como o chamávamos, Mutt e Jeff.

Assim viraram Mutt Rogers e Jeff Rogers, eu nesse mesmo dia, passei a guardar uma parte do meu salário, para que pudessem ir à universidade.

Entre nós conseguimos uma casa, a reformamos entre todos, até os meninos e Juanita ajudavam, nós ficávamos com a parte do sótão, que era grande, os meninos com um quarto ao lado de um banheiro, Jeff ficava com outro, que reformamos, retirando a banheira, ele dizia nunca se sabe.

Juanita usava um quarto menor que ficava embaixo perto da cozinha, além de outro banheiro.

Tiramos o salão, a sala de jantar, fizemos uma coisa só, na verdade todos comíamos na cozinha,

Era nosso lugar de encontro, os dois ensinávamos os meninos o que não tinha aprendido direito na escola, de manhã quando íamos ao trabalho, os deixávamos na escola, tempos depois um professor comentou que as mães, suspiravam quando nos viam, esses dois homens lindos, podiam estar com alguma de nós.

Ria muito, eu mesmo ficaria com os dois soltou ele, não me importava estar no meio, ficamos amigos, ele sempre ia nos finais de semana lá em casa, adorava conversar com o Jeff, depois nos diria, prefiro o pai, é o homem dos meus sonhos.

O mais interessante, nunca escutamos, falar de nenhuma aventura dele, as vezes o pegava olhando a fotografia da que foi sua mulher, era linda por um acaso.  Se percebia que fazia isso, contava que os dois tinham sonhado em ter muitos filhos, eram filhos únicos. Mas ela morreu cedo demais, a amava com loucura, as vezes agora na velhice me pego, virando para o lado, querendo lhe perguntar alguma coisa, pedir um conselho, de como educar os meninos.

Mas com os dois cuidando dos meninos, fico feliz.

Nunca imaginei que tu e Xavier, fosse se dar tão bem.   Nas primeiras férias de todos, alugamos uma casa de uma companheira da delegacia numa praia perto.

Os meninos pareciam loucos, corriam, saltava, Juanita que ficava na varanda olhando, diziam que pareciam cabras como ela se lembrava de sua infância no México.

Um dia Jeff apareceu com o rapaz, que tinha lhe avisado dos meninos.

Tinha sido agredido por um cliente.  Era um mulato, da mesma estatura de nós dois, ficou lá em casa como ajudante da Juanita.   Tinha sim, não escondia uma fome monstruosa, dizia que desde criança, tinha comido resto de coisas de restaurantes, como tinham lhe prostituido, resolveu fazer por conta própria, mas procurava escolher os clientes bem.

Dormia aonde pudesse, só seria uma merda se fosse num lugar muito frio, imagina se nevasse estava frito.

No princípio falava muito palavrão, mas Jeff disse que se contivesse quando o Mutt, começou a falar igual.

Mutt era muito agarrado a ele, mas o melhor, foi ver os meninos o ensinando, nunca tinha podido ir à escola.

As vezes pegava meu velho olhando todos ali no salão, sorrindo, se virava para a fotografia, era como se falasse algo, me contou depois que dizia para sua mulher, sem querer formei a família que queria, gente que precisava de uma.

O mais novo da família se chamava Orlando, nem ele sabia por que, mas mesmo assim Jeff o adotou, Orlando Rogers.

O juiz, que se aposentava, lhe disse rindo, que sem querer ele tinha uma família, tinha inveja, pois vejo os meus que tem tudo, vivem brigando uns com os outros, estudaram nos melhores colégios, mas nunca foram bons estudantes.

Orlando, achava que já tinha 18 anos, mas claro, os anos na rua tinham pesado no seu crescimento, na saúde, com o sistema do Jeff, os meninos e ele, usufruíam de tratamento.

O médico era outro que dizia, Jeff, tenho inveja de ti, pois meu único filho, vive entrando e saindo de clínicas, vive com sua mãe, que o estragou, lhe fazendo todas as vontades, mau estudante, não quer ficar comigo, pois sabe que limito tudo, ao contrário dela.

Um dia o encontramos, triste, o filho tinha morrido, brigando por causa de uma seringa.

