KARPE SMITH
Nunca soube por que lhe deram esse nome,
coisas na certa de seu pai, seus irmãos, também tinham nome diferentes.
Os gêmeos que vinham antes dele, tinham o
nome de Tom e Jerry, que eles aproveitavam para fazer a maior confusão, eram
idênticos, a brincadeira preferida deles, era imitar os desenhos animados, já a
mais velha de todos se chamava Dark, que ela odiava, quando ficou mais velha,
trocou de nome antes de ir a universidade, passou a se chamar Marie.
Ela foi a única da família que escapou via
universidade, conseguiu uma bolsa de estudos se mandou para o outro lado do
pais, a principio dava notícias, mas depois desapareceu, encontrar uma Marie
Smith, era complicado, existiam muitas.
Minha mãe que era super carola, resolveu
que eu tinha que ser padre, me enfiou num seminário, contra minha vontade, os
gêmeos, iriam para o exército, o que foi complicado, mandaram um para cada
lado.
Por sorte minha, eles eram mais velhos, me
ensinaram a me defender, quando o primeiro padre quis abusar de mim, na véspera
eles me contaram tudo sobre sexo, inclusive sobre os abusos, os dois tinham
sido coroinhas, o padre tentou algo com eles, se deu mal, levou uma surra dos
dois, por isso me avisaram, me ensinaram todos os golpes baixos.
O dito cujo levou a pior, comecei lhe dando
um chute no saco com toda minha força, como não me soltava lhe dei um soco na
cara, ai não parei mais.
A desculpa dele depois para os outros era
que tinha caído na escadaria do seminário, quando tentou de novo, o arrastei
para o claustro, no meio dele, tirei sua batina, abaixei suas calças lhe dei a
maior surra, sendo aplaudido por todos, no dia seguinte já não estava mais lá.
O prior me chamou a atenção, mas não espera
o que lhe disse, um dia, farei isso durante uma missa, já que nunca tomam
providencias.
Já estava no final, me pressionavam para me
ordenar, eu escapava, minha mãe chegou a ir ao seminário, queria me convencer,
que seria um orgulho para a família.
Disse que ia pensar, nessa época os meninos
tinham voltado da guerra, Tom estava completamente desequilibrado, Jerry tomava
conta dele, tinha ido a guerra por causa de meu pai, com a história de defender
a pátria.
Um dia estava entrando na sacristia, tinha
ido buscar vinho para a missa, lá estava um padre tentando abusar de um garoto
novo.
Não tive conversa, desci o cacete no mesmo,
o prendi com seu próprio cinturão, tirei toda sua roupa, o arrastei para o meio
da missa, o que rezava a missa era igual, a igreja estava cheia, pior que o
garoto era filho do dono do jornal da cidade, falei bem algo o que ele estava
tentando fazer, virei para trás, esse que está rezando a missa não fica atrás,
passa a mão em todos os meninos, o arrastei para ficar ajoelhado com o outro, o
prior tentava resolver a situação, mas alguém já tinha chamado a polícia, bem
como os outros jornais.
Foi um belo escândalo, o prior ficou
furioso comigo, mas eu o ameacei, no dia seguinte apareceu o Cardeal, um
policial, me deu uma coisa para colocar embaixo da mesa, escutariam tudo.
O mesmo começou com a história que os
meninos é que levavam os padres a pecar, que agora ele tinha que transferir os
mesmo para outra cidade, assim faziam sempre, mas os dois estavam presos,
queria que eu retirasse a denúncia, que fizesse uma declaração inocentando os
dois.
Inocentar os dois, se um deles estava nu.
Tentava de todos os meios, chegou a me
oferecer dinheiro, nisso entrou a polícia, levou o prior e ele presos, foi o
inicio de uma purga imensa na cidade.
Minha mãe ficou uma fera, eu soltei na cara
dela, que devia ter vergonha, pois ia a missa, para depois falar mal te todos
que estavam lá, de católica a senhora não tem nada, até as putas são mais
respeitáveis.
Claro me colocaram para fora de casa, bem
como do seminário.
Eu já tinha 18 anos, resolvi entrar para a
academia de polícia, Jerry tinha ficado furioso com nosso pais, pegou o furgão
do velho, colocou as coisas dele e do Tom, vieram comigo para San Francisco.
Fiz as provas, me saia bem nas provas, só
não sabia atirar, mas isso aprendi, breve era campeão, ele também acabou
entrando, contratou uma mulher para cuidar do Tom, ele tinha temporadas bem,
mas outras ficava como que parado olhando para lugar nenhum, catatónico.
Havia que lhe dar comida na boca.
Meu irmão foi ser inspetor direto, eu ao
contrário, fui patrulhar ruas, assim aprendi muitas coisas, mas fui subindo.
A mulher que tinha contratado não dava
certo, até que ele conseguiu um enfermeiro que tinha servido com ele. Levei um bom tempo para entender que os dois
tinham um relacionamento.
Quem visse o Jerry, com dois metros de
altura, o carro de policia era pequeno para ele, preferia guiar um furgão que
era mais alto.
Conseguiu um para a delegacia que estava,
por seus bons resultados.
Anos depois os dois voltariam para nossa
cidade, pois meus pais morreram, as terras ficaram para os três.
Foi ser xerife lá, levou com eles seu
enfermeiro, aliás esse o seguiria ao inferno.
Tinham na verdade se conhecido na guerra.
Ao parecer lá o Tom, começou a fazer uma
horta, se ocupava, estava mais tranquilo, nós falávamos religiosamente uma vez
por semana.
Tive que me mudar, pois a casa só para mim,
era imensa, foi duro, mas consegui por um acaso um studio perto da delegacia
que estava, nos subúrbios, era um lugar complicado, com emigrantes de todos os
lugares do mundo, principalmente mexicanos, eu aprendi a falar espanhol, afinal
no seminário tinha aprendido latim, francês, então outra língua foi fácil.
O grande problema era as gangs de drogas,
mas era conhecido como implacável, alguns que me ameaçavam com armas, eu lhes
dava uma bela surra.
