SHETLAND

 

                                             SHETLAND

 

Estava numa reunião com o ministro de justiça, departamento do qual fazia parte, o mesmo só tinha é claro reclamações, mas tampouco fazia nada para melhorar o sistema, ele foi o único que colocou a boca no trombone, reclamou de tudo quando este acabou de falar.

Como o senhor se atreve a cobrar coisas, quando assumiu, prometeu uma série de coisas, mas não cumpriu nenhuma, não se preocupe, já mandei um belo relatório sobre isso para o primeiro-ministro, além é claro que para sua Majestade.

A cara do ministro ficou vermelha, de ódio raiva, sabia que não podia fazer nada contra ele, pois era como um protegido do primeiro-ministro, tinha salvado sua vida, bem como tinha trabalhado junto a família real, tinha uma bela amizade com a Rainha, bem como o marido, odiava os filhos, que para ele, era uns sem vergonhas.

Não deu tempo do outro falar, vou ler a parte de tudo que o senhor prometeu, a cara dos outros chefes de policiais de outras cidades era ótima, invejavam de certa maneira o que ele fazia, mas estavam ali na verdade lutando pelos seus.

Foi lendo ponto por ponto, embora seu busca vibrasse nem se imutou.

Nisso a porta se abriu, entrou o primeiro-ministro, ele seguiu em frente, quando o senhor tiver tudo isso satisfeito, pode cobrar alguma coisa, mas caso contrário, fique fechado como sempre em seu gabinete, desfrutando do whisky que guarda na segunda gaveta da direita, com o qual recebe seus amigos ricos.

Como sabe disso?

Ora, o senhor acha que eu não vou olhar o que faz meu chefe direto, alias um mal chefe, aproveitando que o primeiro-ministro está aqui, sugiro que troque o senhor de cargo, esse deve ser para um juiz, ou mesmo um fiscal, o senhor na verdade não entende nada de leis, pois vive pedindo aos chefes de policias, que ocultem coisas de seus amigos, tenho uma lista aqui de coisas que o senhor pediu, repito, já passei adiante.

O homem parecia que ia ter um enfarte.

O primeiro-ministro, estava justo atrás dele, disse baixinho, como sempre, criando problemas, mas o disse rindo.  Se apresentou formalmente aos outros chefes de polícia, disse ao ministro, que podia se retirar, que depois passasse pelo seu gabinete.

Quando ficaram a sós, disse claramente, o chefe de policial Ben Cross, tem essa facilidade para criar inimigos, realmente o ministro não entende nada de nada, uma exigência de seu partido para ocupar o posto, assim o podem manejar.

Não se preocupem, espero que todos me mandem o mesmo relatório que o chefe Ben Cross, não podemos deixar que os políticos manejem a justiça.

Só um ali, estava quieto, pois tinha sido indicado pelo ministro, mas o tinham remanejado para uma delegacia sem importância.

Vou tomar providencias a respeito, prometo, tudo isso que ele prometeu, eram coisas de minha campanha, vejo que nada foi feito, toca meter mãos a obras.

Saiu da sala, apertando a mão de todos que estava no caminho.

Finalmente olhou seu busca que tinha soado várias vezes.

Ligou para sua secretária, que lhe deu um número de telefone das Ilhas Shetland, mas bem da principal delegacia de lá.

Ligou em seguida, uma pessoa, disse que tinha encontrado seu irmão morto, acreditamos que fazem pelo menos dois dias, foi encontrado pela senhora que se desloca até a fazenda dele, para limpar, os animais a maioria estavam presos no celeiro, mortos de fome, um vizinho está cuidando deles.

Disse que ia tentar sair o mais rápido possível para lá.

Merda foi tudo que verbalizou, mas claro para sair, teve que ir apertando a mão de muitos que estavam ali, que tinham as mesmas reclamações, mas não se atreviam a verbalizar.

Encontrou o primeiro-ministro saindo, lhe disse que teria que se ausentar pelo menos uma semana, disse o porquê.

Não saíste de lá, faz muito tempo não é.

Sim, mais de 35 anos.

Ligou para o celular de sua secretária, disse quem queria numa reunião, deixaria alguns que considerava bons no seu lugar.