Foi outro que passou a frequentar a casa, nos finais de semana aparecia quando o tempo estava bom para um churrasco.

Acabou ficando amigo, depois se juntaram, ele e o professor.

Orlando agora estudava de noite, se esforçava o máximo, dizia que erámos os dois uns professores carrascos, pois enquanto não entendia alguma coisa, não o deixávamos em paz,

Adorava os abraços coletivos do Jeff.

Este sempre tinha um tempo para escutar cada um, eu e Xavier o consultávamos sobre algum caso, mas sempre a parte, qual caminho devíamos tomar no que estávamos investigando.

Os dois já inspetores, com gente trabalhando a nossas ordens, fomos aprendendo com ele, como comandar, exigir sem forçar a barra.

Um dia Orlando voltava de noite da escola, encontrou um garoto, abandonado, o levou para casa, em seguida Jeff acionou, a mesma assistente social, o garoto a levou aonde dizia que estava sua mãe, era um desastre, uma mulher jovem, morta com uma seringa no braço.

Sem documento nenhum, claro quando acionamos o médico, ele perguntou já que vivia agora com o professor, se os dois, ou um deles não podia adotar o garoto.

Conseguiram, agora nossa família era maior, riamos muito com eles, pois se sentavam com o Jeff, para pedir conselhos.

O garoto foi adotado também por Mutt e Jeff, esses eram seus guias, quando foi a escola, os dois o protegiam.

Juanita já não tinha idade para tanta coisa, queria ir para uma casa de maiores, mas não concordamos, tinha ajudado a me criar, bem como cuidado do Jeff, então era da família.

Foi ficando, até que morreu dormindo.   Os meninos choraram muito, pois perdiam a imagem de uma avó que tinham.

Entre todos, esses anos todos, pagávamos pelo seu trabalho, mas fomos surpreendido, pois deixava um bilhete, dizendo aonde estava esse dinheiro, que eu o depositasse, na conta que eu tinha para os meninos.

Foi quando descobrimos, que os três fazíamos o mesmo, juntamos tudo numa conta só, assim aumentava.

Quando Jeff ficou doente, o nosso amigo médico sentou-se com ele, lhe disse das possibilidades, ele claro tinha visto sua mulher sofre com um tratamento desses de quimioterapia, que vai destruindo a pessoa, quando finalmente morre, é um resto de pessoa que é enterrada.

Ele como as possibilidades eram poucas, entrou em cuidados intensivos, foi nosso último verão com ele na praia.

Nos revezávamos cuidando dele.   Foi quando conversamos sobre o que eu tinha feito, colocou a mão em cima da minha, eu teria feito pior.  Sabia que as vezes eu tinha pesadelos, Xavier tinha lhe contado, mas como eu nunca falava no assunto, contou ao Jeff.

Esqueça disso, tens dois filhos agora para criar.

Graças a deus morreu dormindo, segurando a minha mão, essa noite me tocava ficar com ele, despertei, porque a mão me doía, a tinha muito apertada, quando fui reclamar, vi que estava morto.   Só avisei ao Xavier, vinhamos preparando os meninos, nunca escondemos nada deles, depois avisei nossos amigos, que vieram em seguida,

Na verdade parecíamos madalenas, pois um apoiava o outro, mas não parávamos de chorar, perdemos o esteio da família.

O enterro foi impressionante, como tinha saído no jornal, apareceu muita gente que não conhecíamos, mas que ele durante seus anos como polícia tinha ajudado.   Dois hoje eram juízes, assim pude resolver fácil o problema dos garotos, agora passavam a serem meus filhos.

Na verdade eu os chamaria de garotos, até quando tiveram mais idade.

Fomos ajeitando a família como podíamos, sem desmoronar, prestava muita atenção a eles, pois não queria que se sentissem desprotegidos, estávamos era atentos a tudo, ajudados pelo Orlando.

Ele era como o filho grande, sempre estava aí para os meninos.

Os levava a escola, depois ia para a faculdade, que fazia muito atrasado, depois os recolhia, agora uma senhora mexicana, filha de uma amiga da Juanita, vinha deixava a comida pronta, lavava e passava a roupa, para não ficar nas costas do Orlando.

