GOLPE

 

                                                     

 

Estava farto, era a terceira tentativa para mata-lo, essa última tinha sido a pior, pois tinha uma vítima colateral, uma pessoa que não tinha nada com sua vida.

Tinha saído do escritório de seu advogado, estavam resolvendo as últimas coisas pendentes, por sorte sem querer viu o brilho no alto do edifício, olhou para o vidro do banco ao lado, viu um homem com uma espingarda, devia estar esperando o momento certo, ele por instinto se abaixou atrás do primeiro carro que viu, o tiro atingiu um homeless, que estava ali, encostado no vidro.

Ficou esperando a polícia, disse ao policial que chegou primeiro, que chamasse o inspetor Andrew, disse a delegacia do mesmo, diga que atentaram de novo contra Lawrence Reign.

Quando este chegou, indicou desde aonde vinha o tiro, como tinha percebido, resultado de quem esteve na guerra, sabia que o outro também tinha estado no Golfo, inclusive era do mesmo batalhão que tinha sido de seu irmão mais velho, infelizmente tinha morrido por lá.

Este o deixou com dois agentes, com outros dois subiu até o mesmo.

Nisso ele olhou para o outro lado da rua, lá estava o que tinha sido seu melhor amigo, com certeza vinha ver se tinha conseguido o que queria.

Todos deviam pensar, que se ele morresse herdavam alguma coisa, nada mais longe da verdade, tinha se preparado muito para isso.

Seu pai, a muito tinha tido um enfarte, vivia na mansão familiar, se é que se pode chamar de mansão, um lugar caindo aos pedaços.

Quando seu irmão morreu, lhe tocou casar-se com uma herdeira milionária que já vinha com o primeiro filho na barriga, obrigado por seu pai, para salvarem o patrimônio familiar.

O velho não podia vender a fábrica que administrava, porque na verdade pertencia ao seu avô materno, bem como fábricas na China e na Índia.

Ele quando voltou da guerra, ela já ia para o segundo filho, ele se negou a dar seu apelido, na verdade tinha mudado o seu assim que voltou, foi uma batalha com seu pai, que se negava a aceitar isso, deixou de ser Remington, para ser simplesmente Reign, o sobrenome de seu avô materno.

Nunca mais pisou nem a casa da mulher com quem era casado, nem a velha mansão, seu avô tinha voltado, apesar da idade, a administrar a sua fábrica perto de Londres.

Ele foi para a China, falava o Mandarim perfeitamente, tinha estudado a pedido do avô, lá levou quase dois anos, colocando a fábrica em dia, quando ficou tudo em ordem, funcionando, dando lucro, vendeu para uma empresa Chinesa, que fabricava para os Estados Unidos.

Esse dinheiro, foi depositado por ordem do velho, num banco na Suiça.

Depois voltou para ver o velho, conversar sobre a fábrica da Índia, sabia que o avô tinha comprado teares das fabricas que o governo inglês tinha mandado transformar tudo em eletrônico, os manuais, ele levou para uma cidade perto de Mumbai, fabricavam tecidos a maneira antiga, tinha um mal administrador, que vinha roubando muito.

Mais dois anos fora de casa, ele adorou esse tempo, vivia, numa bela casa, perto da fábrica, na praia, foram anos felizes segundo pensava, se livrando ao mesmo tempo, dos pesadelos da guerra.   Quando vendeu a fábrica, levou tudo para Luxemburgo, outro paraíso fiscal.

Quando voltou, já tinha por assim dizer um terceiro filho, ao mesmo tempo para o enterro do avô. Seu pai tentou se aproximar, mas quando viu que o chamavam por outro sobrenome, deu uma de diva de opera saiu ofendido, dizendo que ele nunca seria seu herdeiro.

Ao mesmo tempo fez uma coisa, pediu o divórcio, nenhum dos três filhos era seu, provou isso com provas de ADN, a mulher não esperava.    Foi quando soube que seu amante, era o seu melhor amigo da época de universidade, o mesmo não tinha ido a guerra, nunca tinha trabalhado, perdeu todo o patrimônio familiar, vivia as custas dela, principalmente porque era um tipo bonito, que frequentava a alta sociedade.

Foi fácil, ela tinha se esquecido dessa história da prova de ADN, ficou por um momento com pena foi dos três que pensavam que eram filhos dele.

Ela apesar de tudo seguiu usando o sobrenome de seu pai, que estava em guerra contra ele.

