ORION - O CAÇADOR
Estavam todos num ônibus na frente do
fórum, já tinha sido julgados, por vários juízes, iam agora a caminho do
presidio, quando todos já com o famoso uniforme laranja, quando entrou aquele
homem altíssimo, cheio de músculos, tatuagens na testa tinha umas estrelas, o
motorista lhe disse, de volta a casa Orion?
Sim, desta vez para sempre, mas relaxado,
resolvi meu problema aqui fora, matei os que me fuderam.
Quantos perguntou o mesmo, três, incluindo
o policial que não trabalhou direito, por isso consegui uma perpetua, agora
toca ensinar esses garotos a viverem lá.
O motorista se virou para trás, meninos
escutem esse homem, ele conseguiu sobreviver no presidio.
Entraram dois guardas, que o fizeram se
sentar, justo na frente, depois fecharam a porta que era gradeada, só um ficou
ao lado do motorista, a porta se fechou, viram que ia um carro de policia na
frente, bem pelas luzes, outro atrás.
Quando Orion fechou os olhos, tinha tatuado
outros olhos nas pálpebras.
Era impressionante, falou em um tom
monocórdio, primeira lição, andem sempre em grupo, assim podem se defender
melhor das agressões.
Segunda lição, jamais ir tomar banho
sozinhos, podem ser abusados, ou pelos guardas, ou por outro qualquer, mas se
mantenham juntos, qualquer coisa gritem meu nome Orion.
O condutor se matava de rir.
Podem acreditar nele, vocês terão um guru
de primeira, falar nisso, segui teus conselhos, me divorciei, realmente um
casamento como o meu conflitivo não ia dar certo.
De nada, mas tenho outra coisa para te
falar, meu querido, era assim que ele se dirigia a todos os guardas, tens agora
que olhar para o outro lado, passe pela minha sela, eu te explicarei.
Uma hora depois, por uma estrada estreita,
chegaram ao presidio, o ônibus entrou pelo portão imenso que se abriu, garotos
esse portão é eletrificado, bem como o resto da muralha, daqui ninguém passa.
Isso Orion dizia com os olhos fechados,
todos olhavam aquele outros olhos que estavam fora.
Quando receberam ordem de descer, ele foi o
primeiro, me sigam, se alguém pergunta vocês são da minha constelação, uns
quantos não entenderam.
Um deles soltou, a constelação de Orion,
por isso eu sou Sírio, seu cachorro.
Muito bem garoto, venha ficar ao meu lado,
foram entrando em fila, andando devagar, pois todos tinha os pés presos por
grilhetas.
Agora vem o complicado, ia explicando ele,
falava alto, para aquele grupo que andava atrás dele, os guardas os farão tirar
toda a roupa, examinaram suas bocas, depois farão o mesmo no vosso cuzinho,
assim tiram a virgindade de muitos.
Foi o que realmente aconteceu, Sírio, esse
realmente era seu nome Sírio Smith tinha pendurado no meio das pernas um belo
piru.
Ficas comigo, disse Orion, afinal eres meu
cachorro.
Com um guarda, ele foi distribuindo os
rapazes, que fiquem todos ao lado de minha sela, meu querido.
Um guarda imenso, deu a ordem, soube que
ficarás para sempre aqui meu amigo, era negro como a noite. Orion conversava com ele com naturalidade,
tenho que proteger meus cachorros. Sabe
como é aqui dentro, baixinho perguntou quem mandava agora?
Uau, vais gostar, é um idiota que acha que
todos devem estar sempre brigando.
A oficina, quem está ao mando, ele foi
perguntando sobre cada parte do presidio.
Depois se virou para os seus cachorros,
perguntou, quem queria trabalhar na cozinha, na oficina mecânica, se inscrevam
aqui com meu Brother, Samuel. Mas nada
de ficarem ociosos, senão o tempo aqui dentro não passa.
Eu como sempre, me arrume um lugar na
oficina mecânica, tu Sírio, o que queres?
Ir contigo meu chefe.
Sírio era um mulato, claro, alto, magro,
tão alto como o Orion, estava ali, porque tinha matado um homem na cama, o
mesmo tinha ameaçado mata-lo. Tudo por
culpa de seu garoto, um homem belíssimo, que lhe arrumava homens para fuder,
ficava com cinquenta por cento do dinheiro a troca de casa, se é que se podia
chamar de casa, um lugar de okupas.
O filho da puta o tinha metido nisso,
quando foi preso, já tinha outro como ele no seu lugar.
Mas ia se vingar, tinha saído do orfanato
totalmente inocente, estava pedindo nas ruas embaixo de chuva, quando esse viu
como a calça molhada, marcava seu instrumento.