Teve um, um garoto de 17 anos, que com essa
idade, já era chefe de um grupo que distribuía drogas na frente da escola, o
avisei duas vezes, na terceira, o peguei, abaixei suas calças, tirei um
cinturão que usava, nessa hora saiam todos da escola, fizeram um grupo em
volta.
O deitei nos meus joelhos, lhe dei uma
surra de fazer gosto, o pior que o seu cinturão era cheio de coisas de metal,
ficou para sempre com a bunda marcada.
Avisei a todos, se os voltava a ver ali na
entrada da escola, estavam perdidos, não devolvi o cinturão, claro o meu chefe
me chamou a atenção, queria me suspender, mas a quantidade de pais, me
agradecendo, o fizeram mudar de opinião.
Eu fazia uma coisa todos os dias, logo de
manhã, na hora que os meninos entravam na escola, parava meu carro justo na
porta, ao meio-dia fazia igual, se estava com algum caso, pedia um carro de
patrulha para lá.
A diretora ficou minha amiga.
Um dia peguei um garoto totalmente drogado,
o levei para o centro do pátio da escola, o deixei ali sentado, estava mijado,
cagado, tinha vomitado, pois eu tinha provocado.
Disse para todos, é assim que querem ser na
vida, falei o que acontecia, da dependência.
Quando andava nas ruas, os pais vinha falar
comigo.
Um grupo tentou me matar, mas quando vi o
carro vindo em minha direção, com um idiota com meio corpo para fora do carro,
as calçadas estavam cheias, em vez de me esconder, me coloquei no meio da rua,
acertei o condutor, bem como o que ia atirar.
Foi a conta, ameacei os traficantes, ali no
meu bairro, se davam mal.
O pior era que eram sempre jovens, depois
de muito trabalho, consegui diminuir o problema, por causa disso, me
transferiram para outra delegacia mais central, agora era o inspector chefe
mais jovem, uma das minha tarefas era treinar o pessoal que saia da academia.
Falava sempre com o Jerry, Tom cada vez
mais fechado, de difícil controle, as vezes podia ficar sem falar semanas, de
repente tinha um pesadelo.
Jerry agora dava aulas pela manhã na
cidade, tinha feito um curso apertado, gostava da fazenda, mas nunca tinha sido
seu sonho, a mantinha, somente para poder isolar e cuidar do Tom.
Tinha alugado a maioria das terras, mas
nada perto da casa.
Treinei a primeira leva de cadetes vamos
assim dizer, os que saiam sem experiência nenhuma da academia, mas que
inicialmente iriam patrulhar as ruas.
Quando chegou a segunda leva, um deles se
destacava, se via que tinha vivido nas ruas, era o mais bonito deles todos,
observei que se aproveitava disso para ganhar a confiança das pessoas.
Nos dias que esteve patrulhando comigo, me
surpreendi, sabia se manejar para conseguir informações, me contou que tinha
família, uma mulher e um garoto, os dois eram do mesmo orfanato, tinha passado
muitas merdas na vida.
Um dia apareceu no meu apartamento, queria
falar comigo de uma proposta que a DEA tinha feito a ele.
Fiquei horrorizado, era muito jovem para o
que lhe propunham, lhe disse que era jovem demais, que tinha um filho em que
pensar.
Em dado momento, se aproximou, me beijou,
nunca tinha sido beijado assim, se desnudou completamente, tinha um corpo muito
bonito.
Mas o brequei, eu era seu chefe, isso não
podia acontecer, virou-se para mim, dizendo que o que falavam de mim era certo,
era como um eunuco.
Lhe disse que meu passado pesava muito na
hora de ter um relacionamento, que não me escondia como ele pensava, todos
sabiam que eu era gay, mas daí a ter um relacionamento dentro da própria
delegacia não.
Ficou um pouco frustrado, dias depois
estava no supermercado, o encontrei com a que era sua mulher, bem como o
garoto. Era tão jovem como ele, mas o
mais interessante, que imediatamente o garoto se colocou ao meu lado, segurando
minha mão, eles foram para um lado fazer, compras, o menino me seguiu.
Sabe que se pode confiar em ti, chefe, ele
nunca faz isso com ninguém.
Soube então que ele ia a um jardim de
infância, mas não se entrosava com o resto dos garotos, quando lhe perguntei,
me olhou sério, dizendo que eram tontos.
Eu já tinha comprado o pouco que
necessitava, o menino ficou sentado comigo, fora do supermercado, quando
perguntou meu nome, riu, é um nome diferente, impossível esquecer.
Quando saíram, perguntei qual a idade dele,
os dois responderam, ele sempre parece mais velho do que é.
Depois os encontrei numa festa de fim de
ano da delegacia, enquanto todos bebiam, me sentei a parte, vinham falar
comigo, oferecer uma cerveja, riam porque descobriram que eu nunca bebia,
tampouco fumava.
Andrei, veio se sentar comigo, não tinha
encaixado com os filhos dos outros homens da delegacia. Nisso alguém se aproximou pela milionésima
vez, para me oferecer uma cerveja, repeti a ladainha.
Ele muito sério me perguntou porque não
bebia, falei com ele como um adulto, porque meu pai bebia demais, fazia muitas
merdas com isso, brigava, queria nos pegar, era um desastre, como pai, por isso
e outras coisas nada de bebida, estou bem como uma coca cola.
Ele riu, pois tinha uma nas mãos, me
ofereceu imediatamente, eu agradeci, mas tinha acabado de tomar uma.
Nisso recebi uma chamada do Jerry, pedindo
ajuda, Tom tinha desaparecido, não sabia mais o que fazer, tinha agredido o
cuidador que ficava com ele de manhã, depois desapareceu.
Lhe disse que tomava o primeiro voo a
cidade mais perto.
Falei com meu chefe, não me dava tempo de
ir a delegacia, pedir um afastamento, lhe expliquei qual era o problema, nem vi
que Andrei estava to tempo todo ali, segurando minha mão, a um ponto do chefe
perguntar se era meu filho, eu ri, disse que não, era meu amigo mais recente,
disse quem era seu pai.
Passei pelo meu apartamento, peguei algumas
roupas, fui para o aeroporto, mal cheguei a cidade vizinha, vi um homem com um
cartaz, me esperando, era o cuidador.
