EGOÍSTA

 

                                               

 

Nas últimas semanas que tinham sido confusas, complicadas para absorver, inclusive tinha sido taxado de egoísta mil vezes, agora entendia que um grande amigo seu dizia, o interesse das pessoas em dinheiro.

Tudo tinha começado com uma chamada de Los Angeles, nem sabia que sua tia estava vivendo lá.     A mesma tinha falecido num acidente de carro, necessitavam dele.

Falou com o presidente da companhia que trabalhava, passou as apresentações, pendentes ao seu braço direito, uma garota fantástica que ele tinha descoberto por acaso, trabalhando como secretária na empresa, era perfeita para isso, nas últimas ele tinha passado para ela o grosso da apresentação, não sabia por que não pensava em ficar muito tempo mais na empresa, já tinha chegado aonde queria.

Pegou um avião no JKF, com destino a Los Angeles, foi de classe executiva, quem conseguia essas coisas era sua secretária.

Dormiu a maior parte do tempo, mas na verdade estava era olhando para dentro, para sua história.

Pelo que ele sabia, sua mãe tinha morrido, no parto, sua tia foi busca-lo aonde ela estava, o trouxe, registrou com seu sobrenome, afinal era o mesmo, mas constava na sua certidão de nascimento, filho de Marie Stuart Brown, pai desconhecido.

Logo contratou uma senhora, que cuidou dele, até a época dele ir para uma escola interno, para ela, ele não parecia existir, quando criança, se aproximava dela, mas ela logo fazia um gesto, essa senhora, o levava.   Dizia em alto e bom som, que detestava crianças.

Assim que pode o colocou numa escola aonde ele passava o dia, quando essa senhora disse que não podia mais trabalhar pela idade, o colocou num colégio interno.

Nunca foi visita-lo, ele tampouco ia para casa, nas festas, férias nada disso, ela pagava para ele ficar lá.

Quando estava para ir a universidade, ela apareceu, perguntou o que ele queria fazer, foi como se reencontrar com uma desconhecida, estava hiper arrumada como sempre, sem um fio de cabelo fora do lugar, o aconselhou a fazer alguma coisa de proveito.  Foram a um banco, ela depositou dinheiro na sua conta, muito por sinal, disse que tinha vendido as terras de seu pai, bem como a casa familiar, que iria para outro lugar, que ele fosse à luta.

Ele resolveu ir para NYC, pensava em estudar propaganda.   Por sorte estava acostumado na escola a uma vida simples, alugou primeiro um quarto, com banheiro na casa de uma senhora, que um professor lhe indicou, tinha uma entrada a parte, não passava por dentro da casa, era um sótão, no Brooklyn, foi um achado, era tudo muito simples, a única coisa diferente, tinha uma geladeira, bem como uma pequena maquina de lavar roupa no banheiro.

Sua roupa era a mais normal possível, como de todos de sua idade, calças, jeans, camisetas, tênis, um abrigo polar para o inverno.

Via os companheiros de classe usando a última moda, mas a ele isso não interessava, tinha que fazer esse dinheiro render muito.

Logo no primeiro ano, com a ajuda de outro professor, conseguiu para trabalhar numa das grandes empresas de publicidade de NYC, ali fazia todos os trabalhos que ninguém queria, inclusive participava das reuniões de criação, para anotar coisas, foi aprendendo, o manejo.

No segundo ano, foi para outra, concorrente dessa, estes se diziam mais moderno, mas analisando, eram iguais.

Por um acaso, discutiam um projeto, o mesmo tinha sido feito pela outra empresa, que o dono da fábrica não gostou, não tinha funcionado.

Analisavam isso, ele na reunião com o proprietário da fábrica, entendeu o que ele queria.

Mas como sempre os criadores, achavam que sabiam de tudo.

Ele comprou o produto, foi anotando tudo que tinha de errado, a embalagem, o texto da mesma, nada era como o homem queria, qual o objetivo da mesma.

Falou com o pessoal do mercado aonde comprava, tirou um final de semana, fazendo os clientes analisarem o que tinha para vender.  A maioria criticava a embalagem, pois não chamava atenção, os que tinham mania de ler os rótulos, reclamavam que era pomposo, nada objetivo.

Na reunião seguinte, estava basicamente fazendo o mesmo, mudando cores, mas o resto era a mesma coisa.

Ele pediu licença ao chefe, apresentou seu trabalho, não viu que o diretor, entrava com o cliente, se sentaram ao fundo, falou do que tinha feito, falei com os clientes, as reclamações do mesmos, que o produto era bom, mas não chamava atenção.  Meus companheiros, pensam apenas em mudar cores para atingir os clientes, mas o texto continua pomposo, confuso, ninguém fala direito de que está feito o produto, perguntou se alguém tinha provado, ninguém.