Depois de o levar para sua casa, mandou que
tomasse um banho, lhe deu de comer, agora vou te ensinar a usar esse
instrumento, vamos ganhar dinheiro.
Os dois se prostituiam, mas seu garoto, ia
atrás de homens que queriam seu buraco como dizia, ao Sírio queriam pelo seu
instrumento.
Lhe ensinou tudo numa cama, sendo ele o
cobaia, mas claro desta vez me largou nas mãos de um louco, o sujeito queria me
matar, eu defendi, quando disse a policia aonde morava, sem documentos nem
nada, ele tinha fugido com seu novo menino.
Sírio confessou ao Orion, que tinha medo de
compartir cela com ele.
Não se preocupe, só necessito de liberdade,
quando as pessoas vem conversar comigo.
Era uma verdade, o máximo que fazia com
ele, era lhe ensinar a ler e escrever direito, os outros ele sabia que eram
malandros, embora fossem a primeira vez, estavam a muito tempo nas ruas.
Orion, era conhecido por conseguir tudo dos
guardas, pediu uma determinada planta, pois ele sempre ajudava na enfermaria,
já o tinha feito antes.
Começo a testar, cicuta, ou Conium Maculatum,
explicou para que servia.
Mas ele queria mesmo era para preparar
drágeas com pó da mesma, foi um largo aprendizado, usando principalmente nos
que lhe enchiam o saco.
Já que nunca sairia dali, pelo menos ia
tomando conta do pedaço.
Ninguém sabia direito de aonde ele tinha
saído, pois se negava a falar seu verdadeiro nome, tudo que se sabia era que
tinha diplomas de cientista, que tinha trabalhado em alguma coisa que saiu mal.
Ele acusou seu sócio, sua mulher, por isso,
mas claro os dois fizeram ao contrário, por isso quando saiu depois de cumprir
a pena os matou lentamente.
Se sabia, manejava direito, ajudava os
guardas com suas famílias, seus problemas financeiros, amorosos, ou mesmo
familiares.
Para um deles o tal guarda imenso, tinha
ajudado que seu filho fosse a universidade, isso não se contava para ninguém,
por isso era seu protegido, o mesmo passou a acontecer com o Sírio, virou seu
filho ou seu cachorro como ele dizia.
Quando Sírio viu que os outros faziam
tatuagem, lhe disse que não, estou te preparando para teres um futuro, mas se
vais ficando como eles, sairás e voltaras para cá.
O inscreveu num curso, para estudar a
distância, a ele e outros que quisessem, explicava tudo que não entendiam. Era
uma coisa rara na prisão, até o diretor da mesma, vinha falar com ele.
Sírio foi se desenvolvendo, começou a
entender que Orion na verdade usava seus conhecimentos para ajudar os
outros. Nunca se aproximou dele, com
sentido de fazer sexo, outros sim, quando todos iam ao banho, ele criava tal
proteção aos seus cachorros, que nenhum outro preso, se atrevia a se aproximar.
Lhes diziam, querem fazer sexo com estes
homens tudo bem, mas cuidado, usem proteção, pois alguns tem aids.
Lhes ensinava a se protegerem, nesse meio
tempo só um deles se meteu com quem não devia, depois voltou cheio de
tatuagens, com uma certa ginga de malandro, mas Orion não lhe deixou se
aproximar dos outros.
Somente o usou como exemplo, foi a única perda
física também, pois o homem com quem ele tinha se metido, o matou, passou um
tempo na solitária.
Sírio estava trabalhando na cozinha, um dia
a pedido do Orion, deixou que esse fizesse a comida do outro, quando os guardas
foram recolher a bandeja, estava morto.
Limparam tudo, ninguém mandou fazer um
exame completo, assim ele soube que o que tinha feito com a cicuta funcionava.
Sírio de uma certa maneira foi se
desenvolvendo, de ser um garoto frágil, que a única coisa que tinha era um piru
grande, fazia exercícios, tanto trabalhava na cozinha, como na oficina
mecânica, ficou fanático, consertando uma moto, de um dos policiais, esse
depois trazia outras, lhe pagava para isso.
Orion lhe ensinou a administrar seu
dinheiro, o dinheiro não é só para gastar, mas também para que possas ir em
frente.
Seis anos depois, ele foi levado a
condicional, Orion manobrou de uma certa maneira para ele ter liberdade, tinha
realmente se tornado seu filho.
Quando ele foi sair, conseguiu falar com
alguém por telefone, disse ao Sírio, no dia que vais sair, terá uma pessoa te
esperando, vai conseguir documentos novos para ti. Bem como te levar para outro
lugar, iras a universidade, estudar.
