FÉ DE MAIS OU FÉ DE MENOS

 

                                                 

 

O problema de acreditar em algo, um ser superior, as muitas religiões afeta o ser humano, desde que ele existe.  As manipulações feitas pelos próprios sempre existiu, vai  seguir existindo.

O nome do título, é de uma peça de teatro, lá da meu estado natal, foi escrita por um artista multifacetado, que criou um cristo em metal, como o sexo estava explicito, puseram uma placa na frente.

Guardei essa experiencia, essa madrugada me surgiu na cabeça como um toque de mágica, no meio de um sonho, sobre um personagem que passa boa parte da vida procurando uma religião ou um deus que lhe atenda, mas ao mesmo tempo consciente da manipulação de tudo, vai cada vez mais se tornando introspectivo.

No começo da história o sujeito tem mais ou menos a idade de vinte poucos anos, procura um deus, que ele não consegue encontrar, como ao mesmo tempo procura uma juventude, que ele passou por alto.

Quer desfrutar os prazeres que a vida lhe oferece, mas ao mesmo tempo não lhe sacia, pois aonde está o deus que ele procura.  Não sabe.

Vai aos trancos e barrancos, visitando templos, religiões, assiste missas, como quem vai ao candomblé, ao budismo, todas as religiões novas, que vê anunciadas, mas nenhuma lhe transmite o que procura. As festas, as discotecas, nada tampouco lhe enche a alma.  O sexo, seja com um ou com outro, tampouco.  Todos oferecem amor, mas na verdade o que proporcionam mal é sexo.   Alguns satisfatórios, mas poucos realmente bons.   Tenta entender isso, faz como fez com a religião, separa as emoções, sexo é sexo, amor se existe não sabe por que não tem esse sentimento com relação aos outros.

Resolve sair pelo mundo, procurando as duas coisas.  Vai a índia, anda com os gurus, que esperam a iluminação, NADA.   Vivem castamente, de esmolas, ficam com os olhos em branco, andam sobre brasas, mas na verdade não tem um deus, sim vários.   Cada um cultua uma divindade diferente.

Entrar em sua própria cabeça, esse labirinto sem fim, tortuoso.  Como eles, só necessita de um taparabos, uma manta para as noites, não toma mais banhos, o cabelo cresce, de vez em quando se banha num rio que crê milagroso.  NADA.    Não encontra nenhum deus, mas pelo menos aprendeu algo, concentração.

Escuta falar do Dalai Lama, que vive em seu exilio, vai até ele, mas nunca consegue se aproximar, esta como todos os pretensos deuses vivos, cercado de um grupo de pessoas que manipulam, roubam ilusões.   Tampouco encontra nada.

Escuta falar de um discípulo de Jesus, ri para si mesmo, porque esse discípulo, vive no país aonde mais maracutaia existe, Brasil.   Vai até lá, esse vive no interior do país.  Reconstruiu num monumento abandonado, no meio do nada, uma cidade anteriormente chamada de Brasílium.

Caminha meses, só com seu saco que contém um pouco de arroz, uma cuia, é uma manta para as noites mais frias.  Ninguém lhe dá carona, pois está sujo, sua pele é uma crosta de sujeira, que cada vez aumenta mais.

Quando chega, claro, existe uma fila imensa, esperando a oportunidade de ver esse discípulo do mestre Jesus.  Entra na fila, fica meses ali, tudo em volta é caro, mas ele está acostumado a só comer alguns grãos de arroz por dia.    Isso aprendeu na Índia. Portanto, nem faz falta sair da fila para cagar, pois se o faz, perde seu lugar. Toma só um gole de água por dia, mija o mínimo, cagar nem se fala, é igual as cabras, uma pelota, que ele vai guardando num saco de plástico que alguém deixou pelo chão.   Quando finalmente chega sua vez, há que pagar para entrar.   Pensa, começou a maracutaia.   Lhe vestem com uma capa suntuosa, lhe dizem que tem que tomar banho, há que pagar por esse banho.   Um palácio que anteriormente foi o mais moderno do mundo, está carregado de milhões de deuses, textos colados na parede, segundo a informação, são orações escritas pelo discípulo.   Mas ninguém lê, porque foi escrito por um analfabeto.

Depois de dias vagando pelo tal palácio, finalmente chega a um lugar imenso, com uma piscina olímpica.   Pensa, eu já vi isso antes.  De novo lhe cobram. Pois ele vai ver o milagre que faz esse discípulo ao mesmo tempo poderá se banhar na piscina do milagre.

Estão todos sentados em volta, não sobra lugares, todos vestem a bendita capa, igual à do discípulo.  Não existe espaço para sentar-se, se aproxima da piscina, tudo o que vê são milhares de peixes dourados, que dão um brilho dourado a água.

Mas tem uma visão impressionante da posição que esta, no fundo da piscina, existe um traje dourado, com escamas de ouro.   Entende imediatamente o golpe.   Retira a capa, o taparabos, coloca o pé na água.   Imediatamente salta um peixe dourado, as pessoas já não lhe veem, só tem olhos para o peixe dourado.   Mergulha, vai até o fundo, veste a roupa com escamas douradas, vê uma peruca branca com as pontas esverdeadas,  a colocava, sai do outro lado da piscina.   Quando as pessoas veem o milagre, aplaudem, todos retiram suas capas, entram ao mesmo tempo na piscina, matando os peixes dourados, os asseclas do Profeta, estão como loucos, sai tranquilamente, levando a roupa dourada, vê no chão uma das capas pelas quais todo mundo paga, a leva, pensando, para dormir de noite deve proteger bem.