Pois o mesmo tem um sabor a baunilha, com flocos de aveia, a uma variedade, com pepitas de chocolate, isso não consta na embalagem, a propaganda se centra nessa embalagem, no meu estágio anterior, vi essa apresentação, realmente o sujeito sabia convencer, mas creio que nada funcionou, o dono do mercado aonde compro, disse que vai sempre devagar, fiz uma coisa, coloquei todo o estoque que tinha na frente de uma gondola, fizemos uma promoção, eu fiquei ao lado como uma garota propaganda, falando do produto, no final do dia não tinha mais nenhuma, isso que era domingo.

Escutaram aplausos, era o dono do produto.

Finalmente alguém que entende o que eu quero, virou-se para o diretor, dizendo compro a ideia, se esse rapaz, a desenvolve, bem como a apresentação nos supermercados.

Tinha um emprego, bem como uma série de inimigos, não deu a mínima.

O produto foi relançado no mercado, com uma promoção, convenciam os donos de supermercados ou mesmo mercados pequenos a colocarem na frente, com uma margem para promoção.  A coisa funcionou.

Ele foi avisar o gerente, que tinha acabado seu estágio, que voltava a universidade.

Esse estranhou, pois tinha falado com o chefe da equipe de criação, que o queria na mesma.

Mas me falta o último ano da universidade.

Não faz mal, podes trabalhar na parte da tarde, chamou o mesmo, perguntou por que não o tinha contratado.

Oras ele é um estagiário que acabou criando problemas com os outros.

Bom tu e que sabes, também posso mandar a equipe inteira embora, pois não fizeram nada de novo para o cliente.

Lhe entregou na frente do chefe, um arquivo, quero que olhes esse projeto, reveja o mesmo, esse cliente é crucial para a empresa.

Ele fez a mesma coisa, olhou o projeto todo, foi conhecer o produto, perguntou ao chefe se podia ir a fábrica, esse de mal humor perguntou para que?

Como na pasta tinha o telefone da empresa, ele telefonou, disse que o diretor tinha passado para ele fazer uma revisão do projeto, perguntou se podia visitar a fábrica, para ver como se produzia o produto.

Mandaram um bilhete de avião, lá foi ele, pediu a um companheiro um terno emprestado, foi até a mesma.

O dono colocou o chefe de produção para lhe mostrar a fábrica, ele pediu para ver desde o processo original, até o final, como faziam no final do dia, inclusive a limpeza das maquinas.

Quando voltou sentou com seu chefe, disse que o objetivo estava errado, que talvez, promocionar o trabalho desde dentro seria o melhor.

Disse ao mesmo o que imaginava.  Este colocou a equipe para isso.

Quando da apresentação, não o chamaram, mas o dono da empresa, perguntou por ele, o diretor mandou chama-lo, ele assistiu impassível a apresentação, tinham usado sua ideia, mas não sabiam desenvolver, pois não conheciam a fábrica.

O dono ficou decepcionado, se virou para ele, perguntou se ele tinha participado da parte de criação.

Não senhor, passei minha ideia para o chefe, que a desenvolveu com sua equipe, mas não participei.

Como você, faria, já que visitou a fábrica.

Um momento, foi até a mesa aonde se sentava, voltou, soltou o verbo como ele dizia, creio que o enfoque está errado, devemos mostrar aos clientes, como o produto é feito, sugiro um vídeo de lançamento, primeiro maior, depois menores por parte, a embalagem dever ser diferente, eu li a pouco tempo como fazem os japoneses com esse tipo de produto,

Uma embalagem, dentro de uma outra maior, claro acrescenta custo, mas ao mesmo tempo da ideia da higiene usada na fábrica.

Primeiro faríamos um vídeo, com todo o processo, passaria num horário nobre, talvez antes do primeiro tele diário, depois pequenos, com detalhes de cada parte, mas acabaria sempre, no final, a colocação da embalagem interior, depois a de fora com a mesma ideia, higiene, em um produto de consumo.

Na época ainda não se falava de reciclagem, anos depois ele faria isso outra vez, com essa ideia.

Isso sim, gosto da ideia, não me importa, quanto vai custar os vídeos, nem a propaganda no horário nobre.  Virou-se para o diretor, tenho outra fábrica, com outro produto, está nas mãos de uma concorrente, se essa sai bem, passo o outro produto para vocês.