Tinha voltado durante sua ausência, bem como com a morte de seu avô a administrar a fabrica de Londres, quando soube que o ia colocar na rua, simulou ou teve realmente um enfarte.

Conseguiu com isso uma pensão da empresa.

Mas para ele a vingança tinha apenas começado, foi quando teve a primeira tentativa de assassinato, vinha conduzindo, o velho carro de seu avô, vivia na casa que era dele.

Um carro se aproximou, estavam perto de um jardim, a janela se abriu, apareceu um homem com um revolver com silenciador.

Ele só teve tempo de desviar, batendo numa árvore, mesmo assim dispararam ao carro, ele abriu a porta se jogando no chão, do outro lado.

A policia apareceu, foi quando conheceu o inspetor Andrew, alguém tinha anotado a placa do carro, foram encontrar o mesmo queimado, longe dali.

Ficaram amigos, as vezes se encontravam, os dois tinham servido no mesmo batalhão, embora Andrew fosse da polícia militar.

Ele tomou posse da fábrica, já com uma oferta de compra, mas primeiro modernizou a mesma, coisa que sabia fazer, quando realmente valeu muitíssimo mais, a questão de 15 dias a tinha vendido, a uma empresa alemã, que fabricava a mesma coisa, mas queria essa para não ter o processo de exportação, já que o Brexit estava a volta da esquina, o duro foi convencê-los que o dinheiro devia ser depositado metade na Suiça, em sua conta.

Não comentou com ninguém sobre isso.

Nesse meio tempo, sua ex-mulher alegando ter perdido toda sua fortuna, conseguiu com um juiz fajuto, ordem para usar a casa que ele vivia.

Se mudou para um apart-hotel, aonde passou a viver.

Sabia que os dois viviam lá, que os filhos estavam todos em colégios internos, caríssimos, que quem pagava era o velho.  Ainda pensou, idiota, um dia o vão matar por causa dessa mansão.

Seu advogado, era o mesmo de seu avô paterno, um senhor já entrado nos anos, falou com ele que em breve seu pai perderia o lugar, por falta de pagamento de impostos a anos, além de falta de pagamento de empregados, só dois seguiam na casa.

Se queres comprar, compre a dívida do banco.

Ele disse que nem pensar, pois odiava aquela casa.   Ele bem como seu irmão adoravam a casa do avô materno, era perto da escola deles, só iam nas férias para a mansão familiar.

Para não ter problemas, seguiu os últimos dias na fábrica, quando tudo estava fechado, nem aos empregados comunicou, pois um dos acordos era que eles manteriam todos em seus postos.

Quando tudo estava resolvido, ele tinha da época que tinha sido militar, um revolver,  agora irão ver como se resolve os problemas.

A casa de seu avô era o paraíso deles, pois tinham descoberto que do quarto que ficavam, havia uma passagem secreta para a cozinha no andar de baixo, era uma escada muito estreita, que ficava na verdade atrás de um armário da cozinha, saia no andar de cima, numa lateral da janela, não se percebia nada.

Sua ex-mulher resolveu se instalar justamente nesse quarto, reformando o mesmo, depois teve a coragem de mandar a conta para ele, que se negou a pagar.

Sabia que por detrás dos atentados, estava seu antigo amigo.

Andou observando a casa durante várias noites, dormiam com a janela do quarto aberta, era uma dessas portas janelas, que se abria para uma pequena varanda.

Esperou uma noite sem lua, a iluminação da rua era fraca, foi com sua moto até a um quarteirão, a deixou ali estacionada no escuro, andou até a casa, ele tinha uma cópia das chaves, entrou pela cozinha, empurrou o móvel, foi subindo, quando era criança era fácil, mas agora seu tamanho o impedia de ir rápido.

Abriu lentamente o painel, estavam os dois dormindo abraçados, atirou em cada um na testa, afinal tinha sido campeão de tiro. Depois atirou outra vez no coração de cada um, para ter certeza.

Saiu tranquilo como tinha entrado, antes de sair da casa cobriu sua cabeça, com um capuz, prestou bem atenção se não vinha ninguém, a única pessoa que o viu, foi um senhor de muita idade, que tinha saído para jogar o lixo, perto de aonde estava a moto, mas o coitado ia falando com o cachorro, tão velho como ele.

Montou na moto, desaparecendo, a deixou aonde ficava sempre.

Tinha feito tudo isso, com luvas, evidentemente que na casa, mil coisas tinham impressões digitais sua.

