MISTAKE

 

                                            

 

Tinha despertado de madrugada com uma chamada urgente, levou um susto, era seu afilhado, Brandon Brown Smith, dois dos sobrenomes mais comuns na América.  Na hora só podia pensar o que tinha acontecido para chamar a essas horas.

A voz estava desesperada no telefone, Tio Jeff, o chamava sempre assim, preciso falar com alguém pois senão explodo.

Perguntou aonde ele estava.

No Píer aonde sempre venho com o senhor comer.

Se vestiu às pressas, tirou o carro da garagem embaixo da casa, saiu disparado, a última vez que tinha saído assim como um louco, foi o dia que lhe avisaram que Ramiro Rodrigues, tinha tido um acidente voltando para casa, numa das muitas circulares.

Tinha ido visitar sua família, que vivia nas aforas de San Francisco, tinha sido o grande amor de sua vida, viveram juntos, basicamente 15 anos.

Foi pensando nele que adorava o Brandon, que chegou suando apesar da temperatura amena da madrugada, no píer.

O encontrou sentado no chão, atrás de um banco, abraçado as pernas.

O levantou com cuidado, disse não fale nada agora, vou te levar para casa.

Ele entendeu que era para a casa de seus pais, disse que não queria ir para lá.

Não, estou falando da minha casa.

Quando chegaram, ele dormia no assento ao seu lado, com cuidado o retirou, melhor seguires dormindo, amanhã de manhã falamos, mandou um e-mail para sua secretária dizendo que tinha problemas pessoais pela manhã, para ela cancelar tudo.

Achou estranho, os pais dele, não o terem chamado, ainda pensou, devem estar em alguma festa como sempre.

Os amigos eram assim, viviam de festas em festas, viagens, se podia considerar que eram milionários.

Sem querer sua cabeça voltou no tempo, no dia que chegou da escola, viu a casa toda vazia, parecia que tinha entrado um furacão, pois as paredes, estavam nuas, os objetos de arte da coleção de seus pais, tinham desaparecidos, subiu correndo, sua mãe estava fechando uma mala, os armários estavam vazios, lhe disse que tinha aprontado a sua, que ele ia ficar com sua tia.

Essa era irmã dela, nunca falava muito, pois como a mesma era carteira, trabalhava em correios, não frequentava a mesma sociedade que seus pais.

Nem retirou a mochila das costas, foi descendo com a mãe, estranhou na garagem não tinha nenhum dos carros de luxo, seu pai, fez como sempre, passou distraidamente a mão pela sua cabeça.

Enfiou a maleta de sua mãe, no furgão que estava com a porta aberta, brincando os dois fizeram um jogo, para saber quem saia pela esquerda ou direita na rua.

Ele olhava aquilo tudo, sem entender, quando abriram a porta da garagem, o dia ia caindo, lá fora estava sua tia Martha Conner, de quem ele passaria a usar o sobrenome.

Seus pais lhe deram um beijo distraído, dizendo para ele, já daremos notícias, tua tia te explica tudo.

Ela retirou o carro que estava na frente da garagem, ele subiu, depois de beija-la, oi Tia Martha, foi o que conseguiu dizer, pelo espelho, viu que sua mãe, saia pela esquerda, seu pai ele viu indo pela direita.

Sua tia entrou no carro, soltou logo de cara, esses dois nunca foram certos da cabeça.

Nem falou muito, chegaram a sua casa, vivia no que tinha sido a casa de seus pais, em Mission District, nada a ver com a casa dos pais, num dos bairros mais chic da cidade.

Se sentaram os dois para comer, ela disse que tinha uma fome cavalar, afinal passava boa parte do dia andando, por isso era magra.  Uma vez perguntou por que não trabalhava interna nos correios?

O que?, fez um escândalo, era todo ao contrário de sua mãe, falava alto, além de ir pelas ruas falando com todo mundo, coisa que sua mãe achava um horror.

Perder poder andar pelas ruas, conversar com as pessoas, eu conheço basicamente todas das zona que distribuo cartas, embora hoje em dia seja cada vez menos.

Começou a explicar o que tinha acontecido, ele tudo que sabia que o pai fazia, era trabalhar com ações.

Teu pai se meteu num sistema piramidal, lhe explicou o que era, lesou muita gente, amanhã isso sairá no jornal, vai ser um escândalo feio.  Te prepares, pois aqui vão aparecer a policia atrás deles, talvez até o FBI, vão falar horrores dos dois.

Só uma coisa, terás que mudar de escola, nada de escola de grã-finos, terás que ir a uma pública, pois não tenho dinheiro.

Quando começou a separar suas roupas para colocar no armário, foi colocando uma série delas a parte, se queres usar isso por aqui, vais sofre bullying, os maiores te encherão de porradas.

Terás que se vestir como os daqui, calças, jeans, camisetas, um casaco normal, nada dessa frescura, vamos fazer o seguinte, retire só o que gostas, depois amanhã levamos tudo a uma loja que conheço de roupas de segunda mão, aonde compro, trocamos, escolhes o que gosta lá.

Ele já tinha na cabeça o que tinha acontecido, daria graças a deus, anos depois dos dois terem desaparecidos, na verdade nunca mais souberam deles.

Disse a sua tia, se vou trocar de vida, é melhor vender tudo isso, fico com as cuecas, meias, camisetas interior, o resto vendemos, só tinha uma coisa ali, que tinha brigado muito com sua mãe, ela acabou concordando, pois os garotos da sua escola, todos usavam, um tênis Nike.