Ele tinha escapado da vida na ilha, realmente a trinta e cinco anos, com a desculpa de fazer o exército, com todo seu tamanho, tinha quase dois metros de altura, como uma envergadura imensa, uns braços que diziam que pareciam um tronco.

Foi para a polícia militar, aonde recebeu um treinamento digno de choque, o duro era que no fundo praticava o pacifismo.

Foi para a guerra do Golfo, entre muitas outras, defendendo tudo, o atual primeiro-ministro foi seu chefe numa destas, quando voltou, foi subindo de hierarquia, bem como primeiro sendo da guarda do palácio, depois, serviu no trabalho de programar as viagens da Rainha, bem como os membros de sua família, em seguida foi seu guarda pessoal.

Posteriormente, saiu do exército, foi servir na Scotland Yard, período que esteve servindo junto a vários primeiros-ministros, por isso conhecia bem a engrenagem, de prometer, mas não cumprir.

A mais de cinco anos era chefe da central da Scotland Yard, os políticos tinha feito de tudo para o colocarem para fora, mas nunca conseguiam.

Levava uma vida simples, inclusive a anos atrás, tinha ganho um premio no euro-milhões, com o qual podia ter uma vida boa, tudo que comprou foi uma casa, mais perto da central de polícia, mas tudo muito simples, pois tinha sido educado assim, nada de luxos, o único que tinha, era uma moto, todos os outros chefes andavam de carro oficial, com um policia ao volante, ele nunca.

Dizia que assim chegava primeiro a alguma cena de crime, complicado, dava total assistência a seus homens, que lhe eram fieis.

Passou pela secretária, disse que precisava de um bilhete para Edimburgo, bem como outro de lá para Lewick, a capital da ilha, a fazenda de seus pais, não era muito longe dali.

Sua mãe, morreu quando ele estava na guerra do Golfo, não pode ir ao enterro, o de seu pai, ele estava na Australia, numa das muitas visitas da Rainha, outra vez impossível abandonar o trabalho.

Agora do irmão, nem se lembrava mais da cara dele.

Era seu irmão mais velho, tinha herdado as terras, um hábito da família, por isso ele tinha ido embora, contra a vontade dos pais, claro o queriam ali para trabalhar grátis para eles.

Durante todo esse tempo, nunca voltou, nem de férias, que sempre era muito curtas, as duas últimas passou reformando o seu apartamento, modernizando o banheiro, bem como a cozinha, não gostava de colocar na mãos de qualquer pessoa, que fariam bem ou mal, sem ele ver.

Como diziam, ele era desconfiado por natureza.

Não tinha trapos sujos escondidos, bem sua vida sexual, escondia, no dia que foi colocado para trabalhar no palácio, antes avisou seu chefe, tens que saber que sou homossexual, mas nunca misturo a vida profissional com a particular.

Era uma verdade, não tinha tempo para romances, nada disso, seu tempo era curto, mas para ir para a cama com alguém, preferia que fosse na casa da pessoa, mas tinha faro, nunca se deixava enganar.

Fez a reunião, explicou o que estava acontecendo, mas todos já sabiam o da reunião com o ministro, tinham rido a bessa, sabiam que ele faria algumas reclamação, pois tinha escutado antes todos de seu departamento.

Bom vamos ser se finalmente sai esse bendito aumento, bem como melhora no nosso sistema de saúde.

Só teve tempo para passar em sua casa, guardar a moto na garagem, preparou uma maleta, pois sabia que lá sempre fazia frio, roupas interiores quentes, botas, chamou um UBER, foi para o aeroporto.

Embarcou logo em seguida, pois se identificou, o mesmo aconteceu em Edimburgo, pois o enlace era curto, chamou a pessoa que o tinha avisado, que estaria chegando, o voo que ia.

Mandarei alguém buscar o senhor, claro a estas alturas já devia saber quem ele era.

Durante anos, todos os meses tinha mandado dinheiro para sua mãe, posteriormente para seu pai.   Só quando seu irmão assumiu tudo, quando falou com ele, esse disse que todo esse dinheiro estava no banco, quando mandavas para nossa mãe, o velho nunca a permitiu usar, depois para ele foi igual, quando ela morreu, ele colocou tudo isso aplicado, com os lucros comprou mais terras.

