SVEN SKOV
Sou de uma família imensa, para as de hoje
em dia, meus pais tinham 8 filhos, isso ele dizia que assim não precisava pagar
ninguém para trabalhar para ele.
Vivíamos no cu do mundo como dizia meu
irmão mais velho, quase no final de uma estrada que seria sua ligação com o
mundo.
Criava porcos, pois era o que todo mundo em
volta fazia, pois a única coisa que dava emprego as pessoas ali, era isso, uma fábrica
de salsichas. Todos em casa eram
grandes, eu tinha dois metros de altura, meu irmão mais velho, dois metros e
dez de altura, as mulheres também eram grandes, pois claro desde criança todos
trabalhavam duro.
Cuidávamos dos porcos, havia que estar
sempre cortando lenha, não só para o velho fogão que ele se negava a mudar, bem
como uma grande lareira que esquentava a casa inteira.
Estudos, bah, para que dizia ele, que
soubéssemos contar, assinar o nome bastava, mas eu tive sorte, por causa de uma
lei, na cidade apareceu uma mulher desses duras na queda, as crianças tinham
que ir à escola, até a idade para irem à universidade.
Eu então me dividia, levantar as cinco da
manhã, era noite profunda ainda, alimentar os porcos que me correspondiam,
nessas alturas minha querida mãe já estava em pé, tomava café, me vestia, ia
para a escola, de lá voltava para casa, seguia trabalhando.
Com 14 anos, comecei a trabalhar na
fábrica, levantar as cinco da manhã, porcos, depois escola, de lá á fabrica,
saia as oito, chegava em casa, comia, estudava um pouco, cama.
Minha mãe descobriu que eu era considerado
o melhor aluno da escola, tirava as melhores notas, sem fazer muito esforço.
Evidentemente eu era seu preferido, meus
irmãos e irmãs, saíram todos ao meu pai, eu era o único que era parecido com
ela, se me colocassem ao lado dele, ninguém diria que era seu filho.
Ela só ia a cidade para fazer compras de
supermercado.
Nessa época meu irmão, mais velho um dia
desapareceu, tinha ido embora, tinha feito uma coisa, como a empresa depositava
os salários no único banco da cidade, ele deixou de dar dinheiro ao meu
pai. Assim conseguiu formar um pé de
meia, um dia desapareceu.
O segundo, bom esse pensava como meu pai,
para que ia embora, quando fez 18 anos, se casou, com uma vizinha, era uma
família que só tinham mulheres, era tão grande como ele, tinham se conhecido na
escola.
Era uma mais, para trabalhar segundo meu
pai.
Um dia o diretor da escola chamou minha
mãe, que foi nervosa, me perguntou antes no velho carro se eu tinha feito algo
errado. Nem tinha ideia.
O mesmo disse para ela, que eu poderia ir
para uma cidade maior, me preparar melhor para conseguir uma bolsa de estudos,
para ir à universidade.
Meu pai fez um escândalo imenso, para que,
se ia ficar o resto de minha vida, cuidando de porcos.
Isso ficou na minha cabeça, eu odiava
cuidar dos porcos, pois parecia que o cheiro deles entranhava na nossa pele.
Passei como meu irmão, a dar o mínimo em
casa, meu pai me dava uma bronca incrível, em que eu estava gastando dinheiro.
Ele nunca tinha confiado em bancos,
guardava tudo em latas, que guardava em seu escritório, mal contava o dinheiro,
quem controlava era minha mãe, eu muito sem vergonha, sabia que o que teria
quando fizesse 17 ou 18 anos, não daria para ir à universidade.
Fiz uma coisa, ia tirando das latas mais
velhas, as notas que estavam por baixo, pois por cima, ele colocava um papel
preso com elástico. Fui depositando
tudo no banco.
Estava ficando desesperado, quando ele
resolveu que para assentar a cabeça que eu tinha que me casar, um outro vizinho
tinha filhas também, me apresentaram a garota, notei que ela passava muito a
mão pela barriga, me lembrei que minha mãe fazia isso quando estava gravida dos
meus irmãos menores.
Não era tonto, comentei com minha mãe isso,
a escutei discutindo com ele, a garota realmente estava gravida, mas será um
mais para trabalhar aqui, grátis, dizia ele.
Mas a coisa se torceu, pois na véspera do
casamento, ela se enforcou, foi um escândalo imenso, depois soubemos que o pai,
tinha abusado da mesma.
O irmão que tinha se casado tinha dois
garotos gêmeos, a mulher vivia reclamando que para trabalhar assim, ela tinha
ficado na granja de seu pai, que era mais fácil de lidar.
Um dia convenceu meu irmão, foram viver com
a outra família.
Meu pai, montou um escândalo, dizendo que
isso que dava mandar os filhos a escola, esqueciam que deviam obedecerem aos
pais até morrerem.
Ele não perdoava de maneira nenhuma meu
irmão mais velho.
Minha irmã depois de mim, tinha a mesma
altura, se a visse caminhando pela rua, pensaria que era um homem, ela brincava
de fazer pesas segurando um porco com cada mão, subindo, abaixando, era o braço
direito do meu pai, na criação.
Essa sim, nunca saíra daqui dizia ele todo
orgulhoso.
Eu levava as contas da granja, como agora
também ganhava mais, pois trabalhava no escritório da fábrica, conhecia todo
mundo. Era eu que preparava os envelopes,
com os pagamentos, um outro trabalho que valia a pena, era os de motoristas,
tinham que levar a salsichas, até quase Estocolmo, mas tinha um que fazia um
outro tipo de viagem, descia essa estrada toda, depois atravessava ia para
Oslo, esse era meu cometido.
Se fosse para Estocolmo, meu pai podia ir
atrás de mim, nem pensar.
Fui me informando, na escola tinha um
professor que era de lá, começou a me ensinar as diferenças da língua que eram
parecidas.
Me dizia que eu tinha futuro, eu sonhava
com isso, ir à universidade, já tinha lido basicamente todos os livros
interessantes da biblioteca da escola.
Minha conta cada vez aumentava mais, um dia
o gerente da fábrica me chamou, eu tinha que fazer um curso numa cidade maior,
aonde eles tinham a central.
Meu pai, quase saiu aos tapas com o homem,
não deixou, ele me avisou que no meu lugar iria outro, mas que eu perderia meu
lugar, teria que voltar a trabalhar na fábrica.
Fiz amizade com o homem que levava o
caminhão até Oslo, sabia os dias que ele ia.
Um dia de brincadeira, disse que ia me
escapar com ele.
Riu muito, se falava muito dele, pois nunca
tinha se casado, na época devia ter uns 40 anos.
Eu sempre destoava dos outros, enquanto
todos eram loiros, olhos azuis, muito brancos, eu tinha saído minha mãe, tinha
os cabelos castanhos escuro, olhos azuis, mas mais para o escuro, a pele sim
era branca demais, um bom corpo, hoje diriam que eu ia ao ginásio, mas lá nem
se sabia o que era isso.
Me preparei, na surdina, peguei duas latas
das que estavam por baixo de tudo, retirei o dinheiro que estava dentro, levei
tudo para o Banco.
Nas vésperas de ir embora, fui lá, perguntei
se tinham agência em Oslo, não tinham, então pedi um cheque no valor que tinha
ali, que para os da cidade era muito, mas daria para começar em Oslo.
Guardei um pouco para a viagem.
Nesse dia, sabia qual o horário que ele
saia da fábrica, tinha combinado com ele, me esperava numa curva depois de
minha casa. Fazia um frio desgraçado,
tinha nevado durante a noite, me levantei, peguei uma mochila, a que sempre
usava, mas dentro ao contrário de livros, tinha duas calças jeans, cuecas
destas até embaixo térmicas, camisetas térmicas, além de um outro polar.
Ele tinha o motor em marcha, nessa noite
ainda peguei mais dinheiro, que enfiei na mochila.
Fomos embora, ele parou deviam ser as 10 da
manhã para tomarmos um café, depois parou para comermos, além de abastecer.
Quando fomos ao banheiro, vi que ele mirava
meu piru, comentou que era grande, como meu tamanho.
Fiquei sem saber o que falar, não tinha
experiencia.
Quando chegamos a fronteira era de
madrugada, teríamos que esperar o dia amanhecer, ele conseguiu alguma coisa de
comer, café quente, abriu uma cama na parte detrás do assento, me disse, agora
te toca pagar a viagem.
Fiquei mais branco que a neve segundo ele,
mas o que ele queria estava no meio das minhas pernas, entendi então por que
ele não era casado, gostava de homens.
Dizia que as mulheres eram chatas na cama,
que os homens eram mais divertidos.
Me ensinou como me devia comportar, abaixou
as calças, abriu a minha, colocou meu piru inteiro na sua boca, foi me
excitando, quando viu que estava como queria, se sentou em cima, mas não me
deixava gozar, quando via que estava a ponto parava.
Vê uma mulher, goza, mas os homens podemos
controlar mais, elas mentem, querem que gozes logo para acabar isso, se estão
casadas, tem dor de cabeça, o sujeito falava isso em tom divertido, depois
voltava a me provocar, eu gostei demais, o duro era isso, fazer sexo de roupa,
pois fora fazia muito frio.
Logo de manhã, atravessamos, aonde tinha
que descarregar, era fora da cidade.
Ele deixou o caminhão lá, pois agora teria
que esperar que carregassem o que era para levar de volta.
Nessa noite dormimos num motel ali perto, aí
sim fizemos sexo direito.
Cheguei à conclusão que gostava de fazer
sexo com homens.
Tinha prestado atenção, a cada x tempo
parava um ônibus, que tinha uma placa, centro de Oslo.
Perguntei a um garçom, se funcionavam a
noite inteira, me disse que a partir das quatro da manhã, vi que meu
companheiro antes de dormir, tomava uma pastilha, comentou que isso da estrada,
cansava, pois ficava com o sono todo desajustado, hoje dormirei até tarde, pois
antes do meio-dia, o caminhão não está carregado.
Acostumado como estava de me levantar as
cinco, foi o que fiz, tomei um belo banho bem quente, me vesti, falei com ele,
que resmungou.
Sai de fininho, entrei no primeiro ônibus
que passou, comprei um bilhete, me sentei fui observando tudo.
Agora era encontrar um lugar para ficar,
quando vi o mesmo passava em frente a área que era da universidade.
Dei o sinal, desci, ali parecia tudo morto,
vi um bar grande, pedi um café da manhã bem carregado.