Entrou por uma lateral do apart-hotel, que nessa hora, não tinha ninguém na portaria, dali foi fácil alcançar as escadas, sabia que os elevadores tinham câmeras de vídeo.

Entrou no seu quarto, tirou essa roupa negra, colocando numa bolsa, se livraria dela logo de manhã, quando saísse para correr.

Foi o que fez, voltou ao apart-hotel, tomou um belo banho, pois estava suado, depois se vestiu, hoje tocava falar com os empregados, depois dar uma entrevista a jornalistas, sobre a venda da fábrica.

Estava tomando o café da manhã, quando o inspetor apareceu, se serviu de café, como ele, bem forte, lhe perguntou se tinha saído essa noite.

Não, estava preparando o discurso que tenho que fazer hoje na fábrica, o Andrew era o único que sabia que ia vende-la.

Fechaste negócio?

Ele só riu, espere para ver.

Bom tenho uma notícia, serás investigado é claro por isso.

Ele já perguntava com o sentido, que merda aconteceu agora.

Alguém matou tua ex-mulher, bem como o que dizia ser teu amigo.

Já tínhamos descoberto que foi ele quem contratou para te matarem, mas não conseguimos muita coisa, apenas que ele ficou devendo esse serviço.

O revolver era militar, mas fora dos quarteis sabes que existem muitos.

Os filhos já foram avisados, estavam passando as férias na casa de teu pai.

Parece que as coisas hoje não foram muito bem para nenhum deles, a polícia chegou ao mesmo tempo que inspetores da fazenda, para embargarem a propriedade.

Parece que nesse momento, o velho estava te chamando, ou ao teu advogado.

É verdade, tenho o celular apagado desde ontem, pois não queria ser interrompido, enquanto escrevia o discurso, essas coisas não são fáceis de falar, bem como imaginei as perguntas, como ia responde-las.

Desta vez, o dinheiro fica aqui, ou vais colocar tudo fora de alcance?

Riu muito, pois Andrew era o único que sabia disso, mas ele tinha sido orientado pelo velho advogado.    As duas fábricas não existiam em termos em nome de seu avô, mas sim de sua mãe, como ele era o herdeiro, sem problemas, não tinha que declarar as mesmas na Inglaterra.

Andrew pensava o mesmo que ele, já demos muito para esses governos.

Dizia que odiava esse pseudo nobres, que a primeira coisa que diziam quando parados pela polícia, era se sabiam com quem estavam falando.

Mando logo prender.

Já olhamos as câmeras de vigilância do apart-hotel, na verdade não apareces, saindo nem entrando desde ontem.

Ele quase deu um suspiro, dava graças a deus nos corredores não ter câmeras.

Podes ir comigo, afinal a casa é tua.

Mas não posso demorar muito.

Perguntou quem tinha encontrado os dois.

A senhora da limpeza, que diz que é o senhor que a paga, falou mal horrores dos dois que viviam lá, inclusive chamando sua ex-mulher de porca.

Ela não via nada fora de lugar.

Tudo estava muito limpo, quem entrou o fez pela janela que está ao parecer sempre aberta, dos fundos é fácil subir, estão vasculhando essa parte.

Segundo os informantes, o sujeito a quem eles ficaram devendo dinheiro para te matar, jurou vingança.

Pior, temos uma pequena noção de quem possa ser, sabemos sim que foi militar.

Pois a precisão dos tiros na testa bem como no coração foram perfeitos.

Então podias ser nos dois, pois foste campeão de tiro Andrew.

Eram dois bandidos ao final, descobri, que os meninos não podem voltar a escola, o maior deveria ir a universidade, mas não tem notas para conseguir uma bolsa de estudos, diga-se de passagem, que as informações sobre os mesmos, são uma merda.

Por um milésimo de segundo, ele ainda pensou nisso, seguir pagando para os mesmos.

Mas diante desse informação, borrou de sua cabeça.

Nisso chamou o seu advogado, ele lhe disse que estava com o inspetor Andrew, que ia olhar como tinha ficado sua casa.

Teu pai não para de chamar, pois embargaram sua casa, lhe deram um prazo para sair, ou pagar a dívida.

Nem pensar.

Ele vai te encher o saco, quando descobrir que vendeste a fábrica, que ele sempre considerou como dele.

Problema dele. Se move um processo, aviso aos advogados que cuidado pois não tem dinheiro para pagar.