Ele nem imaginava isso, agora herdaria tudo, foi no voo, imaginando que as perguntas que teria que responder, seria justamente esse, se ele voltava.

Se lembrou da velha casa de pedra, aonde tinham vivido várias gerações de sua família, de como a mesma era um gelo.

Se lembrou que de garoto, lhe tocava cortar lenha, bem como manter a lareira que esquentava a casa a maior parte do tempo, não era imensa como as casas de Lewick, sim tinha dois quartos, um grande de seus pais, outro menor, dele e do irmão, com um beliche, a porta sempre aberta para entrar o calor da lareira, a sala e cozinha era o maior lugar da casa, tudo junto, o banheiro era fora, se tomava banho numa banheira de latão, o que estivesse mais sujo, tomava por último, no caso sempre seu pai.

As lembranças nem sempre eram boas, pois tinha sempre discutido muito com seu pai, pois esse achava que ele devia ficar, para trabalhar para a família, mas claro ele tinha estudado, ia a cavalo até um bairro de Lewick, mais próximo, para isso, sabia ler e escrever melhor que seus pais, seguiu seus estudos contra a vontade deles.

Depois no exército sempre esteve estudando, mesmo depois, se especializou em informática, quando trabalhou na unidade de informação, nunca tinha parado, tinha a mente aberta a todas as novidades, tinha adquirido o gosto por ler, nas escola em Lewick, através de uma professora que ficou poucos anos por lá, a mesma reclamava que era do continente, precisamente de Glasgow, não se adaptava ao modo de vida das ilhas.

Quando recolheu sua bagagem, achou estranho, tinha uma placa com o nome de seu irmão, nas mãos de um homem alto.

Se aproximou, esse pediu desculpa, mas não me disseram seu nome, ele se identificou, como sendo da Scotland Yard.

O levou para a cidade, para um hotel de frente para o mar, já se fazia noite, disse que no dia seguinte pela manhã o vinha recolher para irem ver o corpo de seu irmão.

Ele perguntou se a morgue já estava fechada?

Não senhor, mas imagino que esteja cansado.

Ele disse que não, deixou a sua bagagem ali na portaria, eles se encarregariam de levar para seu quarto a mesma.

O outro se via contrariado, a estas horas ter que ir a morgue.

Ele quando viu o corpo, um medico legista disse que se tratava de um suicídio, ele ficou olhando para o mesmo, disse imediatamente o que pensava, impossível, seu irmão era canhoto, a bala tinha entrado pelo lado direito.

O senhor fez a autopsia?

Não, não me pediram.

Ele disse ao rapaz, que chamasse imediatamente seu chefe, me passe o mesmo.

Deu uma bronca no mesmo, se tratava de um assassinato a toda regra, não mandava fazer autopsia?

Como era isso.

Em seguida estarei aí.

Antes se informe com Londres, quem eu sou, para saber com quem está tratando, chame a central da Scotland Yard, aonde trabalho.

O homem chegou manso, ele explicou que o tiro estava do lado direito da cabeça, mas seu irmão era canhoto, sofreu a vida inteira na escola, pois o queria fazer aprender escrever com a direita, isso nunca conseguiram.

Perguntou se tinha feito o teste de pólvora nas mãos dele, foi falando tudo que achava, olhem bem, tinha colocado luvas, os olhos as epiteliais, depois se vê pelo tempo, aqui no pescoço marcas de dedos, ele foi assassinado, tampouco fizeram nenhum teste de drogas verdade?

O legista estava mais branco que sua própria roupa imaculada.

Bom sugiro ao senhor, que trabalhe a noite inteira, virou-se para o chefe, perguntou a que departamento ele estava ligado no continente.

Ele disse que de Aberdeen.

Ligue imediatamente para seu chefe, pois acabo de estar com ele em Londres, diga quem eu sou, o que estou fazendo aqui, que quero uma equipe de investigação, com tudo que tenho direito, eu mesmo levarei o caso.

A cara do outro era de horror.

Pediu se ele levasse o caso, se podia acompanhar, pois lhe faltava prática, na verdade me desterraram aqui por motivos políticos.

Ele odiava isso, bom, então levaremos o caso os dois ok.