Foi quando se tocou, nunca mais verei meus dois amigos.

Na escola ele só tinha dois amigos, eram filhos de pais milionários, se conheciam desde o começo do curso.  Os outros dois não, era amigos desde a infância, pois seus pais, dirigiam um dos maiores escritórios de advogados da cidade, eram de família super ricas.

Mas fazer o que, no dia seguinte foi com sua tia a escola, o curso por sorte tinha acabado, mas todos olhavam para ele, com aquela mulher que parecia um homem, alta, magra, com uma cara até bonita.

Viu que todo mundo apontava para ele, quando saíram de lá, ela parou numa banca de revista, comprou dois jornais.  Na primeira página, estava uma foto de seus pais, em alguma festa que iam sempre.

Ele estava furioso, agora entendia as olhadas dos companheiros, os que eram seus amigos, não se aproximaram.

Estava ofendido, contra seus pais, dos amigos, agora via que tudo neles era superficial.

Ao contrário dos dois, que participavam de todos as modalidades de esportes, ele não participava de nenhuma.  Era ao contrário deles, gordinho, usava óculos, tinha as pernas tortas.

Sua tia diria depois que seu avô que ele não tinha conhecido, as tinha assim.

Talvez por isso, era considerado o melhor aluno da escola, suas notas eram as máximas.

Sua tia no dia que foram a escola pública, sentou-se com ele, numa café na esquina, conhecia os donos, aqui terás que ser o melhor, se queres ir à universidade, terá que ser com bolsa de estudos, pois teus pais, não deixaram nem um puto tostão para ti.

Nesse dia, tinha aparecido logo cedo, a senhora que trabalhava na casa, uma mexicana, esta reclamou que tinha levado um susto, de chegar, encontrar a casa vazia, com a polícia ali.

Tinham ido embora sem lhe pagar o salário do mês.  Sua tia foi ao banco, reclamando que isso não era justo.   Depois apareceram muita gente atrás de seus pais, na casa dela.

Primeiro a polícia, foi honesta com eles, não tenho ideia, agora tenho meu sobrinho para criar, não creio que voltem para cá, já fizeram isso em outro lugar, se conheceram fazendo isso.

Por azar segundo sua mãe, o tinham tido por um descuido, nenhum dos dois gostava de criança, atrapalhavam seus negócios.

Isso ele tinha escutado várias vezes sua mãe comentar com alguma outra mulher.

Lhe interrogaram também, nunca falavam de negócios na minha frente, talvez por saber, que se eu soubesse algo, contaria para todo mundo.

Depois o FBI, as mesmas perguntas, depois os credores, as pessoas que eles deviam dinheiro, os que tinham levado calote.

Quando ele entrou na escola, ela resolveu que ele usaria o seu sobrenome, conseguiu que trocassem os documentos, passou a se chamar Jeff Conner, o mesmo sobrenome dela. Passou a ser o filho que ela tanto tinha querido na vida.

Descobriu tempos depois que ela era lesbiana, foi franca com ele, quando trouxe a Marie, uma francesa que apareceu por San Francisco que ela tinha conhecido numa festa.

Marie, foi a tia perfeita para ele, era professora de artes na universidade, então o incluía nos passeios que fazia com seus alunos, a museus, exposições, o arrastava para todos os lugares.

Falava de arquitetura com ela, analisavam os antigos edifícios, ou casas da cidade.

Era louca por sua tia, acabaram formando uma família.

Talvez ela o tenho influenciado nessa idade, para estudar arquitetura.  Antes mesmo de ir a universidade, arrumou um emprego, não podia depender do salário da tia, já tinha despesas demais.  Primeiro foi trabalhar num armazém antigo que existia na avenida.

Depois quando estava para entrar na universidade, Marie arrumou para ele trabalhar num bar, que elas iam sempre, era um reduto gay, mas o que ganhava de gorjetas, ajudava muito.

O mais interessante, ele tinha mudado, de gordo, tinha ficado magro, de uma cara normal, tinha se transformado num rapaz atraente.

Levava mil cantadas, tinha aprendido com Marie, a descartar, sendo educado, se a pessoa avançasse, ele fazia sinal, a um leão de chácara, um homem de dois metros de altura, imenso, as mãos pareciam duas pás, mas era um doce de pessoa, acabou sendo seu amigo.

Durante o dia, trabalhava em obras, de noite, até a hora que bar ficava aberto, cuidava da porta, de alguma briga, anos depois iria trabalhar com ele.

Entrou para a universidade, um dia deu de cara com seus dois amigos, não o reconheceram, ele não fez nenhum movimento para chamar atenção dos dois.

Viu que continuavam sendo filhos de papai, pois iam no melhor carro do ano, para a universidade, tinham as mesmas conversas fúteis, estavam sempre com os de sua classe, não se misturavam.

Em sua turma, tinha um que era amigo dos dois, um dia estava estudando com esse na biblioteca, lhe ensinando um calculo de estrutura que não tinha entendido, quando os dois chegaram, no que começaram a falar, ao escutar a voz dele, pararam.

Jeff, disseram ao mesmo tempo.

Sim, disse ele.

Pensávamos que tinha escapado com teus pais.

Ele riu, não iam levar atrás deles, um lastre.

Passaram a se ver, o convidavam para festas, que ele agradecia o convite, mas não aceitava, pois tinha que trabalhar.

Uma noite apareceram no bar, com um grupo de amigos da universidade, se espantaram de vê-lo do outro lado da barra.