Falaram muito, o que ele gostaria de ser.
Disse que advogado, vinha lendo muitos
livros de direito.
Pois esse homem é o meu advogado, iras
viver num apartamento pequeno, mas limpo, acredito em ti.
Para Sírio era uma coisa totalmente
diferente de quando saiu do orfanato, agora tinha uma outra noção de vida. Iria sentir sim falta do amigo, lhe
perguntou se podia escrever para ele, gostaria de seguir mantendo correspondência
contigo.
No dia que saiu, do outro lado tinha um
senhor de cabelos brancos, lhe esperando, na hora ficou com medo, mas depois
escutando o outro falar, tenho todas as ordens de Brandon Orion, para ti.
Brandon?
Sim é o seu nome, sei que ele não gosta que
saibam, Orion é o seu sobrenome, ao tirarem documentos novos para ele, se
transformou em Sírio Orion, escreveu uma carta imensa, dizendo que estava
feliz.
Fez com o senhor Paulus D’Accorsi, provas
de seus estudos, esse consegui, nunca lhe disse como, papeis, assim pode ir a
universidade.
No principio foi assustado, ao mesmo tempo,
começou a trabalhar no escritório dele.
Orion lhe escreveu, que sentia sua falta,
os outros cachorros não são como tu, tenhas sempre cuidado, nada de drogas, bebidas.
Era como sempre uma recomendação de um pai,
que ele nunca tinha tido.
Teve que fazer um exames de vista, logo
estava usando um óculos que lhe modificava a cara totalmente.
O senhor D’Accorsi, o tinha como um
assistente, assim foi aprendendo tudo.
As vezes Orion pedia que ele revisasse a
condena de algum dos seus cachorros.
Normalmente era garotos como ele, que se
sentiam perdidos no mundo, este tinha um velho policial, que funcionava como
detetive, por muitas vezes o acompanhou, para fazer sindicância sobre os
processos.
Um dos rapazes, estava no lugar e hora
errados, o policial que tinha levado o caso era um sujeito corrupto, mas eles
conseguiram reabrir o processo.
Ninguém sabia que ordem Orion tinha dado ao
rapaz, mas ele em nome de todos os que estava na prisão por culpa do mesmo, foi
a arma da vingança.
D’Accorsi, disse que ele não se metesse
nesse assunto, era coisa da parte negra da alma de Orion, a parte que ele
sempre escondeu.
Foi assim que entendeu como ele funcionava,
havia a parte dele boa, que ajudava quem precisava, bem como a parte que
manobrava as pessoas.
Na universidade, fazia poucos amigos,
prestava sim atenção nas aulas, talvez fosse um bom aluno, pois desde que tinha
entrado estava como em práticas num bom escritório.
Como tudo, o senhor D’Accorsi, tinha
clientes que só ele atendia, nunca o deixava sequer entrar, quando muito ler o
processo, a maioria eram mafiosos, pessoas que ele devia tomar cuidado.
Nessa profissão, temos como te disse do
Orion, dois lados, um bom e outro negro, começou a falar do Y e Yang, lhe deu
um livro para ler, sobre uma religião a muito desaparecida, que venerava um
deus chamado Abraxas.
A principio não entendeu, mas tinha largas
conversas com seu protetor, sobre o assunto, o equilíbrio do bem e do mal, que
todo ser humano, tinha esses dois lado.
Um dia confessou, que quando Orion saiu,
pensou que tinha encontrado o equilíbrio, mas ele queria se vingar do que
tinham feito com ele, o acusando da morte de muita gente, com um produto que
desenvolvia.
Posteriormente os mesmos voltaram a formula
original dele, para seguir vendendo, tinha adulterado ao princípio, para
ficarem com o dinheiro.
Orion vendeu a formula depois para um
indústria farmacêutica, por isso tem dinheiro que usa para ajudar as pessoas,
tenta equilibrar a parte negra que existe dentro dele.
Numa outras confidencias, descobriu que
Orion era filho bastardo de um grande chefe da Máfia, talvez por isso fosse
assim.
Se escreviam sempre, falava de seus avanços
na universidade, as vezes Orion comentava, perdi um dos meus cachorros, sei que
a vida aqui dentro é assim, as pessoas se desesperam.
Quando saíram dois que tinham entrado com
ele, Orion pediu que o detetive os seguisse, para ver se mudavam de vida, mas
isso só um deles, o outro acabou voltando para o presidio.
Esse que saiu, foi ser mecânico, numa
oficina.
