SER OU NÃO SER
Se fosse Shakespeare, seria “To Be or Not
To Be, is the Question”, mas com ele era isso mesmo, ser ele mesmo com todos
seus defeitos ou não ser nada.
Desde jovem, sentia que não encaixava na
vida que levava, era obrigado a trabalhar no campo, para um pai, maltratador, que
vivia bêbado, se sentia explorado, pois acabava levando sempre a pior, por
sorte sua mãe defendeu com unhas e dentes a ideia que ele tinha que ir à
escola, se não fosse isso, seria um analfabeto.
O velho ainda soltou que ele não tinha ido,
sabia escreve muito mal, por isso o mesmo era enganado por todos.
Ao mesmo tempo o bajulavam pois tinha uma
destilaria pequena nos fundos da casa.
Ao trabalhar tanto, teve seu lado positivo,
cresceu com músculos, forte, pois sem querer comia por dois, claro o velho
reclamava disso, ao menor descuido lhe dava uma surra, um dia um colega seu, da
equipe de basquete lhe disse o que tinha feito com seu pai. Agora sou mais alto, forte, ele se atreveu a
querer me bater, lhe dei uma surra de fazer gosto.
Ele fez o mesmo, o velho estava bêbado,
como um gambá, ficou furioso por algum motivo, veio para cima dele, com o
cinturão já na mão, só se levantou, lhe deu um murro na cara, o mesmo caiu,
ficou chorando como uma criança.
Ficou esperando que sua mãe o acusasse, mas
ela caiu na gargalhada, tens agora teu merecido.
Não tocou mais nela, mas começou uma
campanha para que ele se casasse com uma viúva, que era nada menos que 15 anos
mais velha do que ele, além de muito rica.
Isso os tiraria dos problemas, que ele
mesmo tinha se metido, tinha dado no banco a fazenda como aval de um dinheiro.
Um dia viu sua mãe muito nervosa,
procurando uns papeis, até que encontrou, ela era a proprietária da fazenda,
sequer era casada com ele, foi quando descobriu que tampouco ele vinha pagando
os impostos da mesma, devia uma fortuna.
Ai então ela passou a fazer campanha para
ele ser casar, assim salvava a fazenda.
Ele no fundo odiava a fazenda. Agora sabia com certeza que nunca poderia ir
fazer o que sonhava, terminar o curso, ir à universidade. Não era o primeiro da classe, pois mal tinha
tempo para estudar, a única coisa que fazia diferente naquela cidadezinha do
interior, era jogar basquete, pois o professor de educação física adorava. Tinha formado duas equipes, pois a cidade
mais próxima ficava a mais de 300 km, ninguém vinha até ali jogar, nem havia
dinheiro para levar a melhor equipe para isso.
Uma vez os pais pensaram em contratar um
ônibus para levar os rapazes jogar, mas quando viram o preço, ali todo mundo se
movia de trem, que passava uma vez por semana.
O resto, quando conseguiam mandar os filhos
estudarem fora, tinham sempre uma decepção, pois eram raros os que
voltavam. Isso era o que ele sonhava
em fazer.
Agora via que a mãe, escondia sempre essa
caixa, aproveitou um dia que os dois tinham ido na cidade fazer compras, para
dar uma olhada. Foi quando descobriu
que não era filho do velho, tampouco, que o mesmo era dono de tudo, era no
fundo um pé rapado.
Nessa lata estavam esses documentos, bem
como rolos e maços de notas grandes. Que
ela escondia. Mas estava claro, que
isso não dava para pagar a dívida que tinham.
Ele tinha descoberto o sexo, com um
mexicano, que tinha ajudado na colheita anterior, viu o mesmo se banhando o
riacho que passava no meio do campo, ficou excitado, não entendia por que, pois
estava farto de ver os amigos da escola tomando banho depois de um partido.
Talvez fosse a cor da pele do mesmo, no
ginásio, todos eram demasiado brancos.
José como se chamava, fez um sinal para
ele, o ajudou a tirar suas roupas, isso com muitos beijos, ele foi ficando
louco, quando viu estava penetrando o mesmo, depois se deixou penetrar.
A sensação, era incrível, depois pelas
noites, escapava pela janela de seu quarto, ia dormir com ele no celeiro.
Mas um belo dia voltou da escola, ele já
não estava, sua mãe disse que tinham acabado a colheita, tinha pensado em ficar
com ele como empregado, mas não sobrava dinheiro.
Agora todos os dias martelava na cabeça que
ele devia casar com a viúva.
A sua maneira ela era egoísta também, na
verdade não conhecia nenhuma vida além da fazenda, tinha nascido, sido criada
ali.
Sair dessa vida, a aterrava, o que ia
fazer, além das compotas de tomate que fazia, de algumas frutas, não sabia
fazer nada, inclusive cozinhava muito mal.
Ele comentou com seu melhor amigo e único
amigo da escola, esse lhe disse que nem pensar, venho economizando cada tostão
que meu pai me dá, o seu velho tinha a única oficina mecânica da cidade.
Vou dar no pé, assim que acabe o curso, não
tenho possibilidade de ir a universidade, mas em contra partida, sei consertar
um carro, ele me paga uma miséria, pois diz que me da casa, comida e roupa.
Roupa era um modo de dizer, uma vez por
mês, aparecia um homem num caminhão velho, com roupas de segunda mão, as
apresentava até que bem. Mas claro, só
tinha um exemplar de cada, se gostava e te servia bem, caso contrário, terias
que comprar algo para o seu tamanho.
Os dois tinha iguais uma camiseta de
basquete, que usavam, com o mesmo nome atrás, o homem explicou que era de um
jogador de Toronto, morreu, sua viúva vendeu tudo que ele guardava.