Ele não tinha vergonha nenhuma disso, considerava um trabalho honesto, com o mesmo podia se manter, tinha conseguido uma bela bolsa de estudos, podia inclusive morar sozinho, mas de pensar em deixar a família que tinha, nem pensar.

Um do grupo era aluno da Marie, veio falar com ele, pois tinham ido juntos ver uma exposição com ela.

Acabou sendo seu primeiro namorado, esse ria, dizendo, como alguém pode trabalhar num lugar gay, ser virgem em tudo.

Dois anos depois, nas férias Marie conseguiu para ele, fazer estagio numa empresa de arquitetura, tanto gostaram dele, que acabou ficando para trabalhar lá, mas nos finais de semana, trabalhava no bar, porque gostava, além de ser um dinheiro a mais.

Seu primeiro trabalho, foi como um office-boy, tirar cópias de projetos, ir a prefeitura, aguentar filas quilométricas, para registrar algum projeto, com isso foi conhecendo o pessoal, tinha aprendido com sua tia, se consegues que as pessoas confiem em ti, quando precisares delas, te ajudaram.

Foi o que ele fez, logo andava mais rápido quando ia até lá fazer alguma coisa, aprendeu também esse manejo dos projetos, depois tocava a aprovação do projeto, os arquitetos que eram dono da empresa, riam com ele. Pois ele conseguia tudo.

Algumas vezes ia nas festas que davam os amigos, mas nunca ficava muito tempo, tinha que estudar, trabalhar, eles não.

Tampouco se vestia como eles, a última moda, se considerava uma pessoa normal.

Nos finais de semana, apareciam no bar, para o último trago diziam, nas nunca os via sair com ninguém.

Um dia na universidade, duas irmãs, uma estudava com ele, se aproximaram, estavam interessadas nos dois, eram como eles de família rica, mas não de San Francisco, eram de Sacramento.

Os apresentou a elas, assim não lhe enchiam o saco, seriam mais tarde as mulheres com quem eles se casariam.

Ele foi um dos padrinhos dos dois, fizeram dois casamentos para ninguém botar defeito, mas um ano antes, fizeram os dois uma viagem pela Europa, contavam mil histórias, como se fosse a coisa mais banal do mundo.

Não tinha indo por museus, ou lugares importantes, tinham si aproveitado a noite.

Era um tipo de saída, que ele nunca faria.

Os anos foram se passando, ele terminou a universidade, ficou trabalhando no mesmo lugar, foi subindo, no final era a mão direita dos dois arquitetos, o que movimentava tudo.

De uma certa maneira, os dois eram como pais postiços, eram gays, nunca tinhaM tido família.

Então como que o adotaram.

Um deles, na famosa época que chegam a uma idade, acham que não aproveitaram a vida, queria sair com todos os jovens, foi justamente quando aconteceu o AIDS, morreu escondido em casa.  Seu sócio, além de amante e amigo, cuidou dele até o final, ele ajudava no que podia, sem fazer jamais nenhum comentário.

Sua tia o tinha ensinado bem, nunca comente nada que possa ferir uma pessoa.

Marie era mais explicita, não gostava do Robert, tampouco do Jeffrey, os dois tinha acabado a universidade, trabalhavam no escritório dos pais, levavam a vida numa boa, sabiam que herdariam o mesmo.

Se viam, iam as festas juntos, mas nada mais, o seu chefe, disse que essas festas serviam para fazer contatos, arrumar clientes.

Com a morte do seu sócio, ele sem querer ocupou o lugar, levava a maioria dos projetos, George, estava desanimado, dizia que pelo menos, ele o ajudava a encarar a vida.

Por sorte não tinha se contagiado, mas lhe deprimia, pois iam perdendo os amigos, estão caindo como moscas, passou a formar parte do movimento de ajuda a seus camaradas, como dizia, o levava junto com ele.

Foi nessa época que conheceu o Ramiro Rodrigues, ele tinha começado engenharia, mas não tinha bolsa de estudos, os pais eram emigrantes, tinha sim um grupo que trabalhava para ele, levava as obras, George o tinha contratado, foi uma mão na roda.

Levariam anos para terem alguma coisa, George dizia que os olhos do Ramiro, brilhavam quando o olhava.

Ele não tinha tempo para muitas festas, como iam os amigos, agora ele basicamente levava o escritório, ia ver os projetos, tinha se especializado em modernizar essas casas tão tradicionais em San Francisco.

Mesmo da casa que vivia, que a tia tinha dividido em duas, embaixo viviam eles, por uma entrada lateral, se acedia ao apartamento de cima, aonde viviam dois professores, amigos da Marie.

Todos eram pessoas sérias.

Um dia Ramiro lhe perguntou se não tinha ninguém em sua vida, tinha ido olhar uma casa numa das ruas inclinadas, a mesma tinha uma série de rachaduras, porque justo em frente parava um bonde elétrico, essa trepidação que ele provocava, talvez tivesse provocado isso.

Foi um projeto complicado, o homem que a tinha comprado, queria esvaziar o recheio da casa, fazer tudo outra vez, da maneira mais moderna possível.

Ele foi a prefeitura, analisou com seus conhecidos, o problema que a mesma tinha de estrutura, como podia fazer, para que fosse aprovado.