Na frente de todos, o chefe disse para ele desenvolver tudo, selecione o pessoal que queres trabalhando contigo.

Viu que o trabalho de vídeo, era subcontratado, falou com o diretor, levou um companheiro de universidade, que se especializava nisso.

Ninguém com vícios de criação, foi aceito.

O chefe dos criadores, fazia tudo para complicar tudo, acabou na rua, com mais dois.

Lhe ofereceram o cargo, mas disse que não, devia obedecer a um que tivesse mais experiencia, ao qual ele pudesse consultar.

Assim foi subindo devagar na empresa, aonde ele tinha feito o primeiro estágio, o queriam contratar.

O diretor ficou sabendo, veio falar com ele, lhe ofereceram um salário melhor, bem como posto de assessor de criatividade, que não existia, mas criavam para ele.

Seu amigo que trabalhava com vídeo, foi contratado, assim quando fazia a apresentação, o faziam como seria o vídeo promocional.

Agora o equipe basicamente funcionava a partir dele, ele só tinha 25 anos, mas uma cabeça impressionante.

Agora quando ia visitar uma fábrica, ia com um dos criativos, bem como o Albert, que fazia os vídeos.

Acabou em seguida como chefe dos outros, o que tinha ficado no lugar do anterior, saiu para o outro lado do pais.

Agora ele era aos 45 anos, diretor da empresa, seu antigo chefe, era o presidente da mesma. Dizia que tinha o cargo por culpa dele.

Quando chegou a Los Angeles, lhe esperava um advogado, ele foi honesto, não sabia da tia a muitos anos, creio que não falo com ela, a pelo menos 15 anos, nem sabia que vivia aqui.

O mesmo lhe contou que ela era viúva de um dos grandes produtores de Hollywood, antes tinha sido casada com um diretor de cinema.

Nem tinha ideia disso, a mesma era uma mulher bonita isso sim, com muita classe, sabia se vestir bem.

O mesmo foi lhe dizendo que havia um processo, pois estava alcoolizada, no momento do acidente, mas para evitar matar alguém, tinha chocado com o carro, em uma árvore, morreu no ato.

Foi com ele no dia seguinte, ao necrotério, tinha feito a autopsia, só lhe mostraram a cara, se via que tinha feito várias cirurgias faciais.

Para ele, era uma bela desconhecida, o advogado tinha as ordens todas de como devia ser o enterro, no cemitério ao lado de seu último marido, um mausoléu familiar.

O mesmo tampouco tinha filhos.

Fizeram como ela tinha pedido, poucas pessoas apareceram no velório, no enterro menos ainda.

Soube que ela não era muito querida, tinha assumido o lugar do último marido, era um carrasco dando ordens, queria dinheiro.

Mas foi na leitura de testamento, que o surpreendeu, quando o advogado, lhe disse que já não teriam que pagar o internamento de sua irmã, pois esta tinha morrido a meses.

Ficou confuso, pois imaginava que sua mãe estivesse morta.

Este lhe entregou uma carta, bem como uma série de documentos, propriedade de um casa nos altos de Hollywood, bem como apartamentos, dinheiro no banco, além de uma série de negócios.

Este o levou para uma sala aonde pudesse ler e absorver tudo.

Na carta ela lhe explicava que na verdade, ela era sua mãe, dizia inclusive o nome do pai, fingi que minha irmã tinha tido um filho, mas já estava internada essa época, tinha um retraso mental, bem como descapacitade física.   A mantive sempre nesse hospital, o dinheiro que te dei, foi o que obriguei ao teu pai, depositar todos os meses.

Acompanho todos esses anos teus trabalhos, sei que não precisas de nada, mas a realidade, é que não nasci para ser mãe, na época eu estava gravida, estava mais preocupada, se nasceria como minha irmã, ela era filha temporã de uns pais velhos.

Mas não sabia lidar contigo, por isso aquela senhora cuidou de ti, desde bebê, eu odiava essa parte de ser mãe, teria abortado, mas descobri muito tarde que estava gravida.

Não posso pedir perdão, pois nunca me senti culpada, te dei sim um bom colégio, depois o dinheiro que teu pai mandava para pagar tuas despesas, nunca toquei nele, por isso eram para ti, assim que me vi livre, tomei da decisão de vender a casa dos meus pais, começar de novo em outro lugar, tive sorte no meu primeiro casamento, ao me divorciar, fiquei mais rica, depois com o último foi outro golpe de sorte, era um homem que me adorava, sabia que eu era inteligente que o ajudaria a levar sua empresa, quando eu morra será tua.

Ou seja da nada, ele estava forrado.