A única coisa que a loja da cidade tinha,
era sapatos, ou melhor dizendo botas, para trabalhar no campo. Esse não, aparecia com tênis de segunda mão,
então os garotos gastavam suas economias, comprando um para jogar.
Seu amigo um dia lhe soltou, que ali era o
final da linha do trem, já viste o homem que conduz a máquina que trás o vagão
até aqui.
Foi dar uma olhada, era um mulato muito
forte, com uma cara incrível. Seu amigo
um dia em voz baixa lhe soltou que tinha feito sexo com ele.
Disse que o mesmo dormia no próprio vagão,
para voltar no dia seguinte para a capital.
Quando o amigo sumiu, entendeu que o ano
letivo tinha acabado, que tinha ido embora no trem.
Quando o trem chegou na semana seguinte,
ficou observando, o pai do seu amigo, lá estava para perguntar se ele tinha
levado o filho.
Se ele comprou bilhete sim, eu só levo a
máquina, nada mais.
Viu que os ombros do homem caia, perdia um
bom funcionário, que pagava uma micharia.
Na semana seguinte quando o trem chegou,
ficou ali pelo adem, da estação, até que o maquinista se fixou nele.
Nessa noite fez sexo com ele, foi algo
incrível, pois o fizeram na locomotiva, em pé, sentir aquelas mãos ásperas,
percorrendo seu corpo, foi uma loucura.
O outro disse que seu amigo, era bonito,
tinha um bom corpo, mas só queria ser passivo, tu eres diferente, gostas de
fazer tudo.
Ele não deixava de observar sua mãe, agora
ela tinha uma segunda caixa, a primeira viu que ela escondia fora de casa, por
detrás havia uma pequena floresta, a seguiu quando escondeu.
Quando o suposto pai, vendeu toda a
colheita, nesse ano teve que trabalhar o dobro, pois eles não podiam contratar
ninguém. Viu que sua mãe, pensava em pagar uma parte da divida do banco, mas de
qualquer maneira os escutou falando, o único jeito era convence-lo de se casar,
pois a viúva tinha falado que pagaria a dívida.
Se ainda fosse uma mulher bonita tudo bem,
mas era feia, inclusive cheirava mal.
Usava sempre a mesma roupa negra, para dizer que era viúva.
Um dia estava vendo o velho usar o
alambique, o mesmo como estava bêbado, quase provoca um incêndio. Observou o que ele tinha feito errado.
No sábado, seguinte, era o dia que passava
o filme do mês, num velho armazém abandonado, uma história daquelas que entrava
algum cantor de Rock Roll, tipo água com açúcar.
O velho fazia uma coisa, estava sempre
fumando, embora soubesse que quando estivesse no alambique não o devia fazer.
Ele antes de ir ao cinema, fez o que o
velho tinha feito, além de fazer uma coisa, espalhou um produto, que sabia que
o fogo se expandiria mais. Fez uma
coisa, muito rápida, levou a nova caixa sem abrir, até aonde estava a outra.
Quando subiu na velha bicicleta para ir ao
cinema, a mãe avisou que não viesse tarde, pois a viúva vinha jantar.
Quase respondeu, o azar dela.
Foi embora, sabia que nessa noite para não
chamar atenção o velho ia destilar álcool, para vender clandestinamente, até o
xerife sabia disso, como comprava também.
Se encontrou com os amigos, sempre tinha um
intervalo, quando o que projetava, trocava o rolo do filme, era um projetor
antigo que ele trazia no seu carro.
Se escutou um estrondo muito grande, de
longe se via as chamas de um incêndio em grandes proporções, ele ficou quieto,
a rapaziada estava mais interessada em ver o filme, apertar a mão da namorada,
ele estava ali com o pessoal da equipe de basquete.
De repente as luzes se acenderam, entrou o
xerife, foi até ele, o fez sair do cinema, contou o que tinha acontecido, tinha
havido uma explosão na destilaria do velho, tinha feito voar a casa, com as
duas mulheres dentro, a cabeça da viúva, estava no meio do campo, sua mãe,
tinha caído uma viga na cabeça, o velho tinha sido despedaçado.
Foi o acontecimento maior da cidade,
tiveram que fazer vir um fiscal e um juiz da cidade mais próxima, ele sabia que
perderia a fazenda, com certeza ficaria para o banco, ou para pagar os impostos
atrasados.
Tudo que ele pediu ao juiz, foi que como
ainda não tinha 18 anos, que o emancipasse, pois assim poderia ir embora.
O mesmo lhe disse que tinha um tio, irmão
do velho, que tinha uma fazenda em outra província.
Não podia dizer ao juiz que não era filho
dele, porque senão teria que mostrar os documentos escondidos.
O xerife só podia pensar que esse velho
idiota, tinha fumado ao mesmo tempo que destilava álcool, que tinha feito
alguma coisa errada.
Ele disse que tinha saído para o cinema,
aonde o senhor me encontrou, o velho disse que ia destilar uma nova remessa, a
pouco tempo estava bêbado o senhor sabe, quase colocou fogo em tudo.
Como ele tinha imaginado, o juiz foi
obrigado a deixar para o banco a fazenda, bem como uma parte pagaria os
impostos atrasados, mesmo assim conseguiu alguma coisa de dinheiro, para ele ir
para a fazenda do tio.
Ele estava hospedado na casas do pai do
amigo, aproveitou para aprender a dirigir, o xerife lhe deu uma carta de
condução, pois era o mesmo que fazia os exames.
Deu um jeito numa das saídas com uma
caminhonete de um cliente, foi a fazenda buscar as caixas, de longe viu que o
banco já tinha vendo a alguém que vinha de fora.
Escapou, escondeu muito bem as duas caixas,
só iria levar o que estava dentro.