Ele por um acaso estudava psicologia, se dava bem, dizia que tinha bons clientes em casa, pois os meninos sempre se abriam com ele, bem como o filho dos nossos amigos.

Cinco anos depois, perdi o Xavier, de uma maneira idiota, ele estava com seus homens fazendo uma patrulha, queria comprar água, entrou num lugar que estava sendo assaltado, levou um tiro certeiro na cabeça.

Foi como ir a nocaute, tinha sido o homem que eu tinha amado com loucura, apesar dos anos juntos, nunca tivemos problemas, nos amávamos com loucura.

Atualmente ele me falava de seu companheiro, dizia, esse está num armário escuro, creio que quer algo comigo.

O sujeito estava do lado de fora do lugar em que ele tinha entrado, não se conformava de não ter entrado junto, tinha aproveitado para fumar um cigarro, pois Xavier não permitia que fumasse no carro, quando escutou o tiro, era tarde.

No enterro, falei de como o tinha conhecido, de aonde vinhamos os dois, como fomos ajudados pelo Jeff, o que aprendemos com ele, agora formávamos uma família.

Isso tudo nem me dava conta que as lagrimas corriam pela minha cara, como uma catarata.

Mutt e Jeff, cada um de meu lado, segurando minhas mãos, na hora que puseram o caixão ao lado do Jeff, eu realmente não conseguia ver nada.

Apenas notei que todos ali estavam de mãos dadas, como fazendo uma corrente.

Tirei alguns dias para relaxar, um belo dia, seu companheiro apareceu, eu o tinha visto no enterro do Jeff, me disse que meu pai o tinha ajudado a decidir-se entrar para a polícia e não ir para o exército.

Tinha inveja do Xavier, por ele ter conseguido a família que tinha, vivia falando de ti, dos meninos, dos amigos, do filho grande dele, o Orlando.

As vezes depois de algum comentário sorria, me dizia isso era o que devias fazer, montar uma família, deixar de ser sozinho, sabia que eu tinha aventuras de uma noite, mas nunca falei nada abertamente com ele.

Mais um se agregou a família, o mais interessante, era como falava com o Orlando, esse nunca escondeu a nenhum deles, de aonde tinha saído.

Estava fazendo práticas, agora numa clínica que ajudava rapazes como ele tinha sido, procurava ajudar a todos.

Me dizia rindo que eu tinha o Gregory Estrada, o companheiro do Jeff, aos meus pés, se lhe dissesse que se atirasse de uma ponte este o faria.

Ele agora as vezes quando os meninos já tinham ido para a cama, que ficávamos os três sentado na varanda do fundo da casa, nos consultava sobre algum caso que estivesse levando, de um lado o Orlando que era um psicólogo, de mim que tinha mais experiencia que ele.

Orlando tinha agora um namorado, um homem de mais idade, um padeiro, que vivia ali perto de casa, esse passou a frequentar a casa, já conhecia os meninos, pois comprávamos pão lá.

Era um italiano, tinha demorado a sair do armário, era outro, era capaz segundo Mutt de beijar o chão que pisava o Orlando.

Sabia da história dele, era interessante, pois tinha uns quantos anos mais que ele, contou sua história um dia que os meninos estavam na casa de nossos amigos.

Tinha trabalhado desde garoto na padaria de seu pai, que era chapado a antiga, desconfiava dos americanos, tinha vindo para a América, procurando seu pai que um dia desapareceu de Gênova, dizendo que depois mandava dinheiro para a família, mas nunca voltou.

Era essa sua obsessão, quando veio para cá, ele começou debaixo nessa padaria, que era do pai da minha mãe, se casou com ela, pois não encontrava seu pai.

Quando eu nasci, parece que virei seu mundo, ela reclamava que me protegia demais, eu realmente não sabia me virar sozinho, na escola sofria bullying porque era gordo, usava óculos, essas coisas, ele ficava uma fera, ia tomar satisfação.

Foi ela quem me ensinou a me defender, me levou a uma escola de boxe de um parente que tinha, um tipo mafioso, ele me ensinou a me defender.