Falou com o advogado, irei a NYC, preciso resolver minha vida.

Afinal ele tinha um relacionamento de anos, com um homem de negócios, embora o outro sempre dissesse que o queria trabalhando juntos, ele sabia que levavam vidas diferentes, o outro adora uma festa, ele só ia nas que tinha negócios.

A ostentação, do outro que tinha vindo da merda, era excessiva, mesmo porque, esse insinuava que deviam viver juntos.  Ele gostava de seu apartamento, simples como sempre, nada que desse muito trabalho.   Se vestia bem, porque assim exigia seu cargo, mas nada de roupas de marcas, coisas simples.

As suas férias eram sempre num lugar, aonde ele pudesse se relaxar, nada de turismo, em grandes cidades, ou mesmo, lugares de novos ricos, uma vez tinha ido com seu relacionamento a Cancun, odiou cada dia que esteve ali, acabou indo embora, tinha ido para relaxar, não para se mostrar, como o outro fazia.

Quando avisou que voltava, o outro não disse nada, só se tinha dinheiro no meio.

Não gostou, chegou sem avisar, tinha a chave do apartamento do mesmo, quando entrou ele estava com outro na cama.

Ficou parado na porta, quem viu foi o rapaz, que comia o cu do mesmo.

Silenciosamente, saiu, deixou as chaves na entrada, foi embora.

Sentou-se para conversar com o presidente da empresa, tinha muitas coisas entre mãos, podia dirigir a empresa que era de sua mãe, tinha que ir até lá para ver tudo isso.

O outro sem querer descobriu que ele tinha recebido uma bolada de dinheiro, o procurou, não mais como amante, mas sim querendo que ele investisse em sua empresa.

Foi honesto, nem pensar, jamais confiaria em ti, o outro fez uma verdadeira perseguição, só avisou ao advogado de Los Angeles, que estava terminando dois trabalhos, pois seus clientes eram antigos.

Levou um mês, nisso, ao mesmo tempo, que nos seus momentos livres, analisava tudo que ela tinha deixado.

Fez uma coisa que nunca tinha imaginado, foi ao hospital em que sua tia estava internada desde os seus 15 anos.  Viu fotos da mesma, no final toda retorcida em cima de uma cama.

Quando perguntou se sua mãe vinha visita-la, disse que nunca, mas os pagamentos chegavam perfeitamente nos dias certos.

Que filha da puta, pensou, má irmã, péssima mãe, enfim, uma bela desconhecida.

Foi primeiro como se estivesse numa longas férias, assim escapava também do outro.

Tinha aprendido a lição, por sorte tinha se negado a viver junto.   Mas agora o que interessava ao outro era seu dinheiro.

Levou um bom tempo analisando com o advogado tudo, a produtora, no momento não tinha nenhum filme em andamento, na verdade só tinha dois funcionários, os indenizou, os dois queriam seguir, ele concordou, passou o nome da empresa para eles, mas nunca constaria seu nome.

Tinha sim uma participação, numa empresa de publicidade, que trabalhava com filmes, foi até lá com o advogado.

Quando souberam quem ele era, o que fazia em NYC, pediram que ele assumisse a parte de criatividade.   Mas nunca trabalhei com cinema, teria que estar aqui um tempo como estagiário, para saber.

A casa de sua mãe, era uma mansão para ninguém botar defeito, a mandou colocar a venda, não lhe interessava viver lá, a despesa era impressionante, necessitavam de pelo menos dez pessoas trabalhando, indenizou cada empregado, mas fez tudo para quem comprou a mesma os contratar.

Só um disse que não queria.  Tinha sido o administrador.

Foi olhar um outro imóvel, o mesmo disse que cuidava desse também, era uma casa em Malibu, perfeita para ele, veio com a herança do marido, ele usava essa casa para suas aventuras, que ela fingia que não via.

Mandou retirar os moveis todos de mal gosto, contratou o homem para seguir administrando as outras propriedades, todas alugadas, reformou a casa a modernizando.  Foi viver lá.

Ao mesmo tempo, foi fazer um estágio na empresa de propaganda.  Evidentemente funcionava diferente do que ele trabalhava, pois a mesma, a mercadoria era a humana, atores, diretores, o filme em si.

Durante um tempo, os outros acabaram se relaxando, pois ele escutava tudo, sem dizer nem uma palavra.

Escutava, até que um dia, foram ver um filme, fariam a publicidade do mesmo.