O pai do seu amigo lhe deu uma roupas que
ele tinha deixado, bem como uma mochila que usavam para ir jogar basquete.
Se preparou, quando o Juiz lhe deu o
bilhete de trem, na noite anterior tinha feito sexo com o maquinista, combinou
com ele, iria até o fim do trajeto, depois pegaria o trem para a cidade do tio.
Escondeu no fundo da mochila, enrolada numa
camiseta, o dinheiro que estavam nas latas, dava para começar em algum lugar,
mas faria uma coisa, tinha que esperar pelo menos três dias, que o maquinista
levasse o trem até aonde vivia seu tio, era outro lugar perdido no mundo.
Este lhe contou que o mesmo era um filho da
puta, contrata o pessoal para trabalhar, mas como dá casa, fica com a metade do
salário.
Pensou bem, nem pensar.
Pela sua certidão de nascimento, já tinha
18anos, quando chegou na cidade, com está foi tirar novos documentos, alegou
que tinha perdido os seus, inclusive tirou carteira de motorista.
Na casa do maquinista, estudou mapas, o
mesmo adorava colecionar mapas de todos os lugares.
Fazer sexo com ele estava entrando na
rotina, o mesmo tinha descoberto, seu caralho, que era grande, agora queria
isso. Desse mato não sai cachorro
pensou.
Na surdina, quando ele foi outra vez a sua
cidade, aproveitou, pegou um ônibus, para Sacramento, era uma viagem larga,
tudo que deixou foi um bilhete agradecendo, a hospedagem, mas ia cuidar de sua
vida.
Se a policia o fosse procurar, ia atrás do
nome que usava antes, o sobrenome do velho, ele, não só tinha adotado o nome de
seu pai verdadeiro, como seu sobrenome.
Era uma pessoal totalmente diferente, o
ônibus parava num posto de gasolina, eram desses que vão parando em todas as
cidades, comprou o bilhete com o motorista, que só lhe avisou que não se podia
comer dentro do ônibus, por causa do cheiro, se ele tivesse necessidade de
mijar ou cagar, que esperasse a nova parada.
Viu como alguns faziam, a cada parada,
mijavam, faziam as necessidades, comiam alguma coisa, se estiravam, faziam que
estavam correndo sem sair do lugar.
Ele era bom nisso, aprender.
Em Sacramento, ficou uns dias, depois
pensou, quero ir para uma cidade perto do mar, só tinha visto o mesmo em filmes
que passavam no cinema da cidade aonde vivia.
Quando foi a primeira vez ao cinema, ao
comparar um com o outro, quase riu, na sua cidade, era um barracão abandonado,
com cadeiras, se alguém levava, a maioria se sentava era mesmo no chão. O homem que passava o filme, colocava como um
grande lençol preso numa parede, projetava o filme ali.
Esse não, tinha pipoca na entrada, coca
cola, era outra coisa. Passava antes um
noticiário, esse falava de um acontecimento, em Los Angeles, passava o grande
cartaz de Hollywood, a meca do cinema.
Ele não era bonito, para tentar carreira no
cinema, mas podia trabalhar em muitas coisas, viu como era isso.
No dia seguinte, pagou a pensão barata que
estava hospedado, tenho que seguir adiante, antes que acabe meu dinheiro.
Foi para Los Angeles, arrumou um quarto,
numa casa de hospedes, ali viviam muitas putas, mas ficou na sua.
Se informou como ir aos Studios, uma delas,
que faziam pontas em filmes, ela a típica loira tingida, disse que ele não
tinha cara de galã.
Não se preocupou, chegou, nos portões,
dizendo que procurava trabalho nos sets, pois podia fazer de tudo, parte
mecânica, carpintaria, ajudar a montar cenário, etc.
Um dos policiais, pelo menos um que não
quer ser artista.
O mesmo o examinou de cima a baixo, tens um
belo corpo, ficou falando com ele, pediu a um que o substituísse, o levou até
os escritórios, no meio do caminho encontraram um homem altíssimo, forte,
parecia um touro, falou com ele, era chefe de uma equipe de montagem de filmes.
Este o levou ao departamento pessoal,
preencheu uma ficha, disse o que sabia fazer, o outro ria, aqui todo mundo quer
ser artista, tens uma bela estampa, mas bonito não eres.
Tenho um carro, antigo, que participa de
uma cena amanhã, podes dar uma olhada?
Só lhe pediu um macacão, foi honesto, é a
melhor roupa que tenho.
O outro o ficou vendo trocar de roupa, lhe
deu um cartão, já estás empregado, marque nesse relógio, assim já estás
ganhando dinheiro, estarás três meses de prova, depois já se vê.
Ele foi olhar o carro, era como os que
existiam em sua cidade, velho, levou uma hora arrumando o mesmo, disse que lhe
faltava uma peça, se havia algum outro igual, que não fosse ser usado, o
arrumou, saiu andando com o carro pelo studio, com seu chefe ao lado.
Pararam, perto do diretor do filme, o homem
lhe disse que ele tinha conseguido consertar o carro.
O mesmo lhe fez descer do carro, o examinou
como se faz com um cavalo, só faltou mandar abrir a boca, é uma cena curta,
mostrou a cidade de mentira ali construída, o carro vem pela rua, para diante
do banco, um homem fica no carro, quando saem os bandidos atirando, ele aciona
o carro, para fugirem, o filho da puta que fez da última vez a cena, estragou
tudo.
Chamou alguém, perguntou se achava que a
roupa do outro servia nele.
Foi provar, sem querer começava sua
carreira de cinema.
No dia seguinte fez a cena como o diretor
tinha falado para fazer, depois fez uma cena de perseguição, do carro fugindo
da polícia. Depois uma cena, em que a
câmera ia passando por cada homem morto, parava nele.