Se colocasse novas estruturas por fora, iria perder a personalidade, ele criou toda uma estrutura interior, para isso, foi uma das muitas obras com o Ramiro, ele escolheu a dedo os homens para trabalharem nessa obra, depois seria para ele, um cartão postal, pois a mesma saiu em muitas revistas, de como ele tinha conseguido revitalizar a casa, sem perder o encanto externo.

Agora se cruzava com os amigos, nas festas.

Dessa conversa que tinha tido com o Ramiro, sobre romances, ele foi se aproximando, um dia disse que o problema era que sua família era estritamente católica, nunca ia aprovar o relacionamento deles.

Quando os professores que viviam em cima se mudaram, os dois foram morar lá.

Mas quando falava com o Ramiro de ir as festas com ele, soltava, não é o meu ambiente, é muita frescura na minha cabeça.

Havia uma repulsa dos dois lados, seus amigos o criticavam por ter um relacionamento com um filho de emigrantes.   Mas ele não escutava, adorava o Ramiro, esse entendia os menores gestos, George ria muito, dizendo que tinha que ser o padrinho dos dois.

Nessa época morreu a Marie, um dia sua a tia o chamou desesperada, ela tinha morrido durante a noite dormindo.

Se comunicaram com sua família na França, apareceu um irmão de maus bofes, que levou seu corpo cremado para lá.

Minha tia Martha, veio abaixo, tinha chegado a hora dele retribuir a todos esses anos, que tinha se dedicado a ele.

Ano depois ela se aposentou, agora num serviço interno, já não podia ficar andando pelas ruas da cidade, que ela amava.

Foi passar um verão na casa de uma amiga das duas em Big Sur, acabou ficando, passou para ele a casa que viviam, de qualquer maneira será tua. Fizeram como uma venda.

Como se dividissem o valor da casa, nessas alturas, ele tinha aprendido, a investir, sem querer isso era inato nele, pagou a metade para a tia, assim teria uma vida tranquila na praia.

Ela adorava o Ramiro, iam sempre passar algum final de semana com ela.

Seus amigos finalmente se casaram, convidaram os dois, uma delas estava gravida, seria a mãe do Brandon.

A outra jamais teria filhos, esses viviam de viagens nas férias a Europa, gastavam muito dinheiro em festas, as vezes reuniam grupos de amigos para irem passar alguns dias em Las Vegas.

Ele não ia nunca, não lhe interessava, iam sim para a casa aonde vivia sua tia.

Quando Brandon nasceu, achou estranho o pai o escolher como padrinho.

Lhe perguntou por quê?

Porque sei que se um dia meu filho precisar de alguém de confiança, esse serás tu.

Quando Ramiro morreu, por incrível, foi justamente Brandon quem o tinha consolado, adorava ir ao beisebol com o Ramiro, os dois podiam falar horas em jogadas.

Meu pai não se interessa por essas coisas, diz que é da plebe.

Quando os dois casais iam de viagem, eles ficavam com o Brandon, era uma festas, iam a todos os lugares, principalmente aos restaurantes do Píer, talvez por isso, tinha se escapado para lá.

No dia seguinte, esperou que ele descesse para o café, quando herdou a casa, os dois tinham reformado a mesma, voltando a fazer uma só, tinha ficado sensacional.

Segundo o Ramiro, ele tinha um bom gosto nato, por isso os clientes o queriam.

Muitas coisas tinham comprado os três, juntos, tinham deixado o Brandon decorar o quarto que sempre ficava, como ele gostava, na época tinha 12 anos, foi o máximo.

Escolheu tudo muito simples, lá em casa, tudo te que ser caro, mas nada confortável.

Agora dentro em breve ele iria à universidade, sonhava em fazer arquitetura, vou trabalhar contigo tio, ele se matava de rir, ficava como um pombo com o peito estufado.  Depois comentavam que os pais queriam que ele fosse advogado, para seguir a família.

Nunca falava em seus avôs, que tinham se aposentado, viviam de viagens de cruzeiros, lhe traziam presentes, que ele dava para os filhos das empregadas, não lhe interessavam.

A mãe dele reclamava, dizendo que era um ingrato.

Quando ele desceu, a noite para ele devia ter sido pesada, tinha tomado banho, colocado uma roupa qualquer que tinha na casa.

Se serviu de café, sentou-se na frente do tio, o senhor sabe que minha mãe e minha tia, estão na Europa, verdade.

Pois eu voltei para casa, encontrei meu pai, na cama com seu melhor amigo.

Escutei os dois falando, que estavam loucos para pedirem o divórcio, que tantos anos os dois tendo que se esconder por causa da família, tinha que acabar.

Foi quando entendi coisas que via desde criança, pequenos gestos, olhadas.  As duas são tontas, só pensam em festas, da alta sociedade, como dizem, roupas, o que usar, viagens, nada mais.

Da última vez, elas foram de viagem, eles não, foram ficar numa casa na praia, me deixaram aqui, como uma bagagem.

Os escutei dizendo, vamos aproveitar.

Ontem, cheguei em casa, tudo bem se eles são gays dentro do armário, eu queria falar com os dois, dei de cara que estavam com dois de meus amigos na cama, bem como um que eu nunca vi.

Era uma festa sexual a toda regra, quando me viram, fizeram uma coisa que achei horrível, meu pai, me convidou para entrar na dança com eles.

Sai correndo de lá, fui para o único lugar que representa uma coisa diferente na minha vida, tranquilidade, sempre que estava com o senhor, com Tio Ramiro, estava bem, ficava tranquilo, me sentia em família, com eles nunca sinto isso.