Me contou o que tinha acontecido,
atualmente Tom tinha a mania de ficar nu completamente, andando pela casa, mas
não se tocava, volta e meia se limpava, como se tivesse alguma coisa no corpo
dele.
Lhe perguntei o que era, me disse que era o
sangue do homem que amava, pelo que me disse o Jerry, ele tinha se apaixonado
por um companheiro, esse morreu em seus braços, tenta limpar esse sangue, mas
fica repetindo sem parar que não sai.
Jerry estava desesperado, lhe perguntei
sobre o que o homem tinha me falado, me disse que era verdade, mas que nunca
falava a respeito, era a vida dele, eu sabia, porque me contava tudo por carta.
Os dois tinham ido para lado opostos,
Jerry, serviu com o alto mando, Tom ao contrário, era bucha de canhão, a
verdade era que ele sempre tinha tido um pequeno retraso, por isso dependia
tanto do Jerry em criança.
Levamos dois dias para o encontrar, estava
morto de frio e fome, pois estava completamente nu.
Mas me reconheceu, me chamou de Carpem die,
como sempre fazia.
Só voltei quase dez dias depois, pois o
chefe me disse que precisava de mim para um caso complicado.
Fiquei furioso nada mais ao chegar, saber
que o rapaz estava como infiltrado para a DEA, lhe disse que o mesmo não tinha
estrutura para isso, que era uma coisa errada, me pediram para ser o contato,
me neguei rotundamente, saberiam logo quem eu era, podia pôr em perigo seu
trabalho de infiltrado.
Meses depois o encontraram, depois de dias
que seu contato dizia que não conseguia dar com ele, enrolado em plástico, num
deposito de lixo. Sua autopsia
confirmou o que eu pensava, era fácil ele se transformar num viciado, me tinha
contado que tinha vivido nas ruas, bem como se prostituido.
Fiquei uma fera, livrei uma batalha imensa,
pois acabei descobrindo que eles não estavam casados oficialmente, ela então
não tinha direito a pensão, nada.
Minha briga foi em vão, lhe dei dinheiro
das minhas economias, para ela se aguentar uns meses, nesse meio tempo, tive
que seguir um delinquente, junto com o FBI.
Foi uma merda, o mesmo acabou com um tiro na testa, mas claro, tinha
ficado mais de dois meses longe.
Mal cheguei, fui procurar os dois, não
viviam mais no endereço, a mulher que alugava o apartamento pequeno que viviam,
disse que ela não tinha dinheiro. Uma
garota sem estudos, nunca consegue nada, que estava trazendo homens para casa,
se prostituindo.
Fiquei literalmente horrorizado.
Um dia estava resolvendo um caso que tinha
sido fácil, um rapaz tinha dedurado, um pédofilo, eu o segui como querendo
carniça, quando consegui botar a mão no mesmo, descobri uma coisa, o mesmo era
padre numa paroquia, aonde as pessoas confiavam nele.
Tudo isso mexeu comigo, ainda pensei, em
dar um tiro no mesmo, pois sabia que se fosse a julgamento a diocese ia
conseguir soltar o mesmo.
Um dia sai, estava no centro da cidade,
tinha marcado com um homem com quem tinha uma aventura muito cômoda, ele era
casado, nos encontrávamos quando ele podia, eu também.
Estava sentado num bar, o esperando, caia
uma chuva torrencial, vi do outro lado da rua, num beco o Andrei, todo molhado,
corri até lá, perguntei o que fazia ali, estava todo sujo, molhado, me olhou
com um olhar que nunca pude me esquecer o resto da vida.
O levei para aonde estávamos, o garçom não
queria nos atender, até que mostrei minha placa.
Me disse que sua mãe estava ali com um
homem, você sabe, assim estamos vivendo.
Nisso vi chegar uma série de carros de
polícia, ele estava tomando uma sopa que tinha pedido para ele, para esquentar
o corpo, lhe disse.
Vi sair sua mãe, algemada, uma ambulância
levava um homem, ela quando me viu com seu filho, fez uma sinal de que não nos
aproximávamos.
Nisso chegou o meu amante, era advogado,
lhe pedi pelo amor de deus, para resolver a situação, eu levaria o Andrei para
minha casa, os pais saíram de um orfanato, não quero que ele vá para lá, veja
se consegue a guarda dele para mim.
Ele se apresentou imediatamente, como
advogado dela.
Foi junto no camburão, levei o Andrei para
minha casa, me contou que estavam vivendo nas ruas, que o dinheiro que eu tinha
dado tinha acabado, que eu estava longe.
Sinto muito, estava longe realmente,
trabalhando num caso, mas ninguém me avisou que tinham me procurado.
Tirei sua roupa toda, o mandei tomar banho,
disse que esperasse, iria colocar na lavadora e secadora do edifício, era assim
que cuidava de minha roupa, deixei uma camiseta que tinha comprado que ficava
pequena para mim, coloque isso.
Quando voltei ainda estava embaixo do
chuveiro, faz muito tempo que não tomo banho.
Paul o advogado me chamou, ela tinha matado
o cliente, que quis abusar dela com instrumentos que o mesmo trazia, o dito
cujo era buscado pela polícia, o matou em legitima defesa.
Mas claro exercia a prostituição, falei com
ela que o garoto estava contigo.
Então está em boas mãos, lhe disse que para
ficares com ele, precisava de um acorde de guarda do mesmo.
Deixei o Andrei a cargo de uma vizinha a
quem fazia muitos favores, fui até lá.
Ela me disse que o filho realmente não era
do policial, tinha realmente estado num orfanato, os dois quando nos puseram
para fora, nos prostituiamos, quando ele conseguiu entrar para academia de
polícia, me retirou das ruas, eu sabia que ele era gay, mas estava gravida de
alguém, não tenho menor ideia.
Ela achou melhor me dar o garoto em adoção.
Paul, conseguiu através de um juiz de
menores, que ele conhecia, isso.
Falei com Andrei, ele me abraçou, sempre
sonhei com isso, tinhas cara de um pai, como eu sonhava. Os dois eram como meus irmãos mais velhos,
não como pais, como eu via na escola que ia.