Todos os terrenos em volta da propriedade, foram vendidos a muitos anos, para pagar o custo de vida dele, se deu mal, pois quando minha mãe morreu, ele descobriu que tinha casado com separação de bens, eu fiz o mesmo, o advogado, a fez assinar documentos, no meio estava um de separação de bens, quando nos divorciamos, quis alegar que não sabia disso, mas o fato de viver uma vida como levava, três filhos de pais diferentes, não tinha ajudado muito.

Chegou justamente a tempo de ver os dois na cama, como estavam, ele parou na porta, recuou, como se isso o afetasse.  Já vimos tantas mortes, mas não estamos preparados para ver de gente que conhecemos, foi tudo que disse ao Andrew.

Lhe mostrou um sistema de vigilância, que não estava em funcionamento desde que eles tinham ido viver lá, disse como funcionava.

Ao mesmo tempo pediu que avisassem seu advogado, que assim que liberassem a casa, que ele devia trocar todas as fechaduras da mesma, temia que seu pai, bem como os filhos dela, invadissem sua propriedade.

Não se preocupe, o aviso em seguida, o acompanhava até a porta, quando chegou o mesmo com um dos seus auxiliares, esse lhe ia dar os pêsames. O Advogado riu, garoto tens muito que aprender.

Falou do sistema de alarma, que deviam acionar a central a qual pertencia, bem como trocar todas as fechaduras da casa, inclusive dessa janela do quarto, por enquanto ele seguia vivendo no apart-hotel, tinha dinheiro para isso, depois faria uma bela reforma na casa, se resolvesse ficar.

Ao mesmo tempo que pensou, disse ao advogado, veja qual o preço de mercado, viver nessa casa imensa, é muito para mim.

Comentou com o Andrew, a melhor época de minha vida, foi quando vivi na Índia, numa simples casa de praia, aquilo era o paraíso, pode ser que volte.

Foi para a fábrica, pediu desculpas pelo atraso, comentou o que tinha acontecido, mas vamos ao que interessa.

Os reuni, pois quando cheguei aqui, todos estavam desanimados, me ajudaram a levantar a fábrica, a vendi a 15 dias, os murmúrios eram imensos.

O advogado ao seu lado, fez sinal para ficarem em silencio. Mas fiz como uma condição, 30% pertencem a vocês, que aguentaram as loucuras de meu pai, que por pouco não afunda a mesma. Tinham dois diretores da época deles ali, antes que me perguntem, os diretores não têm nada nessa participação, só os empregados da fábrica, pois sempre dirigiram mal a mesma. Tem direito sim a aposentadoria, que é o que vai fazer o novo proprietário.

Apontou para dois funcionários do escritório do advogado, ele tem o nome de todos que tem direito a essa participação, espero que façam bom uso delas, o novo proprietário fabrica exatamente o mesmo que essa, isso para dizer que ele entende muito do negócio.

Tinham dois jornalistas misturados com os empregados, esse fizeram as perguntas que ele já sabia que iriam fazer.

Se ia fazer como das outras duas fábricas, se o dinheiro ficava na Inglaterra, ou fora.

Bom, nos negócios, sempre tem que ser como os governos querem, uma parte, sim estará aqui, servira para formar bolsas de estudos em nome de minha mãe, para filhos de funcionários desta fábrica, inclusive se querem ir a universidade.

Como ficam seus filhos nessa história.

Acho que está fazendo uma confusão, não tenho filhos, já provei isso, com as provas de ADN.

Soubemos que seu pai, está ameaçado de despejo da mansão familiar?

Ele riu, menor ideia, mas tampouco penso em pagar nada, esse homem desfrutou dessa fábrica, desviou dinheiro, nunca devolveu, mesmo sabendo que ele não era herdeiro de nada.

A mesma só tocava a mim e ao meu irmão mais velho, que morreu em nome da pátria, como se diz.

Se queres saber se vou ajuda-lo, que fique bem claro, nem um tostão a mais para esse sem vergonha.

E os filhos da sua ex-mulher?

Eles tem parentes, que se ocupem eles.

Depois conversando com o advogado, esse viria no dia seguinte, com o novo dono, para apresenta-lo, acho melhor eu passar um tempo fora.

Sim o dinheiro já está todo aonde deve estar.

O dinheiro daqui, vamos ter que conversar, como formar essas bolsas de estudos em nome de minha mãe, eu me apanho com o resto, creio que nem vivendo duas vida, usarei esse dinheiro.