Mas me chamar para fazer sexo com eles, foi o fim.

O que não entendo, é que sempre falavam mal do senhor com tio Ramiro, principalmente minha mãe que vivia dizendo como uma pessoa fina como o senhor, podia se misturar com um emigrante.

Algumas vezes, eles recordam o passado, falam dos pais do senhor, o que eles fizeram, roubar muita gente da alta sociedade, nunca reclamaram porque eram dinheiro escondidos.

Minha mãe e minha tia, quando voltam sempre me trazem de presente alguma coisa de marca, que nunca usarei, agradeço como o senhor me ensinou, coloco no fundo do armário.

Agora não sei como enfrentar meu pai.

Ele estava furioso, sempre tinha desconfiado da amizade dos dois, nunca tinha entendido que eles fossem aos lugares gays, o bar que ele trabalhava, falavam com muitos que eram conhecidos deles.

Que fizessem sexo, tudo bem, mas querer incluir o filho.

Você fica aqui, eu já avisei que não vou trabalhar, vou até a casa de teu pai.

Quando chegou, encontrou a maior confusão, tinha policia parada na porta.  Alguém de alguma mansão vizinha tinha denunciado à música alta.

Quando a policia chegou, encontrou o maior bacanal, mas o problema, estava cheia de menores, a maioria drogados.

Soube qual delegacia estavam, foi para lá, quando chegou o advogado dos dois, estavam arrumando tudo, para eles saírem.

Ficou olhando os dois, o pai do Brandon, foi o mais agressivo, vais fazer algum comentário.

Eu acho que devias perguntar se sei de teu filho.

Claro correu para tua casa, o senhor perfeito.

Posso ser, mas jamais chamaria meu próprio filho para um bacanal, é teu filho caralho.

Esse levantou os ombros, assim ia aprender alguma coisa.

Ficou de boca aberta, quando saiu, viu na banca de jornal, um com os dois saindo algemados da casa, meio nus.

Era uma manchete a toda regra.

Voou para casa, Brandon, estava vendo no noticiário.

A merda vai voar longe, foi tudo que disse.

Sim acabo de estar com os dois, agora não sei se avisar tua mãe.

Tio, acho que elas também tem aventuras, essas histórias de tantas viagens as duas sozinhas, bem como tantas saídas, para o cabelereiro, voltam com o mesmo penteado sem mexer na cabeça, aí tem.

Ele por impulso, fez uma coisa, avisou sua tia, que ia com o Brandon para lá.

Ela já tinha visto os jornais.

Avisou a sua secretária, como era sexta-feira, ele iria ver sua mãe, só voltaria na segunda.

Assim pelo menos não estariam no meio do furacão.

Telefonou para o Jeffrey, seu pai, avisou aonde estavam, esse seco lhe agradeceu, estamos conversando para ver o que fazer.

Telefonou em seguida, para um conhecido seu, o rei da fofoca, como costumava dizer, mas muito sério, sabia de tudo.  As vezes o avisava sobre algum cliente, cuidado, gosta de aparentar, mas está falido.

Esse soltou outra bomba, os dois, estão para perder o escritório, nunca foram bons, os velhos se aposentaram, os dois não estavam preparados para levar o mesmo.

O velhos advogados ou se aposentaram ou saíram da empresa, levando os clientes com eles.

Dizem por aí, que os dois, vivem indo a Las Vegas jogar, dão festas impressionantes, só com homens numa casa que alugam.   Agora drogas e menores, isso já é o cumulo.

Lhe soltou que pior era que dois dos rapazes, eram companheiros de seu filho.

Uau, que merda, pobre rapaz.   O conheci contigo e o Ramiro, parecia mais filhos de vocês dois.

Ramiro o adorava, agora aqui, imagino o que ele faria, era capaz de juntar um grupo de matões mexicanos, ir lá, dar uma surra nos dois.

Começou a rir, pois era exatamente isso que ele faria.

Adorava seu homem por causa disso, não renegava nunca de aonde tinha saído, sem querer o Brandon tinha sido o retorno dele a família, um dia foi uma festa com ele, sua mãe o tomou como seu neto.

Depois ele foi também, quando ele morreu, Brandon tinha apoiado a ele, bem como a família do Ramiro.

Foi para a casa de sua mãe, antes ligou para a mãe do Ramiro, contou o que tinha passado, ela soltou imensa quantidade de palavrões em espanhol, ele teve que rir.

Qualquer coisa traga meu neto para cá, eu cuidarei dele.

Se surpreendeu de uma chamada quando chegaram, era a mãe do Brando.

Disse para ela, que ele estava com ele, eu sei, imaginei que no meio dessa merda toda, ele iria correr para ti.

Nos duas tomamos uma decisão, não vamos voltar tão cedo, por sorte nosso pai, quando casamos, foi com separação de bens, imagino que sabes que os dois estão falidos.

Quanto ao que aconteceu, entende agora por que estamos sempre viajando.

Mas deixaste teu filho para trás, isso não se faz, ele viu o que estava acontecendo, estava furioso, soltou os palavrões que tinha aprendido com a Maria, mãe do Ramiro.

Tens razão, mas eu nunca quis ser mãe.

Vou fazer uma coisa, já falei com meu advogado, ele vai entrar com o pedido de divórcio das duas, vou autorizar que fiques com a guarda do Brandon, contigo estará bem.  Sempre adorou estar contigo, com o Ramiro.

Ele ficou mais tranquilo.