O diretor disse, para ser como era feio,
ele se saia bem.
Nessa semana ganhou bem, pelo trabalho no
filme, bem como nos cenários, movimentação de luzes, ajudava a mover as câmeras
em cima dos trilhos, bem como aprendeu a montar o mesmo como queria o diretor,
passou a entender todo o linguajar deles, mas estava sempre concentrado na
filmagem.
Um dia cruzou com o diretor que o chamou,
venha, estávamos vendo o copião do filme, lá aparecia ele, dentro do carro, com
um terno desses de época de mal gosto, com um chapéu um pouco ladeado, a câmera
fazia um close nele, ficava bem, tinha cara de mau, nada de ser o mocinho, o
macho alfa do filme, no caso um detetive.
O diretor lhe disse, estamos acabando de
montar esse, vou descansar estudando um novo roteiro, lhe deu um cartão, disse
que fosse a sua casa, podia ser que tivesse um papel para ele.
Seu chefe depois soltou, ele quer é fazer
sexo contigo, se quiseres fazer o filme, fique quieto, porque ele já imaginou a
cena contigo.
Ele seguiu com seu trabalho, agora estavam
fazendo um filme de cowboy, numa cidade de cartão como dizia seu chefe, faltava
um para fazer número em cima de um cavalo.
Sabes montar a cavalo, lhe perguntou seu
chefe, disse que sim.
Lá estava ele montado em cima do cavalo,
como um cowboy a mais.
Aconteceu o mesmo, havia uma cena levando o
gado, o diretor viu quando o enfocavam, mandou o chamar depois, o fez filmarem,
quero ver depois.
Quando o anterior soube o que tinha
acontecido, reclamou dele não ter ido a sua casa, foi educado, disse que tinha
que manter seu trabalho, precisava desse dinheiro.
Tinha aberto uma conta no banco, com o
dinheiro que tinha sobrado das latas, bem como ia depositando as pagas que
faziam semanais. Como usava macacão o
tempo todo, não sujava roupas, seu chefe as vezes o convidava para tomar uma
cerveja, ia, acabava escutando uma reclamação, sem fim, porque tinha se casado,
estava tão bem solteiro.
Se insinuou duas vezes para ele, mas como
era tão branco quanto ele, não lhe interessava, fazia o que tinha aprendido com
ele mesmo, arrumava uma desculpa, que estava cansado, que no dia seguinte iam
ter um dia duro, o outro ria, eres um sem vergonha, aprendeste a se livrar sem
ofender.
Quem tem um bom professor, procura fazer o
melhor.
Ele agora vivia num studio, que este tinha
lhe arrumado, na verdade, era melhor até que sua casa original na fazenda, pois
era limpa, sua mãe nunca tinha primado pela limpeza, o que ele gostava mesmo
era do banheiro, pois tinha chuveiro, na fazenda era uma banheira de lata, que
se tinha que esquentar um balde de agua, ou tomar um banho frio.
A partir da descoberta do chuveiro, nunca
se cansaria de tomar banho.
Um dia depois do trabalho, estava ali
tomando um banho, antes de ir se encontrar com o chefe num bar, quando entrou o
primeiro diretor, ficou parado na porta, o observando, quando ele se enrolou na
toalha, disse que se tivesse filmado a cena do banho, daria um belo filme
pornográfico.
Disse que o queria no filme, era um pequeno
papel, de um gângster, se ele podia no dia seguinte fazer uma casting, lhe deu
o texto. Quero que leias esta parte.
Quando chegou no bar com o texto, seu chefe
lhe disse, eu sabia, se tivesses ido a sua casa, ele teria feito sexo contigo,
não te chamaria para o casting.
Venha comigo, o levou a casa de uma amiga
dele, uma antiga artista, uma senhora que hoje em dia preparava castings, bem
como cenas de muita gente junta, dirigia as mesmas.
Passaram até quase de manhã, ela ensaiando
com ele, de como dizer o texto, se posicionar em cena, lhe ensinou a não olhar
a câmera, faça, como se tivesse realmente no local do crime.
No dia seguinte, viu que ela estava lá,
disse como queria a cena, o mandou fazer como tinham ensaiado.
Fez a cena como devia, falando o texto que
de tanto falarem no dia anterior, ele nem precisava do texto. O diretor disse que realmente tinha estudado
o papel.
Depois discutiram com o que fazia o
contrato, ela tomou cargo do negócio, gostei do rapaz, serei sua representante,
ou agente, ele concordou, disse quanto o pagariam pelo filme, ela fez pé duro,
até chegarem a um acordo, lhe pagando dez vezes mais. Ele estava louco para rir, pois nunca tinha
visto tanto dinheiro na sua vida.
Pediu um tempo para seu chefe, nunca
fecharia nenhuma porta, nunca se sabe o dia de amanhã.
Fez o filme, o diretor disse que a câmera o
adorava, pois ele não era bonito, mas tinha uma cara marcante, além de que era
fácil trabalhar com ele.
Mal sabia que ele tinha trabalhado cada
cena com Juliette, ela tinha outro nome artístico, mas era francesa.
Foi assistir com o outro atores, o filme
antes da estreia, o ator principal, reclamava de duas cenas que faziam juntos,
que ele tinha roubado a mesma.
Era um belo tipo de latino, o famoso latim
lover, do cinema, mas era canastrão, falavam horrores deles, com as atrizes,
que levava todas para a cama.
Foi a estreia do filme, já como ator
secundário, claro as entrevistas eram com o diretor, os atores principais, esse
o pegou pelo braço, disse para os jornalistas, anotem o nome do Tom, será um
grande ator.
Depois lhe disse que devia melhorar seus
trajes, quando venhas a uma entrevista, vá ao vestuário, escolha um traje que
caia bem em ti.