Mas quero a autopsia imediatamente, ao mesmo tempo, devemos ir ao lugar do crime, deixaram alguma pessoa lá?

Não, simplesmente fecharam a porta.

Então vamos.

O homem o examinou de cima a baixo para ver se ele estava preparado.

Estou preparado, nasci aqui, sei como é tudo isso.

Foram pela estrada estreita, a noite sem lua não o ajudava a identificar a paisagem, mas a sorte que a estrada não era mais de terra batida como antigamente, pois a chuva sempre dificultava o caminho, aguentaram sim chuva, de longe o chefe parou o carro, tem alguém na casa, pois a luz esta acessa.

Lhe passou uma arma, foram andando o resto do caminho, ao lado do muro de toda vida, de pedras, ele mesmo tinha arrumado esse muro mil vezes, com as chuvas sempre caiam.

Deram de cara com duas pessoas revirando tudo.

Levaram um susto de fazer gosto, depois de algemados, confessaram que estavam procurando um documento, seu irmão a meses atrás tinha comprado num leilão do banco, as terras deles.

Quando escutamos que estava morto, viemos até aqui, pois assim poderíamos recuperar o que era nosso.

Ficou olhando para o homem, a casa inteira estava revirada, agora o difícil era saber o que tinha sido antes, pois os mesmo disseram que já estava assim quando chegaram.

O Chefe Andrew, chamou por celular, os que tinha vindo quando foi denunciado a morte.

Era o mesmo policial que o tinha acompanhado.

Ele perguntou se tinha feito fotografias do lugar?

Este olhou para seu chefe, negou com a cabeça, simplesmente tinha chamado o médico legista que levou o corpo, não tinha feito mais nada, inclusive se movia agora pela casa sem luvas.

Ou seja, vocês estão no século passado, andam pela casa como se nada, sem proteção nenhuma, em nenhum momento pensaram num assassinato, nem procuraram informação do morto, deixaram a mesma sem proteção nenhuma.

Desta vez ele chamou o chefe dos mesmos em Aberdeen, falou o que tinha acontecido, mas sem tom de reclamação, pediu que mandasse reforços, além de uma equipe de legista para examinar o lugar.

O que tinha encontrado o corpo, ficou com mais dois tomando conta da casa, ficaram com a boca aberta, quando ele disse, que não podiam ficar dentro da mesma, caia uma chuva impressionante, bem como fazia frio, mas isso não era com ele, deviam ter trabalhado direito.

Tinha até vontade de rir.

Quando finalmente chegou ao hotel, outra vez, o chefe de Aberdeen, disse que chegaria logo de manhã, se o tempo estivesse bem, de helicóptero com uma equipe.

O chefe Andrew, só assim esse se mexe, vivo reclamando de tudo aqui, mas ninguém me escuta.

Espere, passou a mão no seu celular, falou diretamente com o primeiro-ministro, aí soube que o cargo de lá, era político.   Isto está uma merda, quero uma equipe de Londres trabalhando aqui.

Em seguida tornou a chamar o chefe de Aberdeen, dizendo que não precisava vir, o primeiro-ministro, estava mandando uma equipe de seu departamento.

O outro ficou, mas eu vou resolver.

Pelo visto o senhor não tem pratica nenhuma no assunto, houve um assassinato, nem se deram conta, a equipe daqui não esta equipada, é a capital das ilhas, como sempre, a sensação que tenho é que estamos no século passado.

Ele convidou o chefe para comer, este o levou a um pub ali perto.

Me fale de ti.

Bom eu vim de Edimburgo, fui desterrado primeiro a Aberdeen, depois para cá, tudo por motivos políticos, disse a quem o chefe estava ligado.

Pelo visto o ministro de justiça, pediu a demissão hoje.

Ele caiu numa gargalhada imensa, talvez por minha culpa.

Me lembro do senhor, assisti uma palestra sua, sobre o problema de mantermos atualizados nas investigações.

Pois é eu brigo com isso todos os dias, em Londres, imagino nos outros lugares, que não importa nada, a não ser que o defunto seja de família importante, aí manda alguém de Londres.

Mas agora toca meu irmão.

O chefe fez um sinal a um homem que estava ali na barra, esse é o advogado da sua família, o acionei hoje, mas só levantou os ombros.