Me informei se por ali tinha algum quarto
para alugar, fiquei conversando com o dono, pois tinha pouca gente no lugar.
Estás procurando emprego, eu preciso de
ajudante na cozinha, mas para o turno da noite.
Me mostrou uma casa, aonde acabavam de
acender as luzes, ali vive uma irmã minha, sempre aluga quartos para
estudantes, vou ver se pode te atender.
As aulas ainda não começaram, quem sabe.
Fui até lá, era uma mulher como minha mãe,
eu poderia passar por seu filho tranquilamente.
Me falou que era viúva, na parte de cima da
casa, tinha dois banheiros, depois quatro quartos, que alugava para estudantes,
mas só para uma pessoa, depois entendi, eram pequenos.
Me levou a um, em que a cama era maior,
assim não dormes com os pés fora.
Falei que ia tentar trabalhar com seu
irmão.
Só me disse uma coisa, cuidado que é
muquirana, paga mal, por isso não para ninguém, eu lhe respondi que tinha que
começar em algum lugar.
Depois foi a universidade, me informei
aonde era a secretária, mostrei meus papeis, uma das senhoras me acompanhou a
falar com um diretor de área, nem sabia o que era isso, lhe disse o que queria
estudar, literatura, queria futuramente ser escritor, mas também queria estudar
línguas.
Ele disse que eu teria que fazer uma
prova.
Sem problemas, não disse nada, que o
professor que me tinha dado aulas, já tinha me feito uma prova similar, me
tinha soltado, tens que pensar que vão te avaliar.
Disse o tempo que eu tinha para fazer, me
colocou numa mesa, enquanto numa outra ele escrevia alguma coisa.
Eu estava deslumbrado, pois ele usava um
laptop, que eu nunca tinha visto um na vida.
Escrevia sim numa máquina dessas de escrever da fábrica, nos dias de
muito frio, ficava com a ponta dos dedos doendo.
Foi quando me toquei que não tinha pedido a
demissão, mas claro tinha uma explicação, se o tivesse feito, meu pai teria
descoberto.
Na minha cabeça, minha ideia era estudar
muito inglês, conseguir ir para a América.
As raras vezes que passavam filmes na
cidade, quando muito a cada dois meses quando aparecia um homem com seu
maquinário, eu sabia que muitos conhecidos tinham televisão, mas meu pai achava
que isso fazia as pessoas dormirem tarde, havia que levantar cedo, o filho da
puta era o que se levantava mais tarde, já para dar uma olhada nos porcos,
depois ir para a fábrica, fazer salsichas.
Nem prestei a atenção no tempo, fui
respondendo, realmente era muito parecida com o que tinha feito antes. O homem elogiou, que eu tinha respondido
tudo, iria corrigir que eu voltasse no dia seguinte.
As aulas seriam pela manhã, perguntou se eu
tinha alguma bolsa de estudos.
Claro que não, esperava ir ao banco, para
depositar o talão de cheque que tinha, bem como algum dinheiro que tinha na
mochila.
Pedi indicação de algum banco por ali, fui
a um que era da Suécia, então não houve problemas com o cheque, além de depositar
uma parte do que tinha na mochila.
Dei uma volta por ali, já sabia o quanto me
pagaria o irmão da senhora, lhe tinha pago três meses de aluguel do quarto.
Tomei um ônibus, fui para o centro da
cidade, andei para ver como era, nunca tinha visto uma cidade grande. Fiquei como louco com uma livraria, era
muito maior que a própria biblioteca da escola.
A senhora gentil, me perguntou se eu ia
fazer universidade, lhe disse que sim.
Então quando fizeres a matricula, vão te
dar um cartão, com ele te damos descontos.
No dia seguinte, fui a universidade, tinha
sido aprovado, me disseram quanto custava a matricula, que paguei com o cartão
de crédito que me tinham dado no banco.
Agora o jeito era pensar se ia trabalhar
com o homem, uma senhora, que estava ali na secretária, me viu olhando um lugar
cheio de ofertas de emprego.
Viu que olhava um da própria biblioteca da
universidade.
O que vais estudar?
Mostrei em que tinha acabado de me
matricular.
Disse que fosse com ela, era a chefa da
biblioteca, me falou que mesmo as meninas que vinham estudar biblioteconomia,
queriam era arrumar um marido, quando ofereço trabalho, dizem que querem
aproveitar esse tempo para viver.
Se eu tinha me deslumbrado na livraria,
imagina ali, parecia que estava no paraíso.
Ela riu, não me enganei contigo.
Lhe contei que a biblioteca da escola aonde
eu tinha estudado, quando muito eram duas filas de estantes num lugar estreito.
Me disse qual o serviço, além do que
pagavam.
Estava perfeito, poderia seguir pagando o
quarto sem problemas.
O professor me passou para entrevistas com
os outros professores, foi interessante que todos diziam o mesmo, que bom que
chegas cedo, pois a semana que vem isso vai ser uma loucura, todo mundo deixa
para a última hora.
Eu dizia em seguida que iria trabalhar na
biblioteca, um deles rindo disse que pelo menos eu tão teria que subir escadas,
para colocar os livros de cima.
Era uma verdade, era só esticar o braço.
Iria descobrir depois que a mesma se
dividia em duas partes, uma era para os alunos que começavam, mas tinha uma
outra mais reservada, que era para os que faziam pós-graduação, essa era
melhor, funcionava também diferente, os alunos, ou professores, chegavam
marcava os livros que queriam ler, me tocaria, ir buscar, procurar para eles, depois
devolver ao mesmo lugar. Tive sim que
aprender a usar o computador, o que foi bom.
Nessa época antes de aulas, já estavam ali
os que faziam pós-graduação, foi o primeiro contato com um mundo que eu
desconhecia totalmente.
A senhora gostou quando disse que não ia
trabalhar com seu irmão, que iria trabalhar na biblioteca da universidade. Tens agora que arrumar uma bicicleta, para
se mover.
Lhe disse que estava acostumado a andar
largas distancias, que isso era bom para mim, pois usava esse tempo para
pensar.
Quando começaram a chegar os outros alunos,
eu vi que estava defasado no tempo, pois a maioria chegava com seu laptop,
fones de ouvido, andavam todos com um celular, pendurado, escutando alguma
coisa.
Eu nem me imaginava com um, pensei para
que.
Chegaram também duas pessoas novas na
biblioteca, uma era a que cuidava da parte dos alunos novos, outro era um
rapaz, que tinha feições de alguma tribo, era loiro, mas tinha os olhos
puxados, depois descobri que o pai era dali, mas a mãe japonesa.
Ficamos amigos, foi ele que me deu um
toque, se eu não tinha um laptop, vais necessitar pois os professores mandam as
vezes o que tens que estudar por Messenger.
Eu soltei o famoso “o que”? ele ria muito, estas fora do tempo.
Me levou a um rapaz que segundo ele
recauchutava os laptops, as vezes as pessoas nem sabem como usar isso direito,
estragam sem saber por quê.
Ele arrumava os mesmos, vendia como de
segunda mão.
Me conseguiu um que me acompanharia uns
bons anos. O Jin, me disse que se eu precisasse de copias podia fazer ali mesmo
na biblioteca, me ensinou como faziam os outros alunos, com ele foi aprendendo
mil coisas. Ele já estava no terceiro
ano de literatura.
Conhecia bem a cidade, aonde comer bem,
embora ao meio-dia comíamos na cantina, me disse o melhor horário para ir, essas
coisas,
Descobri depois com o tempo, que ele morava
num edifício ali perto, que todos os apartamentos eram studios, pagava o mesmo
que eu por um quarto. Quando um ficou
vago, me avisou, paguei os três meses, agradeci a senhora que tinha me
acolhido.
Ela riu, as vezes tenho que ir atrás, pois
as pessoas vão embora sem pagar o último mês, tu me avisaste antes, por isso só
te cobrarei os cinco dias que estas aqui.
Limpei o mesmo a fundo, comprei uma
cafeteira, fiz tudo para uma pessoa, um copo, um prato, coisas que tinha num
supermercado perto de casa.
O mesmo tinha uma cama grande, embora eu
ficasse com os pés para fora, mas isso estava acostumado, só tive que comprar
roupa de cama.
O Jin, disse para esperar o final de
semana, me levaria a Ikea, foi o que fizemos,
Comprei o que faltava.
As aulas iam bem, a cada coisa que me
passavam, eu estudava profundamente.
No segundo semestre Jin me disse que teriam
um professor ensinando como escrever um livro.
Ele ia fazer, lá fui eu também.
De uma certa maneira, me sentia como uma
criança que se vai ensinando os primeiros passos, ia absorvendo tudo, nada
tinha a ver com a vida que eu tinha levado até agora.
Despertar as cinco, sair de casa, ver tudo
branco, depois muita merda para limpar, um cheiro insuportável, correr, andar
rápido para a escola, de novo ver tudo branco, os meses de verão eram curtos
demais, ali era ao contrário, estávamos mais abaixo.
A única diferenças, era que com a neve, os
carros deixavam as ruas sujas.
Aprendi com Jin aonde comprar roupas
baratas, como me vestir como os outros.
Ele fazia gozação, que estava tirando minha
virgindade, de garoto caipira.
Ia com ele ao cinema no centro da cidade,
ele gostava de filmes dali mesmo, eu adorava os americanos, que mostravam
praias, ou se passavam no deserto, pois imaginava o calor, um dia soltei para
ele, que a primeira vez que tinha visto um filme de cowboy, que tinha índios, essas
correndo como loucos com seus cavalos, tinha uma cena que um dos índios em cima
do cavalo abria os braços, eu imaginava que ele estava sentido uma coisa
“liberdade”.
Isso ficou na minha cabeça, mas aprendi a
gostar dos filmes nórdicos, lhe dizia que eram retorcidos, teve um que parecia
preto e branco, pois até os carros era negros, se movendo por cima da neve, lhe
disse vê, pois isso as pessoas bebem muito, são neuróticas.
Lhe contei como era aonde tinha vivido,
tudo o que via durante meses, sempre muito branco.
Menos mal que não eres um assassino em
série, como o que estávamos vendo.
Eu não queria comprar uma televisão como
ele tinha, pois achava que me distraia dos estudos.
Quando começamos o curso de escritura
criativa, o professor, segundo o Jin, um velho escritor, com síndrome de
bloqueio, tinha uns quantos livros de sucesso, mas depois algo tinha ido mal,
pouco escrevia, segundo ele, tinha sorte pois seus livros faziam sucesso no
mundo inteiro.