Comecei a mexer para que ele pudesse ir a
escola, sai com ele, comprei um enxoval de fazer gosto, o meu apartamento era
pequeno, mas tinha dois quartos, arrumei para ele, não o queria dormindo na
sala.
Ele voltava da escola, ficava com essa
senhora, que tinha sido professora, esta um dia me disse que ele tinha uma
inteligência superior.
O mais interessante, nunca mais perguntou
de sua mãe.
Ela foi a julgamento, apesar de tudo, foi
condenada a alguns meses de prisão.
Quando saiu, eu sabia a data, fui a
penitenciaria busca-la, levei um susto, a tinham soltado semanas antes, lhe
demos dinheiro, pois ela disse que precisava para ir embora da cidade.
Nunca a consegui encontrar.
A estas alturas da vida, nunca poderia
imaginar que minha vida daria uma volta espetacular, sai numa reportagem que
faziam sobre a delegacia, num canal de televisão, falava de um caso que
tínhamos resolvido a pouco tempo, um juiz, bem como algumas figuras da alta
sociedade, todos com família, eram pédofilos, se lhes acusava de assassinato de
jovens, bem como maltrato, pois quando os localizamos, por causa de um rapaz
que tinha escapado, ainda encontramos dois prisioneiros, o que matava e
escondia os corpos, falou o nome de todos.
Meu chefe pediu que eu falasse, pois estava
acostumado a isso.
Dois dias depois apareceu um homem na
delegacia, se apresentou como um escritor, pensei esse quer o recheio da
história para escrever um livro.
Mas nada, me disse que tinha escrito vários
livros policiais, eu o conhecia de nome, fui honesto, não me sobra muito tempo.
Disse que a história estava baseada num dos
primeiros livros que tinha escrito, ele tinha sido policial também, aprendi a
escrever, bem como fazer um roteiro, depois que um primeiro livro foi
transformando em filme, ficou uma merda, passei eu mesmo a escrever os
roteiros.
Esse é para ser uma série, eu sou produtor
da mesma, te vi na televisão falando, eres o próprio inspetor da série,
gostaríamos que fosse fazer um teste, aqui está o texto.
Disse que podia se fosse esse final de
semana, mas que tinham que ser dois bilhetes, pois eu tinha um filho.
Ah, não sabia.
Uma longa história.
Andrei ficou como louco, meu pai policia e
ator de cinema. Desde que soube que o
tinha adotado me chamava de pai, pois sempre falava como ele como se fosse meu
filho.
Lá fomos nós para Los Angeles, passei no
casting, o roteirista, James Donald, insistiu que eu fosse o ator principal.
Fui honesto, só tinha feito teatro na
escola, nada mais.
Consegui uma licença sem remuneração, nos
arrumaram uma casa, bem como uma escola para o Andrei. Mas mesmo assim resolvi manter meu
apartamento de San Francisco.
Disse ao Andrei, nunca comente com ninguém
da escola que sou ator, pois antes de tudo sou polícia, nunca se sabe o dia de
amanhã.
A serie seria gravada em seis meses, o
tempo que durava minha licença.
Chegava pontualmente, estava acostumado a
me levantar cedo, preparava o café da manhã para meu filho, iam me buscar, era
educado com o chofer, depois ficava quieto lendo o roteiro do dia, as vezes
fazia alguma anotação, comentava com ele a frase, ninguém fala desse jeito.
Quando falava isso como roteirista, ele se
matava de rir, vê como acertei contigo.
Quando Andrei não tinha aulas, se a
gravação era num studio, aonde estava montada a delegacia do policial, ele ia,
chegou mesmo a participar de uma cena, de uma mulher que chega com o filho.
Quando depois de seis meses a gravação
acabou, me ofereceram um contrato, pois se a série desse certo, me queriam para
seguir fazendo o personagem, o escritor tinha dez livros preparados. Estava discutindo isso com ele, quando se
apresentou um diretor de cinema, queria que eu fizesse um filme, o mesmo seria
feito em NYC, me disse o valor, James, começou a discutir com ele, esse
valor. Sem querer tinha virado meu
agente.
Fui a San Francisco, meu problema era o Andrei,
mas me surpreendi, ser chamado na escola, a professora disse que ele se
aborrecia em aulas, disse que o senhor lhe disse para nunca bancar o que sabe
mais, respondendo a todas as perguntas, mas ele está muito adiantado, queríamos
uma autorização, para fazer uma série de exames com ele, para ver seu QI de
inteligência.
Ele concordou, tens que decidir sempre tua
vida, meu filho.
Ele não só fez o teste, como os exames de
final de curso, me confessou que já tinha lido depois do primeiro dia de
classe, todos os livros.
Ficou livre antes do tempo, voltamos a San
Francisco, me sentei com meu chefe, afinal minha licença iria acabar dentro de
semanas. Fomos falar com o chefão, me
deram dois anos de licença, não só por minha folha de serviço, mas por
confiarem em mim, o chefão ainda soltou se fosse outro mandava tudo a merda,
estaria com um carro último modelo, se vangloriando.
Tenho que pensar no futuro do meu filho, se
ganho mais, guardo mais, para ele ir a Universidade.
Eu tinha comprado sim um carro que sempre
tinha sonhado, um desse Jeep 4X4, desses modernos. Fomos visitar meus irmãos, de lá iria para
NYC, filmar.
A viagem foi interessante, pois eu dava um
dinheiro todas as semanas para o Andrei, ele tinha comprado um livro, sobre os
lugares aonde íamos passando.
Foi divertido, dormíamos em motéis a beira
da estrada, num deles, aonde estamos jantando, estavam vendo o primeiro
capítulo da série.
Ele me disse sem chamar a atenção, muito
sério, agora eres famoso, está todo mundo olhando para o senhor.
No final tive que aguentar, os pedidos de
autógrafos, isso me incomodava, ele se matava de rir.
Jerry tinha visto já também o primeiro
capitulo, quem diria, nessa idade virar ator.
Eu estava para fazer 39 anos, quase 40, nunca tinha imaginado isso.
Jerry adorou conhecer o Andrei, sempre
sonhei em ter filhos, soltou, mas como, as mulheres sabem da minha vida, não
posso deixar o Tom sozinho, odiaria mete-lo num sanatório, ou mesmo um hospital,
eu lhe mandava todos os meses dinheiro para contribuir.