Sentou-se na varanda olhando o mar, achando tudo injusto, na época que os pais tinham desaparecido, tinha sido o mesmo, como podiam fazer isso.

Ramiro dizia que ele nunca entenderia a parte negra da alma das pessoas.

Sua tia lhe perguntou o que passava, ele olhou os dois de mãos dadas, meu filho, vais ter que ter coragem, eu já passei por algo parecido.

Prefiro que saibas tudo, do que por outros, contou a chamada da mãe, que elas não voltariam tão cedo, que iria lhe dar a guarda dele, a partir de agora sera como meu filho.

Tia Martha foi o mesmo para mim, se transformou com Marie, em minha família. Portanto estas seguro conosco.

Soltei todos os palavrões que aprendi em espanhol da tua avó Maria, disse que qualquer coisa ficas com ela.

Já vamos ver como fazemos.

Eu só tenho uma prova, para terminar o ano, posso falar com o professor que é meu camarada, fazer a prova antes dos outros, escapar, prefiro ficar aqui, ou então ir trabalhar com o senhor no escritório, sempre sonhei com isso.

Tio Ramiro, vivia dizendo que o senhor aprendeu muito fazendo isso, dizia que temos que começar por algum lugar.

Sem querer em escutar falar no amor de sua vida, as lagrimas começaram a correr pela sua cara.

Foi honesto, sinto uma falta imensa dele.   O imaginei sabendo de tudo isso, iria reunir um grupo de matões lá do seu bairro, ia dar um corretivo nos dois.

Caíram todos na gargalhada imaginando a cena.   Brandon mais relaxado soltou, pior seria se gostassem.

Mais tarde, seu amigo ligou, tinha mais notícias.

Que o escritório tinha sido embargado, mas que os dois tinham desaparecido do mapa, creio que foram para Las Vegas, são amigos de um mafioso de lá, conhecido por ser gay.

Usa o ouro, como se fosse bugiganga.

Ele sabia quem era, quando o Ramiro morreu o apresentaram, dizendo que era o tipo de pessoa para ele.

Mal sabiam que tinha tido asco da figura, tinha um tipo, mas usava os cabelos cheios de brilhantina, unhas feitas, grandes, que sempre lhe provocavam nojo, o viu cutucando ouvido com elas, os dedos cheios de anéis de ouro, bem como um cordão de ouro imenso, como usam os rappers.

Quando voltaram para San Francisco, foi com o Brandon ao seu colégio, o professor o entendeu, lhe deu a prova para fazer, ficaram conversando fora da sala, enquanto ele fazia.

Esse rapaz tem futuro, é um dos melhores alunos da escola, me disse que quer ser arquiteto como o senhor.

Não me chame de senhor, pode me chamar de Jeff.

Disse que agora nas férias que ir trabalhar comigo, na verdade será bom, pois estou atrasado em vários projetos.

O pior é que tenho vários com decoração incluída.

Quem sabe meu irmão não pode ajudá-lo.  Até a pouco tempo, ele trabalhava num escritório, fazia isso, mas o mesmo foi vendido para uma multinacional, ele não gosta.

Como se chama?

Osório, somos descendentes de portugueses, viemos de Boston para cá.

Ah, eu vi o curriculum dele na minha mesa, chame, diga que passe pelo escritório.

Ramiro tinha aprendido com ele, conseguia preparar, reaproveitar muita coisa já existente nas casas.

Achava que tinha conhecido o tal Osório, mas não se lembrava da cara.

Brandon acabou a prova, entregou ao professor, depois foram a secretária, avisou que qualquer coisa ele estava com ele, deixou seu número de telefone.

Estavam no carro, quando chamou o advogado de sua mãe, já tinha o documento da guarda dele.  Consegui que o pai assinasse, antes de viajar.

Bom agora eres meu filho para todos os casos.

No meio da tarde, o avô dele, chamou, estavam num cruzeiro pelo mediterrâneo, a filha tinha falado com ele, perguntou como estava o neto.

Está comigo, os dois me deram a guarda dele.

Pelo menos foste um homem sempre com a cabeça bem plantada, nada a ver com teu pai, sabes algo de meu filho?

Não senhor, o que achou estranho ele não pedir para falar com o neto.

Quando perguntou ao Brandon, esse riu, meu avô é como o pai do tio Ramiro, esse só aparece no Natal com algum presente inútil, ficam falando de festas, viagens, tudo muito superficial, se vou estudar para ser advogado, da última vez, falei que não, que iria estudar arquitetura, se virou para meu pai, dizendo que estavas metendo merdas na minha cabeça.

Não soube, tampouco recebeu nenhuma notícias dos dois, tampouco da mãe do Brandon, quando ela tinha chamado, tinha sido através do telefone do hotel, disseram que já não estava lá.

Ele aproveitou falou com seu advogado, foram falar com um juiz.  Esse confirmou a guarda para ele, esses pais ricos são assim.

Meses depois o avôs apareceram, queriam levar o neto com eles, mas Brandon se negou, prefiro ficar aqui, estou trabalhando com meu tio.

Tens é que estudar direito.

Não esperava a resposta que ele deu, o senhor está por fora, o escritório está fechado, os dois desapareceram o teu nome na praça, está sujo, é isso que quer me dar de herança.

O velho não suportava ser desafiado, reclamou.

Sinto muito, se ele não quer ir, nada feito, além disso tenho a guarda dele, assinada pelo seu filho, bem como sua nora, que não sei aonde andam.

O velho entrou na justiça, não queria que o neto ficasse com um homem gay.