Claro a noticia tinha vazado, todos já sabiam quem ele era, o mesmo se mostrou serviçal.

Ele foi ríspido, não gostou do sujeito, disse que no dia seguinte estaria no seu escritório as oito da manhã, para recuperar todos os documentos que tivesse de seu irmão, mas todos entendeu, pois não o quero como meu advogado.

Depois disse ao chefe, esse é o tipo de sujeito que eu não gosto, inclusive tem cara de culpado.

Foram para o hotel, se despediu do outro, disse se ele o podia acompanhar ao escritório do advogado as oito da manhã.

Tomou um belo banho quente, nem tinha olhado a casa direito, se jogou na cama, ficou pensando a coisa aqui não mudou muito, realmente fora de Londres, das principais cidades, a coisa andava, como um trem maria fumaça, devagar.

As cinco já estava desperto, tomou outro banho, desceu para tomar um café, o pessoal do hotel levou um susto, mas prepararam para ele como ele gostava, um café bem forte, com torradas com manteiga.

Quando o chefe Andrew, chegou as oito em ponto, ele já estava do lado de fora, apesar do frio, olhando o mar.

Quando chegaram o advogado, parecia não ter dormido, ali estavam toda a documentação que ele tinha pedido, perguntou se sabia do banco que o irmão tinha conta?

Esse disse, que era um a volta da esquina.

Foi com o mesmo, além do policial até lá.

A conta era imensa, além da do pai, com todo dinheiro que ele tinha mandado todos esses anos.

O diretor disse que tinha também uma caixa forte, somos o único banco daqui que tem isso.

Se matou de rir, pois o controle era superficial, qualquer um podia entrar, ir até o andar de baixo para isso.

O advogado queria descer, mas ele impediu, o senhor não tem nada a ver com essa caixa.

Dentro estavam escrituras, de várias propriedades, o diretor do banco disse que seu irmão tinha o hábito de comprar as propriedades em leilão, depois alugava as mesmas, as vezes para o antigo proprietário, ele atualmente era o maior produtor de lã da ilha.

Viu que os documentos que o advogado tinha apresentado, não constavam todas as escrituras, ficou com a pulga atrás da orelha, quando foram ao aeroporto para buscar o pessoal que chegava de Londres, num avião especial do governo, deram de cara com o mesmo tentando sair da ilha.

Deu ordem de prisão para o mesmo, vamos interroga-lo.

Foi um deus nos acudam, quando o chefe de Aberdeen chegou com sua equipe, deu de cara com uma equipe maior, eram os homens dele, com uma ordem especial do primeiro-ministro.

Viu que o advogado era amigo do chefe de polícia de lá.

Na pasta do advogado, estavam documentos de duas propriedades, ele tinha uma cópia, a original estava na caixa forte.

Seu irmão não era tonto, devia desconfiar do advogado.

Andrew arrumou um outro, um senhor de idade.

Este disse que tinha levado as coisas de seu pai a vida inteira, mas quando chegou esse, não sei como convenceu seu irmão.

Depois da morte de tua mãe, teu pai, com o lucro que obtinha com a lã, pois são especiais, ele sempre comprava uma propriedade em Leilão, a maioria com a desculpa de ajudar um vizinho em apuros, depois alugava as terras aos mesmo, se queriam ficar, inclusive colocava mais carneiros no lugar, para render mais.

Assim foi montando uma verdadeira empresa, inclusive tinha ações das empresas que compravam a própria lã dele.

O outro advogado não tinha comentado nada.

Foi quando atou cabos, o chefe de polícia de Aberdeen, era casado com uma das herdeiras da fábrica.

O círculo foi se fechando, ao meio-dia, já tinha uma autopsia real do que tinha acontecido com seu irmão, a equipe que tinha vindo analisou tudo, ele tinha sido assassinado com um veneno, uma seringa na base do crâneo, no meio de toda sua cabeleira imensa.   O tiro tinha sido para distrair, claro em suas mãos não tinha rastro de pólvora.

Ele disse ao chefe do grupo, o fizeram do lado direito, meu irmão era canhoto, atirava com o lado esquerdo.

Mas quem fez isso, devia conhece-lo, pois pelo visto abriu a porta, uma outra equipe, estava revisando a casa, bem como impressões digitais.