A confusão na piscina é fantástica, atira a peruca no chão, retira a roupa, vê que o Profeta, é um sujeito medíocre, que anteriormente foi um famoso apresentador de televisão.   Esse corre a vestir, lhe dirige um olhar cheio de rancor e ira, volta correndo a piscina, com sua voz de apresentador, começa a bradar que todos agora são seus discípulos, pois entraram na água milagrosa, mas preocupado somente, como vai conseguir tantos peixes dourados outra vez, as bordas da piscina está cheia de peixes se debatendo.

Sai dali contente, sabendo que há que se colocar a caminho, para encontrar mais um deus, ou algum outro profeta que realmente faça um milagre.

Caminha sem rumo, no meio de uma floresta, a mata atlântica, encontra uma cova, decide ficar ali, enquanto dure seu arroz.

Sabe que para controlar a fome, os hindus, se sentam na posição de lotus, da Ioga, se concentram, podem aguentar dias e dias sem comer.   Se coloca num estado vegetativo.

Um dia passa por ali um homem, se dirige a ele. Pergunta que está fazendo?

Conversando com meu deus.

No dia seguinte, estão sentado frente a ele, umas dez pessoas, no dia seguinte isso duplica, até que o número chega a ficar astronômico.  Quando desperta dessa letargia em está correndo  pelo labirinto da sua cabeça, Vê um número imenso de pessoas, vestidas como ele, alguns adeptos já vendendo locais em frente a ele.  Planejam inclusive tirar as árvores que estão por ali, com o intuito de abrir espaço para mais adeptos.

Olha horrorizado, sem querer provocou todo misticismo que ele é contra.  Agora lhe toca encontrar uma saída para tudo isso.   Os falsos adeptos, tentam convencê-lo a seguir com o que estava fazendo. Assim todos ganhariam dinheiro.

Mas ele é, sempre foi do contra.

Se levanta, com o seus corpo que só existe pele e osso. Pede silencio, perguntam o que buscam, confusão é generalizada.   No fundo ninguém sabe verbalizar sua procura.

Faz um gesto de silencio, espera que o clamor pare, nota é claro que as pessoas buscam dentro de si mesmos, o que procuram.   Não sabem.

Os adeptos que coordenam tudo, estão nervosos, afinal não sabem o que ele vai dizer, pensam imediatamente escapar de fininho.

Ele abre os braços indica ambos lados, dizendo esses adeptos filhos da puta, os enganaram, eu apenas parei aqui para fazer meditação.  Como fazem todos que praticam a Yoga, que não é uma religião.   Não acredito em nenhum deus, nenhuma força cósmica, nada.  Sugiro que recuperem vosso dinheiro.  Vira as costas, vai embora.   Só escuta as sirenas da polícia chegando para conter a confusão.   Mas ele já está longe, pelo meio da mata, anda a passos largos.

Entende finalmente, que ele está buscando somente ele mesmo, nunca esteve em busca de um Deus maior, mas sim dele mesmo.

Para no alto de uma montanha. Grita ao mundo, Se eu fui feito a imagem e semelhança de Deus, então sou um deus como outro qualquer, cheio de erros, dúvidas, amor, rancor, ira, tudo que compões um ser humano.

Encontra uma cascata, lava a sujeira que cobre sua pele, imaginando que se uma semente cai na sua pele, em seguida brotara uma árvore. Corta seus cabelos largos.   Agora só veste a capa, pois não tem roupas.  Entra numa loja compra roupas normais, o que todo mundo usa, jeans, camisetas, sandálias.  Raspa a cabeça.  Agora ele sabe quem é, a única coisa importante é viver de acordo com sua consciência.   Seja boa ou seja má.  Só ele importa, sonhos, ele já gastou todos, o que urge e ruge agora, é encontra um trabalho.  Agora sabe que sua intuição lhe permite observar, ver, manobrar qualquer um.

Sabe que as pessoas, estão em busca permanente, desde o número de loteria, que lhes possibilite ficarem milionários, embora se perguntados, não sabem que farão com todo o dinheiro.  Procuram um deus que a única coisa que fez, foi criá-los a sua semelhança, virou as costas, foi embora, sem ver a merda que fazia, pois em seus entusiasmo, colocou todos seus defeitos na criatura.

Só lhe resta agora, viver de qualquer maneira, sabe quem é, uma pessoa com um equilíbrio entre o bem e o mal, encontrou o caminho para ir adiante.  Respira tranquilo.

Nesse momento é interrompido, com uma perseguição, entre a polícia, atrás de um traficante de drogas muito procurado.   Uma bala perdida atravessa seu coração. 

Pronto é o fim do caminho.  Escuta a voz de deus que diz.  Vê como é fácil, basta descobrir quem eres, encontrar o equilíbrio entre tuas duas partes, assim estas em paz.

Realmente estava, já que o corpo tinha ficado lá no chão, seria enterrado como indigente.

Também que mais dava, não ia usar mais esse artificio para viver.

Se alguém não entendeu o título é

FEDE MAIS OU FEDE MENOS,    FEDER=CHEIRAR MAL.

 

 

 

 

 

 

 

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