O tiro saiu pela culatra, o juiz os chamou, na frente do velho, o Brandon contou como tinha encontrado o pai da última vez, num bacanal com menores de idade, dando o rabo, para um amigo meu, agora esse velho que nunca se preocupou comigo, que exige que eu estude direito pelo nome da família, que já está na merda, se não soube educar seu filho, vai saber me educar, fico com meu tio.

Estou trabalhando no escritório dele, vou começar a universidade, com meu dinheiro, nada dessa família.

O juiz desestimou o caso, pior era que na sala tinha um jornalista, no dia seguinte saia o detalhe que Brandon tinha falado.

A história do pai, dando o rabo para um companheiro de classe, menor de idade, cheio de drogas.

A policia procurava os dois, mas não encontraram, sua mãe tampouco.

Meses depois ele entrou para a universidade, mas seguiu trabalhando com o tio.

Agora tinham o Osório trabalhando lá.

Quando apareceu para a entrevista, riu, o tinha conhecido numa festa que tinha ido com o Ramiro, esse disse que ia arrancar os olhos daquele branquelo que não parava de olhar para ele.

Seu trabalho era perfeito, comentou que ele bem como seu irmão se tinham feito sozinhos, os pais emigrantes portugueses, nunca se preocuparam com nossos estudos, mas os dois conseguimos bolsas de estudos para seguir em frente, quando se aposentaram voltaram para Portugal, para viverem na vila de aonde saíram, com muito dinheiro segundo eles.

Nunca se preocuparam conosco, os dois aprendemos a nos virar, apoiar um ao outro, os dois só se preocupavam em voltarem ricos para a terrinha como diziam.

Imagine, eu saí de uma casa, que tinha o básico, nada mais, comecei a me interessar por decoração num primeiro emprego que tive, uma loja de antiguidades, daí foi um pulo para aprender a trabalhar com decoração, saber misturar o velho com o moderno, o que se usa hoje.

O avô do Brandon, nunca mais o procurou, foi quando ficaram sabendo que seu pai estava preso, outra vez, no mesmo caso, cheio de drogas, agora estava sozinho, com um rapaz, menor de idade, num quarto de hotel.

Como a notícia era de NYC, saiu dois dias no jornal, depois foi outra vez silencio.

Brando a conselho dele e do Osório, com quem conversava muito, começou a ir a um psicólogo.

Jeff, fez uma coisa, com a desculpa de atender um cliente foi a NYC, conversar com o Jeffrey, conseguiu uma licença, ele ainda iria a juízo.

Foi quando ficou sabendo da história inteira, que o mesmo com o Robert, sempre tinha feito sexo, desde que eram jovens, na época que te conhecemos, mas o que escutávamos na nossa família, nos fez passar a fazer tudo escondido.

Era como uma carga, meu pai, bem como o dele, são pessoas fechadas, isso você sabe, nos obrigaram a casar para espantar os rumores que corria a respeito dos dois.

Seguimos mantendo relações sexuais, até que chegamos ao ponto de tudo ser uma monotonia, foi quando começamos a experimentar.

Agora Robert, está internado pela família em tratamento como dizem, como se fosse possível com um tratamento deixar de ser gay.

Tínhamos inveja de ti, com o Ramiro, pois os dois enfrentavam a todos, sempre dizíamos que quando estávamos na escola, de te chamar para participar conosco, mas foi justamente quando aconteceu o de teu pai.

Nunca te preocupaste com teu filho?

Na verdade não, pois nunca o quis, as vezes pensei em fazer um teste de ADN, para saber se era meu mesmo, depois me lembrei numa festa que acabou em orgia, fiz sexo com a que era minha mulher, foi quando começamos a consumir drogas.

Mas por incrível que pareça, eu escolhi bem o padrinho de meu filho, sabia que se acontecia alguma coisa, o ajudarias, como realmente fez.

Mas a coisas nos foi das mãos, chegou a um ponto, que só queríamos sexo com muita gente, nem sei como não pegamos AIDS, pois na verdade não tomávamos cuidado.

Sabias que teu filho, te viu primeiro com o Robert na cama.  A segunda vez, entrou em parafuso, pois te viu fazendo sexo, com muita gente, inclusive um amigo dele da escola, estava te penetrando, tu o chamaste para entrar.

Por aí, vez o que faz as drogas, nesse momento me pareceu a coisa mais natural do mundo, isso ficou guardado na minha cabeça, queria que ele fizesse sexo comigo.

Nunca soube me expressar com carinho com ele, pois em minha casa, isso não existia, nem sei como os dois velhos se suportam, talvez porque vivem de cruzeiros de um lado para o outro, mostrando que são ricos.

Mas a empresa foi a merda, nunca soube se tinham dinheiro, fora do pais.

Pelo que soube o FBI, está analisando o trabalho da época dos dois como advogados, creio que lavavam dinheiro da máfia.

Sim isso me disse aquele meu amigo de Las Vegas, mas quando o disse, foi num dia que estávamos de drogas até a alma.

Ele achou estranho, em nenhum momento, Jeffrey, perguntou se o filho estava bem, se precisava de alguma coisa.

Quando andava pelas ruas, viu parar um carro, sair deles as duas irmãs, correu para falar com elas.

Foi a mesma coisa, o enfiaram no carro, levaram para um apartamento de luxo da família delas, estavam vivendo sem se mostrar muito, tinham voltado a usar seu sobrenome de solteiras, tinham novos amigos.