Mas eu sentia uma certa repulsa do homem,
digo de estar perto dele, cheirava a bebida, fumava como um louco, bem como
tossia logo cedo sem parar.
Nos pediu para escrever alguma coisa que
fosse a nível pessoal, como tínhamos escolhido isso, escrever.
Comecei falando de levantar, sair só ver
branco, como ia pela escola, lembrando do texto do livro que tinha lido na
noite anterior, que falava de sol, plantas, campos floridos, coisas do gênero,
com usava a cabeça para imaginar isso, sonhava em viver num lugar assim.
Da sensação que fui tendo no caminhão,
vendo de como mudava a paisagem, como ela ia interferindo em mim.
Como agora gostava de sair, passear pelos
jardins bem cuidados da cidade, o que fazia esse colorido na minha cabeça, bem
como os livros tinham me feito crescer, sabendo que existia algum lugar além de
aonde tinha passado minha infância.
Escrevi tudo a lápis, no momento que ia
passando para o laptop, fui corrigindo, modificando frases, criando outras,
pois na minha cabeça, surgiam coisas que tinha pensando a caminho da escola.
Depois imprimi na biblioteca uma cópia,
tornei a revisar tudo, buscando erros de ortografia, consertei, dei para o Jin
dar uma olhada.
Ele gostou, pois dizia que eu conseguia
descrever o que tinha sentido, eu ao contrário, estou bloqueado.
Comecei a conversar com ele, sobre o que
significavam os livros para ele.
Me contou sua história.
Lhe disse que escrevesse sobre esse efeito
que tinham os livros sobre ele, me soltou uma coisa que me fez pensar, que para
a cultura que tinha sido educado, falar de si mesmo era falta de educação.
Meu argumento com ele foi, nem vives lá, sempre
viveste aqui, então esse conceito fica fora de lugar.
O professor escolheu os dois como melhores
trabalhos, pois os outros lhe pareciam superficiais, perguntou ao Jin, como
tinha sido para ele falar dessa parte dele tão pessoal.
Me indicou com o dedo, ele me ajudou, me
disse que devia pensar que os prejuízos que tenho com relação a uma educação
tão fechada como a japonesa nada tem a ver com o pais em que vivo.
Depois rindo me contou que também vinha de
uma zona do pais assim, que em sua casas ainda era pior, pois todas as mulheres
se vestiam de negro.
Aí descobrimos que a série que víamos na
casa do Jin, tinha sido baseada num livro dele.
Quando falou nisso, disse que gostava da
abertura da série, eu descrevia isso, como imaginava ver tudo de cima, eles
conseguiram transpor exatamente como eu me sentia ao imaginar ver de cima como
era os lugares, os carros negros, as pessoas vestidas de negro, no meio de
tanta brancura.
Nesse dia nos avisou, que seu gabinete
estava aberto, a nos atender quando tivéssemos dúvidas a respeito do que
estávamos escrevendo.
No grupo, tinha umas quantas garotas, só
uma não se inscreveu imediatamente para falar com ele.
Essa ao contrário veio falar comigo.
Era como se fossemos estrangeiros, ela era
descendente de mulçumanos, a primeira em sua família ir à universidade. Nem posso me imaginar descrevendo o que eu
penso, pois minha família não entenderia.
Fui claro, eles leriam?
Creio que não, pois tanto meu pai, como
minha mãe, sabem ler em sua língua natal.
Um segundo tema que ele deu, “liberdade”.
Comecei falando o que senti, vendo num
filme os índios correndo como loucos com seus cavalos, no meio de um rebanho de
búfalos, depois uma outra cena, um desses índios sentado em cima de uma pedra
no meio do nada.
Mas para mim o conceito liberdade, hoje em
dia, apesar de não ter vivido tanto, é muito relativo, só somos livres se
respeitamos uma série de leis, que são escritas por outras pessoas, esses
índios hoje estariam mortos antes do tempo.
Tinha escutado uma pessoa num café contando
como se sentia livre quando tomava drogas, eu achava que era uma ideia errônea,
pois para mim era como se ele comprasse momentos de liberdade.
Acredito que só estamos livres, nos nossos
pensamentos, mas também depende de como fomos educados, serão que não nos
censuramos nisso também.
Fui analisando cada conceito ao mesmo tempo
que contrapunha como era a realidade das coisas, agora tinha por hábito ler os
jornais, o que não acontecia quando estava em casa, lá quando muito se minha
mãe tinha comprado alguma coisa no supermercado, viesse enrolado em alguma
compra, um velho pedaço de jornal.
Argumentava se um jornalista era realmente
livre para escrever o que pensava sem limites nenhuma, tinha chegado à
conclusão que não.
Era o mesmo assunto escrito por diversas
pessoas com formação e educação diferentes.
Ele gostou do que tinha escrito, marcou
comigo, já que eu não tinha marcado falar com ele.
Me disse mal sentamos, que eu era dos
alunos, o que mais aproveitava as aulas.
Gosto como escreves, pois ao mesmo tempo argumentas consigo mesmo.
Ficamos conversando um bom tempo sobre o
que eu tinha escrito, agora veja bem, analise outra vez, vê se de nossa
conversa consegues aumentar o texto. Me
pediu para escrever, como os que vinhamos de fora analisávamos tudo isso,
esbarrar em um momento moderno, que era fácil o acesso a tudo, como tinha
significado para mim, ter um correio eletrônico, um laptop, poder buscar na
internet tudo.
Escrevi todas essas sensações novas para
mim, como tinha visto tudo isso, o quanto tinha me deslumbrado nem tanto o
correio, pois não tinha muita gente com quem me corresponder, mas sim o fato de
poder através dos buscadores saber das coisas.
Comentei por exemplo o fato do artigo sobre
liberdade, que pude buscar para saber realmente o que tinha acontecido com
todos esses índios americanos, que de uma certa maneira cortaram as assas.
Ele me recomendou um filme antigo, “Voar é
para os Pássaros”, que consegui ver através da internet, pois era muito antigo.
O quanto tinha me impactado. Sempre estávamos dispostos a cercear a
liberdade dos outros, ou através de leis, ou de guerras.
Revisei mim vezes, mostrei para o Jin que
gostou, o mesmo a nossa companheira, que concordava comigo, todos queriam ver o
filme.
Ele leu, me devolveu, dias depois me
mostrou uma revista que saia junto com os jornais ao final de semana, lá estava
meu artigo, Sven Skov, fiquei com a boca aberta.
Corri a colocar no banco esse dinheiro, era
o primeiro que ganhava na minha nova vida como escritor.
Todos diziam que o professor gostava de
mim, mas eu acreditava que era pelo meu trabalho, pois quando ia ao seu
gabinete as conversas era sobre isso, nunca a terreno pessoal.
Ele nos deu como trabalho final de curso,
um projeto maior, queria que escrevêssemos uma novela negra.
Eu me coloquei a pensar, nunca tinha
aparentemente visto nada demais na vida.
Nessa noite sonhei, era como se tivesse
aberto uma caixa de lembranças, que te dizem para deixar fechada.
Era um dia que tinha nevado muito, íamos a
caminho da escola, quase como em fila indiana, eu ia a frente, meus dois irmãos
maiores já não iam.
Me tocava levar os outros e cuidar deles.
Eram quase cinco quilômetros andando pela lateral da estrada, nesse dia ia
reclamando pois o caminhão que limpava a mesma não tinha passado, podia ser que
não tivesse nevado o suficiente para isso.
De repente vi o homem caído, já o tinha
visto antes, reconheci pelas roupas que usava, meu pai não o suportava, dizia
que era um sem vergonha, que bebia demais.
Mas o que me chamou atenção, era que estava
caído para frente, um braço estava estendido, como querendo parar alguém, o
outro também estava numa posição estranha, disse aos meninos para ficarem aonde
estavam me aproximei, a neve em volta estava vermelha, isso eu sabia que era
sangue, quando olhei a sua cabeça, tinha um buraco por ali tinha saído sangue.
Disse a minha irmã, que levasse os meninos
com ela, como era grande demais os outros a obedeciam, que passasse na
delegacia, falasse com o policial, aonde eu estava, fiquei ali.
Tinha lido uma novela policial a pouco
tempo, uma das poucas que chegavam na biblioteca da escola, de longe sem me
aproximar fui dar uma olhada no local.
Não havia sinal de pisadas, com certeza a neve tinha tapado tudo, fui
pelo outro lado, nada, em momento algum me aproximei, foi quando chegou o
policial, com o chefe, ali nunca acontecia nada, por isso só eram dois,
grandes, pois o que faziam era apartar vizinhos brigando por alguma coisa.
Escutei o policial dizendo, que o tinha
apartado de uma briga no dia anterior, pois alguém o tinha chamado de cornudo.
Escutei os dois falando, esse homem vivia
com uma mulher muito bonita, que eu soubesse era a mais bonita dali, tinha
estudado fora, quando seu pai ficou doente, voltou casada, com um filho
pequeno, esse homem já trabalhava com seu pai.
Um belo dia o marido desapareceu, o velho
também morreu, ela herdou tudo, esse quis se casar com ela, mas segundo minha
mãe falou, disse que um erro se comete só uma vez.
Mas claro dormia com esse, isso falavam
todas, que quando bebia, perdia a cabeça.
O policial foi chama-la, depois de virar o
corpo, realmente tinham lhe dado um tiro na cabeça.
Ela chegou como se tivesse levantado aquela
hora, pensei comigo, é que ninguém trabalha nesse fazenda.
Mas depois me lembrei que ela era a única
que não criava porcos, tinha galinhas, patos, coisas assim.
Fez uma cena, que parecia cinema, só faltou
se jogar em cima do homem morto, mas o chefe não permitiu, disse ao policial,
que fosse a cidade, chamasse os forenses da cidade maior, que me levasse, pois
eu já devia estar perdendo aula.
Foi uma pena, mas em casa de noite, o
assunto não era outro que esse.
Ele teve seu merecido disse meu pai, vivia
provocando brigas com todos, dizem que de vez em quando pegava essa mulher, bem
como o filho dela.
Minha mãe tinha outra versão, que o marido
sempre foi dado como desaparecido, mas se falava muito que ela dava graças a
deus, assim não tinha que se casar mais, nem aguentar homem nenhum.