Com o dinheiro da série, lhe dei mais, lhe
disse que ia a NYC, fazer um filme, lhe mostrei o roteiro, fazia o papel de um
bandido arrependido, o dinheiro que me pagavam era ótimo.
Andrei ficou com o Jerry, o mais
interessante, era que ele conseguia se comunicar com o Tom, que o confundia com
o Jerry quando eram garotos.
Ele o conseguia tirar de casa, para tomar
sol, iam sempre de mãos dadas.
Lá fui eu, para a poderosa cidade da Maçã. Vinha já com o roteiro, cheio de anotações,
quando falei como diretor certas coisas, ele se matou de rir, me disseram que
fazes isso.
Até que o filme se rodou rápido, a não ser
por causa de um ator, já velho que fazia o papel de meu pai, um alcoólatra
desses que se acendes um fosforo perto, pode explodir.
Chegava todo dia, com cheiro de álcool, mas
era impressionante, o diretor dizia rodar, o mesmo tinha o papel na ponta da
língua.
Tinha andado muito tempo no ostracismo,
agora tentava recuperar o que tinha perdido por causa do seu vício, me
controlo, bebo menos.
Eu o via, pensava, se fosse de outra
maneira, poderia me apaixonar por ele.
Um dia em cena, ele me olhou diferente,
estava escutando o que ele dizia, estava fora de cena.
Me impressionava sua figura, sem querer me
olhou, tiveram que refazer a cena, chegou perto de mim pediu que eu saísse do
cenário, o desconcentrava.
Achei estranho isso, depois foi pedir
desculpas no meu camarim.
É que te vi, fiquei com vontade de te
beijar.
Segurou minha cara em suas mãos, me deu um
beijo, pensei que ia encontrar o gosto de bebia, mas nada.
Não bebo mais, mas o cheiro do álcool em
minhas roupas, me fazem me concentrar, vou a Alcoólicos Anônimos, estou sóbrio
a mais de três anos.
Nessa noite, fomos para seu apartamento,
pequeno mais simples.
Imagina que quando fui famosos, quase que
gastei todo o dinheiro que ganhava, mas me lembrei de minha mãe, uma emigrante
polonesa que escapou do Gueto de Varsóvia, ela guardava cada tostão que
sobrava, me dizia não se sabe o dia de amanhã.
Comecei a beber, porque só conseguia estar
com outro homem se fosse assim, me dava vergonha, meu pai era extremamente
machista, meus irmãos também, que eu fizesse cinema já era uma coisa de gay,
quando vi estava viciado, mas graças a ter guardado dinheiro, pude fazer meu
tratamento tranquilo.
Recebi o roteiro da segunda temporada da
séria, ao ler, pedi uma cena que fazia com ele, mandei para Hollywood.
Depois que o filme acabou, dois meses de
trabalho, o convidei, disse que ia buscar meu filho, lhe contei a história do
Andrei.
Ele foi junto, depois iriamos para Los
Angeles.
Me dava uma pena imensa de separar o Andrei
do Tom, estava super agarrado a ele, mas chegou um dia que o confundiu com o
rapaz que amava, quis beija-lo, por sorte Jerry estava ali.
No dia seguinte fomos embora, foi uma
viagem impressionante, quando pude falei com meu filho a respeito do que tinha
acontecido.
Eu sei pai, ele me contou do amor que tinha
por esse rapaz, disse que o mesmo tinha saído de um orfanato, que o protegia,
mas nunca pensou em se apaixonar.
Seus pesadelos são, porque sempre que pensa
no mesmo, vê como ele morreu, por isso fica nu, quer se limpar do sangue do
outro.
James Brontë, se deu maravilhosamente bem
com o Andrei, um dia ele soltou, assim não ficas mais tão sozinho.
Ele voltou a escola que ia, os colegas
tinham visto a cena que ele participava, se surpreenderam que ele soltasse na
maior, foi por acaso, precisavam de alguém para fazer um garoto, eu estava
assistindo o trabalho do meu pai. Não
sou nenhum ator famoso, só fiz uma cena, nem sequer disse uma palavra, o que
era verdade.
Mas ele seguiu como sempre, agora estava a
duas turmas mais avançada, me preocupava, pois poderia ir a universidade antes,
o considerava jovem demais para isso, mas a maturidade dele, era
impressionante, James dizia que me preocupava à toa.
Um dia se pegou contando aos dois, a
história do seminário, ao final os dois disseram ao mesmo tempo, devias
escrever sobre isso.
James era mais velho que ele, tinha lhe
ensinado alguns truques de representação, agora tinha um personagem fixo na
série, um médico forense, que analisava tudo que o outro personagem trazia como
informação, criando entre os dois um debate.
James poderia estar vivendo numa casa
maior, mas adorava estar ali com eles, tanto o incentivou que quando acabaram
de gravar a 4 temporada, ele se atreveu a se inscrever num curso de escritura
criativa. Quando deram um tema livre,
escreveu justamente a sensação que teve de deixar a sua casa, de um lado boa,
pelas eternas bebedeiras do pai, as discussões, aparentemente o seminário era
um remanso de paz, até que começaram a andar atrás dele para abusos, como ele
se lembrou dos ensinamentos do Jerry.
Este sempre tinha sido mais maduro que Tom,
que era como um apêndice dele, quem ia bem na escola era o Jerry, que depois
tinha paciência de explicar tudo ao seu irmão.
Refez mil vezes essas passagens, para criar
uma história verídica, começava com ele em criança, observando esses dois que
falavam tudo ao mesmo tempo, mas que ele conseguia entender, o protegiam de seu
pai, até mesmo de sua mãe.
A obrigação, já que queria que o filho
fosse ser padre, as eternas missas, o que lhe espantava do padre pregar, certas
coisas, sua mãe ali compungida, depois a caminho de casa, falando mal de todas
as mulheres que estavam ali, só ela era a certa de tudo.
Ela nunca errava, quem o fazia era os
outros, inclusive eles, tudo que faziam era pecado, errado, uma noção
distorcida de tudo.