Mas coloque a casa aonde vivia minha ex-mulher a venda imediatamente.

Queres alguma coisa de lá?

Nada, claro se fizessem uma obra imensa, podiam descobrir a escada, mas nem queria saber.

Andrew lhe chamou, dizendo que o que tinha atentado contra ele, tinha escapado para Rumania, aonde não tinha extradição, parece que quando se falou na morte dos dois, já estava no aeroporto.

Não sabes o que descobrimos, os dois tinham disparos na nuca, alguém os arrumou na cama, por isso não se via, o mesmo o arrematou com um tiro na frente, além do coração, as balas são do mesmo calibre.

Ou seja ele tinha se vingado a toa, já tinham feito o trabalho.

Convidou Andrew para dizer e perguntar se podia sair do pais, não queria ter que aguentar seu pai, que lhe chamava a cada 15 minutos, vou desligar o celular.

Comprou um desses de descartar, falou de novo com o Andrew, marcaram o jantar.

Era um restaurante normal, ali perto do apart-hotel, nem seu pai sabia que estava hospedado lá.

Conversaram sobre o assassinato, depois ele lhe perguntou que tal tinha ido na fábrica, ele contou como tinha feito a venda, só a da China não pude fazer assim, lá não estava permitido, mas na Índia fiz assim, só recebi 60% da venda.

Talvez vá até lá para ver se funciona direito isso.

Que lastima, se tivesse férias ia contigo.

Quando tens férias?

Dentro de um mês.

Bom vamos fazer o seguinte, eu tenho que ir ver meus investimentos, depois passarei um tempo no sul da França, quando tiveres férias me chama, esse celular, só tu tens o número, bem como meu advogado.

No dia seguinte, com luvas, protetoras, levou a moto até o aeroporto, a deixou estacionada lá.

Voltou para a cidade, sem o capacete, como mais um pessoa num ônibus normal.

Aproveitou foi a um balcão, comprou bilhete para essa noite para Genebra, para ver as contas da suíça. Essas era mais complicadas, pois esses bancos não aplicavam o dinheiro como fazia os de Luxemburgo.

Estava no aeroporto de noite, quando viu na televisão seu pai, falando dele, que era um mal filho, que o deixava na miséria, que tinha dado o que lhe pertencia aos funcionários da fábrica.

Pensou, como sempre, se acha acima do bem e do mal.

Fez tudo com muita calma, olhou o dinheiro da Suiça, transferiu a metade para Luxemburgo, depois foi para lá, tinha ganhado muito dinheiro com o que tinha pagado os Indianos, pois o mesmo tinham ficado rendendo.

No mesmo estavam numa caixa forte as joias de sua mãe, mas a muito tempo, isso desde que pegou a sua ex-mulher, com uma delas, achava que deviam ser delas.

Nem percebeu que era uma joia falsa, sua mãe sempre tinha medo de roubos, tinha feito uma cópia desta, que era a que mais gostava, pareciam diamante, mas na verdade era imitação.

A original estava na caixa do Banco.

De lá tomou um trem, foi para Paris, ficou uns quantos dias lá, falou com o Andrew, esse disse que seu pai tinha feito tanta confusão, pois queria entrar na casa, não sabia que tinha vídeo vigilância, os filhos dela igual.

As coisas que pertenciam a ela, teu advogado tinha colocado em caixas, entregou para eles, os mesmos reclamara de suas joias.

Descobrimos que ela as tinha vendido a muito tempo para manter seu tipo de vida, bem como de seu companheiro.

As famosas jornalistas das colunas sociais, devastavam a vida dela, inclusive apareceu pelo visto o pai do filho mais velho, segundo parece, era um simples jardineiro na casa da família.

Mas o filho nem pensa em aceitar isso.

Teu pai terá que ir para uma dessas residências de pessoas mais velhas, do governo.

Inclusive me procurou, para pedir se eu tinha seu celular, eu disse que tinha o número anterior, que não atendias.

Inclusive me ameaçou.

Acabei rindo, pois é uma figura patética.  

Sim sempre foi, foi o pior pai para qualquer um, quando meu irmão fez 10 anos, eu tinha 9, nos enfiou numa escola particular, nunca ia nos ver, passávamos as férias pelo acordo do juiz, na casa de meu avô materno, era genial.

Agora chegou a hora dele pagar pelo que fez, quem constrói paga.

Afinal vens ou não comigo a Índia.

Estou com um caso complicado nas mãos, já nos falamos, qualquer coisa te alcanço lá.