Ele agora com suas economias, um dia levou
uma moto que tinha comprado de segunda mão, queria ver como se o sujeito o
reconhecia, pois no tempo que esteve preso, o mesmo conversava com ele,
principalmente na Oficina.
Mas o outro, não o reconheceu, passou a
indicar pessoas para levarem seus carros nessa oficina.
Ele agora nos finais de semana, pegava sua
moto, estar com ela na estrada, lhe fazia sentir-se livre.
Numa das praias que foi, encontrou um grupo
do Hells Angels, um deles se aproximou, lhe oferecendo drogas.
Pediu desculpas, mas não consumia, nem
estava interessado em experimentar.
O outro ficou olhando para ele, disse que
somente vendia para poder fazer parte do grupo, mas na verdade, era porque se
sentia só.
Passaram a noite juntos, o outro ficou
louco com seu instrumento, depois que voltou para a cidade, o mesmo trabalhava
num restaurante, de vez em quando marcavam de se encontrar.
Mas Sírio tinha medo de se apegar, tinha
pesquisado sobre os Hells Angels, sabia que havia grupos limpos, outros nem
tanto.
Pela primeira vez, falou de sexo com Orion,
esse conseguiu fazer uma ligação para o escritório falou com ele.
Eu sei, chefe, procurei me informar sobre
esse grupo, mas nem penso em me aproximar.
Foi se afastando desse homem, aos poucos,
alegava o final de curso da universidade o trabalho ao mesmo tempo no
escritório.
Seguia vivendo no mesmo lugar que lhe
tinham arranjado, era pequeno, mas limpo, além como ele pensava prático.
Passou a ler, sobre a constelação de Orion,
o misticismo em torno a ela, sobre Sírio seu cachorro, o significado de tudo
isso, depois comentava com seu guru como agora chamava seu chefe.
O velho, seguia firme no trabalho, agora
ele tinha uma sala, foi lhe passando clientes, menos complicados, os da Máfia
só ele atendia.
Alguns casos, o chamava, queria ter uma
visão mais jovem do assunto.
Foi quando um dos filhos de um mafioso, que
usava o mesmo como seu testa de ferro, em negócios limpos, o rapaz teve um
problema, estava sendo chantageado por um rapaz.
Ele descobriu que o rapaz, era o mesmo que
o tinha complicado a vida, hoje era quase uma mulher, tinha se operado, tinha
seios, coisas assim.
Discretamente se aproximou, para observar o
mesmo.
Foi quando voltou a primeira vez ao
presidio, foi com o senhor D’Accorsi, ninguém o reconheceu, falou com Orion do
caso, esse tirou do bolso duas capsulas, terás que fazer com que ele consuma
isso, mas pense bem antes, pois isso vai liberar teu lado escuro.
Sabia agora todos os lugares que o outro
frequentava, nunca o tinha reconhecido, um dia se colocou ao lado dele na
barra, num bar, com uma luz muito escura, enquanto o outro se distraia, já
tinha bebido muito, abriu a capsula, derramou dentro o que tinha ali.
Depois saiu do bar, ficou do outro lado da
rua, quando viu chegar uma ambulância, além da polícia.
Tinha dado certo, o rapaz que o mesmo
estava chantageando, respirou tranquilo.
Um dia se encontrou com ele, num
restaurante, tinha ido com um cliente, agora tinha bons clientes.
Romeu, se aproximou o cumprimentou, sei que
eres o braço direito do senhor Accorsi, graças a deus, fiquei livre da
chantagem.
Ficaram tomando café, comentou que o
problema não era seu pai, o chefão, mas sim seus irmãos que estava loucos para
suceder o pai, esses são machistas, o fato de eu ser gay, ainda por cima filho
de outra mulher, é complicado, por isso cuido dessa parte dos negócios, as
coisas oficialmente limpas.
Romeu estava com curiosidade a respeito
dele.
Mas não disse nada, disse que sim tinha
sido ajudado desde o princípio pelo senhor D’Accorsi, que tinha feito praticas,
desde o dia que tinha entrado na universidade, comecei levando papeis, de um
lado para outro, tirando cópias dos processos, como começa todo mundo, creio.
Volta e meia Romeu o procurava, foi sincero
com ele, não quero me envolver com ninguém, preciso que minha vida siga um
caminho certo.
Se surpreendeu um dia quando o convidou
para seu apartamento, era extremo oposto do seu, cheio de opulência, o último
andar de um edifício no centro da cidade.
Quando quis ir para a cama com ele, arrumou
uma desculpa foi embora.
Mandou o detetive seguir o mesmo, para
saber como levava a vida fora do trabalho.