Quando deu essa primeira parte de sua
infância para os dois lerem, esperou uma reação diferente, ele sempre tinha
lido, principalmente no seminário, a bíblia era para ele um grande romance,
cheio de histórias.
Justamente quando James e Andrei
comentaram, elogiando essa maneira dele contar a história, como se estivesse
observando, pelo menos tomou coragem, apresentou ao professor essa primeira
parte.
Este fez uma crítica interessante, parece
que estou vendo a cena.
Quando finalmente teve tudo concluído, pois
ao mesmo tempo, tinha que fazer os trabalhos que este mandava, sorriu.
Mandou uma cópia para o Jerry, deu uma para
cada um dos seus críticos.
Só não esperava que o professor na surdina
mandasse para um editor.
Jerry telefonou, as gargalhadas, ria muito,
pensei que vinham passar uns dias aqui, mas vejo que estas, buscando outra
forma de se expressar. Quando venhas
terei coisas para contar dessa época, estou anotando.
James tinha feito enquanto isso, um filme,
era como se o tivessem redescoberto.
Como a série fazia sucesso, tanto que ia para a quinta temporada.
Ele teria que se resolver, pois seu tempo
de licença estava para acabar.
Foi quando o chamaram para fazer um filme,
mandaram o roteiro para ele, a história se passava em San Francisco de muitos
anos antes, um policial, gay, mas dentro do armário, que luta com todas suas
forças para vencer a tentação, suas aventuras são todas escondidas.
No resumem para ele entender o personagem,
havia como uma sinopse, que o mesmo era de família protestante do interior do
pais, em que tudo era pecado.
O mesmo pensava ele quando entrou no
seminário, falavam tanto no pecado, mas era os primeiro em comete-los, tinha um
padre que falava sempre no pecado da gula, mas o filho da puta era imenso de
gordo, estava sempre mastigando alguma coisa.
Aceitou fazer o filme, sem querer houve um
papel para o James, este seria um amante do policial, um advogado muito sério,
mas ele só aparecia da metade do filme para o final.
Antes foram para a fazenda, Tom quando viu
o Andrei, só o chamava pelo nome do homem que tinha amado.
Por sorte, estavam lá para ajudar ao Jerry,
lhe dar apoio, quando Tom se escapou outra vez, mas desta vez, tinha pisado
numa armadilha que algum caçador tinha colocado, o foram encontraram já morto,
tinha sangrado tudo, algumas parte de seu corpo, como estava nu, alguns animais
pequenos tinham comido.
O enterraram rapidamente, o xerife, que
ajudava nas buscas, os ajudou.
Jerry num determinado momento, se sentiu
perdido, agora que finalmente podia realizar sua vida, estava já com quase 50
anos, tinha a chance de começar de novo.
Venderam a fazenda, bem como as terras
alugadas, Karpe e os outros o convenceram de ir viver com eles.
Primeiro estiveram em San Francisco, de
noite quando jantavam ou depois sentado na sala do pequeno apartamento, ele ia
se lembrando de coisas de sua infância, com aquele irmão que tinha nascido
minutos depois dele, era como um apêndice, sempre atrás dele, os sentimentos
relativos aos pais.
Tinha guardado uma parte do dinheiro da
venda, já que Marie, era impossível de localizar, com muito custo, se lembraram
da universidade que ela tinha ido, acharam interessante ela sequer ter
terminado a mesma, segundo uma amiga que agora era professora lá, ela tinha
conhecido um rapaz que fazia pós graduação, foi embora com ele, mas não sabia
para aonde.
O filme ficou pronto, ele teve que tomar
uma decisão, andou falando com o seu antigo chefe, que agora era chefe da
central.
Pediu demissão, tinha uma boa ficha de
policial, qualquer coisa podia se candidatar a voltar.
Ao mesmo tempo acrescentou no seu texto,
coisas que o Jerry tinha se lembrado.
Quando apresentou o texto completo, que ia
até ele entrar para a polícia, o professor tornou a mandar o mesmo a um editor,
que o chamou.
Queriam negociar, quem foi como seu agente,
o Jerry. Era interessante aquele homem
imenso, mas com uma capacidade de adaptação, logo o contrataram como leitor,
pois ele sim sempre tinha sido um leitor compulsivo.
Resolveu fazer só um contrato por livro,
que pudesse escrever.
Um diretor estava interessado, se
aconselhou com o que escrevia a série, este o aconselhou, tens experiencia,
estas sempre com um texto nas mãos, faça um curso também.
Foi o que fez, assim disse ao que se
interessava, que estava transformando o livro num texto para cinema, reformulou
muitas coisas, acrescentando as vivencias do Jerry, quando ele era apenas um
garoto, que ele ficava horas observando tudo que ele e Tom faziam, falando ao
mesmo tempo, ele depois era como um tradutor para sua mãe.
Novamente fez um filme durante dois meses, antes
fizeram uma coisa, procuraram um apartamento maior, por causa do Jerry.
Esse dizia, que depois de toda solidão que
tinha sentido, agora pelo menos estava acompanhado. Saia muito com uma senhora que era
secretária da editora, era viúva, com a mesma idade dele, gostavam de coisas
muito parecidas.
Mas ele queria desfrutar da famosa
liberdade que tinha agora, não tinha que pensar no Tom, isso tinha uma coisa
interessante, havia dias que despertava, dizia, sonhei com o meu apêndice.
Eles sabia que se referia ao Tom, nesse dia
ficava triste.
Agora conversava muito com o Andrei, que
tinha duvidas do que queria fazer na universidade, ele era bom, no sentido de
ter notas altíssimas, principalmente em Línguas, Matemática, Ciências, mas
pensava mesmo em um dia poder escrever.
Então faça literatura.
Nas férias esse ano, foram os quatro, fazer
uma viagem que o Jerry tinha sonhado durante anos, foram a Paris, seguindo o
rastro de um escritor que ele adorava, lia e passava o livro para o Andrei, os
dois criaram um roteiro pela cidade, inclusive com os becos que esse escritor
mencionava.
Eles não tinham ideia, mas a primeira
temporada da série estava passando por lá, um dia estavam num restaurante, um
dos garçom reconheceu a ele e James, riram muito, pois não sabiam.