Ele fez a partir daí amizade com as
mulheres e os homens dos vestiários, sempre tinha alguma roupa nova para usar,
em qualquer coisa.
Nessa época o convidavam para uma festa em
volta da piscina, ou mesmo uma em que corria bebidas, drogas, essas coisas.
Eles orientado pela Juliette, que um dia
lhe disse quando recebeu um desses convites, tens que pensar, se queres uma
vida, ou 15 minutos de fama.
Lhe explicou, que muitos fazia um filme ou
dois, depois desapareciam, até agora os dois filmes que fizeste estão
classificados como de classe B, só serás um ator realmente quando faça algum
filme que seja bem falado pela crítica, bem como falem de ti.
Ele ia até as festas, mas fingia que bebia,
ou fumava, um dia se surpreendeu, foi ao banheiro, estava louco para mijar,
quando entrou o que era o Latim Lover, atrás dele no banheiro, quando tirou o
piru para fora, o mesmo se agachou, mas esperou que tivesse mijado, o colocando
na boca, depois fechou a porta, abaixou as calças, lhe pediu para penetra-lo.
Ele escapuliu, disse que tinha bebido
muito, pedia desculpas, no outro dia o mesmo veio falar com ele.
Não se preocupe, poderia ser classificado
igual, se te deixei chupar meu caralho, é porque gostei, então estou no mesmo
barco que o teu.
Um dia foram para a cama, mas não
funcionou, mas uma coisa sim, ficaram amigos, inclusive lhe disse que devia
tentar fazer aulas com a Juliette, que a mesma o tinha ajudado muito, o outro
tinha exata noção que era canastrão.
Ele depois fez o filme de cowboys, mas não
fazendo uma ponta, fazendo o segundo papel, chegavam em casa exausto, tomava um
banho, lia as cenas do dia seguinte, depois caia na cama dormia como uma pedra.
Pronto, tinha virado um artista versátil.
No ultimo dia de filmagem, viu um dos
atores que ele tinha visto já em vários filmes, tinha ido por sugerências da
Juliette, ver filmes dele, era um dos melhores fazendo filmes de cowboy.
Tinha um outro homem ao lado dele.
Estava fazendo uma cena num bar, tinha
estudado a cena de várias maneiras, devia estar recostado na barra do bar,
quando um bandido o chamava de filho da puta, como ele devia reagir.
Fez uma coisa, ficou relaxado como ela
dizia, como se estivesse em sua casa, quando o outro o chamava de filho da
puta, se virava bem devagar, pois sabia que a câmera estava acompanhando seu
movimentos, mas quando completava a virada, já estava com o revolver na mão, o
outro não esperava isso, a cena originalmente não era assim ele devia se virar
rápido e atirar. Ficou confuso, pois
ele não atirou, ficou olhando para ele, se aproximou com a arma numa mão, na
outra um copo com bebida falsa, o outro ia ficando cada vez mais confuso, pois
não sabia consertar a cena, quando a bebida, caiu na sua cara, ia atirar, mas
aí se escutou cortem.
O diretor disse que tinha ficado genial,
pois o outro ator, tinha ficado desconcertado, era isso que ele queria. Voltaram a filmar outra vez, desde o momento
que ele atirava a bebida, só que dessa vez, atirava ao mesmo tempo, a cara de
desconcerto do outro era ótima.
O ator principal, veio falar com ele, que a
cena tinha ficado ótima.
Achou estranho que depois o ator famoso,
falasse com o diretor acompanhado do outro homem.
Nunca saberia dizer, pois nesse momento,
iria começar, realmente sua carreira.
O diretor os apresentou, ele disse sem
vergonha nenhuma, que tinha visto todos seus filmes, para aprender a fazer um
filme de cowboy.
Este lhe apresentou o outro, era um diretor
famoso, que fazia filmes considerados super bons.
Pelo rabo do olho, viu a Juliette, lhe
fazendo um sinal positivo.
Estava falando com o diretor, quando ele
acabava este filme, me disse que essa semana, poderias começar outro a semana
que vem?
Ele chamou a Juliette, a apresentou como
sua agente, melhor falar com ela, dirige a minha vida.
Ela já conhecia o diretor, disse que queria
ver o roteiro do filme, depois tratariam do pagamento, aonde seria o mesmo.
Era um desses filmes com direito a índios e
tudo.
Quando leu o roteiro, riu, era como um
grã-fino, chegando à cidade no meio do nada a procura de uma irmã que tinha
desaparecido, vindo para o oeste. O tipo
era elegante, mas idiota.
Gostou do papel, conversou muito com a
Juliette, em como abordar o mesmo, ela inclusive o ensinou a andar como devia,
sua postura de fino como devia ser, num bar perdido no meio do deserto, ele
tinha que ser diferente dos outros.
Inclusive em sua cena inicial, ao descer da carruagem que o trazia,
devia sofrer acosso de um bando de cowboys.
Nesse dia lhe deu pena da roupa que usava,
pois acabou num charco de barro. Sua
cara ao se levantar, era o mais natural possível, de fúria, raiva da
humilhação.
Quando o diretor disse corte, sabia que a
câmera estava fazendo um close up de sua cara.
Segundo a Juliette, tinha nascido como ator
finalmente.
O filme fez sucesso, depois foi fazendo
vários com esse ator, até que um dia lhe surgiu a oportunidade de fazer um
papel que ele era o principal.
Mas ele tinha aprendido, não tinha subido
na vida, pisando em ninguém, era educado com o pessoal do vestuário, com os
câmeras, quando tinha uma cena logo cedo, passava numa confeitaria perto de sua
casa, levava coisas para um café da manhã, nada de doces, coisas que
alimentavam.
Tinha sempre seu texto bem estudado,
trabalhava o mesmo.