Comentou com a que era mãe do Brando, o que lhe disse o Jeffrey.

Ficou sem graça, na verdade eu tampouco posso afirmar que era filho dele, nessa época aproveitamos a vida, fiz sexo com vários homens.

A outra contou que o Robert estava internado, mas porque tinha AIDS, não por nenhum tratamento para deixar de ser gay.

Foi a mesma coisa, nem perguntou se como ia o filho, se necessitava de alguma coisa, se iria à universidade.

Quando a confrontou com isso, ficou uma fúria, está contigo, tem a sua guarda, terá sorte, pois meu pai, disse que parte de sua fortuna ira para ele.

Voltou a falar com o Jeffrey, quando comentou que o Robert estava internado por estar com AIDS, chorou, eu sempre o amei, nunca gostei de ninguém mais, por causa dele, aceitei as drogas o sexo com outras pessoas.

Falou do encontro com sua mulher, ele concordou em aceitar que se fizesse um teste de ADN, talvez isso ajudasse o Brandon.

Foi interessante, realmente não era filho dele, se sentou com ele, bem como o Osório.

Falou do resultado, ele deu um suspiro profundo, pelo menos me livro do sensação que tinha, aquele pai, me chamando para fazer sexo.

Comentou com ele tudo do encontro, creio que nenhum deles, por serem de famílias ricas, controladoras, pensava em ter filhos, queriam era aproveitar a vida, como viam seus pais fazendo.

Eu durante muito tempo, não tive amizades, com medo, que soubesse que meus pais eram ladrões, por sorte tia Martha, foi tudo para mim, isso não posso negar.

Na semana seguinte, foram visita-la, ao comentarem o assunto, ela se levantou, reclamando que estava velha, as artroses lhe incomodavam.

Trouxe uma carta que tinha recebido, era de sua mãe, estavam vivendo a muitos anos no Canadá.

O seu pai tinha sido preso, tinha uma condena, que terminaria dentro de dois anos, queriam voltar, perguntava como os receberia.

Eu lhe respondi, que como dois estranhos, todos esses anos, vocês o deixaram de lado.

Mas contigo, estava bem, sempre gostamos dessas aventuras, de dinheiro.

Ainda pensou em tomar um avião ir até aonde ela dizia que morava, mas pensou bem, resolveu deixar de lado, afinal, sua família era a que ele tinha formado.

Quando sua tia morreu, lhe deixou a casa da praia, agora os três, iam sempre para lá, pensou em avisar sua mãe, mas achou melhor que não, podiam aparecer, ele nem tinha ideia como reagiria.

Acabou que Brandon, se tornou um artista plástico com muito nome, mas usando seu sobrenome, Brandon Conner.   O tinha adotado depois que ele ficou mais velho.

Ele é Osório, eram um casal perfeito, falavam horas e horas a respeito de algum projeto, mas em nenhum momento, quando o Brandon, resolveu mudar de arquitetura para Belas Artes interferiram.

Sabiam que ele não era filho do Jeffrey, isso o tinha ajudado a tocar o barco para frente.

Fez muitas exposições em San Francisco, Los Angeles, até que deu um pulo para NYC, de lá para a Europa.

Mas ia e voltava, era como seu filho, tinha orgulho disso.

Agora trabalhava menos, tinha aplicado o de seu trabalho todos esses anos, levava uma vida tranquila, dois novos arquitetos, treinado por eles, seguiam com o trabalho.

Preferia ficar mais tempo possível em Big Sur, com o Osório.

As vezes sonhava com o Ramiro, nunca tinha deixado de pensar nele, o tinha amado com veneração.

Na primeira vernissage do Brandon, sua mãe ainda era viva, foram busca-la, nunca tinha deixado de visita-la.

Estava orgulhosa de seu neto, como o chamava.

Morreu um ano depois, foram os três ao enterro.

Escutou um dos irmãos do Ramiro falando, esse homem que nosso irmão, amou, sempre foi um cara honesto.

Estavam um dia em Big Sur, quando sua velha secretária chamou, tinha um homem no escritório, dizendo que era seu pai, queria falar com ele.

Diga que não tenho pai, que vais chamar a polícia.

Ela achou estranho, repetiu a palavra polícia, disse que nem precisou falar nada, que o velho tinha se levantado, saindo de fininho.

Quando estavam prontos para irem para Paris, para a inauguração de mais uma exposição do Brandon, a policia o procurou, tinha encontrado um homeless, com sua direção, pediram se podia reconhecer.

Viu uma sombra de quem era seu pai, o mandou enterrar, pagou as despesas.

Tentou depois localizar a mãe no endereço que tinha, falou com a polícia de lá, que lhe disse que quando ele tinha saído da prisão, tinham desaparecido, mas que ela tinha câncer.

Deve ter morrido em algum lugar, com o nome que usava eram outro, nem sabia dizer como tinha morrido por aí.

Em Paris, num jantar só os três, contou para eles o que tinha acontecido.

Anos depois Brandon tinha se casado com uma artista Japonesa, que vivia em Los Angeles, tinham já pelo menos três filhos, ele era o avo coruja, tinha vendido o escritório, comprou um pequeno apartamento para ele o Osório, que viviam cuidando dos netos, indo ao parque, tinham sem querer feito uma família a sua medida, dos erros dos outros, saiu beneficiado.

As vezes pensava, o que o Jeffrey tinha perdido.

Nunca mais soube deles, afinal não era pai do Brandon, mesmo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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