Mas meu pai, logo cedo me ensinou a amar a massa, como ele dizia, se não amas a massa, os pães serão uma merda.

Nunca me sai bem nas minhas aventuras com outros homens, minha mãe era quem me escutava, pois não ousava comentar com ele.

No final, descobri que ele sempre sabia de tudo, pois escutava atrás da porta.

No dia seguinte, batia no meu ombro, só me dizia siga em frente.

Quando ela morreu, os dois perdemos o que nos sustentava, ela tinha me ensinado a administrar tudo, o que faço até hoje, por isso nunca me sobra muito tempo.

Quando ele ficou doente, me disse, que tinha vindo a América, com a desculpa de procurar o pai, mas na verdade tinha vindo atrás do homem que amava, que era da Máfia, disse que vinha para Los Angeles, mas nunca o encontrou.   Que minha mãe antes de se casar com ele, já sabia dessa história.   Só quero meu filho que um dia encontres alguém para amar, esses encontros que têm não te levarão a nada.

Foi quando conheci o Orlando, me apaixonei, mas antes ele me contou o que tinha sido em sua juventude, como tinha vindo parar aqui nessa casa.

Um dia Matt, estávamos comendo tranquilamente numa das famosas churrascadas lá de casa, se virou para o Mattei, quando vais perguntar ao meu irmão maior, se ele quer se casar contigo.

Nessa época o casamento gay estava oficializado, depois se virou ao Gregory, vais esperar muito também, estamos fartos os dois, Jeff balançou a cabeça concordando, de te ver babar pelo nosso pai.

Eu não sabia se ria, todos me gozaram pois fiquei vermelho.

Dois dias depois o Gregory, foi me buscar na delegacia, me levou a praia, me pediu em casamento.   Eu ri muito, soltei que o Xavier primeiro me tinha levado para a cama, nunca nos casamos, mas podemos experimentar antes.

Eu na verdade tinha medo de fazer comparações, pois tinha tido um relacionamento durante anos, com alguém que vinha do mesmo que eu.

Gregory era diferente, carinhoso, estava sempre atento aos meus comentários, as vezes discordava completamente, me fazia repensar o que tinha falado, dizendo que não encaixava na minha postura.

Na cama, era como se eu estivesse guardado a tanto tempo, era como explodir.

Um dia comentei com ele, o que tinha me dito o Xavier, que ele estaria apaixonado por ele.

Nada mais longe da verdade, eu já te conhecia de longe, te achava lindo, os dois formavam um par impressionante, mas as vezes te escutava falando com ele, pelo celular aberto, gostava da tua postura, nunca eras afetado, falava dos problemas dos garotos, como se realmente fossem uma família.   Xavier nesse ponto dizia que tu eras a cabeça dessa família, ele um apêndice.

Agora, temos mais dois filhos, dois irmãos, que iriam ser separados, a velha assistente social apareceu lá em casa, ia sempre que podia, os meninos a abraçavam, vocês só crescem enquanto eu encolho.

Nos contou o que passava, era dois meninos que vinham com um grupo de mexicanos, nas roupas dos dois, tinham os nomes dos pais, mas não sabemos de aonde veem na verdade, um deles tinha uma carta dentro, escrita pela mãe, que se acontecesse alguma coisa, que eles não fossem devolvidos, pois não tinham família, dizia a cidade de aonde tinham saído.

Verificamos, os dois foram criados num orfanato de umas freiras, confirmaram tudo isso.

Mas claro as adoções que aparecem não querem os dois juntos.

Fomos os cinco no orfanato, a diretora riu, disse que sabia de nossa família, porque a assistente social, estava sempre falando do Jeff.

Conseguimos a guarda dos dois, era divertido, pois Mutt e Jeff, eram os irmãos mais velhos, lhes ensinavam tudo.

Conversamos muito com Gregory, se era isso que ele queria, olhando na minha cara, disse que comigo ia até o inferno.