Isso os diretores gostavam, só um foi um
problema, o filho da puta não seguia o texto de maneira nenhuma, o filme ficou
uma merda. Quando na metade do filme, os
produtores viram o copião, viram que o mesmo tinha se perdido, cheirava muita
cocaína, se achava acima do bem e do mal.
Resolveram que tinha que fazer o filme
desde o começo, aí foi uma briga de foice no escuro, pois ele tinha um filme em
seguida. Juliette tanto brigou, que lhe
pagaram o dobro, para refilmar cada cena, os horários eram sem parar, chegava
no seu apartamento, se jogava na cama, dormia.
Para ele era importante isso, dormir, ter a
cabeça limpa para o dia seguinte, sabia que certos atores, depois saiam para
beber, ele tirava o corpo fora.
Quando o diretor lhe perguntou, disse
honestamente que ia para casa dormir, para ter a cabeça despejada para o dia
seguinte. Realmente suas cenas eram
limpas, as vezes tinham que ser refeitas porque algum dos que tinham ido de
festa erravam.
Foi ele com a Juliette que acabaram
incluindo isso nos contratos, cada filme que fizesse, que os outros atores se
atrasassem, ou chegassem bêbados para trabalhar, ele ganhava por refilmar a
cena.
Os diretores, engoliram em seco, pois
sabiam com quem estavam filmando. Logo
em seguida fez dois filmes quase idênticos em NYC, o personagem era o mesmo,
embora os diretores fossem diferentes, tinham comprado livros de um escritor,
ele fazia um detetive de polícia, duro na queda. O primeiro diretor disse que quem tinha o
escolhido tinha sido o escritor.
Quando o conheceu, gostou do sujeito,
embora a história se passasse em NYC, o mesmo morava em Los Angeles. Contou que tinha nascido ali, justamente
aonde se passava a ação do filme, acompanhou as duas filmagens, as vezes
sugeria mudar o texto para ficar mais natural.
Segundo Juliette, ele tinha expandido seu
curriculum, já não era um bom ator de filmes de cowboy, mas também de qualquer
outro tipo. Quando lhes mandavam o
roteiro, ela lia, depois passava para ele.
Já tinha um bom curriculum, quando um dia,
foi a uma festa, Juliette lhe apresentou um diretor francês, que estava
lançando seu filme nos Estados Unidos.
Vi teus filmes, Juliette sempre me fala de
ti, tenho um projeto para dentro de dois meses, mas antes veja esse meu filme.
Foi ficou como louco, era em BW, ou seja
branco e negro, achou demais, era outra maneira de representar, este lhe mandou
o roteiro.
Ele começou a fazer classes de francês todo
tempo livre, acabando um filme, sem querer falou a frase que tinha que dizer em
francês, pela primeira vez teve que refazer uma cena.
Mas Juliette era uma mulher fantástica,
conseguiu fazer uma copia da cena, mandou para Paris, para o diretor, esse
telefonou rindo, já não te quero para o segundo papel, mas sim para o de ator
principal.
A preocupação do diretor, era como ele
fazer com sua casa, pois seriam meses na Europa.
O convidou para ir a sua casa, vivia ainda
no mesmo studio de sempre, nada demais, somente uma cama imensa, disse que
gostava de dormir esparramado.
Nos já pensando que querias te hospedar num
hotel cinco estrelas.
Nem pensar, gosto disso, mas tem um porém,
escute, o silencio que imperava ali era impressionante, depois de escutar
barulho o dia inteiro, gosto de silencio.
Preciso de um apartamento, que eu possa ter
isso, bem como que contrates a Juliette, para me assessorar, com a linguagem,
além de um professor de francês, que me ensine a falar como o personagem.
Pela primeira vez, trabalhou um método
diferente do que estava acostumado, levaram quase um mês, ensaiando o texto,
pois ele queria que o personagem fosse perfeito.
Chegou um momento que disse a Juliette, que
estava pronto, pois até pensar, consigo em francês, ela só falava com ele nessa
língua.
As filmagens eram basicamente nas ruas,
havias cenas num cenário que parecia uma delegacia de polícia, ele fazia o
papel de um inspetor com o dever de caçar policiais corruptos.
Quando acabou soltou, finalmente fiz uma
filme que sempre terei na memória, pelo trabalho que deu. Foi as entrevista do lançamento do filme,
falavam com ele em inglês, ele respondia em francês, o publico ria, porque o
entrevistador, fazia papel de idiota.
Foram a um dos programas mais famosos da
televisão, ele levou a Juliette, a fez sentar-se ao seu lado, depois disse em
pleno ar, que devia a carreira que tinha a ela, uma grande maestra, além claro
de ser sua agente.
Ela quando entrevistada, replicou, vejam eu
fui aquela atriz diferente que chega a Hollywood, com uma carreira começada
aqui, nunca guardei dinheiro, fui obrigada a dar aulas, montar cenas de
multidão num filme, quando esse garoto apareceu, eu lhe ensinei, mas ele a mim
também, pois me ensinou a guardar dinheiro, a investir, colocou na minha cabeça
que nunca sabemos o dia de amanhã. Ele
entra num set de filmagem, fala com todo mundo sem distinção por isso sempre
consegue o que quer. Diz ao câmera men
que o filme pelo lado direito, pois estudou já no espelho que esse personagem
fica melhor assim.
Se preocupa com todos os detalhes do
personagem, inclusive contratou um professor de seu próprio bolso, para que lhe
ensinasse como esse personagem devia falar, para isso abaixa um tom em sua
voz. Eu na verdade já nem tenho nada a
ensinar a ele, agora me toca aprender.
Ele se levantou a aplaudindo de pé, o que
fez que todos que assistiam assim o fizesse.