Ele nessas alturas já sabia o que se podia melhorar, aos pouco foi tomando conta do negócio, aos mesmo tempo que foi comprando ações da empresa, quando finalmente teve o poder, trocou a equipe de criativos, trouxe seu braço direito de NYC, juntos começaram a trabalhar de outra maneira, chegou um momento que não davam abasto, inclusive atendiam outros tipos de clientes.

Os anos foram passando, até que um dia em uma apresentação de um filme, deu de cara para o homem que era seu pai.

Quando este lhe elogiou o trabalho, ele sorriu, disse que devia a ele, pois pagaste minha universidade.

O homem ficou olhando sua cara, sem saber, ele o colocou ao seu lado no espelho, eram parecidos.

Ele se recusou a fazer a propaganda do filme que eram como uma biografia do mesmo, disse que estavam cheias de mentira, quando a imprensa soube, queria saber do que falava. Mandou falar com o mesmo.

A imprensa começou a fuçar sobre o mesmo, comparar a história do filme, com a sua verdadeira, a publicar fatos, o filme se transformou num fiasco.  Sem querer tinha sido uma vingança, sem mexer nada, só se tinha negado a fazer publicidade da mesma.

Quase um ano depois, o homem era um fantasma de si mesmo, o procurou, tinha uma doença degenerativa, necessitava de um transplante de medula óssea, se negou a recebe-lo, veio um advogado, ele tinha vários filhos fora do casamento, nenhum aceitou fazer a doação.

Morreu afastado de tudo, num hospital.

Um dos filhos, um jornalista, que tinha sido o principal caçador de notícias do mesmo, publicou um livro, a outra cara da verdade.

Ele fez a publicidade do livro.

Quando conheceu o Jerry, um grande diretor de cinema, saído de um divórcio complicado, os dois imediatamente se deram bem.   Meses depois a mulher que lhe tinha dado tantos problemas, uma dessas atrizes que acham que são o centro do mundo, foi encontrada morta drogada, ele recuperou o filho que tinham juntos.

A estas alturas os dois basicamente viviam juntos, foi como ter um filho.

Segundo Jerry ele era melhor pai, que ele mesmo.

Muitos anos depois quando os dois se separaram, Jerry tinha sede de juventude, o Jr, ficou com ele, já tinha idade suficiente para decidir o que queria, estava para ir à universidade, foi fazer um curso de publicidade, mas acabou na agência, era um criativo para ninguém botar defeito.

Não se preocupou muito mais em ter relacionamentos, estava naquela idade, que ele preferia a solidão, a estar com uma pessoa, com conversas fúteis.

Junior discutia com ele isso, sua resposta era sempre a mesma, um dia descobriras que as vezes nos relacionamos por necessidade, mas quando chegas a uma certa idade, ou achas como teu pai, que a juventude de outra pessoa, vai te fazer recuperar a puta juventude, ou estar perfeitamente sozinho.

Não necessito de ninguém a estas alturas da minha vida, nunca tive um grande relacionamento, mas o com o teu pai foi o que mais durou, tinha uma impressão de que tinha encontrado uma pessoa como eu, mas com o tempo, começas a descobrir brechas nisso, primeiro aceitas, depois te perguntas por que aceitas, mas no momento que dizes não quero isso para mim, a pessoa se assusta, pois crê que pode te manipular, mas ai já é tarde.

No meu caso, prefiro ficar sozinho, embora literalmente não esteja, continuo trabalhando, apenas me nego a ir a festas fúteis, ver coisas que não me interessam, ou mesmo conviver com pessoas idiotas.

Foi passando a empresa, para o que sempre foi seu braço direito, bem como para seu filho Jr. Assim tinha tempo livre para fazer outras coisas.

Nunca tinha entendido o que tinha passado pela cabeça de sua mãe, ao inventar a história de que o filho era de sua irmã, já que esta estava num hospital, basicamente a vida inteira, nem o porquê de sua transformação, vamos dizer assim quando se livrou dele.

O pior foi não ter com quem conversar a respeito, ninguém na verdade a conhecia profundamente, todos seus amigos, era uma relação superficial, baseada em interesses.

Voltou aos papeis, que ela tinha deixado, entre suas coisas, encontrou o laudo policial, na autopsia tinham descoberto que tinha um câncer imenso nos pulmões, a pergunta de um milhão, ela tinha se suicidado ou tinha sido realmente um acidente.

Nunca saberia, não havia a quem perguntar, ela tinha sido sempre egoísta, ele procurava não ser, ajudava as pessoas, apesar de parecer duro.   Mas sabia escolher realmente a quem ajudar.

 

 

 

 

 

 

 

 

Comentarios

Entradas populares de este blog

PRECISO ANDAR

BONIFÁCIO

VOLTA POR CIMA