Encontraram dos dois sujeitos da noite anterior, bem como de outras duas pessoas, que foram identificadas como empregados dele.

Estavam desaparecidos.

Quando os encontraram, eram os dois ligados ao advogado, esse acabou confessando, tinha feito isso, não sabia que ele existia, tampouco que fosse chefe da Scotland Yard, seu irmão nunca falava a respeito.

Veio um juiz especial de Edimburgo, a pedido do primeiro-ministro.

Ao final, ele recuperou todo seu dinheiro, o que tinha mandado todos esses anos, estava numa conta, segundo o diretor do banco, quando mandava para sua mãe, o dinheiro ficava parado, mas o pai, colocou tudo para render, com esse dinheiro comprou as primeiras propriedades, aumentando a sua.

Descobriu que na verdade a propriedade principal era dela, não dele, só depois que morreu é que passou para ele, assim ele começou o movimento de comprar mais, o que passou para seu irmão.

Mandou levantar a vida do mesmo, interrogou pessoalmente a senhora que limpava a casa.

Foi até lá com ele, um dia pela manhã, viu que o irmão tinha deixado por fora a mesma coisa, mas o interior, ele tinha modificado, agora tinha um banheiro, que tinha aumentado a casa, nos quartos havia um sistema elétrico para esquentar o quarto, bem como no salão, nada de madeira, tinha mandado levar todas as ovelhas para as outras propriedades, depois do enterro marcou uma reunião com todos, que alugavam as propriedades.

A senhora depois que a casa foi liberada, levou umas quantas mulheres, para limpar tudo.

O quarto que tinha sido dos dois, agora era um escritório, viu os livros que o irmão lia, quase soltou uma gargalhada.

Tinha inclusive um Harry Poter, considerado como para crianças, tinha todos ali, bem como outros de histórias de detetives.

Os papeis das gavetas estavam todos espalhados pelo chão, ele foi juntando tudo, lendo cada um para saber do que se tratava.

Alguém do fórum o avisava dos leilões, foi procurar a pessoa.

Era um conhecido de sua infância, o tinha visto no enterro.

Este contou que durante anos tinha tido um relacionamento com seu irmão, mas quando teu pai morreu, ele colocou na cabeça que tinha que ser o homem mais rico da ilha.

Eu lhe perguntava para que, se ele não tinha nenhum herdeiro, pelo que me falava você tampouco.

Era uma verdade, nunca tinha pensado nisso, mas tampouco tinha imaginado ter essa situação entre as mãos.

Pegou o hábito nesses dias de conversar com o Chefe Andrew, bem como com esse amigo de seu irmão, Jeff Corbws.

Estou numa sinuca de bico, voltar a Londres, ou ficar, resolver as coisas daqui.

Com o velho advogado, se aconselhou, fez uma reunião para toda essa gente que trabalhava para o seu irmão, inclusive os dois que tinha tentado recuperar suas terras.

Viu que o acordo, que tinham era duro, sem saber por que perguntou quantos tinham crianças, se todas iam a escola, como faziam, fez milhões de perguntas, como funcionavam, se eles entregavam toda a lã, como se dividia o lucro.

Foi quando o chamaram desde Londres.

Ir até lá, no caminho o fez pensar muito, primeiro foi agradecer seu amigo o primeiro-ministro, depois conversou muito com ele.

Me vejo na obrigação de cuidar dessa gente, há muitas crianças no meio disso tudo, meu irmão não pensava em ajudar, pois os explorava, não entendi por que, pois não tinha herdeiros.

O único era eu, uma das poucas vezes que falou comigo, me perguntou se algum dia ia voltar, eu nunca tinha pensado nisso.

Tirou uma licença, sem vencimentos, iria tentar organizar tudo.

Voltou outra vez, com mais bagagem, a primeira coisa que fez, foi melhorar a casa, comprar um carro, um forte, nada de um bonito, mas um que pudesse aguentar as piores épocas, inclusive a neve.

Depois foi de granja em granja, conversava com a família, anotava quantas crianças tinham, quem ia a escola, quem não.  Na verdade era poucas.

Foi conversar na escola que tinha estudado, como todas as propriedades ficavam num raio perto da mesma, se ofereceu para ajudar.