Ainda fez mais um filme com outro diretor
famoso. Depois voltaram para Los
Angeles, ele ria, já não sou conhecido.
Mas bastou o filme estrear no Estados
Unidos, para o chamarem para uma série de filmes, agora ele se dava o luxo de
escolher.
De novo o mesmo escritor, tinha lançado
dois livros, com o mesmo personagem, estavam interessados em fazerem uma série
para a televisão, filmariam durante seis ou sete meses depois ele estaria livre
para fazer o que quisesse.
Ao contrário dos filmes, a divulgação se
fazia justo ao mesmo tempo de lançamento do primeiro capitulo, ganharia muito
mais.
Um dia se encontrou com seu amigo Latim
Lover, já não o chamavam, estava como um louco querendo vender a casa que
tinha. Foi olhar, não era a típica
mansão de luxo, o outro explicou que tinha ido vendendo as obras de arte que
tinha, queria vender para comprar uma fazenda perto de aonde tinha saído.
O que gostava da casa, que tinha duas
saídas, o outro rindo lhe disse, por aí entram meus homens, assim nenhum
problema.
Com ele isso era interessante, nunca tinha
se metido em confusões, quando tinha uma aventura, ninguém lhe ligava com um
ator famoso, pois quando chegavam a sua casa, era a coisa mais simples do
mundo.
Acabou comprando, para ajudar o outro, lhe
disse que ele devia escrever suas memorias.
Levou um tempo para se mudar, mandou
reformar a mesma, nessa época conheceu o que seria depois seu novo agente, era
um dos que tinham tentado ser ator, mas não se saia bem, tinha vindo do
exército, o tinha contratado, para lhe ensinar, como se comportar na guerra,
pois ia fazer um filme sobre esse tema, Gregório Fuentes.
Ao mesmo tempo, esse ajudava a Juliette que
já tinha sua idade, ela o preparou para substitui-la.
Um dia os dois acabaram na cama, eram
perfeitos juntos, ele fazia justamente seu tipo, gostava de estar juntos,
depois podiam discutir textos, ele era ótimo como agente.
Criou um personagem, quando o viam chegar,
pensavam, esse é um idiota, mas quando começava a falar, caiam do cavalo.
Tinha aprendido isso com a Juliette, essa
um dia não despertou. Sentia por ela,
uma grande gratidão, realizou suas últimas vontade, de levar suas cinzas a
cidade do interior de França de aonde tinha saído.
Seus antigos amigos de lá, fizeram uma
cerimonia muito bonita, ele falou outra vez, agora em francês, para todos
entenderem o que ela significava para ele.
Ficaram os dois em Paris, desfrutando da
vida, pela primeira vez era como se estivesse de férias, ficou de vir fazer um
filme com um dos mais famosos diretores de cinema.
Acabou a série, se sentia cansado, o tempo
tinha passado para ele também, pensava nunca tive filhos, para quem vou deixar
isso tudo.
Gregório ou Greg, tinha sido criado num
orfanato, em que a maioria das crianças, eram descendente de mexicanos, justo
no dia que foram lá, deram de cara com uma assistente social, com dois irmãos,
ele conseguiu adotar os dois.
Na sua lógica, podiam ter sentido a
sensação de abandono do orfanato, mas ao mesmo tempo, já tinham outra família,
os dois conseguiram fazer com que se adaptasse, de um ponto de vista, realmente
pareciam seus filhos.
Os dois cuidavam deles, mas os garotos
adoravam pois todos os dias ia coloca-los na cama, contava uma história
inventada por ele, de algum pedaço de filme que tinha feito, mas o
transformando numa coisa infantil.
Gregório, ficava na porta escutando, na sua cabeça isso dava para algo
mais, agora ficava ali parado com uma gravadora nas mãos, quando juntou
bastante material, transcreveu o mesmo.
Fazia um curso de roteiro de cinema, mas
antes entregou a ele para que lesse, riu muito o chamando de safado.
Quando ele estava filmando, Gregório,
levava e ia buscar os meninos da escola, conseguiram uma senhora para cuidar da
casa, cuidar quando os dois estivessem ausentes.
Agora tinha uma norma nos contratos, ele
devia estar livre determinada hora, pois tinha que colocar os filhos na
cama. Se estivesse no meio de uma cena,
parava, dizia seguimos amanhã, ia embora.
Refinaram os dois a história que Gregório
tinha escrito, mas claro ninguém queria produzir, um dia conheceram um rapaz,
que fazia desenhos animados, numa feira de cinema, lhe passaram o roteiro, o
mesmo adorou.
Ele produziu o trabalho do outro, levou um
ano ou mais para ficar pronto, a estreia foi com seus filhos, os amigos dele da
escola, as crianças adoraram, aquela história transformada em fantasia.
Ganhou vários prêmios, isso estimulou o
Gregório a escrever mais.
Agora sempre produzia o que o rapaz fazia, quando
esse passou para o cinema de verdade como dizia, com um roteiro do Gregório,
era uma mistura de desenho animado, com personagens reais, ele fazia um
personagem que fazia o mundo girar.
Os meninos que estavam crescendo, adoraram.
Com os anos, o relacionamento deles, ao
invés de ficar em ponto morto foi crescendo, ele dizia que tinha coisas ainda
por descobrirem.
Em sua casa, nada de festas com piscinas,
artistas de cinema, ao contrário, as festas era de seus filhos, procurava que
não perdessem suas raízes, ao mesmo tempo, que lhes apresentavam as americanas.
Se falavam dele com o Gregório, por viverem
juntos, ele cagava, já tinha um certo nome.