O mesmo adorava se meter com gente da
pesada, inclusive uma noite, o homem relatou, esteve jantando contigo, depois
foi para uma sauna gay, em seguida para um clube de homens de couro.
Por sorte nessa época, o senhor D’Accorsi
precisou dele, foram os dois para NYC, resolver os problemas de um cliente,
eram coisas totalmente administrativas, que ele levava muito bem, depois o
velho lhe soltou que tinham sido ordens de Orion, para se livrar do rapaz.
Nem precisou muito, os irmãos descobriram
como ele levava a vida, bem como gastava dinheiro da empresa numa vida de luxo.
Os anos foram passando, ele sempre
encontrava uma maneira de ir visitar o homem que tinha acreditado nele.
Entendia essa coisa do bem de do mal,
equilibrado.
Um dia Orion lhe perguntou por que seguia
vivendo no mesmo lugar?
Bom a única coisa eu faço todos os anos, é
dar uma mão de pintura eu mesmo de tudo branco, estou bem lá, é tranquilo,
posso cuidar de tudo sozinho, estudo casos que estou trabalhando no momento.
A pergunta que ele fazia agora, era como
vão os novos cachorros.
É complicado meu filho, a maioria devia
estar numa clínica para desintoxicação, procuram de qualquer jeito drogas aqui
dentro, claro tem alguns que conseguem, é como gangs, se acabas com uma, na
outra ponta sai outra, mantenho-me as margens, o que posso salvar tudo bem,
senão tenho que colocar na minha cabeça, que os que realmente querem ajuda,
primeiro tem que mostrar que quer isso.
Eu imagino o mundo aí fora, o meu consolo,
são os que eu pude ajudar, tuas cartas, são um balsamo para mim.
Um dia se abriu, no primeiro dia, pensei
que ias abusar de mim, depois na verdade me apaixonei por ti, primeiro porque
me ajudavas, sabias quando eu precisava de um simples abraço, ou que passassem
a mão na minha cabeça, nunca tive carinho na minha vida, por isso tinha medo de
confundir.
Anos depois ele já tomava conta do
escritório, só levava casos a casa de D’Accorsi, quando era algo que ele não
podia manejar sozinho. Este comentou
com ele, que estava tentando tirar o Orion da prisão, estava com um câncer
terminal, mas é quase impossível, foi considerado assassinato premeditado o que
ele fez com o sócio e sua mulher.
Semanas depois souberam que o tinham
encontrado morto, tinha tomado uma das capsulas de cicuta.
D’Accorsi, conseguiu recuperar seu corpo
para se enterrado, fora dali, ele ajudou, colocou um anuncio no Jornal, sobre o
falecimento de ORION, nada mais.
Apareceram muitos jovens hoje senhores que
ele tinha ajudado, foi quando se reencontrou com o rapaz, que tinha a oficina
mecânica.
Começaram a conversar, agora eu entendo,
foste me visitar para saber se eu andava na linha, verdade.
Tracei um caminho, ajudado por ele, nunca
me desviei, mas uma coisa, sigo sozinho, a vida as vezes é dura, pois confiar
nas pessoas não é fácil.
Quando viram, começaram a sair nos finais
de semana que tinha livre, ou que não estava estudando algum caso, agora
alugava uma cabana numa praia, passava lá esse tempo, começou a convidar o
Raoul, sem querer aconteceu alguma coisa entre eles.
Foram levando em frente, Raoul se matava de
rir da sua casa, quem te vê, pensa que eres rico, por dirigir esse escritório,
mas levas a vida mais simples possível.
As vezes me lembro da cela que compartia
com Orion, me senti em casa pela primeira vez, o que tínhamos ali me bastava.
Pago hoje em dia alguns professores, para
irem ao orfanato de aonde sai, para ensinarem o básico aos meninos, até um
psicólogo, pois é difícil preparar para o que espera fora.
Anos depois, ele já tinha quase 45 anos,
adotaram um garoto, acabaram vivendo juntos, tinham sobrevivido a prisão,
graças ao Orion.
Como ele se chamava Sirius Orion, o menino
se chamou Brandon Orion, o prepararam para a vida.
As vezes ele sonhava, estar sentado naquele
ônibus, vestido de laranja, tudo que passava pela sua cabeça, era, agora estou
fudido. Nisso entrava no mesmo aquele
homem totalmente diferente dele, de todos que estava ali.
Se distraiu com ele, quando fechou os
olhos, nas pálpebras tinha outros olhos, anos depois tomou coragem é perguntou
a ele, por quê?
Com os verdadeiros, olho para dentro, com
os de fora observo as pessoas para saber se valem a pena.
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