Depois de visitar todos, fez uma reunião com várias propostas.

Tudo ia mudar, disse o que pensava fazer, nada de como tinha feito seu irmão, o velho advogado tinha até rejuvenescido, pois o tinha colocado no meio.

Conversou com a empresa de transporte, pagaria um ônibus, que fosse até a granja mais distante, que viesse recolhendo as crianças, para irem à escola.

As mães gostaram imediatamente, depois, a coisa ia ser diferente, seu irmão cobrava um aluguel, bem como ficava com quase cinquenta por cento dos lucros.

Ele tinha feito as contas, não era necessário todo esse dinheiro, ficava com vinte por cento, fundariam uma cooperativa, toda a lã iria para ela, dividiriam os lucros, bem como comprariam tratores modernos, para cuidar do campo.

Só os dois que tinham entrado na casa não se interessaram, foram embora, ele logo conseguiu uma família para ficar lá.

Contratou um médico em Aberdeen, que tinha uma clinica ao lado da escola, atendia a esses meninos, bem como as famílias.

Sem querer virou o pai de todos.

Seguia se reunindo com seus amigos, tinha explicado ao Andrew, como melhorar a delegacia, treinar o pessoal, bem como consultava os dois a cada ação que fazia.

Jeff disse que tinha sido amante de seu irmão toda a vida, ele nunca quis sair daqui, tinha essa ideia de propriedade, creio mesmo que foi teu pai, que colocou isso na cabeça dele.

Eu acabei ficando por causa dele, até que a coisa entre nós esfriou, ele quando queria aparecia na minha casa atrás de sexo, nada mais, tinha algumas coisas de criança mal resolvida na sua cabeça.

Ele contou dos livros, não que esteja mal ler, mas acredito agora, que esses livros, representavam a infância que não tivemos, pois desde que me lembro, eu chegava da escola, mal comia, estava em cima das ovelhas, limpando o celeiro, fazendo trabalho de um adulto.

Agora entendo, quem levava as coisas era minha mãe, pois a propriedade era dela.

Foi ela que ficou furiosa quando eu decidi entrar para o exército, mas fui esperto, só disse quando ia embora.

A escola melhorou, inclusive agora tinha uma biblioteca, como as melhores escolas da cidade.

Mesmo os professores eram bons, embora levasse em consideração, que poucos queriam ir para as ilhas.

Arrumou uma casa na cidade, mandou reformar a mesma, era justo em frente a uma das praias de lá.

A casa deixou para um casal, filho de uns granjeiros que trabalhavam para ele.

Dali administrava tudo, a venda da lã, o que precisava a cooperativa, ia visitar sempre essas pessoas, para saber de suas necessidades.

Os filhos que iam a escola, que tinham futuro, ajudava a mandar para estudar em Aberdeen, ou mesmo Edimburgo, muitos depois iriam a universidade, o fazia sabendo que poucos retornariam.

Mas não se preocupou muito, seguiu em frente.

Tinha se preparado para o dia que morresse, todas as propriedades, voltavam aos seus donos, mas claro hoje em dia esse pessoal sabia trabalhar, lhes colocou na cabeça, nada de pedir dinheiro emprestado ao banco, se necessitavam de alguma coisa, a cooperativa tinha um fundo para isso.

Era padrinho de muitos garotos, inclusive do filho do casal que vivia na casa de sua família, era como se fosse seu neto.

Incentivou as mulheres a cardarem a lã, para ganhar mais dinheiro, bem como fazer colchas, ou mantas com elas.

Trouxe uma nova raça de ovelhas, que eram negras, foram separadas em algumas propriedades, assim teriam lã sem necessitar de tintarem a mesma.

Com os anos, desenvolveu com o Andrew uma relação, mesmo quando quiseram que ele voltasse para Aberdeen, disse que não tinha se habituado a viver lá, com ele.

Agora estava  chegando aos setenta anos, olhou o que tinha feito nesse meio tempo, os partidos políticos, o queriam por saber que com ele podiam se relacionar com o governo, mas nunca gostou disso, dizia que nem pensar, sua paz era o primeiro, ajudaria sempre sua gente, sem precisar de politica pelo meio.

 

 

 

 

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