Foi mais uma vez a França, para fazer o
filme que o diretor, tinha escrito tantas vezes, que sabia como ia montar cada sequência. Levou com ele seu companheiro, seus filhos,
assim aprendiam francês, contou para ele as história de sua amiga Juliette,
eles mesmos, criaram uma história em cima desta, contaram para o Gregório que a
colocou num papel, primeiro num livro, depois misturou essa fantasia como uma
realidade. Como ela tinha ajudado uma
série de atores.
Os dois faziam sucesso por lá, ele uma
noite conversando soltou, quando voltar, será como antes, terei que começar do
zero. Mesmo como dizia tinha dinheiro
para viver o resto de seus dias, aplicava o mesmo para o futuro dos garotos.
Fizeram uma reunião em família, pois lhe
tinha surgido um trabalho numa série, sabia que ele tinha experiencia disso.
Os meninos adoraram, pois como dizia, ali
na escola eles era um a mais, nos Estados Unidos, eram dois garotos mexicanos.
Ficaram, a senhora que tinha trabalhado
para eles, recebia, para ir uma vez por semana abrir a casa, na verdade era uma
grande casa, sem grandes adereços, como ele dizia, os atores, tinham manias de
comprar objetos, obras de artes, para se sentirem importantes, para ele ao
contrário, a simplicidade era tudo.
Mesmo o apartamento de Paris, era assim,
não tinha nada demais, um dia os garotos foram a uma festa na casa de um deles,
voltaram assustados, tinham medo de correr como os outros por dentro da casa,
estava cheia demais de objetos.
Gregório agora conseguia pensar como um
francês, escreveu um roteiro em cima de uma notícia que tinha saído nos
jornais, na televisão, o transformou tudo em cima de um policial sério que
acabava resolvendo o crime.
Um diretor gostou, faria o filme se Tom
concordasse em fazer o papel do mesmo, o transformaram num detective a beira da
aposentadoria, que enquanto os outros gostam de ficar fechados num escritório
em segurança, esperando chegar vivos a aposentadoria, esse personagem não tinha
ninguém, ir para casa era um tormento, um apartamento velho, sem personalidade,
quando ele chegava seu comportamento eram mecânicos, pois comia na rua, nem
café fazia no mesmo. Todo esse cotidiano, ao contrário era preenchido, em busca
de algum criminoso, algum bandido.
O filme fez um sucesso incrível, era
candidato ao Oscar, ele era como ator estrangeiro, quando foi entrevistado, viu
que já tinham passado pagina.
Nem se moveu para nada, mas resolveram ir a
Los Angeles, iam vender a casa que não usavam, seguiriam vivendo na França,
pois os garotos agora grandes, iam a escola lá.
Nas entrevistas, quando falavam com ele em
francês, respondia em inglês. Só alguma jornalista antigos se lembravam dele.
Faziam artigos, como uma velha gloria de
Hollywood, fazia sucesso na Europa.
Compraram um bom apartamento, de um
conhecido, que iria viver na província, se mudaram, mas seguiam levando uma
vida simples.
As vezes dava palestra nas escola de
cinema, frisava sempre um ponto, nunca se esqueçam dos cinco minutos de fama.
Agora fazia filmes na Itália, Alemanha,
mesmos dois na Suécia, gostavam dele, pois tentava aprender a língua, para não
precisar ser dublado.
Os meninos, estavam para terminar a
universidade, um deles, estudava na Sorbonne, literatura comparada, o outro
tinha feito medicina, estava fazendo práticas num hospital.
Os dois se riam, pois ele embora fosse mais
velho, tinha menos cabelos brancos que o Gregório, o chamava de meu velho.
Claro de uma certa maneira os meninos
voaram, o que fazia literatura, foi fazer pós-graduação nos Estados Unidos, o
médico, se casou com uma companheira, agora dos dois tinham netos, que levavam
para passear, nas praças, como viviam perto, adoravam se sentar na parte detrás
da Igreja de Notre Dame, a melhor época era o outono, foi contando sua infância
depois de tantos anos ao Gregório, que como sempre ia anotando.
Publicou um livro sobre ele, falando de
todos os filmes feito, desde a primeira ponta, até seu filme de cowboy
preferido.
O livro fez um sucesso danado.
Quando foi lançado em NYC, foram, mas ele
talvez pela idade, misturava palavras do francês, com o inglês, algum trataram
isso como esnobismo.
Quando lhe foi oferecido um Oscar
honorifico, foi talvez o único ator que não deu importância, estava com uma
gripe muito forte, fez por vídeo conferência, seu filho que vivia lá, foi
receber em nome dele.
No mesmo ano, ganhou uma medalha do governo
francês. A cinemateca francesa, fez uma
retrospectiva desde seu primeiro filme. Ele foi, se matava de rir, quando lhe
perguntaram por que, soltava, vocês viram a cena tal, eu sem querer olhei para
a câmera, está aí.
Morreu semanas depois, toda essa
movimentação o tinha cansado, morreu com uma neta deitada na sua barriga.
Ela se virou para o Gregório, disse que o
avô não fazia mais barulho, o motor tinha parado.
Para Gregório foi como se tirassem o tapete
debaixo dos seus pés.
Avisou ao filho que vivia na América, que
disse que ia em seguida, o outro, fez seu atestado de Óbito, não sabiam como
ele queria o enterro, até que apareceu seu advogado com suas últimas vontades.
Ele sempre contava aos dois, sobre o filme
que tinha feito de cowboy, sabia exatamente aonde tinha sido rodado, queria que
o Gregório fosse até lá com toda a família, levar as cinzas, lá fui feliz pela
primeira vez na minha vida.
Ele mesmo não sabia aonde ficava o lugar de
aonde tinha saído, por isso, não valia a pena buscar.
Fizeram suas últimas vontades, Gregório
viveu até quase os cem anos, agora curtia os netos, já grandes, a véspera de ir
à universidade.
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