Meu irmão mais velho, disse que a policia
tinha ido a casa em busca de armas. Que
o mesmo tinha uma armário cheio de espingardas, todas tinham cheiro de pólvora,
pois o sem vergonha não limpava as mesmas, podia ter sido qualquer uma delas,
pois não tinha encontrado o cartucho, claro havia que esperar que se derretesse
a neve.
Meu pai mandou todo mundo dormir, mas eu
dormia ali perto da lareira, fazia um frio desgraçado. Escutei todo o resto da conversa de certa
maneira pensando, como era possível que já soubessem tudo isso, sem se mover de
casa.
No dia seguinte, me adiantei, cheguei ao
local, apesar da pouca neve que tinha caído durante a noite, ainda se via a
mancha de sangue no chão.
Imaginei como no livro, que se o tiro tinha
a queima roupa, o tal cartucho estaria perto, com as luvas fui mexendo na neve,
depois, fiz uma distância maior, se fosse com uma espingarda de caça, seria um
pouco mais longe, até que encontrei o mesmo.
Ia ser como um souvenir para mim, o tinha
preso numa fivela de um cinto.
Não escutei mais falar do tal cartucho, a
temperatura subiu, vi passar um carro diferente, ali tudo que fosse diferente
se sabia, os forenses tinham levado as armas dele, mas ao parecer, todas
estavam sujas, com cheiro de pólvora, mas sem encontrar o cartucho, não se
saberia.
Fiquei quieto, nesse dia não tinha que
trabalhar na fábrica, vinha voltando, quando vi o tal carro parado no lugar, a
mulher estava com outro homem, procurando alguma coisa por ali.
Quando passei do outro lado, nem se
molestaram em se virar, para dizer alguma coisa.
Eu segui meu caminho.
Todo mundo falava do tal carro, diziam que
era do seu irmão, minha mãe cortava dizendo, que se ela tivesse irmãos, eles
teriam herdado a fazenda, não ela. Que
o pai dela só tinha tido a ela como filha.
Meu irmão, soltou, pode ser que tenha
pedido um socorro a algum conhecido.
Minha irmã, riu dizendo, que nada, eu já a
vi antes com esse homem, a senhora não se lembra, quando fomos a vila mais a
frente a vimos numa entrada para uma fazenda.
Minha mãe lhe chamou atenção, que isso não
era assunto para uma garota descente.
Mas depois que as meninas foram para seu
quarto, seguiram falando, ela sempre teve essa postura, a mais esperta, porque
estudou fora, vivia numa cidade grande, mas a incógnita quem era esse.
No dia seguinte, os vi na cidade, saindo da
delegacia, ele desapareceu, segundo a conversa essa noite, ela estava vendendo
a fazenda, meu irmão casado queria comprar a mesma, mas claro não tinha
dinheiro, sua mulher tinha ido falar com seu pai, mas nada.
Ele estava frustrado, porque como todos
sabia que nosso pai tinha dinheiro.
Mas dias depois se soube que tinham
vendido.
Dois dias depois da venda, a vi saindo da
delegacia, apertando a mão do chefe, entrando num carro, ela mesma ia
dirigindo, coisa que as mulheres dali, faziam, mas em caminhonetes para ir ao
mercado, essas coisas.
Depois se fez muitas fofocas, que ela tinha
vendido mal, outros que muito bem, pois eram boas terras, meu irmão reclamou
muito, pois queria para ele, aos poucos tudo ficou por isso mesmo.
Eu tinha enfiado o cartucho nas calças me
esqueci dele, só quando minha mãe pediu para dar as calças para lavar, foi que
o encontrei, ainda pensei agora é tarde.
Me despertei suando, a história estava toda
aí na minha cabeça, me levantei da cama, eram as 3 da manhã, comecei a fazer
anotações.
Separei a primeira parte, o que tinha
sentido ao ter visto o cadáver ali na lateral da estrada, fui anotado cada
sensação, primeiro de medo, preocupação que os pequenos visse e ficassem
impressionados, depois a tal influência do livro que tinha lido, que não
sujasse a cena do crime, mas depois vi que era besteira, porque quando chegou o
chefe de polícia e o policial, andaram por tudo como se nada.
Fui anotando cada coisa, num determinado
momento, me lembrei do nome da mulher.
Entrei numa pagina sueca, coloquei o nome
dela, quase tive uma gargalhada em plena madrugada, lá estava uma foto dela,
como me lembrava, tinha matado o amante com um tiro na cabeça, porque o mesmo
tinha dado uma surra nela, por ter outro homem em sua vida.
Copiei a reportagem inteira num pen drive,
depois tiraria cópia na biblioteca, procurei mais coisas, dias depois se falava
que tinham ido a tal fazenda, andaram procurando por ali, tinham encontrado um
tumulo bem escondido no meio da floresta, era o marido, conseguiram checar, com
o ADN do filho.
Agora examinavam a cena do outro crime sem
resolver, eu ria, falava da incompetência do policial, bem como do chefe,
segundo o legista, tinham contaminado toda a cena do crime, por isso não tinha
encontrado nenhum casquilho.
Fiquei rindo, mais uma coisa para o pen
drive, segui procurando, como sempre as coisas eram assim, iam passando de
páginas, até chegar ao desinteresse da última página. Depois só havia uma reportagem falando que ela
tinha se suicidado na prisão.
O filho tinha sido dado em adoção para
alguma família.
Já tinha minha história, já não consegui
dormir mais, escrevi o primeiro capitulo, a sensação de um garoto de uns 14
anos, vendo isso, tendo que coordenar que seus irmãos fossem a escola, a influência
de ter lido livro de novela negra, que o fazia saber se comportar direito na
cena do crime. Finalizava com a do policial
e o chefe, de como tudo ia a merda, pois pisavam tudo, a ordem do mesmo de ir
buscar a mulher, o drama que ela tinha feito.
Fui para a faculdade com um sorriso na
cara, passei pelo gabinete do professor, disse que já tinha a história.
Ele queria saber como eu tinha encontrado, lhe
disse que tinha sido pela caixa de Pandora, ele riu, tinha falado nisso a algum
tempo, que as vezes guardamos coisas na memória, que um dia saem a luz. Falou então na caixa de Pandora.
Lhe dei a cópia do que tinha escrito para
ele, que ria, batendo as duas mãos em suas pernas.
Depois me olhou, pela primeira vez notei o
que os outros diziam, me soltou, não me enganei contigo, tens uma cabeça
privilegiada, só faltou se levantar, me beijar. Sem querer fiquei esperando por isso.
Havia uma parte do dia, que todos pareciam
fugir da biblioteca, principalmente se o dia lá fora tinha sol, aproveitei para
seguir escrevendo, quando comentei com o Jin, este estava enrolado, de um lado
um a história da Yakuza, mas que o que estava fazendo era ler histórias, ver
filmes de samurais, essas coisas, de outro como dizia ele um branco total,
andei lendo notícias no jornal principalmente na coluna policial, para ver se
tinha algo interessante, mas nada.
Trabalhei como um louco a história, a
terminando a anos depois com o final como um resumo de tudo que tinha lido no
jornal sobre como tinha matado o amante.
Todos os três tinham sido com um tiro na
testa, não sabia que nome colocar, se Pandora, ou Tiro certeiro.
Levei tudo para o professor, ficou me
olhando sorrindo, com todo aqueles papeis na frente dele, te esqueceste de uma
coisa, há um limite de palavras, de páginas, era verdade, tinha que ser como
uma novela curta, eu tinha me estendido demais.
Eu ia tirar das mãos deles o que tinha
escrito, ele sorriu, ficava bonito quando sorria, o que era raro nele, agora
vou ler esta história, depois te comento.
Tirei outra cópia, comecei a trabalhar, era
um final de semana, Jin me chamou para sair, mas eu não podia largar isso, era
como ter uma brasa nas mãos, tinha aprendido com ele, a ver quantas palavras, páginas
tinha escrito, no Word era fácil, pois o próprio programa fazia, isso.
Quando acabei, ainda assim me sobravam duas
páginas e palavras a mais.
Estava morto de cansado, era as dez do
domingo, me joguei na cama, apaguei.
Sonhei com ele, sorrindo para mim.
Despertei com um sorriso na cara, tomei um
belo banho, resolvi sair para andar um pouco, ia tomar café na rua, normalmente
fazia em casa para economizar, mas era um domingo afinal, merecia.
Sem querer dei de cara com ele sentado ao
lado do vidro de um café, fez sinal para que eu entrasse.
Estas com uma cara tremenda, me
soltou. Contei que tinha passado o dia
inteiro e a noite escrevendo, revisando como ele tinha pedido, não gostava
muito, mas tinha reduzido, tinha saído para isso, esticar as pernas, tomar um
café, voltar a trabalhar.
Ficamos conversando, ele tinha um sorriso
na cara.
O senhor está debochando de mim?
Me disse que quando estivéssemos juntos, o
podia chamar por seu nome, Cameron, eu sabia que se chamava assim mas não
atrevia a usar esse nome tão em particular.
Disse que tinha lido de uma tacada só o que
eu tinha escrito, fiz algumas anotações, aproveita que ninguém me entregou nada
ainda.
Já estou imaginando o que vai sair,
acredito que só tu, o Jin e Fethima, terão alguma coisa interessante, do último
trabalho ele tinha ficado furioso com uma das garotas, pois a mesma tinha
copiado descaradamente um texto de outra pessoa, se deu mal pois ele conhecia o
texto.
Nem sei por que fazem meu curso, no fundo
mesmo copiando, ainda encontrei erros de gramática.
Vives muito longe me perguntou?
Eu soltei que quase a volta da esquina.
Estou morto de curiosidade, não vou
aguentar até amanhã, posso ir até lá.
Eu ia morrer de vergonha, nem tinha feito a
cama, tinha roupa atirada em cima de uma das cadeiras, isso eu nunca fazia era
super ordenado, tinha aprendido com minha mãe.
Ele foi direto para o laptop, começou a
ler, pegou um pedaço de papel, anotava alguma coisa, a página, leu até o final.
Sabia que não ias me decepcionar, lhe disse
que me sobravam duas páginas, deixa, pois senão vai perder muito da essência.
Quando se levantou, estava frente a frente
comigo, segurou minha cara, com as duas mãos, ele era muito mais baixo do que
eu, ficou na ponta dos pés, me beijou na boca.
Quando vi estávamos nus na cama, ele
deitado em cima de mim, é como estar numa prancha de surf, pois eu não era
gordo, mas sim musculoso para o corpo que tinha.