Acabaram num programa de televisão, falando
que agora iriam para a Sexta Temporada.
Mas as coisas nem sempre acabam como
deveriam.
Um dos personagens da quinta temporada,
estava na cadeia, ficou uma fera, quando o autor, criou o personagem em cima
dele.
Este tampouco sabia disso, nem que o mesmo
tinha liberdade condicional, um dia deu cara com ele, o mesmo tentou mata-lo,
quase o conseguiu, mas a policia o pegou com um belo tiro.
Esse como conhecia o trabalho do Karpe,
pediu se este podia ajuda-lo com o roteiro, tinha um problema de mobilidade.
Foi uma bela experiencia, embora James
ficasse com um pouco de ciúmes.
Andrei entrou para universidade, com uma
bela bolsa de estudos, poderia ter saído de casa, mas Jerry lhe comprou um
carro de segunda mão, ia e voltava todos os dias.
Agora vivia todos numa grande casa na
praia, em Malibu, aqueles homens imensos, aprendendo a fazer surf era digno de
filmar.
Acabou que ele escreveu o roteiro da última
temporada sozinho, pois o autor com tantas operações que teve que fazer, tinha
um processo de Alzheimer galopante.
De uma maneira era fácil, pois ele conhecia
o personagem a fundo, inclusive como dizia ao James, estou farto desse sujeito,
foi quando viu que no final do livro, o personagem morria.
Jerry finalmente assumiu o romance com sua
namorada, mas seguiam cada um vivendo em sua casa, ela tampouco queria perder a
liberdade que tinha de sair com as amigas.
Ele agora escrevia justamente, quando
começou a academia de polícia, bem como seu primeiro caso, ainda como policial
de rua.
Agora seu leitor era o Jerry, que chegava
em casa, queria ler os capítulos que tinha escrito.
Quando estiveram fechando o apartamento em
San Francisco, ele recolheu todas as cadernetas que tinha escrito seus
casos. Foi interessante, pois a anos,
como seus relatórios eram perfeitos, podia ficar com as cadernetas, tudo era
digitalizado.
Um dia se surpreenderam, pois Andrei nunca
falava na sua infância, ao mesmo tempo que fazia a faculdade, lá mesmo fazia um
curso de escritura criativa.
Num primeiro momento ao ler, lhe perguntou por
que nunca tinha mencionado nada disso com ele.
Desde pequeno, sabia que não era filho do
homem que vivia com sua mãe, ela mesma tinha falado com ele, pois o mesmo nunca
se aproximava dele, talvez por isso quando viu o Karpe, pensou, esse é o pai
que eu quero.
Se lembrava de detalhes, do mesmo
comentando com sua mãe, que Karpe tinha sido contra o fato dele entrar de
infiltrado, ela concordava, achava que ele não tinha maturidade suficiente,
para enfrentar a situação.
Foi quando escutei falarem a primeira vez,
como viviam nas ruas, que tinham consumido drogas, que um policial o tinha
ajudado, não sabia quem.
Procurou falar com seu chefe, para saber
quem o tinha indicado a academia de polícia, este comentou que iria verificar, hoje
em dia esse policial estava aposentado, mas concordou em falar com ele, vivia
justamente me Los Angeles, do outro lado da cidade.
Foram os dois, conversar com ele.
Me procurou nessa época, eu também
desaconselhei que se infiltrasse, nunca sabia o que podia acontecer. Conheci os dois nessa época, tinham sido como
todos que depois de uma certa idade, os orfanatos colocam nas ruas. Mas tampouco preparam esses garotos para o
mundo fora das paredes que durante tanto tempo os protegeu.
Num primeiro momento, perderam contato, mas
depois se reencontraram, os dois se prostituiam, os convenci de procurarem um
emprego, um dia mostrei aos dois o que acontecia, um rapaz, que se prostituia,
tinha sido assassinado por um pédofilo, inclusive mostrei o corpo para eles,
meus companheiro ficaram horrorizados com isso.
Consegui o matricular na academia, a ela
consegui um emprego, mas logo estava gravida, seguia se prostituindo escondida,
mas não tinha ideia quem era o pai.
Na verdade, tinha uma cabeça aparentemente
diferente da dele, achava trabalhar em algum lugar, era como estar presa,
obedecer ordens, era mais fácil viver nas ruas.
Mesmo antes de sair da academia, ele
arrumou um lugar para os dois morarem, o garoto nasceu quase em seguida, a
convenceu de procurar ter uma vida normal, eu nunca entendi porque não se
casaram, assim podia dar uma vida segura aos dois, mas ele nunca esteve com a
cabeça voltada para isso.
Depois escutei falar que ele se insinuava
para os superiores, aos outros alunos que estavam lá, sempre tinha se sentido
gay, o filho da puta era bonito, acabou desenvolvendo um corpo fantástico, um
dia apareceu no meu apartamento, queria me pagar por o ter ajudado, pelo menos
dizia isso, se ofereceu sexualmente para mim.
Eu fiquei escandalizado, o botei para correr.
Só voltei a vê-lo justamente pouco antes de
se infiltrar, dizia que não o entendiam, que era uma maneira de mostrar o
quanto valia.
Mas depois cheguei a ver seu atestado de
óbito, era horrível, o médico legista era meu conhecido me mostrou as margas de
picadura de injeções, entre os dedos do pé, ou seja talvez ele já estivesse se
drogando antes mesmo de entrar como infiltrado.
O que aconteceu depois, ou o que levou que
o matassem ou ele morreu justamente de uma overdose como dizia o atestado, o
porque o jogaram num lugar de lixo, nunca saberei, é uma pergunta que me faço
sempre.
Depois que ele morreu, na época que me
procurou, eu tinha um relacionamento com um fiscal, esse o conheceu, um dia me
disse que tinha encontrado alguém para conviver, um jovem prometedor, parece
que foi o único que o incentivou.
Me contou que chegaram a ter um
relacionamento durante algum tempo, até que se deu conta de seu desequilíbrio, disse
que um dia este estava dormindo, a luz do sol, incidia desde a janela aos pés
dele, viu as marcas, se horrorizou, como falou sério com ele, desapareceu.