Ele foi, alugou a mesma casa, foi visitar o pessoal da fábrica, o novo dono o queria contratar como administrativo, mas ele tinha outros planos.

Meses depois quando chamou o Andrew, ficou sabendo que ele tinha morrido ao tentar resolver esse caso.

Ficou dias chateado, com a história.

Só voltou a Londres, para assinar a venda da casa, bem como vender o recheio dela, já que a iam demolir para construir, com mais duas dali, um edifício de luxo.

Se matou de rir, imaginando descobrirem a escada.

Transferiu esse dinheiro, depois de pagar os impostos, para a Índia, já não volveria mais a Inglaterra.

Montou ao lado da fábrica, uma escola, ia desde jardim de infância, aonde as crianças pequenas ficavam o dia inteiro, enquanto as mães trabalhavam, como o seguinte nível, para os que já iam a um nível avançado, ele ajudou a escola local, criando bolsas de estudos como tinha em Londres.

Quem veio sim visita-lo quando deixou tudo, foi seu advogado, amou o lugar, se não tivesse família vinha viver aqui.

Era tudo muito pé no chão, seu único luxo era um Ranger Rover de segunda mão, que ele cuidava como um filho.

Quando perguntavam sobre sua vida amorosa, ele dizia que era muito desconfiado para viver com alguém.

Se lhe perguntavam por que não formava uma família, ele dizia que já tinha muitos filhos, os garotos de sua escola.

Era uma verdade, tinha um gabinete, aonde os maiores vinham sempre falar com ele sobre o futuro, o que sonhava cada um, ele ajudava todos que podia.

Seu melhor amigo, era um pescador, que saia de madrugada, as vezes ia com ele no barco, era seu remanso de paz, lhe dizia o dia que eu morrer, podes trazer minhas cinzas para cá,

Adorava as noites de lua cheia em pleno mar, a paz que lhe trazia.

Viu muitos alunos chegando a algum lugar, se formando em médicos, engenheiros, alguns iam, não voltavam, as meninas mais, algumas tinham saído da escola, agora eram professoras lá.

No seu testamento, todo o dinheiro que tinha era para a escola, que tinha sido como ele imaginava, preparar para um futuro.

Quando perdeu contato com o Andrew, pela sua morte, com o advogado, pois esse logo depois de sua aposentadoria, foi viver com uma filha na América, nem tinha ideia do que tinha acontecido com seu pai, tampouco os filhos de sua mulher.

Tampouco se interessava muito pelo assunto.

Um dia estava na praia, olhando o mar, se sentou ao lado dele, um homem, na hora o reconheceu, como o que tinha atirado nele, desde o carro.

Ficou falando com ele, realmente quem o tinha contratado, tinha sido seu amigo, associado a mulher.    Seu pai sabia, pois o queria longe da fábrica, queria ele vender a mesma.

Eu vi você entrando, estava na varanda, quando saíste da parede, atiraste, mas na verdade já estavam mortos.

Foi então que vi como entravas e saia, fiz o mesmo trajeto atrás de ti.

Entendi que já estava fartos desses dois, por sorte nossa arma era a mesma, ninguém desconfiou, eu fiquei como o único assassino.

Mereciam, não me queriam pagar porque seguias vivo.

Confesso que quando te atirei de cima do edifício, errei de propósito, eu tinha diante de mim um homem que vinha lutando pela sua vida, tinha descoberto que tinhas lutado nas guerras, as merdas que esse teu amigo tinha feito contigo.

Quando os matei, foi em forma de vingança, odeio no fundo gente como eles, pois a história que me contaram era outra.  Depois lendo os jornais entendi o que defendias, bem como o que tinhas feito aqui, na China e lá, uma parte para os empregados.

Pensei esse sujeito não é o filho da puta que dizem ser.

Agora depois de muito tempo, resolvi vim te conhecer.

O que estás fazendo é sensacional, não tens lucro nenhum com isso na verdade.

Nada, só estou gastando o dinheiro que ganhei, não tenho filhos a não ser esses estudantes, família para mim, tirando meu irmão sempre foi um lastre.

Da mesma maneira que o homem apareceu, desapareceu.

Sem querer tinha sido um golpe de sorte, eles já estarem mortos antes de que eu chegasse, bem como as balas serem do mesmo tipo de arma.

Seus planos era seguir até aonde pudesse viver decentemente, ajudando aos seus, como considerava os da vila.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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