Quando te vi da primeira vez, me perguntei
o que vem fazer aqui esse fisioculturista.
Mas me enganei contigo, desde o primeiro
texto, vi que eres o melhor, depois entendi que trabalhas desde garoto, por
isso tens o corpo assim, mas eu gosto.
Voltamos a fazer sexo, ao ir embora, me
disse se eu era capaz de guardar esse segredo de nós dois.
Isso, já era de madrugada.
Fui olhar o que ele tinha anotado, eram
duas dúvidas que eu tinha, arrumei imediatamente, coloquei num pen drive, iria
imprimir outra vez, no dia seguinte, fazer correções.
Com isso consegui reduzir mais uma página.
Quando entreguei a ele, sorria.
Estávamos em gabinete, se não fosse
proibido ter a porta fechada, o faria só para te beijar.
Mais tarde na aula, eu estava feliz, tinha
tirado a nota máxima em Literatura americana, analisando o trabalhos de Tennessee
Willians, o professor me disse que tinha uma bolsa de estudos de pós graduação
para NYC, se me interessava, me deu uns papeis, para preencher.
Na hora nem pensei duas vezes, me sentei preenchi
o mesmo.
Ele me deu um trabalho, um texto em Sueco,
perguntou se eu podia fazer a tradução, para o Inglês, tinham lhe pedido, mas
estava cheio de trabalho.
Pagam bem.
Jin dizia que eu tinha sempre medo de ficar
sem dinheiro, realmente não gastava muito, o que ganhava na biblioteca pagava o
apartamento, como normalmente comia lá também, saia barato, só nos finais de
semana e que gastava mais, as roupas que tinha me duravam.
Era duro encontrar roupa para o meu
tamanho, até um colega que tinha o mesmo problema, me falou de uma loja de
segunda mão, me disse que tinha muita roupa militar grande.
De lá usava um casaco tipo bomber, forrada
de lã, militar, mas tirei o que tinha de coisas costurada, tinha uma outra que
era de couro, a encontrei lá também, ficava bem com a minha cara.
Meus cabelos crespos, estavam imensos,
rebeldes, como dizia o Cameron, tinha adorado ele mexendo no mesmo.
Na verdade Jin e Fethima, tinham família,
que lhes ajudava, eu ao contrário só tinha dinheiro que tinha ganho
trabalhando, ou roubado.
No primeiro momento livre, li o livro, o
sujeito usava termos complicados, com querendo parecer intelectual, a história
em si, era interessante, mas ele se perdia.
Ainda pensei, se esse palavreado não ia se
perder na tradução, mas do meio do livro em diante, entendi que quem falava
desse jeito era o personagem, que era um tipo que se fazia passar por um
intelectual, para conquistar as garotas, mas no fundo as vezes ele mesmo nem
sabia do que falava. Do meio do livro
em diante, o escritor ia desconstruindo o personagem, para chegar a um final um
tanto quanto trágico.
Comecei a trabalhar essa mesma noite, meu
celular tocou, até levei um susto, pois as únicas pessoas que tinham meu número
eram a minha chefe, o Jin e Fethima.
Era o Cameron, perguntando se podia ir ao
meu apartamento, ou se eu queria ir a sua casa.
Lhe contei que estava fazendo um trabalho
para o professor, traduzindo uma livro sueco para o inglês.
Bravo, me disse, gosto de ti por isso, nada
vai te parar.
Podemos nos ver amanhã se queres.
Tínhamos aula, uau soltou, queres dizer que
queres fazer sexo na mesa do professor diante de todo mundo, começou a me
provocar. Por sorte bateram na minha porta, fui atender era o Jin.
Estava com uma cara de fazer gosto, lhe
expliquei que tinha um amigo necessitando de mim.
Depois falava com ele.
Jin tinha o texto nas mãos, por sorte não
perguntou quem era, ia ter que mentir.
Estou completamente perdido, nos sentamos,
comecei a ler, fiz o que o Cameron tinha feito, colei uma página ao lado, fui
fazendo anotações.
Ele tinha se perdido ao começo, lhe
perguntei de aonde tinha tirado esse história?
Me lembrei de uma coisa que numa das férias
que fomos ver o meu avô, ele me contou, disse que seu avô era segundo sua mãe
uma vergonha para a família, eu quando criança não entendia, achava incrível,
tomar banho de ofurô com ele, pois tinha o corpo inteiro tatuado.
Eu ficava deslumbrado com isso.
Depois um dia apareceram uns homens, minha
mãe, me levou da sala, mas claro as paredes são finas, eu escutei toda a
conversa.
Tai talvez minha fixação na história de
samurais e Yakuza.
Havia uma discussão muito forte, sobre
alguém que tinha feito uma coisa errada, queriam que ele tomasse uma
decisão. Respondeu ao que lhe fazia
pressão que fosse falar com o pai do rapaz, afinal era seu parente.
Depois passou o resto do dia resmungando,
tipo sempre a mesma coisa, fazem merda correm para que eu resolva. Eles que se matem entre si.
Dois dias depois o rapaz apareceu, vinha
acompanhado do pai, tinham lhe cortado um dedo.
Foi então depois que foram embora que minha
mãe explodiu, imaginava que ele tinha mudado.
Ele disse uma frase que deve ter ficado no
meu subconsciente, que quando entras, não há como sair.
Bom título.
Comecei a revisar com ele, desde o começo, pois tinha romanceado um
pouco a coisa, tens que pensar que novela negra, ou se começa com uma morte, ou
falas de uma pessoa.
Crie uma distância, fale como é um menino
de repente, descobrindo que seu avô é da Yakuza, não um guerreiro samurai como
ele imagina.
Fale do deslumbramento de estar no ofurô
com ele, ver todas essas histórias, como que bordadas no seu corpo, tocaste as
mesma alguma vez?
Sim, fiquei como um louco, para tocar, lhe
perguntei com respeito se podia.
Nessa casa no meio de uma floresta, só
estávamos nós, fora sempre tinha um homem.
Descreva essa casa, esse homem.
De repente ele começou a rir, se lembrou de
um dia que entrou no ofurô, seu avô estava lá com esse homem falando justamente
do caso.
Tente se lembrar disso, escreva essa parte
como um capitulo, depois agrupe toda a conversa que te lembres, dos homens
falando com teu avô, para em seguida contar do rapaz, que vem pedir perdão,
como se ajoelha na frente dele, em sinal de respeito, que vês que lhe falta um
dedo na mão. Sabe que isso é como um
castigo, para quem faz a coisa errada.
Tente se lembrar do que foi que ele fez
errado.
Na minha cabeça, parece mas em japonês,
tenho que encontrar uma maneira de traduzir para norueguês. Há palavras em japonês que já não me lembro,
minha mãe nunca permitiu que eu estudasse, tinha medo de que quisesse voltar
para lá.
São tuas raízes, disso não escapamos, veja
estou fazendo a pedido do professor de inglês a tradução de um livro em sueco,
para o inglês, lhe contou como tinha sentido o livro, até entender, agora o
duro vai ser encontrar palavras para isso, vou conversar com ele.
Jin foi embora, na porta parou, olhou na
cara dele, finalmente aconteceu verdade?
O que lhe perguntei?
Encontraste um amante, eu sei quem é, pois
vejo como te olha, cuidado.
Ele tinha razão, afinal Cameron era meu
professor.
Mas Jin saiu, o vi caminhando com a cabeça
baixa, uma mania que ele tinha para pensar, pensei ver o Cameron ali.
Fechei as cortinas, apaguei a luz, estava
cansado.
Retomei meu trabalho no dia seguinte, falei
com o professor.
Este se matou de rir, confessou que não
tinha passado das dez primeiras páginas, passou a mão no telefone, marcou com
uma pessoa, me deu o cartão, era de uma editora.
Telefonei para o sujeito, marquei no dia
seguinte, de qualquer maneira comecei a tradução, fiz colando uma folha ao
lado, o palavrório complicado que o escritor usava, realmente era um erro, se o
mesmo uma parte do final no começo seria mais interessante, anotei isso, tipo,
ele desconstruindo o personagem, mas ao mesmo tempo se lembrando do
comportamento dele.
Nesse dia não vi o Cameron, sabia que Jin
tinha hora com ele, fui fazer as outras aulas, depois segui no meu horário
vago, fazendo a tradução.
Escutei na sala ao lado minha chefe falando
com Cameron, mas não me movi de aonde estava, ele devia estar me procurando.
Nessa noite me chamou, mas não atendi,
queria ter a cabeça limpa para a conversa com o editor no dia seguinte.
Quando cheguei, estava com ele, um
professor da universidade, que eu sabia que dava aulas de sueco.
O homem era pomposo, sem fazer críticas,
apenas mostrando, comentei como eram os americanos, mentira, que eu basicamente
não conhecia nenhum. Que se as dez
primeiras páginas não interessassem, desistiam do livro.
Ficou me olhando, como dizendo esse fedelho
imenso, ousa me criticar, comecei a falar com ele em sueco, explicando tudo o
que tinha pensado, mas em nenhum momento levantei a voz, quando o vi nervoso.
Lhe disse que tinha amado o livro do meio
para o final, levei um tempo para entender o princípio, justamente por isso, vi
que o editor não entendia o que falávamos, por isso tinha passado para o sueco.
O homem sorriu, garoto sem vergonha, se não
fosses tão grande ia te chamar para sairmos aos tapas lá fora.
Vou levar o que você escreveu, pediu outro
livro para o editor, para que eu continuasse o trabalho, se despediu, me deu o
número de seu telefone para qualquer dúvida.
O editor me perguntou por que tinha passado
a falar em sueco com ele, sei de aonde ele é, por isso falava em dialeto com
ele. O senhor tem que pensar, que ele é
um professor conhecido, eu um simples estudante, que está lhe dizendo o que
está errado, isso nunca cai bem ao ego de ninguém.
O homem soltou um palavrão, dizendo se eu
quisesse trabalhar com ele nas férias seria bem-vindo.
Agradeci fui embora, o professor de inglês
me chamou rindo a bessa, o escritor tinha telefonado para ele, dizendo que ele
tinha sido malandro em passar para outra pessoa a tradução, que eu era
inteligente, lhe contou o que eu tinha feito.
Muito bem, o editor me telefonou também,
gostou de ti, me disse que te convidou para trabalhar nas férias.