Anos depois com um informante, soube que
ele quando se drogava, se oferecia a todo mundo, como era bonito, muitos se
aproveitaram dele.
Infelizmente nunca saberemos por que no
laudo médico, não consta nada que tivesse AIDS, mas bem que poderia ter.
Karpe, comentou justamente isso, que um dia
tinha aparecido em sua casa, tinha se oferecido para ele, eu era seu chefe
nessa época, o tinha treinado, pois o achava as vezes, muito infantil ou melhor
dizendo sem vivência, uma coisa e viver na rua, se prostituir, mas eu digo no
sentido de confiar em uma pessoa.
Ele achava que estava apaixonado por mim.
Lhe tirei isso da cabeça, pois nunca gostei
de misturar as situações, durante um tempo me evitou, pois achava que eu o
menosprezava, foi justamente quando o chamaram da DEA, eu que já tinha
trabalhado com o FBI, sabia como funcionava a cabeça desses pessoal, o
desaconselhei.
Mas não me escutou, tive que sair da
cidade, quando voltei já era tarde.
Mas justo nessa época conheci meu filho, te
lembras do dia que nos conhecemos no supermercado, tu imediatamente seguraste
minha mão, eu que sempre quis um filho, fiquei surpreso, ao mesmo tempo gostei
da situação.
Depois conversou com Andrei do encontro dos
dois na festa na casa do chefe, erámos dois corpos estranhos nessa festa, pois
todo mundo achava que eu tinha que beber, mas eu sempre odiei a bebida, drogas,
essas coisas.
Na minha cabeça, tinha que estar com a
mesma limpa, para poder analisar os casos que me chegavam.
Te sentaste ao meu lado, ficamos
conversando, olhando as pessoas, os dois se divertiam, afinal parecia que os
aceitavam.
Mas descobrir depois da morte dele, que vocês
não podiam ter uma pensão porque não estavam casados, me deixou furioso,
novamente me ausentei da cidade, quando voltei, fui procurar os dois, ninguém
me deu recado nenhum, pois segundo tua mãe, tinha ido a delegacia me procurar,
mas não os reencontrei, sim no dia que te vi embaixo da chuva, te reconheci
imediatamente, corri até aonde estavas, te levei para tomar uma sopa.
Fiquei impressionado com teu grau de
maturidade, para me contar que tua mãe estava se prostituindo, não falaste com
essas palavras.
Nunca soube se viste a mesma sendo levada num
camburão, mas pedi tua guarda imediatamente, não queria que fosses a um
orfanato.
Assim viraste meu filho querido.
Escrevia agora a última temporada da série,
bem como sobre o período como investigador, no bairro complicado, cheio de
drogados, como tinha agido.
Algumas vezes pensei em ter uma
metralhadora, entrar aonde esses garotos preparavam as drogas para vender.
Na minha cabeça, sabia que podia acabar com
uma gang, minutos depois outra tomaria o lugar, o desespero que é isso na
cabeça de alguém que procura lutar contra isso, está sendo difícil de escrever,
pois acabo me lembrando das decisões que tomei, algumas boas, outras nem tanto.
Contou do rapaz, da escola que ele tinha
encontrado completamente drogado, que o tinha feito vomitar na frente dos
amigos, os obrigou a olharem se fossem por esse caminho como seria.
Hoje diriam que não foi politicamente
correto, mas é necessário esfregar isso na cabeça dos adolescentes, pois a vida
no fundo é dura.
O livro sobre sua infância, fez sucesso, ia
até o momento que ele foi para a academia de polícia, vários diretores, queriam
o texto, mas claro alguns queriam desculpar a igreja, outra a acusarem, ele
achou melhor não fazer um roteiro, nunca vendeu a ideia.
Mas quando o livro sobre seus princípios
como policial interessou a um diretor, para fazerem uma série, queriam que ele
fosse o personagem.
Disse que não, que estava farto de fazer
esse tipo de papel. Escreveu sim o
roteiro da primeira temporada, o que foi selecionado para o papel, morreu nas
drogas, antes mesmo de filmarem a primeira cena.
Foi escrevendo livros sobre todos os casos
que tinha investigado, tinha passado muito tempo, mudava os personagens, o que
ele criou como personagem principal, era um descendente de mexicano, se lembrou
de um companheiro que era assim, assim foi mais fácil se livrar de muita coisa.
Seguiu vivendo com o James, até que esse
morreu, com 85 anos, pensou que ia junto, pois com os anos, tinham um
entrosamento perfeito. Nos últimos anos,
ele se dedicava a administrar todo o dinheiro que tinha economizado durante sua
vida, deixava tudo para o Andrei, que aproveitou para fazer uma pós-graduação
na Sorbonne, justamente sobre o escritor que falava de cada lugar aonde se
passava a história.
Ficaram em casa, só ele e o Jerry, a
namorada desse se aposentou, mas ele não pensava em parar, logo como editor era
chamado para palestras, coisa que ele gostava.
Um dia disse ao Karpe, eu devia ter sido
gay, pois assim teria um companheiro, não uma pessoa que fosse dependente de
mim psicologicamente, dizia que sentia isso nas mulheres, talvez por meu
tamanho, por ser uma pessoa decidida, aconteça isso.
Ele procurava se recompor da perda do
James, quando Jerry tirou uma férias foram para Paris, se divertiram horrores,
os dois foram a Berlin também.
Quando terminou sua pós-graduação, Andrei
voltou para casa, disse que nunca mais ia sair de lá, era seu porto seguro.
Anos depois passou a ter um relacionamento
com um rapaz que ele conhecia desde sempre ali na praia, o típico surfista, tinham
sido companheiros de universidade.
Era opostos um ao outro, mas se davam bem.
Com os anos, os dois irmãos tinham
conversas intermináveis, acabou escrevendo um livro sobre isso, a comunicação
entre dois irmãos gêmeos, a dependência de um com o outro.
Jerry confessava que com a morte do Tom,
ele tinha se livrado, inclusive de sentimento de culpa, por ele ter voltado
desse jeito, ele não, tinha sobrevivido a tudo por lá, sem que isso lhe
provocasse nenhum rascunho.
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