Logo conseguimos a adoção, discuti muito, com o resto da família, entre todos nos encarregamos de Henrique e Marcos, esses se adaptaram bem, o Orlando foi o terapeuta, estava sempre escutando os meninos, descobrimos depois que os pais, eram jovens demais, que tinham morrido numa emboscada, que uma senhora, que tinha a família junta, os tinha levado, entregado as autoridades, pois já tinha filhos demais.

Eu sempre ria, dizendo quem sabe essa família não ia crescer mais.

Os últimos em adotar alguém foram Orlando e Mattei, foi o último trabalho da assistente social, um garoto de descendência italiana, a família toda tinha sido assassinada pela máfia.

Esse garoto sobrou, pois se escondeu embaixo da cama, o adotaram, agora viviam juntos num apartamento que tinha sido da família do Mattei desde sempre.

Mutt, foi a universidade primeiro, estudar medicina, sempre dizia desde criança que isso ia ser.

Dois anos depois o Jeff, foi estudar direito, mas acabaria como inspetor.

Quando nos aposentamos, como os meninos iam a escola, ficávamos os dois conversando, Gregory ria muito, sempre tinha sido assim.  Pois nos sentávamos na praça perto de casa, depois de ir tomar um café com os amigos, todos aposentados, os que eram casados com mulheres reclamavam do controle, diziam que tinham inveja dos dois, pois estávamos sempre bem. Um deles um tipo de dois metros de altura, magro, se dizia que ele podia se desviar de uma bala, de tão magro que era, era casado com uma mulher dominadora, sem filhos, um dia lhe apresentamos um amigo de outra delegacia, ainda em ativo, olhou para o outro, perguntou se queria tomar uma cerveja com ele, tinha se aposentado cedo, por um tiro que o impossibilitava de atirar.

Pediu divórcio, nos convidou para ser padrinho dele, quando se casaram, pois disse que tinha sido através de nós que tinha encontrado sua meia laranja.

As churrascadas lá em casa, agora eram imensas.   Quando o pequeno Jeff, trouxe sua namorada, rimos muito, pois ela disse, vais te enfrentar a um bando de marmanjos que se amam.   Ela era companheira dele, agora que se preparava para inspetor.

Matt demorou mais tempo, trabalhava em Urgências, nem sempre tinha tempo para nada.

No dia do casamento do Jeff, conheceu um dos irmãos da noiva, que como ele era médico em urgência em NYC, primeiro não sabiam o que fazer, pois a distância era grande, ele não queria perder a família, o outro ao contrário, tinha ido embora, pois a família da mulher do Jeff era imensa, viviam se metendo na sua vida.

Matt, ainda vivia em casa, ele quando foi a uma churrascada, soltou, aqui eu viveria feliz.

Eles antes que o Jeff, já tem dois filhos adotivos, crianças abandonadas no hospital.

Jeff ao contrário, sua mulher não quer filhos, Orlando vive dizendo que isso ia acabar mal.

Um dia apareceu lá em casa, disse foi um belo sonho que se acabou, eu passei a vida querendo uma família, agora estou de novo na minha original, que eu sempre achei perfeita.

A sorte que trabalhavam em lugares diferentes.

Ela nunca falou nada, pois seu irmão era casado com o Matt.

Se casaria anos depois com um companheiro, que já vinha com uma bagagem, três filhos.

Jeff demorou, com o tempo, foi assumindo a os irmãos que eram pequenos, agora adolescentes, sabia lidar com eles.

Estes diziam que ele os ia transformar em xerife.

Uma coisa nunca perdi, a cada nova geração, passava primeiro os filmes de Roy Rogers, lhe contava sobre meu pai, Jeff, como adorava ver os filmes com eles.

Isso tinha sido passado de geração em geração.

Jeff acabou vivendo com uma policial transexual, que veio de San Francisco, nos conheceu a todos, disse que tinha encontrado seu ninho, quando vimos, viviam juntos lá em casa.

Eu dizia sempre que Jeff devia ter comprado um hotel, pois seria mais fácil.

Agora tenho netos, junto com meu querido Gregory, que digo sempre que foi tragado pela família, que nunca ia poder escapar disso.

Meu pai vivia dizendo que depois que tinha feito 75 anos, que estava no lucro, é o que sinto agora disfrutando dessa família imensa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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