Fui para a biblioteca, um quarteirão, antes
vi o Cameron num café, como se estivesse me esperando, ali passavam alunos
demais, fiz que não tinha visto, ele me chamou pelo celular, segui adiante, me
pedes para ter cuidado, estás de comportando como um colegial.
Tens razão, mas creio que me apaixonei.
Eu não disse nada, não tinha parado para
pensar, agora achava que tinha feito um erro, em ter ido para a cama com ele,
tinha adorado essa era a verdade, mas podia ser um problema.
Fui comer com Jin, que me contou que tinha
encontrado como eu tinha lhe ensinado o caminho, mas queria escrever tudo,
depois de dou para ler.
Lhe contei o quanto era difícil lidar com
escritores, que fosse ao mesmo tempo professores, lhe contei a bomba que tinha
caído nas minhas mãos.
Ele riu a bessa, Fethima, fazia aulas com
esse professor, disse que ele jamais exibe um sorriso, que as notas são justas.
No dia seguinte, Cameron pediu que eu
passasse no seu gabinete, tinha os dois trabalhos na frente dele.
Disse que já tinha lido o novo, prefiro o
texto grande, mas o outro tampouco ficou mal, virou um conto, mas tomei a
liberdade de tirar uma cópia, mandei para o meu editor.
Ele gostou, quer falar contigo, me deu o
cartão, era o mesmo sujeito com quem eu tinha falado no dia anterior.
Agradeci o que ele tinha feito por mim, me
deu um cartão, esta ai a direção da minha casa, fica fora da parte
universitária, se queres me avisa te espero essa noite.
Entendi a mensagem.
Marquei como editor no dia seguinte, ele
reconheceu minha voz, disse rindo que me esperava.
Segui trabalhando a tradução até que me deu
fome, liguei para o Cameron, perguntei se na casa dele tinha comida, pois
estava morto de fome.
Pode vir.
Cheguei ele queria fazer sexo em seguida,
lhe parei os pés.
Como vens agindo, creio que cometemos um
erro em fazer sexo, dizes que estas apaixonado por mim, veja bem, tens um nome,
eres meu professor, gosto de estar contigo, mas estou no meio de um furacão,
cheio de trabalho, tens que entender.
Gostas de mim pelo menos?
Claro que sim, mas tudo isso ficou em minha
vida em segundo plano a tempos, eu tracei um caminho a seguir, Jin e Fethima me
sacaneiam, pois quando me chamam para sair tomar uma cerveja, nunca posso.
Não gosto de bebidas, bares, nada disso,
minha cabeça está voltada para o que quero conseguir, veja eles tem seus pais
para ajudar, eu ao contrário, um pouco de dinheiro, o trabalho me paga o
aluguel, mas tenho que pensar.
Lhe dei um beijo e me despedi, claro ficou
frustrado, pois pensou esse vai falar muito, mas vai para a cama.
Parei pelo caminho para comer alguma coisa,
quando cheguei perto de casa, encontrei o Jin e Fethima, iam para lá.
Agora era ela que precisava de uma certa
ajuda.
Fazemos uma coisa, eu leio, amanhã tenho um
dia complicado, pedi dia livre na biblioteca, pois tenho que resolver uma
coisa, depois te chamo, falamos ok.
Me agradeceu, deixou o texto.
Estava cansado, tomei um bom banho quente,
me joguei na cama desmaiei.
Despertei tarde o que não era normal.
Sai correndo, tomei um café na esquina da
editora, o editor me esperava.
Quer dizer que além de tradutor, escreves
também, eu levava tudo que tinha escrito para ele dar uma olhada. Inclusive o
que tinha sido publicado na revista.
Gostei do texto, li, reli uma duas vezes,
tens razão se as dez primeiras palavras ou páginas não cativam, ninguém lê o
resto.
Estou interessado em publicar teu livro, me
passou um contrato, fale com teus professores, consulte um advogado, depois
falamos.
Riu dizendo que eu devia ter corrigido esse
texto mil vezes.
Pior foi reduzir o mesmo, o exercício é
para ter um número de páginas bem como de palavras, isso passa, tirei da
mochila a cópia reduzida, depois de uma olhada.
Tenho que olhar alguma anotação do texto?
Não, só faça o que te digo.
Mal sai, por um acaso o professor de inglês
me chamava, tinha ali com ele o escritor, se eu podia ir.
Lá se ia meu dia livre, fui até lá, disse
ao professor que queria falar com ele depois.
O professor de Sueco tinha dúvidas, nunca
me sai bem no inglês.
Fiquei trabalhando com ele, o que tinha
reescrito, afinal entendeu o que eu sugeria, se virou para mim, o fazes de uma
maneira tão fácil, da próxima vez, te contrato para escreveres tu a história.
Fui almoçar com o professor de inglês, lhe
contei do editor, ele viu o contrato.
Vou te sugerir uma coisa, tirou da sua
pasta um cartão, esse é meu advogado, ele sempre me sugere, que eu faça um
contrato pelo livro, nada mais do que isso, pois senão fico com problemas, veja
o Cameron assinou um contrato, agora é obrigado a escrever, lhe deu um branco.
Agora entendia certas coisas, por isso dava
aulas de escritura criativa.
Agradeci,
ele me levou ao escritório do advogado, esse me deu um contrato, já conhecia o
editor, ligou para ele, disse que eu aceitava, mas dentro do contrato dele,
seria por cada livro editado, além disso, esses trinta por cento, me parece
muito, esse livro vai ser um sucesso, por isso, que tal reduzirmos esse
primeiro livro e edição, para vinte, os seguintes, cobras quinze.
Se escutava gargalhada do outro lado.
Contei ao professor, que tinha me convidado
para trabalhar nas férias lá.
Acho que deves aceitar, a bolsa de estudos
é para o ano que vem, quando terminas, assim será mais fácil.
Encontrei com o Jin que vinha te ter
apresentado o trabalho para o Cameron, ele gostou, disse que nessas férias eu
devia ir tomar um banho de Japão, me indicou um professor da universidade, para
que revise alguns termos que uso.
Ainda me soltou na cara, se eu queria ir
com ele ao Japão.
Lhe contei do convite que tinha, ficou me
olhando, usava um boné, fez um gesto de reverencia, Touche.
Rever o texto da Fethima, foi fácil,
parecia que eu já sabia o truque, ela se perdia na primeira parte, vi que não
queria se colocar no lugar do personagem, mas depois deslanchava.
Telefonei para ela, que apareceu em
seguida, estivemos conversando a respeito, tu só tens duas opções, ou muda todo
o princípio do texto, pegando esse personagem que surge mais adiante,
transforme o mesmo o que não queres fazer pessoalmente, aí fica completo.
Disse que ia passar as férias estudando a
língua do seu pais, o Iran, que assim ficaria mais completa, sei falar, mas nem
ler e escrever.
No dia seguinte não tinha aulas, foi falar
com o editor, que aceitou o contrato, vamos editar imediatamente.
Tenho uma sugestão, revise estas histórias
de antes, vamos lançar como um livro de contos, enxugue o texto.
Marcamos quando eu poderia começar a
trabalhar. Teria que falar com minha
chefa.
Essa riu muito, dizendo quero ler os
textos, mas te digo, ele é um dos melhores editores da cidade, quiça do
pais. Se gostou é porque está bem.
Tire como férias, depois já veremos.
O melhor foi a semana seguinte, Cameron não
me chamou nem uma vez.
Tinha falado com ele no seu gabinete, que
tinha assinado um contrato, segui a orientação do editor, procurei um advogado
que me orientou, nada de contratos de tantos livros por ano.
Achas que posso usar o texto que escrevi,
que foi publicado na revista.
Ou o texto é deles.
Vou consultar, depois te falo. Ele quer publicar como se fosse um livro de
contos, mas eu preferia, fazer isso com os textos do Jin e Fethima.
Ele sério olhou para mim, vais dar certo
nisso, mas não deixe de escrever, vi o que fizeste com o Jin e com a Fethima,
me disseram que te consultaram, os orientaste dentro do texto.
Poucas pessoas fazem isso.
Por tua culpa, voltei a escrever, depois
que tiver mais texto, de dou para ler.
Quando Cameron lhe mostrou a primeira parte
do livro, descobriu que de uma certa maneira falaria dele, claro sem mencionar
seu nome.
De como tinha reaprendido a analisar
sentimentos, que pensava que tinham morrido em sua crise, sem poder escrever,
mas que o contato com gente jovem o tinha feito recuperar a fé nisso. O texto era bom, mas faltava alguma coisa,
sem pensar, soltou faltas que te impliques que assumas realmente quem eres, por
detrás da fachada de professor, de um escritor com sucesso.
Ele ficou primeiro vermelho, depois começou
a rir, acabou numa gargalhada, não se pode ensinar as pessoas, viram um perigo.
O que queres dizer com isso?
Criaste uma capa protetora que te protege, veja
bem, teu interesse por mim, é uma mistura de sentimentos, que não analisas
direito, de um lado, queres fazer sexo, de outro, gosta como eu escrevo, que
aprendi a analisar contigo, mas em momento algum, mostras o homem que eres na
verdade, uma pessoa, controvertida para ti mesmo, queres tudo isso, mas aonde
está o Cameron verdadeiro.
Lhe deu um beijo na boca, saiu correndo de
seu gabinete, estava atrasado para falar com o Jin que ia para o Japão primeiro
como férias, depois já se veria.
Ele começou a trabalhar no dia seguinte,
encontrou uma mesa grande, cheia de textos em cima, pilhas deles, uma senhora
se apresentou, seria sua secretária, eu devia estar aposentada, mas trabalho
aqui, desde o editor antigo, pai do atual, ele me sugeriu trabalhar contigo,
pois me falou muito bem de ti.
Todos esses textos, são de pessoas jovens,
alguns são suecos, outros inclusive finlandeses.
Fiz uma coisa, os coloquei por ordem de
chegada, pois creio que assim, vamos limpando o cenário.
Nesse dia, leu 10 textos, desses só ficou
um, assim mesmo o reveria, para fazer anotações.
Perguntou a senhora o que se fazia com os
rejeitados.
Nada, já que não se vai editar, nem sequer
arquivamos, devolvemos a pessoa, dentro do mesmo envelope, com uma carta
explicando que não foi aprovado.
Bem, pelo menos recebem uma resposta de
algo que estão esperando a meses.
No final do dia, pegou um novo texto, tinha
a cabeça cansada, mas a primeira parte era super interessante, pensou levo para
casa.
Depois pensou bem, se fazia isso, perderia
o tempo precioso dele mesmo.
Nesse dia não escreveu nada, deixou sua
cabeça descansar.
Viu que tinha uma mensagem do editor, a
pergunta era se ele queria algum adiantamento sobre o livro.
Respondeu imediatamente que não, preferia
receber dinheiro quando vendesse, assim iria fazendo dinheiro para sua ida a
América.
Dormiu tranquilamente, despertou a uma
certa hora, com o celular tocando, o apagou, viu que era Cameron.
Sinto muito pensou, mas necessito minha
cabeça limpa pelo menos uns três dias.
No dia seguinte quando abriu a porta, tinha
um envelope, já que não me abriste a porta, deixo para que leias, que a crítica
seja mais suave.
Tinha encontrado um lugar ideal para tomar
o café da manhã, a volta da editora, deu uma olhada no texto do Cameron, agora
sim estava interessante, começava com ele analisando seu sentimento de estar
com a cabeça vazia, sem poder pensar em nenhum texto. Porque tinha aceitado trabalhar com jovens
num curso de escritura criativa. Embora
soubesse que nem todos os alunos brilhariam com luz própria.
Falava abertamente, de quando o tinha
visto, com todo aquele tamanho, pensou o que faz esse gigante na minha sala.
A descoberta que o gigante era sumamente
inteligente, que seus textos era ricos em detalhes, que entendia como tinha que
ser o trabalho de sua cabeça, de como era receptivo a ser guiado, falava do Jin
e Fethima, como buscavam dentro de si, essa essência de escrever, pisando firme
no chão.
Acabo descobrindo, que contei histórias,
mas sem nunca me envolver nelas, analisava seu primeiro livro, na época era
professor de literatura comparada, de como o tinha afetado, escrever com uma
certa distância, de um acontecimento, uma ruptura, que jamais voltaria a
mencionar a ninguém.
Começava contado essa ruptura, mas voltava
ao primeiro momento desse romance, que ele não tinha esperado.
Falava o que influiu o conservadorismo em
que tinha sido criado, temente a deus, ao pecado, como tinha sofrido para
romper esse molde.
Merda pensou, o café estava frio, pediu um
para levar, no trabalho acabou o texto, até aonde ia o Cameron.
Realmente era muito interessante vê-lo
analisar o seu primeiro livro de sucesso.
Depois seguiu seu trabalho, agora usava um
lápis vermelho, ia tachando as frases, ou mesmo uma palavra ali perdida.
Separou dois dessa pilha, outros dois,
separou numa pilha que começava, ler de novo atentamente escreveu em cima.
No final de semana, tinha acabado tudo que
estava ali, seguiu trabalhando, ficou sem saber se era para passar esses
separados, para algum outro editor, mas resolveu rever todos que tinha
separado.
Na segunda falou com o chefe, como tinha
procedido, agora vou rever todos, analisar, chamar os escritores se acho
necessário.
Fez uma coisa, não posso ser o editor desse
livro, mas li essa primeira parte, sei que o Cameron é editado pelo senhor.
Quando viu a temporada de férias acabou,
voltaria as aulas em breve, nesse tempo tinha levado a sério o que fazia, só
saiu basicamente duas vezes com a Fethima, que estava ampliando o trabalho que
tinha feito para o Cameron, quando termine, quero que leias, me diga se tenho
possibilidades.
Esse ano, ele estaria mais fora que o
normal, tinha só que fazer algumas materiais, era como se o projeto de pós-graduação,
fosse mais emergente.
Não tinha visto o Cameron todo esse tempo,
recebeu uma carta do Jin, que lhe contava que tinha resolvido ficar um ano por
lá, nem sabia que seu avô era vivo, estou com ele.
Aceitou o convite de seguir trabalhando na
editora, já que o trabalho que ele tinha feito, tinha que ter continuidade. Se saia bem falando com os jovens
escritores, além de claro ganhar muito mais, assim podia juntar dinheiro para o
que vinha pela frente.
Seu livro saiu, foi um sucesso, o chefe lhe
disse que tinha sido procurado por dois cineastas que queria transformar o
mesmo em filme.
Disse que ia pensar, se matriculou num
curso que fazia logo de manhã, de como escrever um roteiro.
Pegou os recursos básicos, começou a
desenvolver o roteiro, o que primeiro fez, foi reanalisar os sentimentos desse
garoto, que de surpresa, vê um cadáver, atirado na lateral de uma estrada, como
a neve tinha caído nessa noite, revisou mil vezes esse início, para saber como
fazer melhor.
A formula que achou, foi como fazia
diariamente, parava da porta analisava o que tinha acontecido durante a noite,
quanta neve tinha caído como estava o frio.
Então o roteiro partida disso, uma coisa
normal, colocar os irmãos em fila, para irem a escola, de repente a ruptura,
ver o homem morto.
Quando mostrou ao seu chefe dois roteiros,
ele gostou dos dois.
Agora era negociar, passou para o seu
advogado fazer isso por ele.
Os dois cineastas tinha se interessado, a
parte financeira era com o advogado, mas aceitou falar com os dois, um sentiu
logo que esse captaria a ideia, mas a construiria à sua maneira.
O outro elogiou como ele tinha montado as
cenas, me facilitaste o trabalho. Disse que ele sabia que os diretores eram
cabeças duras se apropriavam de um texto, faziam do mesmo uma história que eles
mesmo tinham elaborado.
O segundo ficou com a história, iniciaria o
filme como ele tinha escrito.
Nesse meio tempo foi para NYC, era como se
estivesse de férias da editora.
O mais interessante, era um dos únicos ali,
que já tinha alguma propriedade literária publicada.
Conversou muito com seu orientador.
Seu livro agora seria traduzido para o
inglês, ele mesmo começou a fazer isso, era duro encontrar palavras em inglês,
para dizer o que tinha sentido.
O professor se surpreendeu que ele em menos
de um ano, tivesse o trabalho feito.
Se informou, sobre como ir até os índios, foi
uma experiencia única.
Foi a um encontro tribal, nenhum dos outros
companheiros se interessou.
Mesmo ali, ele era como um gigante no meio
daquelas pessoas morenas, se destacava.
Foi um momento magico em sua vida.
Fez amizade com um chefe índio, bem como o
chamã de sua tribo, entrevistou longamente os dois, perguntou se podia ir até
sua aldeia, para escrever sobre os dois.
O melhor foi descobrir que os dois eram
irmãos, escolhidos ao nascer, qual função tocaria a cada um.
Acabou o curso, seu livro tinha ido muito
bem de venda, isso refletia sua conta no banco.
Resolveu realizar seu sonho, foi para a
reserva aonde viviam esses homens.
Conversou longamente com o chefe primeiro, ele
falou desde sua infância, a responsabilidade de saber que tinha que ser o
melhor, para poder dirigir seu povo.
Fez uma experiencia com ele, montado num
cavalo, no meio de um rebanho de búfalos, que disparam. Foi uma coisa única.
Depois falou longamente com o chamã, esse
adoraria ter estudado medicina, mas conseguiu pelo menos ser enfermeiro, agora
com a idade, via tudo de uma maneira diferente, ao contrário do irmão, ele via os
guerreiros mortos. Falou das suas
experiencias todas.
Um dia preparou numa cabana a parte,
entraram os três sem roupa, era como uma sauna, tudo que tinham era um cheiro a
canela, bem como baunilha.
Se sentiu liberado, nessa noite sonhou que
estava justamente em cima de um cavalo, com os braços abertos, no céu negro
ameaçava chover.
A chuva caindo sobre ele, no meio dos
búfalos, ele ali de braços abertos.
Voltou para Oslo, se reincorporou a rotina,
seu chefe lhe trouxe um dia duas coisas, um era seu novo livro, nas verdade as
histórias que tinha escrito durante o curso, mas eram novelas curtas.
O outro era o livro do Cameron, me disse
que ele queria que fosses o primeiro.
Era um livro cru e realista, sobre um
escritor que não consegue botar uma palavras no papel.
De uma certa maneira ele rompia os moldes
inclusive do primeiro livro, tinha encontrado um roteiro para seguir em frente.
Nas férias seguintes, não teve conversa,
estava impressionado, pois não parava de sonhar sobre a mesma coisa, a imagem
que tinha, em cima de um cavalo, sentindo a liberdade.
Desta vez aprendeu a montar como faziam os
dois irmãos, sem sela, foi todo um descobrimento, pois tinha que se equilibrar
melhor.
Um dos dias ameaçava uma chuva imensa,
tirou toda sua roupa, ficou nu em cima do cavalo, no meio dos búfalos, cavalos,
o seu parado estático, a chuva caindo, relâmpagos caindo como se estivessem ali
fogos de artifícios, esse sentimento, ele guardou dentro dele, escreveu
primeiro um conto, sobre esse sentimento.
Depois colocou no papel um romance, em que
falava do sonho de um jovem, sobre essa imagem de cinema, da liberdade no meio
de um rebanho de búfalos, montado em cima de um cavalo, a chuva caindo
torrencialmente sobre el, seu corpo nu reagindo a todas as sensações, como os
relâmpagos, o rebanho estático, bem como seu próprio cavalo, a sensação do
sonho realizado, ir abrindo os braços gradativamente.
Falava do passado que tinha ficado para
trás, que tinha nascido em um lugar completamente diferente. Falava das duas sensações, a que tinha em
criança, de abrir a porta só ver neve branca por toda parte, ali ao contrário
quando estava no deserto, com seus cactos, esse contraste, analisar aonde era
mais feliz.
Chegou à conclusão que era feliz, no seu
quarto pequeno, podendo escrever, descrever tudo isso.
De novo tanto o conto que foi publicado
numa revista de cultura, como o livro fizeram sucesso, traduzido para várias
línguas.
Jin voltou do Japão, completamente
diferente, cabelos compridos, uma tatuagem em cima da mão a qual escrevia,
trouxe dois textos que tinha escrito, queria que ele corrigisse e falasse sobre
os mesmos como os via.
Foram semanas de reunião pela noite,
revisaram tudo.
Dirigiu o amigo a pensar, começar o
primeiro livro a partir da sensação que lhe faltava alguma coisa ligada ao seu
passado, que era tema tabu em sua família.
As coisas que ele tinha guardado na sua
mente, incorporando o que ele tinha escrito antes, a história que lembrava do
avô, todos os sentimentos confusos da sua chegada ao Japão, pois como tinha
sido criado em outro lugar, a maioria dos seus valores eram outros.
Depois no seguinte, era seu encontro com
seu avô, os ensinamentos dele, sobre o passado da família como samurais, ao
momento que se uniram a Yakuza, ele tinha como que absorvido tudo isso.
Inclusive o velho falava da negação da
filha, bem como alguns dos filhos, como se ele fosse louco, mas a família tinha
perdido tudo durante a segunda guerra, a única solução que encontrou foi entrar
para a Yakuza, lhe contou a história de seu irmão mais velho, educado estritamente
como samurai, que se tornou piloto Kamikaze no final da guerra, desaparecendo
no Pacífico, um rapaz que amava os livros, que sonhava ser escritor.
Para seu avô era como se ele fosse a
reencarnação desse seu irmão, relatou como tinha se sentido com a noticia de
sua morte, a chegada dos americanos, como acabou se unindo aos da Yakuza.
Era um livro do encontro de um homem do
presente, com seu passado, que nunca tinha se falado, quando mencionou ao seu
pai, este gostou, mas sua mãe ficou uma fera, desde sua partida.
Tentou falar com ela, porque não aceitava o
avô, deu de cara com um muro.
Isso segundo ele tinha aprendido era
natural no Japão, as coisas intimas nunca se falavam, entendeu que o avô tinha
conversado com ele, pois estava com um câncer, podia morrer de uma hora para a
outra.
O ajudou a montar o livro, quando o
apresentou ao editor chefe, esse além de aprovar, disse que dava um belo
filme. Agora tocava insistir com Jin
que fizesse o curso de roteiros, mas este estava com a cabeça em outro lugar,
autorizou que ele fizesse a versão para cinema, foi passar os últimos dias do
avô no Japão.
Ele conhecendo o amigo, se colocou na pele
dele para escrever o roteiro, mandou a primeira prova para ele, que riu muito,
mostrei ao meu avô, tinha levado o livro, li para ele como tinhas escrito, no
final disse um ah, disse que conseguia visualizar tudo como tinhas feito, que
conhecia alguém que lhe devia favores.
Pediu que ele fosse até lá, tirou férias,
foi, já no embarque, quando a maioria dos passageiros eram japoneses, achou
divertido que todos se inclinavam para ele, afinal parecia um lutador de sumo.
Jin o esperava em Narita, o levou aonde
vivia seu avô, num campo fora de Osaka, pelo visto a central da família da
Yakuza que pertencia.
O comentário do avô foi justamente esse,
que ele parecia um lutador de sumo.
Fez questão de o levar aos banhos de ofurô,
justamente aonde iam todos da Yakuza, foi extremamente interessante, todos se
aproximavam para render pleisia, ao mesmo tempo que se inclinavam para ele, que
correspondia, seu amigo tinha lhe ensinado que era importante.
Um deles era como ele, imenso, se tornaram
companheiros, esse lhe ensinou o básico do Sumo.
Depois conversaram com o diretor de cinema,
discutiram como dois loucos o texto, seu novo amigo, Tksuro, o arrastou pela
noite, dizendo que ele tinha que encontrar a alma japonesa, lhe mostrou o Japão
atual, depois o arrastou de aonde tinha saído, uma vila perdida no vale perto
do monte Fuji, para ele entender o passado.
Todos queriam fazer tatuagem nele, mas sua
pele era muito fina.
Um dia os dois tomando banho num lago,
fizeram sexo, nunca tinha se sentido assim com alguém, disse ao ouvido dele,
que poderia gritar como Tarzan, batendo no peito.
Ninguém pode saber disso, pois somos muito
fechados, mas se matava de rir, pois era ele quem fazia gestos para lhe tocar.
Releu o texto inteiro, começou a colocar no
mesmo, essas coisas que ele tinha absorvido, como a reverencia, o respeito, o
velho lhe falava muitas coisas, que Jin ia traduzindo.
Um dia o velho rindo muito, disse para o
neto, que o Tksuro, estava louco com seu amigo gigante, que os dois deviam
fazer sexo para se realizarem.
Falou isso para o rapaz na frente dele,
ficou vermelho como um pimentão, se dobrou no chão, encostando a cabeça,
perguntou se o seu protetor o apoiava.
Claro que sim, aprendi isso com meu neto.
Um dia Tksuro, contou sua história, tinha
sido vendido em criança, pois era muito grande, era de uma região no norte, ao
parecer, antigamente havia russos imensos por lá, desse cruzamento de pessoas,
ele nasceu, mas comia muito, a família vivia no campo, não o podia sustentar
com comida, o venderam a um entrenador de lutadores de Sumo.
Mas ele nunca gostou de lutar, gostava de
certas partes, quando o avô do Jin o encontrou na rua abandonado pelo
treinador, já que ele não servia, o tomou sobre seus cuidados, era como o neto
que estava em outro lugar do mundo.
A partir desse dia, ele vinha dormir com
seu futon perto dele. Tinha medo de se
acostumar, começou a aprender com ele, como falar japonês.
Foi quando pediram que transformasse seu
livro, sobre o que tinha sentido com os índios, comentou e contou a história ao
Tksuro, esse ficava em pé dentro de casa, abria os braços como ele falava,
soltava grossas gargalhadas, o levou pelas encosta do monte Fuji, até uma parte
que era um despenhadeiro, contou que uma vez tinha ido ali, para se matar, já
que ninguém lhe queria. Cheguei aqui,
tirei toda minha roupa, a dobrei, fiquei só com o taparabos, me preparei, fiz o
que me disseste outro dia, dei o grito do Tarzan abri os braços, me senti livre
completamente, nesse momento como um milagre apareceu uma velha, sem idade
nenhuma que vivia por ali, me fez sentar, conversou comigo, voltei para cá me
sentindo livre.
Mas livre sou agora que te conheço.
O levou consigo para Oslo, foi
imediatamente para uma escola para aprender a língua, fez muitos amigos, pois
claro chamava muita atenção aquele homem imenso, cheio de tatuagens, um diretor
de cinema o descobriu, o ajudou a se preparar para o filme.
Agora o quarto dos dois, era todo de
tatame, pois a ele, lhe dava medo cair da cama.
Cameron quando os viu juntos, riu muito,
disse que queria ficar no meio dos dois.
Tksuro não gostou, disse que nem pensar,
era homem de um só. No fundo Cameron
tinha alguns gestos de homem mais frágil, ele disse que não gostava.
Jin tinha ficado no Japão cuidando dos
últimos meses do avô, só voltamos para seu enterro, fui conversar com sua mãe,
a convenci de ir, que para o Jin isso seria muito importante. Acabaram indo seus pais.
Depois do enterro voltamos, fui com Tksuro,
para os Estados Unidos, encontrar meus amigos índios, foi uma festa imensa, era
como se ele estivesse em casa, um dia de chuva, ele saiu nu no pasto, ficou ali
parado com os braços abertos, disse que finalmente era livre, que queria ficar
ali com seus novos amigos, me amava, mas minha vida era absorvente, ele tinha
que ficar esperando que tivesse tempo para ele, ali ele estava bem.
O que era chamã, concordou com ele, ficou
ali, agora a cada tempo livre corria para lá.
Sua irmã o localizou, pois um dia viu um
filme na televisão, o que falava deles em garotos, vendo o homem morto, assim
descobriu aonde ele vivia e o que fazia.
Contou que agora a fazenda era dela, que
vivia ali basicamente sozinha, que tinha empregados por temporada, que tinha
deixado de criar porcos que odiava.
Foi até lá visita-la, foi como fazer o
caminho inverso do que tinha feito, foi interessante.
Passou um final de semana ali com ela, os
outros irmãos estavam dispersos pelo pais.
Isso de uma certa maneira lhe deu paz, só
sentia uma coisa, uma falta brutal do Tksuro, pois com ele se sentia feliz.
Quis fazer uma experiencia, de lá
trabalharia, escreveria como sempre.
Desta vez Jin que tinha voltado depois do
enterro do avô, foi com ele, disse o mesmo que Tksuro, era como encontrar
outros de sua própria raça.
Ele com seu dinheiro comprou umas terras
ali ao lado, construiu uma casa tipicamente japonesa, para agradar seu amado,
que orientou como devia ser, seus amigos adoravam, Tksuro, construiu um ofurô
que foi uma sensação, agora todos se metiam nus ali, ficavam conversando.
Ele pediu licença a todos, colocou vários
gravadores em ângulos diferentes, gravava a conversa deles, que se esqueciam
que estavam sendo gravados, falavam de tudo que sentiam, da vida como os jovens
de hoje não respeitavam a tradição, o perigo das drogas, como cada um via isso.
Contavam histórias que tinham se passado
ali, principalmente o que era chamã, como via os seus desaparecendo com tantas
opções falsas.
A pouco tempo tinham lhe deixado um garoto,
que não tinham pais, os avôs, acharam que ele poderia ser um futuro chamã, mas
era uma criança como outra qualquer.
Se metia no ofurô com eles, ficava
escutando tudo muito sério, um dia contou como se sentia, ao se dar conta que
os pais viviam nas drogas, que desapareciam o deixando para trás, quando o
arrastavam pelas ruas para pedir dinheiro, uma vez um pédofilo o quis comprar,
por sorte sua mãe não permitiu, pois seu pai estava louco por drogas, o queria
vender.
Isso sem querer o uniu ao Tksuro, que
contou como tinha sido com ele, se tornou sua sombra.
As vezes em noites de tempestades, corria
para se jogar num futon ao lado deles.
Era como se Tksuro fosse seu protetor.
Seguiu trabalhando com edição, agora os
editores americanos, lhe mandavam trabalho, Jin trazia escritores jovens
descendentes de japoneses, para conversarem com ele, vinha até lá, se não tinha
dinheiro, lhes pagava a passagem, ficavam um tempo refazendo seus livros.
A única coisa moderna que tinha era uma
antena de Hi-fi, para a internet, o resto era como gostava o Tksuro, tudo
tradicional.
Ele tinha aprendido a língua dos nativos,
falava perfeitamente, por isso todos confiavam nele.
Não conseguia imaginar sua vida a partir de
agora longe dali.
Escreveu um livro falando principalmente
nisso, um homem sueco, que sai das região das neves eternas, para viver perto
do deserto.
Ainda saia com seu amigo que era chefe,
para andar a cavalo, se meter no meio das manadas, aonde o cheiro nunca lhe
incomodava, Jin dizia que era muito forte, mas ele que tinha sido criado
sentido o cheiro dos porcos, nada disso era importante.
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